sexta-feira, 25 de março de 2011

Algumas reflexões sobre identidade - Geraldo Paulo “Pé” Pires

 
Algumas reflexões sobre identidade [1]

[1] O presente texto foi organizado a partir da compilação de diferentes textos já escritos. Imperfeições e repetições poderão originar-se a partir da aglutinação dos textos originais.
Somos muitos! Espalhados pelas praças, escolas, campos, cidades e favelas. A multidão de jovens que hoje trilha esta importante fase da vida. Que vive, luta, estuda, trabalha, que têm sonhos, batalha, demonstra que a sociedade está em constante construção.
Dentro deste contexto a pastoral da juventude, que busca continuamente a inserção dos jovens na vida eclesial da igreja, espelhados no exemplo das primeiras comunidades, que a partir da sua realidade juvenil vivenciam sua caminhada cristã junto de outros jovens, buscando a evangelização mútua: Jovem evangelizando jovem.

Há o que destaca neste cenário os jovens da Pastoral da Juventude, algumas características que os diferenciam da massa, e que assim se faz diferente. Com o seu jeito de ser, a identidade pejoteira acontece fundamentada no anúncio, no testemunho, e na comunhão com Deus, com os outros e consigo mesmo.
2. O que somos?
Tentando expressar de forma sintética o que somos, há seis “realidades” que desejamos vivenciar de modo progressivo porque são aspectos de nossa identidade

 

Jovens

Somos e desejamos ser jovens que assumem as diversas realidades juvenis, tendo um olhar de preferência pelos jovens pobres das nossas comunidades. Queremos ser isso a exemplo de Jesus Cristo e por insistência bíblica da Igreja. Encontramo-nos em grupos, em nossa realidade eclesial, para partilhar e celebrar em comunidade a vida desses jovens, junto com a realidade do povo, cultivando formas de relações que brotam da amizade fundada numa formação integral que tem um lugar muito especial para a mística baseada na celebração e na leitura da Palavra de Deus.

 

Comunitários

Somos e desejamos ser jovens que, inseridos em grupos ou pastorais orgânicas, motivados pela fé, atuam especialmente dentro das comunidades eclesiais, a serviço da evangelização dos jovens e da organização e animação destas comunidades, não deixando de lado o compromisso com os movimentos sociais e populares que lutam em defesa da vida e da dignidade humana. Caracteriza-nos nosso compromisso comunitário e a missão de construir uma comunidade dando sentido libertador à leitura da Palavra de Deus e à vivência de nossa Liturgia.

Organizados
Somos e desejamos ser Pastorais da Juventude que se organizam a partir da vida dos grupos de nossas comunidades, paróquias, setores ou regiões pastorais, diocese, regional, inseridos nas Pastorais da Juventude do Brasil e na caminhada da Igreja, sendo uma boa notícia para os jovens, construindo e registrando nossa história, acreditando e criando unidade na diversidade.
Como Pastoral de Juventude (das dioceses) somos e desejamos ser uma parte organizada da Pastorais da Juventude do Brasil e da América Latina, assumindo os projetos dela, bem como seu Marco Referencial e suas orientações, procurando construir, em comunhão, a civilização do amor, sendo presença gratuita e qualificada no meio da juventude, atuando em parceria com outras pastorais e organizações da sociedade.

Dentro das realidades juvenis
Somos e desejamos ser uma pastoral que, com identidade sempre mais coerente e com a pedagogia e metodologia que estamos amadurecendo há anos, seja aberta ao novo, acolhendo os anseios da juventude, garanta o protagonismo dos jovens e evangelize, de forma inculturada, a realidade que vivemos. Assumimos as diferentes pastorais específicas de juventude como sendo uma dimensão necessária de nossa evangelização, cabendo-nos ser profetas, de modo especial, na vivência e no testemunho do comunitário.

Construindo felicidade
Somos e desejamos ser jovens plenamente felizes, colaborando na construção de comunidades, vivenciando a plenitude do Evangelho de Jesus Cristo com paixão e ternura, celebrando a vida com um jeito jovem de rezar e contemplar, encarando a vida - apesar de todo o sofrimento e exclusão - com potencial criativo, cultivando a esperança, descobrindo a teologia do jovem e valorizando as artes, a liturgia, a expressão corporal, o símbolo, a riqueza da Palavra de Deus e as culturas de nosso povo, abraçando a causa do Reino de Deus.
 
