sexta-feira, 25 de março de 2011

PASTORAL DA JUVENTUDE UMA ANÁLISE DA REALIDADE, UMA VISÃO DA JUVENTUDE

PASTORAL DA JUVENTUDE
UMA ANÁLISE DA REALIDADE, UMA VISÃO DA JUVENTUDE

   É sempre necessário estarmos bem conscientes da realidade, da conjuntura na qual estamos inseridos.

   Vemos a realidade porque está carregada de vida e esperança. Inspira-nos a vida de Jesus, sua Encarnação, Páscoa e Ressurreição. A Encarnação insere Jesus na história concreta de um povo. A Páscoa nos lembra que a história está carregada de conflitos concretos e de morte. A Ressurreição é a ação de Deus no mundo.


   Nosso olhar é, sobretudo, um olhar de fé e esperança, que conhece a realidade, com suas luzes e sombras, mas sabe que Deus vai cumprir suas promessas.


   Há várias maneiras de entender e abordar o mundo da juventude. Preferimos entender que a experiência de vida da grande maioria dos jovens tem diversas dimensões. E é apartir de algumas dimensões, que analisamos a realidade juvenil.


     1) Concepção Biocronológica: A "juventude" (14 a 25 anos) é tempo de opções, de valorização do subjetivo, dos sentimentos e da ação. A visão do mundo durante este período, costuma estar caracterizada pela busca e a mudança e pela expressão de novas relações. É a consciência e a vivência do próprio ser.

     2) Valores e a Identidade Cultural: A juventude recebe um modelo vindo dos Meios de Comunicação Social (MCS), que provoca o individualismo e ao consumismo. Os jovens parecem cultivar a necessidade constante de "informação". Devemos fazer um esforço para irmos contra esta manipulação, que promete a liberdade e impõe o consumo, os mesmos modelos e até os mesmos vícios de comportamento e do consumo. Questões como racismo, violência, relações humanas, ética..., tudo é relativizado, tem dois pesos e duas medidas. Nossa contribuição está na busca de uma ética da solidariedade e do reconhecimento da dignidade de toda pessoa humana.


     3) Sócio - Econômico - Político: O imaginário de compreensão da questão social denuncia a opressão e os problemas sociais, destacando as questões ligadas ao trabalho (desemprego), manipulação política, consumismo, acúmulo de riquezas, influência dos MCS, violência estimulada, globalização, caos na educação, famílias desestruturadas... Mas, levando-se em conta esta realidade, vemos também a luta pela Reforma Agrária, defesa dos Direitos Humanos, Cooperativas, Associações e outros tantos organismos que lutam em favor da vida e contra o sistema opressor, que nos domina hoje. Nesta linha, um dos grandes desafios está relacionado à participação e à organização política.


     4) Afetivo - Sexual: É muito difícil não seguir "a onda", dificuldades no diálogo familiar. A afetividade confunde-se com sexo, na maioria das relações, incentivado cada vez mais pela liberdade exposta nos meios de comunicação. As relações afetivas têm um tom superficial, sem compromissos. O machismo ainda impera. Apesar da desvalorização da família, dos conflitos de geração, o jovem ainda considera a família importante. Falta nas relações, a percepção da pessoa humana, que tem corpo e sexo, mas também dignidade, princípios, sonhos... falta trabalha a beleza da sexualidade e as formas de afetividade. É um campo muito carente, de difícil compreensão, explorado de forma errônea.


     5) Igreja - Religião - Espiritualidade: È interessante saber que os jovens acreditam num Deus com o qual podemos estar em contato, sendo Pai, amigo, força, luz, presente na nossa vida. Alguns acham que Deus é aquele "pronto-socorro", que sempre que precisarmos virá satisfazer as necessidades pessoais, principalmente nos momentos difíceis. A juventude procura um espaço para descobrir e viver sua espiritualidade. Dentro da igreja tenta buscar este espaço para sentir-se parte dela.



   Muitos. aspecto ainda poderiam ser explorados e aprofundados. Deixo aqui algumas posições desafiados e complementares à analise:
     · "Ser igreja é constituir o Reino de Deus e a Igreja (instituição) é um instrumento para isto!"
     · "Vivemos um momento difícil da história, momento de transformação, vivemos num mundo Neoliberal Globalizado, que desestrutura a realidade sócio-político-econômica".
     · "Não há interesse que as pessoas tenham educação e cultura, pois assim não existe uma visão crítica da realidade."
     · "Entramos na modernidade com basicamente, dois projetos: - uma sociedade para poucos, com concentração de riquezas, sem um enfoque social e sem importância para a educação, onde há desvalorização do ser humano; - uma sociedade para todos, com as devidas igualdades sociais. Ambos os projetos são resultado de uma opção política, onde a base é econômica".
     · "Se sonhamos com um amanhã diferente precisamos derrubar as coisas que nos prejudicam de construir o novo".
     · "A luta pela terra, para que todos e não de uma minoria, deve ser a luta de todos".
     · "Precisamos quebrar com a passividade e a comodidade..."
     · "Numa análise de realidade devemos observar, além das dificuldades, os pontos positivos".
     · "A realidade que vemos é a que queremos?"
     · "Sozinho é difícil, juntos é mais fácil!"




"Não escapa à vossa reflexão a análise da realidade do vosso país e
o lugar que a juventude deve ocupar.
Um jovem não pode fechar os olhos ante a realidade que o rodeia.
Cristo ensina olharmos o mundo com visão crítica para agir de maneira conseqüente".
(João Paulo II - aos jovens do Equador 1985)





PASTORAL DA JUVENTUDE - O QUE É?
   A Pastoral da Juventude (lê-se PJ) é uma pastoral Orgânica (que não caminha sozinha) e Transformadora, pensada a partir de uma nova prática da Igreja, inserida na pastoral de conjunto e em comunhão com as diretrizes da ação pastoral e evangelizadora da Igreja, organizada em diversos níveis (comunidade, diocese, regional, nacional),para responder aos desafios da juventude.

