sexta-feira, 25 de março de 2011

Os Sentidos na Celebração: OLFATO - Eliomar Ribeiro

 

Estamos refletindo sobre como são solicitados e despertados os nossos Sentidos na Liturgia que Celebramos. Vamos dar mais um passo à frente. Hoje vamos conversar sobre o olfato. O que cheiramos, que sabor sentimos em nossas Celebrações.

Certamente você já teve a experiência de passar diante de uma padaria quando se está assando pão. Lembra que cheiro gostoso! Agora lembre do cheiro da comida que a sua mãe ou sua avó prepara; que delícia! Nosso olfato é despertado a cada instante. Quando passamos por alguém, na rua, sentimos o cheiro do perfume da outra pessoa. Lembre-se do odor forte da juventude numa tarde de sol, após uma partida de vôlei ou futebol. Então, quantas vezes no dia nosso olfato é despertado!?

Mude de lugar e recorde de um funeral: o cheiro das flores que cobrem o corpo da pessoa falecida! Há até uma flor que é chamada de cravo de defunto. E o cheiro forte dos animais!?

Na Liturgia nosso olfato foi sempre pouco despertado. Antigamente se usava muito o incenso, mas hoje em dia há comunidades que não o usam nem uma vez durante o ano. Podemos nos perguntar o que aconteceu? Ninguém sabe ao certo porque nossas Celebrações foram desprezando o olfato. A única coisa que sentimos é o cheiro de quem senta ao nosso lado. Não há muita coisa para satisfazer este nosso sentido. No entanto a utilização do incenso nunca foi abolida, muito pelo contrário, há orientação para que seja utilizado nas grandes festas: Natal, Epifania, Páscoa, Pentecostes.

O que falta é valorizarmos o incenso pelo que ele representa: oferenda à divindade, mas também para unir e reunir o povo que celebra. No Brasil, por influência dos afro-brasileiros muitas comunidades já utilizam o perfume como um sinal de acolhida das pessoas ou então misturado na água para aspersão e renovação das promessas batismais. Esta já uma prática muito presente nas Celebrações dos jovens das Pastorais da Juventude. É comum ser recebido com um abraço e um pouco de perfume para celebrar a nossa vida e a nossa fé. Vamos multiplicar esta prática.

Oxalá nossas comunidades eclesiais, nossos grupos de jovens, possam usar mais o perfume e o incenso nas celebrações. Há uma variedade incrível de incenso hoje em dia. Podemos escolher. Nada de achar que só um tipo de incenso pode ser usado na Igreja e na celebração do grupo de jovens. Vale a criatividade. Neste ano participei da festa de Pentecostes numa comunidade da periferia de Belo Horizonte. A Equipe usou folhas de rosa e alecrim como incenso. Foi uma beleza para o olfato sentir o cheiro de nossas plantas para louvar e bendizer o Senhor.

Uma experiência a mais: em Teresina-PI, numa comunidade de periferia, preparamos a Vigília Pascal e pedimos que quem tivesse ervas cheirosas em casa, na horta, trouxesse para perfumar o local da Celebração. Uma senhora da horta comunitária trouxe uma bacia repleta de alecrim e manjericão. À noite, antes de iniciar a Vigília, espalhou-se as ervas pelos cantos da Igreja e pisou-se por cima delas. Incenso natural! A Igreja ficou toda perfumada para a Celebração da Páscoa. Último recado: o apóstolo Paulo pede que sejamos o bom odor de Cristo para o mundo. Vamos tentar?

 

Eliomar Ribeiro, é padre jesuíta, capixaba, escritor, poeta, compositor e quando escreveu este artigo vivia em Roma onde preparava o Mestrado em Teologia com especialização em Juventude.

eliomar@jesuitas.org.br

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