O que é identidade?
Segundo o dicionário é: 1. o estado do que não muda (impressão digital); 2. consciência da permanência da própria personalidade; 3. o que faz que uma coisa seja a mesma (ou da mesma natureza) que a outra; 4. conjunto de características e circunstâncias que distingue pessoas ou coisas e graças a estas é possível individualizar-se (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
Identidade vem do latim: “idem” que significa “igual a si mesmo”. “Identidade” foi sempre usada por São Cipriano, que parafraseava Aristóteles, e dizia que Identidade tem relação com a Alteridade. ‘O outro enquanto se projeta no outro’. (...) Identidade é um elemento subjetivo da realidade humana. A identidade é formada por processos sociais, por que a ‘minha identidade’ é conseqüência da dialética com o social.

Por que refletir sobre identidade?
Normalmente se discute sobre identidade quando queremos afirmar quem somos. Qual é o nosso papel no mundo? O que possuo que é da minha natureza individual.
E quando uma organização de Pastoral quer discutir sobre identidade o que quer aprofundar? Qual é a sua tarefa? O que a faz igual às outras pastorais e o que a diferencia das outras?
O que determina a identidade das Pastorais da Juventude é a estrutura social, muito mais que a estrutura eclesial. (...) Hoje a Igreja está num processo de engessamento e caminhando numa crise de Identidade gerada pela emergência de discussão de “temas de fronteira” tais como o celibato, a hospitalidade da Igreja (acolhimento a divorciados, por exemplo), ordenação de mulheres...
A discussão sobre Identidade das Pastorais e dos Movimentos eclesiais e populares está inserida num contexto de surgimento de um modelo de evangelização de fortalecimento dos movimentos eclesiais menos comprometidos com as causas sociais. O momento atual é de fortalecimento dos movimentos eclesiais e, por conseqüência, fortalecimento de uma Igreja de classe média descompromissada.
Os chamados movimentos e as novas comunidades estão atraindo a juventude, não exigindo maiores compromissos, sendo extremamente atrativos e valorizando o aspecto emocional.
A identidade destas iniciativas é antagônica à ação pastoral vivenciada pelas Pastorais da Juventude em suas mais diversas especificidades. A origem da identidade das Pastorais da Juventude está intimamente ligada às identidades geradas pelas realidades onde estiveram historicamente inseridas. A identidade das PJSs é fruto da dialética entre ação e realidade.

As marcas da história da Evangelização da Juventude no Brasil
Ao longo da história de evangelização da juventude na Igreja do Brasil esta diversidade marcou também a forma de organizar e de estruturar a ação evangelizadora. As Pastorais da Juventude do Brasil herdaram, herdam ainda hoje, da Ação Católica Especializada a organização a partir dos meios onde se localizam os jovens. Esta herança delimitou, ao longo da história, conceitos sobre especificidade, ambientes, modelos de organização e as estruturas de representação. Houve continuidade na história e muitas vezes, prisões em modelos pré-estabelecidos.
Depois de mais de 30 anos de organização de uma pastoral em nível nacional se discute o modelo desta organização com sua estrutura representativa. Como organizar a juventude respeitando as conquistas como o protagonismo e as diferentes experiências pastorais, provocando um maior envolvimento dos jovens que estão se organizando nos grupos?
Diante do mundo em movimento e de novas formas de organizar, a sociedade, a comunicação, a cultura, a economia... Quais as possibilidades de organizar a juventude, hoje, como igreja? Que modelos necessitam ser criados? Que estratégias implementar diante da realidade que nos cerca, do modelo de Igreja em hegemonia e da necessidade de envolvimento e pertença do jovem e da jovem que se integra nos grupos?

Ser Pastoral?
Segundo João Batista Libânio, a Pastoral é a Igreja em marcha. É a sua face prática. Conhecendo-a não atingimos a totalidade da Igreja, como a prática não é a totalidade de uma pessoa. Há sempre um mistério maior que as práticas. A Igreja também é este mistério de fé, de graça, de amor de Deus, de vínculo de Jesus com ela. A Pastoral reflete algo deste mistério, mas não esgota. Pastoral é o agir da Igreja no Mundo.[2]

Identidade das Pastorais da Juventude
A realidade sócio-política-econômica fez surgir a identidade das PJs, seja através do surgimento da Teologia da Libertação (a partir de 1968), das Comunidades Eclesiais de Base (anos 70).
Desta forma, buscando fidelidade à sua origem, as Pastorais da Juventude se constituem espaços de acolhida dos jovens. Os grupos inicialmente, não são para discutir projetos políticos, mas para acolher os jovens. As Pastorais da Juventude existem e coexistem para dar respostas positivas e proféticas às crises eclesiais e sociais. Eximindo-se desta tarefa, deixam de atingir seus objetivos e, por conseguinte, falham na realização da sua missão.
O que é a vivência em grupos nos grupos de base, senão a opção como a de Jesus – trabalho com pequenos grupos? O que é a vivência em grupos nos grupos de base, senão a busca de comunicação e experiência de fé – comprometida e crítica?
Quando há a proposição do grupo de base, as Pastorais da Juventude apresentam uma alternativa para efetivação da prática do cuidado, com uma sólida espiritualidade e reflexão.