   Assim:
     Objetivo Geral da Ação Evangelizadora:
     Jesus Cristo, ontem hoje e sempre: em preparação ao seu jubileu do ano 2000, na força do Espírito que o Pai enviou, sob a proteção da Mãe de Deus e nossa, queremos: EVANGELIZAR, com renovado ardor missionário,
     * testemunhando Jesus Cristo;
     * em comunhão fraterna;
     * à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres;
     * para formar o povo de Deus;.
     * e participar da construção de uma sociedade justa e solidária;
     * a serviço da vida e da esperança;
     * nas diferentes culturas;
     * a caminho do Reino Definitivo.



     Linhas ou Dimensões Gerais da Ação Pastoral:
     
As seis dimensões, adotadas como quadro referencial da ação pastoral, sem esgotar o mistério da Igreja, têm a função de mostrar, ao mesmo tempo, a unidade de aspectos e a unidade dinâmica que deve existir entre eles.

     São elas:

     A Pastoral da Juventude está ligada a:
          Linha 1 - Dimensão Comunitária e Participativa
          Linha 6 - Dimensão Sócio-Transformadora

     Ambas apresentam o desafio da promoção humana, da comunhão fraterna. Elas nos remetem para ação. 

     A PJ é a busca de integração do jovem na Igreja, para a tarefa de evangelizar e da construção da "Civilização do Amor".
     O papel da PJ é evangelizar o jovem para agir na transformação da sociedade. A PJ, ou a vivência grupal, não é uma brincadeira ou uma atividade superficial de quem procura somente ocupar-se. Atrás da PJ está um compromisso com a sociedade.


     Para realizar o grande objetivo da PJ, é necessário a participação dos jovens como sujeitos do processo. Para que o jovem, tão distante das organizações da sociedade volte a participar, é preciso um jeito de caminhar, que seja novo e aso mesmo tempo, combine com seu espírito e vontade de transformar o mundo, que seja fiel ao projeto de Jesus Cristo, numa experiência de fé crescente. Desenvolver com eles um processo global de formação , a partir da fé, levando um vida de comunhão e participação.

"Pensando no que dizem os poetas e profetas,
eu me descubro transformando o choro em riso,
os que semeiam com lágrimas, com alegria ceifarão..."
Rubem Alves









UM POUCO DE HISTÓRIA
   Cada um de nós tem sua história. Cada um de nós constrói a sua história. E como PJ também. Nela concentram-se nossos sonhos, desafios, alegrias, esperanças, frustrações, angústias...
   A Igreja, em seu esforço de evangelização, procura sempre "organismos teóricos" que possam responder aos desafios do jovem e do contexto social.
   Percorrendo um pouco a memória histórica da PJ, percebemos as diversas configurações que a mesma foi adquirindo.
   Ao longo do século XX, a Igreja Latino-Americana dedicou, talvez, o melhor de seus esforços à juventude.


   No Brasil, imensos recursos foram investidos na rede escolar, para a formação de crianças e jovens das classes média e alta.    Nas paróquias, criaram-se associações pias, nas quais os jovens encontravam certa guarita e orientação.


   Porém, a verdadeira história da PJ no Brasil, começa em 1933, com a Ação Católica, criada pelo Papa Pio XI e implantada em nossa terra por D. Leme, Bispo do Rio de Janeiro. Mas iniciada mesmo por D. Helder Câmara, que foi Arcebispo de Olinda e Recife durante os tempos mais difíceis da Ditadura Militar - (em 1947, é nomeado 1°Assessor Nacional do Movimento). A Ação Católica teve grande influência na formação dos jovens católicos. Foi uma iniciativa tímida. Em que uma Igreja Clerical ensaiava os seus primeiros passos para abrir-se para a participação dos leigos.


   Numa segunda fase, a Ação Católica especializada se desenvolve, sobre a orientação do Papa Pio XII. Propõe uma metodologia a partir da vida do jovem , que exige que o jovem tenha uma atuação concreta no seu meio. A partir desta metodologia surge a Juventude Operária Católica (JOC). A experiência se estende a outros setores: Juventude Universitária Católica (JUC), Juventude Estudantil Católica (JEC), Juventude Agrária Católica (JAC) e Juventude Independente Católica (JIC).


   A prática visava a mudança social, à luz da fé. A Espiritualidade é de renovação.


   Durante o Governo do General Médici, a repressão atinge duramente os jovens organizados. Um slogan tentou resumir a atitude do governo militar: "Brasil: ame-o ou deixe-o". com todos os canais de participação democrática fechados, uma parte da juventude partiu para a clandestinidade e até para a luta armada.


   A Ação Católica morre como corpo organizado, mas nos anos seguintes nasceu uma nova Igreja. A própria Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sofreu forte influência destes Movimentos Jovens: tiveram sua escola de formação junto aos jovens da Ação Católica, como militantes, assessores. Foi aí que a Igreja começou a se deslocar da classe alta e média para as classes populares.


   Nos primeiros anos da década de 70 não havia possibilidade de se organizar uma pastoral mais crítica com a juventude, devido à censura e à repressão política. Dentro deste contexto, nasce uma nova maneira de trabalhar com os jovens: os Movimentos de Encontro (TLC, Emaús, Shalom,...)
   Os Movimentos reuniam jovens para encontros de fim de semana, usando uma metodologia que se inspirava nos Cursilhos de Cristandade. Eram encontros coordenados por adultos. Procurava-se criar forte impacto emocional. O modelo organizativo passa a ser o "grupão".


   As dificuldades apareciam depois do encontro. Os Movimentos não sabiam o que fazer com os jovens depois de "despertados". Mas, apesar das limitações. Esses encontros tiveram também seu lado positivo: aproximaram os jovens dos padres e dos religiosos e apresentaram um modelo de Igreja mais atraente. Os encontros também provocaram o surgimento de grande número de grupos de jovens nas Paróquias. Estes foram a base para a etapa seguinte: o nascimento da Pastoral Orgânica de Juventude.


   Durante este período, Pe. Zezinho teve muita influência, com suas músicas, livros, conferências...
   Final dos anos 70 e anos 80: resistência e democracia. Os jovens são os primeiros a irem para as ruas para exigir a volta do Estado de Direito. As bandeiras são Direitos Humanos, anistia para os exilados, pelas liberdades democráticas... os Movimentos Estudantis e Operários entram em cena. Sindicatos são fechados , mas as Igrejas abrem as portas para as reuniões dos grevistas. Inicia-se a transição pela democracia.


   Com o tempo, a opção da Igreja pelos pobres torno-se mais concreta e profética. As conclusões do documento de Medellin (1968) já estavam sendo assimiladas pela Igreja no Brasil. As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) se fortaleceram. A Pastoral da Terra (CPT), as Comissões de Justiça e Paz e Centros de Defesa dos Direitos Humanos, a Pastoral Operária(PO), Pastoral do Índio(CIMI), foram criadas para fazer um trabalho no meio dos marginalizados. As pastorais de caráter mais interno, como a catequese e a liturgia, também passam a ter uma ótica libertadora. A Igreja começa a se deslocar para a periferia. Nesse contexto nasce a Pastoral da Juventude.


   Alguns fatores influíram na criação da PJ:
     · limitações dos movimentos de encontro;
     · necessidade de uma pastoral libertadora;
     · dispersão e isolamento dos grupos de jovens;
     · faltavam objetivos comuns para canalizar as energias numa mesma direção;
     · a PJ assume um processo de planejamento participativo , a partir da realidade;
     · os jovens em destaque: Puebla (1979) - duas prioridades para a América-Latina: os pobres e os jovens; em 1985 - Ano        Internacional da Juventude; em 83 e 87 os Bispos do Brasil escolhem os jovens como destaque pastoral; em 92 os jovens são        tema da Campanha da Fraternidade (CF); em suas viagens, João Paulo II sempre dá importância à juventude.



   A PJ firmou-se rapidamente, iniciando pelas bases, teve início um processo de fortalecimento da organização em todos os níveis: paroquial, diocesano, regional e nacional, pelo método ver, julgar, agir e buscando a formação integral dos jovens.

   A PJ é a pastoral que mais cresceu dentro do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano), em termos de estruturas democráticas de participação, clareza de objetivos e encarnação na realidade latino-americana. As muitas tensões que surgem são superadas através da condução inteligente e evangélica do processo.





PASTORAL DA JUVENTUDE: UM JEITO DE EVANGELIZAR OS JOVENS

   "A influência crescente na sociedade exige dos jovens atuação apostólica correspondente, para a qual a sua índole natural os dispõe. Com o amadurecimento da consciência da própria personalidade, impelidos pelo ardor da vida e por um dinamismo transbordante, assume a responsabilidade própria, desejam tomar parte na vida social e cultural: deste zelo, se é imbuído pelo espírito de Cristo e animado pela obediência e amor aos Pastores da Igreja, podem esperar-se frutos abundantíssimos. Eles devem tornar-se os primeiros e os imediatos apóstolos dos jovens, exercendo o apostolado pessoal entre os seus próprios companheiros, tendo em conta o ambiente social onde vivem." (cf. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II).

   A PJ não passa ao largo, não pode deixar de se enganchar, acolher, carregar nos ombros... O jovem é chamado a ser cristão, pela fé, pelo Batismo, e a ser cidadão pelo compromisso com a mudança da sociedade.


A PJ é desafiada a assumir a causa do Reino, a construir na Igreja, na Sociedade e no mundo juvenil a Civilização do Amor (Puebla 1188). Civilização do Amor que, na palavras de João Paulo II, é "fundada em valores universais de paz, solidariedade, justiça e liberdade, que encontram em Cristo sua plena realização" (TMA 52).


   Civilização do Amor que é "aquele conjunto de condições morais, civis e econômicas que permite à vida humana uma condição melhor de existência, uma racionalidade plena e feliz destino eterno." (Paulo VI - Discurso de encerramento do Ano Santo, 25 de dezembro de 1975).
   Assim, dentro da gestação do processo libertador, os jovens encontrarão no Mistério Pascal de Cristo a chave para transformar os sinais de vida.


   Nas reuniões, cursos, encontros, assembléias, o jovem evangeliza o outro jovem pelo seu exemplo de fé e dedicação.
   Faço aqui um parênteses para propor uma reflexão: precisamos entender e nos sentir desafiados com a realidade teológica e espiritual que envolve o jovem. Este questionamento surgiu a partir de apontamentos do livro " O Divino no Jovem - Reflexões sobre a Teologia do Jovem" - Pe. Hilário Dick SJ: "A Teologia é uma visão de mundo baseada na revelação. Qual a leitura teológica que fazemos do jovem? Uma Teologia que cai e nasce na terra do jovem não pode ser igual a Teologia que cai e nasce na terra do adulto..."


   É uma reflexão importante de ser feita para quem acredita que a PJ, junto com Jesus, trabalha e reza. "Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade." (Mt 6,10)
   A sociedade e o mundo juvenil são marcados pelo individualismo e pelo subjetivo. A comunidade Trinitária é a expressão concreta do amor. Em meio esta oposição a PJ deve ser oferta permanente de espaços de comunhão - convivência em seus grupos, resposta concreta e visível ao individualismo e à necessidade de convivência e de mística...