Identidade e maturidade
A construção da identidade é sinal de maturidade. A maturidade é a capacidade de respeitar as diversidades, ou seja, as diferenças existentes entre os jovens e as suas organizações. A maturidade das Pastorais da Juventude significa que estas têm clareza do seu público e de sua missão. Pastorais da Juventude que organizam os jovens e contribuem para a sua evangelização, ou seja, no anúncio de boas notícias para suas necessidade vitais: educação, moradia, lazer, trabalho, comida... Traduzida em Políticas Públicas.
A identidade de uma Pastoral é sua capacidade de articular-se entre si e com os grupos de jovens que dela fazem parte. Um grupo isolado não é pastoral. Pastoral é a capacidade de integrar-se como comunidade, ou seja, como Igreja. A comunhão com a Igreja particular é sinal visível de sua identidade eclesial.
Hoje se discute novas formas de organizar diferente dos anos 80. Nos anos 80 tínhamos claro que queríamos organizar para a construção da nova sociedade. Tínhamos alguns objetivos da sociedade ideal que queríamos forjar. E a forma de organização passava por sufrágio (votos), representações, assembléias, deliberações, objetivos e princípios de ação comuns. O que sustentava a organização era o convencimento de todos e todas em torno de um discurso comum que desenbocaria em uma revolução, ou seja, em mudanças. Hoje o discurso mudou, somente palavras não mobilizam e nem atraem. Vale a ação. Vale a pessoa em relação. E, com isto, as formas de forjar uma sociedade justa e fraterna, “Um outro mundo possível”, agora tem mais peso o consenso, a construção de redes, a participação e interação de todos (as), o reconhecimento da diversidade, da questão de gênero e do cuidado com o planeta. O agir local e pensar global e, a comunicação das informações de forma veloz e disponível a todos e todas e, ainda, pelo envolvimento da pessoa ao invés da representação.

Identidade e compromisso

As Pastorais de Juventude, com sua identidade clara, terão como compromisso ir ao encontro dos adolescentes e jovens com coerência. Fortalecer-se deste a criação dos grupos em todos os ambientes e com diversas propostas que acolham e respeitem os interesses dos jovens: teatro, música, dança, capoeira, grupos a favor da vida, grupos a favor da paz, grupos de aprofundamentos sobre temas como políticas públicas, sexualidade, gênero... Recriando uma organização atual e envolvente em um estilo novo de atuação e de mobilização das pessoas. Como será esta nova organização? É preciso perguntar aos jovens – escutá-los nos seus desejos para que esta tenha o vigor e a assumência daqueles e daquelas que hoje constróem a história.
A criatividade é a marca de qualquer organização de uma pastoral. Uma criatividade lúdica com possibilidade de participação, de festa, criação, envolvimento, sentido de pertença, etc. O compromisso é com os jovens e as jovens e não com “siglas” ou organizações vazias ou com lideranças cansadas e viciadas em determinados modelos. O compromisso é com a resignificação dos signos da história, sem desprezar a experiência vivida, mas, recriando-as com as cores e tonalidades do hoje “Eis que eu faço novas todas as coisas”.[3] Com a profecia capaz de anunciar a vida e denunciar todas as estruturas de morte.
O compromisso é assumido pelos jovens e com os jovens para que as Pastorais da Juventude continuem sendo Pastorais da Juventude, preservando a sua primeira característica que é a eclesial. A Pastoral é uma ação de Igreja, portanto, diferente de outra organização social, não é um movimento ou um partido político. O seu jeito de ser e de agir tem marcas comuns com outras pastorais e tem outras marcas que a torna única. Por exemplo, o seu público ou os destinatários de sua ação a torna específica entre todas as outras pastorais. O seu cuidado é com os adolescentes e jovens destinatários primeiros de sua ação e razão de existir é o que a torna própria.
Sendo uma pastoral da Igreja seu objetivo maior é a Evangelização. “Neste sentido, evangelizar para a Igreja nada mais é do que fazer o que Jesus fez: por palavras e ações expressar o amor misericordioso e compassivo para com todos (as), em especial para os pequenos, os pobres, os mais necessitados e esquecidos de nossa sociedade injusta e excludente”.[4] Evangelizar é anunciar “Boas Notícias” para este público. A evangelização é encarnada na realidade onde vivem os jovens e para os jovens, portanto, a evangelização vivida pelas Pastorais de Juventude tem uma identidade, ou seja, uma marca comum e uma outra bem individual que é marcada pela linguagem, pela metodologia e pelas novas formas de organizar.
É preciso evangelizar – não de maneira decorativa, como que aplicando um verniz superficial, mas de maneira vital, em profundidade e isto até as raízes – a cultura e as culturas humanas e no nosso caso, a cultura dos adolescentes e jovens [5].