   Uma pergunta fica: nossas comunidades e grupos são sinais visíveis deste amor trindade?
   Os jovens sonham com uma Igreja que celebre a vida, povo de Deus e irmão, comunhão e participação, profética e libertadora, solidária e evangelizadora; uma Igreja que ame os jovens, que confie neles e os impulsione para o compromisso e missão - (Mt 28,18-20). Têm em Maria o exemplo da jovem mulher que assume sua figura de "ser" (Lc 1,46-56) e sua "missão" (Lc1,38). Com Maria, a Igreja acompanha os jovens no caminho para Jesus Cristo. Uma evangelização feita de maneira inculturada, que é um processo longo de encarnação.


   Para isso são importantes a Ação, a Formação e a Espiritualidade. Saber julgar simplicidade e audácia é fundamental se a PJ quiser evangelizar para transformar.



"Se o senhor é pão e vinho e o caminho
onde andais, se "a o andar se faz caminho",
que caminhos esperais?"
D. Pedro Casaldáliga





PASTORAL DA JUVENTUDE: UMA CAMINHADA DE EVANGELIZAÇAO

   A Pastoral da Juventude é uma caminhada de Evangelização que está sendo feita aos poucos. A cada dia são situações e questões novas que precisam ser analisadas e enfrentadas num constante reinventar.
   "Evangelizar constitui tarefa e vocação próprios da Igreja, sua identidade mais profunda" (EM 14). É no confronto com a realidade e iluminado pela Palavra de Deus, que o jovem procura dar uma resposta pessoal a Cristo no processo da descoberta de si mesmo e do amadurecimento pessoal, na vivência da comunidade e na sua participação na sociedade.


   Como a realidade da juventude é diversificada, em todos os seus aspectos, a PJ deve organizar, desde a nucleação, um processo de formação integral na fé, com passos pedagógicos apropriados, partindo da realidade e da experiência concreta de cada pessoa e grupo, despertando-se para o seguimento de Jesus Cristo e o compromisso com a causa da libertação dos oprimidos e marginalizados.


   Jesus Cristo é enviado a reinventar espaços para a presença do Reino. A pedagogia verdadeira leva, por isso, ao seguimento de Jesus. Podemos aprendê-lo na experiência da mulher samaritana (Jo 4,1-15), em Zaqueu (Lc 19,1-9), nos Discípulos de Emaús (Lc 24,13-35) e em muitos outros fatos narrados nos Evangelhos.
   A PJ faz as seguintes opções pedagógicas:
   1. Grupos de Base;
   2. Formação Progressiva, Integral e Libertadora;
   3. Dimensões da Formação Integral;
   4. Diversidade da PJ;
   5. Organização;
   6. Assessoria;
   7. Outros Recursos Pedagógicos;
   8. Estruturas de Apoio;
   9. O Método Ver-Julgar-Agir-Rever-Celebrar.



1 - Grupos de Base:
   O eixo da PJ são os pequenos grupos de base. São grupos que criam relacionamento de irmão, confrontam a vida com o Evangelho e formam lideranças jovens para o engajamento na comunidade eclesial e na sociedade. A opção pelo pequeno grupo se inspira na própria decisão de Jesus, de formar seu grupo dos doze discípulos.

   O grupo pequeno proporciona melhor participação de todos, maior amizade, maior partilha de vida, incentiva os trabalhos de cada um e favorece a formação integral. Leva a uma vivência e celebração comunitária da fé e procura estar ligado a pastoral de conjunto da Comunidade, Paróquia, Região, Diocese,...


   Assim, os jovens se tornam sujeitos de seu processo de educação na fé, como da evangelização de outros jovens. Evangelizar-se evangelizando.


   O grupo de base não pode perder de vista que as transformações sociais passam por movimentos sociais de caráter amplo. É importante perceber que a PJ não é a única interessada na transformação da sociedade e que, por isso, deve relacionar-se criticamente com outros grupos afins.
   É necessário usar uma pedagogia que evite o perigo de fechar-se num "clube" de amigos, que não se abre para a missão no seu meio.


   É difícil uma formação progressiva - por etapas - quando está sempre entrando e saindo gente. Portanto, um novo grupo, depois de chegar a certo nível de estabilidade, deve encaminhar novos aspirantes.


   O grupo deve ter uma estrutura mínima para funcionar: coordenador, vice-coordenador, secretário,... As reuniões do grupo também necessitam de uma estrutura para garantir a seriedade e continuidade no trabalho: oração. Ata, cobrança das decisões tomadas em reuniões anteriores, tema de fundo, informes.


   Fatores importantes para o bom funcionamento do grupo: pontualidade, distribuição do tempo, preparação, materiais de formação e dinâmicas, avaliação periódica, planejamento.
   O grupo de jovens permite partilhar critérios, valores, visões...


   Os grupos paroquiais ou comunitários de jovens e os grupos dos meios específicos não são a única forma de fazer acontecer a PJ Orgânica. Começam a aparecer outras formas onde os jovens se encontram e se reúnem para partilhar seus sonhos ou, até simplesmente, estar junto com os jovens. A ação pastoral precisa estar junto com os jovens. A ação pastoral precisa estar atenta aos grupos de teatro, conjuntos musicais, festivais, grupos de dança e outros, pois a grupo jovem não pode ser a única forma de atingir a grande diversidade da juventude. O importante é que aconteça uma verdadeira vida comunitária.


   O jovem hoje, raramente vem espontaneamente participar dos grupos. É necessário conquistá-los. Uma pastoral de espera deve ser substituída por uma pastoral de sair em missão.


   Os grupos têm vários modos de ser, mas todos eles passa por "etapas". O grupo não nasce pronto. Como a pessoa, ele precisa ser preparado, convocado... Precisa ser gestado para nascer como grupo. Compara-se com as fases do crescimento da pessoa humana, o que facilita a compreensão. Estas etapas não se dão de forma mecânica e obrigatória, como também não há linhas divisórias entre as etapas. Começa com a convocação: é o namoro, aproximar-se, marcar o encontro...


   O grupo nasce assim como uma pessoa. No início é frágil, depende em tudo da mãe...



   a) Nascimento e Infância: Pode ser de 3 a 6 ou de 15, não importa quantos, importa que descubram o valor do grupo, se continua ou não. Nessa etapa não se pode forçar, avançar demais. Busca-se valorizar mais a pessoa , o jovem que está chegando, o grupo que se está formando. Buscar a criatividade deles e as coisas que eles gostam. Procurar um assessor jovem que começa a caminhada e tenha condições de ajudar. A assessoria pode ser feita por um jovem vizinho de outra comunidade, que tenha experiência. É preciso ter muita paciência, principalmente os que coordenam e acolher bem o jovem que vem para o grupo. É a descoberta de si mesmo, não distingue o certo e o errado, brinca muito, é frágil, inseguro, exige atenção, observador , quer tudo para si, imita os outros, precisa de carinho, quer se divertir, pode ficar sempre nesta etapa, o grupo pode morrer aí mesmo se não souber administrar e ajudar o jovem.


   b) Adolescência: Interesse pelo outro (sexo oposto), namoro, entra em conflito, crises e frustrações, tem ilusões, sonhos, fantasias, quer ser diferente, rebeldia, não aceita as coisa prontas, desperta para a afetividade e sexualidade, vai descobrir a comunidade, o mundo e sente necessidade de agir e participar .demonstra ativismo, mas também muda e cansa com facilidade. Começa a se destacar os que tomam iniciativa e são líderes. Surge as panelinhas, fazem grupinhos dentro do grupo. Querem saber da sua identidade, porque ser assim, porque fazer aquilo? Necessitam de uma assessoria serena e constante, porque as crises e variações são muitas. Tem que rever a prática religiosa, precisam de um modelo não que se imita, mas que seja ponto de referência. Precisa saber que o jovem não está sozinho, ma que tem apoio e valor.


   c) Juventude: O grupo que superou a adolescência e vive essa etapa apresenta-se com maior segurança e estabilidade. É alegre, gosta de aventuras, é aberto para o novo, independente, responsável, gosta de si, capacitado, criativo, protesta, tem liberdade , é disposto, gosta de companhia, faz opções. O grupo é independente, quer viver e descobrir suas forças e valores, é aberto e quer assumir compromissos, se sentem unidos querem ser sujeitos, caráter próprio. Busca maior vivência Eclesial, aprofundar a fé . procura a ação revisando as próprias atitudes, buscando metodologias de ação. Deverá ser um grupo que assuma o compromisso de atuar na própria Pastoral da Juventude, em outros ministérios da Igreja e em seu meio específico, com uma prática transformadora.


   d) Idade Adulta: Tem como características: responsabilidade, atua num meio específico, consciente, capacitado, tem claro o compromisso, sabe seus limites, é decidido. É difícil os membros do grupo chegar junto nessa fase, alguns chegam antes e outros depois. Quando chegam nessa fase, geralmente saem de grupo, não continuam como grupo. Deveriam continuar, mas é difícil. Se envolvem com trabalho, estudo, partido político. Têm compromisso com a realidade. Sentem a necessidade de assumir algo na sociedade. Tem uma atuação que leva uma mística - "Jesus |Cristo"- vivendo o seu estilo. Já está sendo um profissional e terá que assumir suas opções. Deve ter equilíbrio, renúncias e saber até onde ir. o militante deve ser multiplicador, formar outros, nuclear outros jovens a fazer o processo. Deve ter muita paciência. Jamais deve ser dominador, achar-se acima que os outros. Vive a fé madura, seguro de si. A assessoria para a militância é muito difícil é muito difícil, tem que ter muita experiência. A formação de grupos militante é necessária. Precisam de um aprofundamento Teológico, de tudo o que vai acontecendo na realidade, se inteirando de tudo. Aprofundar a fé incarnada. Não é propriamente uma etapa, mas um programa constante de vida.


2 - Formação Progressiva, Integral e Libertadora:
   A questão fundamental da formação da pessoa humana é respeitar a dosagem necessária para o crescimento do jovem no grupo. Esta formação deve considerar que o jovem traz uma carga de experiências muito forte: da família autoritária, carência afetiva, de uma educação bancária que impede a participação e intimida a falar e tomar decisões.

   Cada pessoas faz uma experiência única de vida e um processo único. Com a ajuda do grupo e um programa de formação sólido e participativo, essa formação pode ajudar o jovem a ser uma pessoa livre. O encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo dará as motivações necessárias para que a juventude possa assumir com coragem a construção de uma sociedade justa e fraterna, segundo o "sonho de Deus".


   A formação é progressiva. O processo de conversão não acontece de um dia para outro. O jovem chega ao compromisso depois de passar por diferentes etapas.


   Tratamos anteriormente das etapas de um crescimento dos grupos. Agora trataremos das etapas de crescimento da pessoa do jovem; há necessidade de trabalhar as diferentes dimensões da vida do jovem, para que a formação seja integral, para em seguida, ver as dimensões da formação integral.