Reafirmando crenças

O seguimento de Jesus
O convite e o desafio radical que dá sentido a nós como pessoas e como PJS é o seguimento de Jesus Cristo. Ele não é uma teoria. Ele é caminho, verdade e vida (Jo 14,6). Através de suas palavras e de suas ações encontramos sentido para a nossa vida. Temos consciência que fora dEle e longe das proposta dEle perdemos nosso rumo. A expressão máxima da proposta de vida que nos desafia é a Eucaristia onde aprendemos, de Jesus Cristo, que a vida tem sentido quando é doação (Jo 12,24). Por isso o amor que temos à Liturgia e à Palavra de Deus. É ali que se concretiza o sonho do Reino de Deus. Ele é a meta definitiva, mas também é a realidade que nos alegra no dia-a-dia. O Reino é uma proposta; um convite de Deus. Ele é, também, resposta, isto é, envolvimento de nossa liberdade na construção de uma sociedade justa, livre e fraterna onde se realiza a pessoa, a nossa pastoral, a sociedade e a Igreja.

Protagonismo juvenil
Afirmamos, em segundo lugar, a importância fundamental do protagonismo juvenil. Assim como cremos no valor da pessoa humana, não havendo nada mais precioso do que a pessoa, acreditamos que uma forma de cultivar essa pessoa é investir de forma pedagógica e teológica, em nosso processo de formação, na formação da identidade do jovem assumindo-se como sujeito da história e de sua vida. Baseamo-nos na atitude de Jesus Cristo que, para o/a jovem, tem uma frase norteadora: “Jovem, eu te digo, levanta-te” (Mc 5,41). O cultivo desse protagonismo precisa ser a marca de nossa pastoral em todos os níveis em todas as atividades.

Nada de exploração e dependência
Nosso sonho procura espelhar-se no que Deus sonhou para o homem e a mulher, como imagens de Deus, cidadãos e cidadãs que sejam respeitados, tenham dignidade, participação, partilha de bens, relacionamento fraterno, saúde e educação. Como PJs assumimos como causa a construção dessa cidadania numa sociedade onde não se tolera nem exploração nem dependência alguma que degrada. Acreditamos numa sociedade onde as relações do homem e da mulher tenham as características da novidade do Reino: sem submissão, sem machismo, respeito e igualdade na vivência do gênero. Somos de convicção que fomos chamados a construir, basicamente, um mundo de irmãos e irmãs, onde vale o serviço, onde comanda o bem de todos e onde ninguém é mais do que ninguém, mas onde todos tem a missão alegre de doar-se para que tudo seja de todos.

A causa dos excluídos
Baseados na Palavra de Deus e na riqueza da vivência da liturgia e da religiosidade popular, nossa utopia é guiada por outra verdade que se torna carne de nossa carne de cristãos: a opção evangélica pelos empobrecidos e excluídos. É neles que grita, de modo preferencial, a voz de Deus. Acreditamos que na opção por estes irmãos e estas irmãs mais sofridos, e também na opção pelos jovens que vivem em situações críticas sob o ponto de vista econômico e humano se baseia a nossa opção pelo todo da humanidade. Sentimo-nos humanos, de verdade, tendo clara esta opção.

Vivência ecológica
Num mundo que, cada vez mais, se torna uma pequena “aldeia global” acreditamos que é preciso insistir não somente nas novas relações do homem e da mulher, mas também nas novas relações com as pessoas, numa relação sempre mais envolvente e expressiva com Deus e a natureza. Sabemos que precisamos cultivar em nós tudo que significa “ecologia”, bem-estar no mundo e respeito à natureza. Sabemos, também, as conseqüências disso num sistema que se orienta, ainda, pela ganância de dominar e lucrar.