  Assim como o grupo, a pessoa humana não está "feita", mas "vai-se fazendo" em sua própria história. Distinguimos três fases:


     a) Nucleação: É a fase em que os jovens são convocados para participar de um grupo. Isto acontece através da amizade, convite pessoal, convites amplos, convites nos meios específicos, cursos, encontros, preparação para o Crisma, catequese permanente, convites massivos e outras formas.
Para que o processo de nucleação seja efetivo, utiliza-se uma metodologia que valoriza o acolhimento pessoal, promove a participação, a integração, a organização grupal e ajuda o jovem a descobrir o valor e as exigências da vida em grupo, optando por ela. Assim:
     · A proposta deve partir da realidade do jovem aos quais se convida, de suas necessidades, de suas buscas, de suas inquietudes e expectativas;
     · A proposta deve ser participativa, na qual o jovem se sinta envolvido e descubra que poderá ser protagonista de seu processo de formação;
     · A proposta deve ser Eclesial. O convite não pode ser assunto somente do assessor ou do grupo jovem á constituído: tem que ser responsabilidade de toda comunidade cristã;
     · A proposta deve ser clara. O convite deve ser honesto, os objetivos bem explicados, deve-se deixar claro que é uma proposta de vivência e realização de amadurecimento na fé.



   b) Iniciação: O ponto de partida da iniciação são as mais variadas motivações e graus de consciência e adesão a Jesus Cristo, que os jovens trazem par ao grupo. O desafio maior é o que fazer com o grupo depois da primeira reunião. Como fazer para que os jovens continuem motivados e participando das reuniões? Como deslanchar um processo de iniciação que leve à conversão e ao compromisso concreto?
Nesta fase é importante uma metodologia motivadora. É uma fase que tem um tempo próprio de desenvolvimento e que deve ser respeitado e que seus distintos momentos variam segundo as características dos jovens, seus objetivos, circunstâncias,... É necessário ter clareza: onde queremos chegar, a metodologia a ser empregada e as etapas a serem percorridas.



   c) Militância: Refere-se à ação eficaz do cristão e a seu compromisso, seu testemunho, sua luta, sua atuação concreta no mundo e na própria Igreja. É a fase "madura" do jovem e do grupo.
A militância exercida pelo jovem cristão define-se como aquela ação cada vez mais refletida, intencionada, consciente, contextualizada e organizada, visando a promover uma renovação na Igreja e uma transformação na sociedade. É a fase da opção que o jovem cristão faz para assumir o estilo de vida de Jesus de Nazaré. É um compromisso mais permanente e libertador. Motivado pela fé, o militante é estimulado a viver sua vida numa entrega aos demais.


O jovem descobre a militância como "projeto de vida"; fortalece-se em sua fé e vida interior; conquista maior vivência espiritual; inquieta-se na busca de formação e auto-formação; alcança um maior crescimento na fé que o identifica com Cristo e o amadurece em sua própria personalidade. Além disso, conquista uma maior consciência do seu compromisso com Cristo dentro da Igreja e da Sociedade.
Alguns jovens assumem uma militância interna no ambiente da Igreja, na atuação missionária, catequese, liturgia, outros setores da Igreja. Outros desenvolvem sua ação pastoral na própria PJ, na preparação e coordenação de reuniões, cursos, assembléias, acompanhamento pessoal, partilha, vivência comunitária, ... Outros ainda, que percebem o sofrimento e a injustiça na qual vivem ambos setores da humanidade, querem trabalhar pela mudança da realidade e assumem sua militância no âmbito social, participando nas organizações intermediárias, partidos políticos, movimentos populares, grêmios estudantis, associações de bairro, grupos de defesa de Direitos Humanos, ... Muitos dos que optam por maior protagonismo nestas organizações mantêm contato com a comunidade Cristã. Estes jovens precisam manter referência com a comunidade eclesial para alimentar e celebrar sua fé.





3 - Dimensões da Formação Integral:


     A visão de dimensões da formação integral ajuda os líderes da pastoral a não cair na tentação de promover um tipo de formação que seja reducionista. Porém, dependendo da etapa em que se encontram os jovens, a maneira de tratar cada dimensão e a acentuação serão diferentes.


   a) Dimensão da Personalização: é a dimensão da relação do jovem consigo mesmo. Responde às necessidades de amadurecimento afetivo e formação positiva da personalidade. É a busca constante de uma resposta, não especulativa, mas experimental, à pergunta: "Quem sou eu?" Nesta dimensão, o jovem precisa acolher a própria vida. Procura conhecer-se, aceitar-se, assumir-se a si próprio, como também procura desenvolver suas aptidões e qualidades, seus sentimentos e interesses com relação aos outros. A educação e a vivência da fé são concebidas como auto-aceitação, humanização, busca de sentido da vida e opções de valores.

   b) Dimensão da Integração Grupal e Comunitária:
corresponde à dimensão social, da descoberta do outro como ser diferente e do grupo como lugar de encontro. O grupo oferece um espaço para ir descobrindo, de modo concreto e vivencial, a necessidade de realizar-se como pessoa na relação com o outro. Esta relação gera crescimento, exercita a crítica e a autocrítica, como meio de superar-se pessoalmente no crescimento dos demais.
O jovem começa a fazer a experiência de um relacionamento mais consciente com a família, com o grupo e com a sociedade, até a experiência comunitária como referência permanente para a sua vida. Na comunidade, o jovem se torna participante, ativo e criativo de sua própria história. A educação na fé é concebida, aqui, como caminho a ser percorrido comunitariamente.

   c) Dimensão Sócio-Política:
corresponde à dimensão da socialização da inserção do jovem
na sociedade. Trata da convivência social com relações de justiça e solidariedade, com igualdade de direitos e deveres. A política é a arte de administração da convivência dos cidadão. Capacita o jovem para ser cidadão consciente, sujeito da história nova, com participação crítica em favor da justiça e da vida digna para todos. Forma o jovem para ser capaz de projetar-se em sua comunidade local, nacional e internacional. É importante formar o jovem para a cidadania.


Esta experiência comunitária leva o jovem a confrontar-se com problemas cuja solução exige convergência de esforços e vontade política. A promoção do bem comum e a construção de uma ordem social, política e econômica humana, justa e solidária, torna-se um compromisso de fé. A educação na fé é concebida como ação transformadora da complexa realidade socio-econômica-política e cultura.



   d) Dimensão Mística e Teológica: esta dimensão trata da vivência e fundamentação da fé do jovem, do encontro com a Pessoa de Jesus Cristo, sua prática, seu Projeto e Seguimento em comunidade. É a presença de Deus agindo nos acontecimentos de sua vida, da vocação profunda de ser filho e irmão, do descobrimento de Jesus e da opção por segui-Lo, do discernimento da ação do Espírito nos sinais dos tempos da história pessoal, grupal, eclesial e social e do compromisso radical de viver os valores do Evangelho. E o jovem descobre a comunidade eclesial como lugar de alimentar e celebra a vida na fé.

Neste encontro com Jesus Cristo, o jovem descobre nele o sentido de sua existência humana pessoal e social. Nasce a experiência de fé que o faz viver como cristão autêntico. Passo fundamental nessa dimensão é transformar a experiência de vida pela força da fé em experiência evangélica. Integra-se a fé na vida. A educação da fé é concebida como interpelação constante entre experiência de vida e formulações da fé.


É necessário formar o jovem para ter uma experiência de Deus (espiritualidade ou mística) e ao mesmo tempo, ajudá-lo a adquirir uma compreensão teórica da sua fé (Teologia).



   e) Dimensão Metodológica e de Capacitação Técnica: (relação com a ação) corresponde à Capacitação Técnica/Metodológica para o planejamento, desenvolvimento e avaliação da ação transformadora, para o exercício da liderança e coordenação democrática nos grupos, organizações e também junto às massas. Trata-se de ser profissional, realizando a missão com eficácia.

No processo de amadurecimento da fé o jovem sente necessidade de testemunhar a própria fé, empenhando sua vida no serviço aos outros. Para que sua ação seja eficaz, precisa entrar num processo de formação permanente, que lhe garanta a aquisição de técnicas e de competência educativa profissional para assumir tarefas de coordenador de grupos jovens, de comunicador da mensagem de Jesus Cristo e de formador de lideranças. A ação é uma necessidade especial dos jovens e um instrumento pedagógico privilegiado. A partir de pequenas ações refletidas e avaliadas, os jovens vão crescendo em sua inserção eclesial e social para serem uma presença transformadora.



4 - Diversidade da Pastoral da Juventude:
   A Pastoral da Juventude se realiza de diferentes maneiras, segundo a enorme diversidade de experiências que se dão no meio da juventude. Dedica-se a cultivar, a partir do Evangelho, os valores juvenis nos diferentes ambientes da vida paroquial e da sociedade. 

   A expressão Pastoral da Juventude do brasil (PJB) indica uma fase na organização dos jovens da Igreja do Brasil que teve início em julho de 1995 com a 11ªAssembléia Nacional da PJB. A sigla PJB significa o conjunto das quatro Pastorais Específicas: PJ - Pastoral da Juventude; PJE - Pastoral da Juventude Estudantil; PJR - Pastoral da Juventude Rural; PJMP - Pastoral da Juventude do Meio Popular
.


   A PJE, PJR e PJMP desde seu surgimento, tiveram organização própria, além dos espaços de organização conjunta.

   Para decidir e encaminhar os projetos comuns das quatro PJs, há o Setor Juventude da CNBB, Assembléia Nacional da PJ, Secretaria Nacional, Comissão Nacional de Jovens e Comissão Nacional de Jovens e Comissão Nacional de Assessores. Como Regionais, Dioceses, as Pastorais Específicas também se organizam, conforme a realidade de cada local.





5 - Como se Organiza a PJ do Brasil?

6 - Assessoria:

   "O jovem, embora protagonista, não caminha sozinho..."
a palavra "assessor" vem do latim "sedere ad", que significa "sentar-se junto a". dá a idéia de motivar, acompanhar, orientar e integrar a contribuição e a participação dos jovens na Igreja e na Sociedade e proporcionar a acolhida desta ação juvenil na comunidade.


   Os nossos dias exigem uma assessoria sábia, isto é, que seja psicológica e sociológica ao mesmo tempo. Os noves tempos pedem que o assessor saiba dar atenção pessoal, afetiva e humana a cada jovem, que valoriza a lógica jovem, que é mais visual do que discursiva e que, ao mesmo tempo, vá despertando neles a consciência crítica e o compromisso social. 


   Cabe ao assessor despertar lideranças; proporcionar apoio necessário para que os jovens possam desenvolver um processo grupal de formação integral na fé, promovendo e respeitando seu protagonismo; ser pólo desafiador e de confronto, evitando paternalismo e autoritarismo e auxiliar os jovens nos momentos de desânimo e conflitos. Para isso necessita ter amplo conhecimento da juventude e de sua realidade, em todos os níveis e aspectos e saber mais escutar do que falar.


   Sem a presença ativa de assessores adultos, dificilmente a PJ alcança êxito. O adulto traz para o trabalho com os jovens duas coisas importantes: experiência e teoria.


   Muitos assessores estão confusos sobre a metodologia de trabalho com jovens e seu papel dentro dela. Não é fácil encontrar adultos que têm jeito, vocação e tempo para acompanhar e trabalho pastoral junto à juventude.





     VIRTUDES DA ASSESSORIA:


      O grande desafio da pessoa humana e do assessor da PJ é diminuir a distância entre o discurso e a prática, de tal maneira que, em algum momento, a prática seja discurso e o discurso seja prática. A virtude da coerência é libertadora e provoca a conversão e seguimento;

      O segredo e o desafio na assessoria jovem é "ser pacientemente paciente" e "impacientemente paciente" no serviço aos jovens.