Especificidade
Um outro princípio norteador de nossa PJs refere-se à originalidade da juventude nas diferentes realidades. Estamos convictos que nem nós nem a sociedade descobriu, ainda, o que é o jovem na sua dimensão total, também como realidade teológica. Orienta-nos o princípio de que o jovem precisa ser cultivado pedagogicamente em suas grandes especificidades. Mesmo que priorizemos, em nossa identidade, o comunitário do jovem, achamos necessário que sejam atendidos com seriedade os estudantes, os agricultores, os universitários e os trabalhadores. Há originalidades, nestas juventudes, que não podem faltar em nossa visão de sociedade que sonhamos. Acreditamos que a “especificidade” é uma dimensão do trabalho evangelizador com a juventude. Não somos felizes, como PJS, sem um trabalho sério com as diferentes juventudes. O específico é nossa complementaridade.

Esperança
Acreditamos que o cristianismo carrega no seu interior um amor radical à vida. Jesus Cristo disse que veio trazer a vida, e a vida em abundância (JO 10,10). Apesar de todo o sofrimento, o que nos move é a esperança na vida; apesar de todas as mortes acreditamos que o homem, a mulher e a juventude são chamados para uma vida que não termina. Queremos cultivar, por isso, em nosso PJS, o sentido pascal na vida da juventude. Se o grão de trigo não morre, não produz fruto; se o/a jovem não assumir como motor de sua vida, ele/a rejeitar ser o sacramento do novo que é convidado/a ser.

Ecumenismo e inculturação
O que nos deve caracterizar é a abertura para o diferente, também na dimensão religiosa. Por isso sonhamos com um ecumenismo maduro e um diálogo inter-religioso capaz de respeitar as convicções das pessoas. O fechamento em nós mesmos e em nossas convicções não são sintomas da liberdade interior para a qual fomos chamados. Aprendemos de Jesus de Nazaré que, em nosso agir de pessoas e de PJS, a inculturação é uma exigência para o verdadeiro relacionamento e para a verdadeira pedagogia. É uma das razões que nos faz defender o método que parte da realidade (ver, julgar, agir, rever, celebrar) e a formação que nasce da prática. Inculturar-se não é perder a identidade; é viver tão profundamente o que se é que o outro adquire um lugar todo especial, tornando-se uma fonte essencial de aprendizado.

Valor do grupo e organização
Outra crença que nos move, como PJs, é o valor que damos ao grupo como espaço de comunhão e participação. Mora, no ser humano, a vocação grupal. Ele é mais feliz quando comunitário. Por isso a importância que damos, em nossa proposta formadora, para o grupo. Sem os grupos não existe PJS. É no grupo que se vivencia a troca de experiências, a formação, a revisão de vida, o planejamento e a articulação do grupo com outras instâncias. Por isso a crença, também, na importância da organização. A organização é fundamental em todos os níveis. Para a PJS uma boa organização é formadora de pessoas, principalmente porque é aí que vai acontecendo a vivência política. Não significa que as formas de organização existentes sejam imutáveis. O importante é que organização exista e seja bem acompanhada.

Formação integral
Uma das grandes descobertas da PJs da América Latina e, também, em nosso Regional, é a importância do processo da formação integral. Além de acreditarmos no processo, acreditamos que há dimensões que não podem ser esquecidas para que esta formação integral seja vivenciada. Estamos afirmando a dimensão pessoal, a dimensão social, a dimensão teológica e teologal, a dimensão política, a dimensão vocacional e a dimensão da capacitação técnica.

Assessoria e acompanhamento
Outra crença, como PJS, é na importância da assessoria e do acompanhamento. Embora feita por jovens, a PJS acredita na importância da presença de pessoas adultas, do clero, dos religiosos/as e do laicato, preparadas para exercer o ministério da assessoria e do acompanhamento, em nível de pessoas, de grupo e de outras instâncias mais amplas. Mais do que viver uma função, espera-se a vivência de uma vocação e de um ministério voltado para a formação integral do/a jovem.
 
Geraldo Paulo “Pé” Pires,  foi da Assessoria Nacional da PJ

[1] O presente texto foi organizado a partir da compilação de diferentes textos já escritos. Imperfeições e repetições poderão originar-se a partir da aglutinação dos textos originais.
[2] O que é Pastoral? João Batista Libânio, Editora Brasiliense, 1982
[3] Apocalipse 21,5 –TEB - Bíblia de Tradução Ecumênica, Edições Loyola.
[4] DGAE – 1999 –2002 –CNBB doc.61
[5] “Evangelli Nuntiandi”, de Paulo VI, citado em DGAE – 2003-2006 CNBB – doc.71

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