      A pessoa e a realidade devem ir mudando juntas. A pessoa muda no processo de mudança da realidade. "Eu me transformo ao transformar. Eu sou feito pela história, ao fazê-la".


     A assessoria precisa ter sempre uma postura "radicalmente democrática", pensando, analisando e decidindo junto com os jovens, onde eles sejam, de fato, sujeitos do processo de pensar, organizar e agir.


     Não querer fazer tudo, nem abraçar o mundo. Ser assessor da PJ exige que se escolham algumas prioridades, algumas atividades e que se faça bem feito aquilo que se assume.






     ATITUDES DA ASSESSORIA:



      A assessoria deve ter uma atitude de respeito às etapas do grupo de jovens e à etapa de crescimento de cada pessoa, dando atenção a cada jovem como se fosse único, tornando possível seu protagonismo;

      É necessário enfrentar o conflito - sem conflito não há crescimento pessoal, grupal e comunitário. A assessoria não deve fugir dos conflitos e nem fazer "panos quentes". O conflito faz parte e deve ser enfrentado e superado.


      Não fugir do risco - servir aos jovens é aceitar o risco como algo bonito e forte. É confiar no jovem; é não ter medo de errar.


      Aprender com o fracasso. Este, talvez, seja o momento mais difícil e mais bonito de ser assessor. É o momento de oferecer o ombro e chorar junto com os jovens; ao mesmo tempo é preciso ter serenidade, clareza, firmeza de perceber, junto com eles, as causas do fracasso, de poder enxergar e conceber novos caminhos e novas estratégias de ação.


      A assessoria tem a missão de abrir espaços, facilitar, tornar possível ao jovem o acesso com os adultos, com outras organizações, com a Igreja.







     AS TENTAÇÕES DA ASSESSORIA:


      Renunciar à História: as dificuldades na PJ podem levar a assessoria ao desânimo. O assessor não pode renunciar à sua missão de ser parte e memória da caminhada da P`J e de ser a pessoa que estimula o resgate e o registro da história dos jovens, do grupo, da comunidade, da PJ. Na hora da dúvida, do sufoco, do fracasso, lembra que muitos jovens e assessores já escreveram a sua parte na história da PJ; resgatar a memória dos mártires e dos que deram a vida pelos jovens e pobres. A história da PJ precisa continuar a ser construída... 

      Renunciar à dor: um grande risco que a Igreja corre é o do "hedonismo eclesial": os agentes de pastoral que buscam só o que é fácil, deixando de lado tudo que é exigente e difícil. Ao optar pela assessoria na PJ, paga-se o preço disse na vida familiar, afetiva, social e econômica. Ministério da assessoria também é cruz, é dar-se permanente e totalmente pela causa dos jovens;


      Renunciar à promessa. Não podemos renunciar à esperança, pois Deus está conosco. Podem cair todas as utopias, mas continua de pé a Ressurreição de Jesus. O Ministério da Assessoria é alimentar a promessa, o sonho e a esperança dos jovens;


      Renunciar à gratuidade. Podemos pensar que tudo depende de nós, não dormimos mais direito; não temos tempo para visitar os amigos, para ficar com a família. não temos mais tempo para o sentimento e para o cultivo pessoal. Diz o Evangelho que Jesus amava Marta, Maria e Lázaro (Jo 11,5) e que Jesus chorou a morte do amigo (Jo 11,33). Está na hora de recuperar o sentido e o valor da gratuidade, do sentimento; é a mística do lazer.







     A MÍSTICA DA ASSESSORIA:


   A espiritualidade e a mística do assessor da PJ deve ter como centro e inspiração o Reino de Deus e ser a espiritualidade do seguimento de Jesus. A opção radical pelos pobres é que vai garantir nossa fidelidade no seguimento.

   Assessor que não reza, não pode ser assessor da PJ. Sem disciplina não rezamos. Oração é tratar de amizade com quem sabemos que nos ama. Quanto mais místicos formos, mais revolucionários seremos; quanto mais revolucionários, mais místicos. 


   Do assessor da PJ exige-se uma espiritualidade sólida, capaz de dar razão da própria esperança, uma profunda mística cristã e missionária que dê coragem e audácia no serviço aos jovens.


   Mística é o assessor ter uma opção claríssima pelos pobres, que é condição necessária e irrenunciável do caráter evangélico da ação. É ter opção e ser pobre com os pobres. Dar testemunho efetivo. A simplicidade convence e converte as pessoas. o exemplo grita bem alto. A assessoria deve ter sensibilidade social e despertar esta sensibilidade no coração e na mente dos jovens. Só é livre quem é pobre; só é pobre quem é livre.


   Espiritualidade de assessoria é ter opção afetiva e efetiva pelos jovens. Os jovens devem saber e perceber que estamos sempre do seu lado, aconteça o que acontecer; se estão certos, para apoiar; se estão errados, para chorar com eles e ajudá-los a levantar a cabeça. Isto exige desprendimento de aspirações pessoais a cargos e regalias, pois estar sempre do lado dos jovens é causa de muitas críticas, conflitos e perseguições.


   Mística é participar alegre e ativamente da vida da comunidade; é ajudar o jovem a descobrir e amar a Igreja; é quebrar a idéia de individualismo e provocar o sentido eclesial e comunitário no coração da juventude.


   Espiritualidade é mostrar às pessoas que a assessoria aos jovens nos faz pessoas felizes, alegres, realizadas. A Pastoral da Juventude é um espaço onde a pessoa pode e deve ser feliz.
   Mística e espiritualidade é ouvir a voz, abrir a porta, sentar à mesa e cear com ele (cf. Ap 3,20). Jesus Cristo é o nosso grande caso de amor. É preciso alimentar esta intimidade com ele na nossa missão de assessoria na PJ.


   A assessoria na PJ é desafiada a estar ao lado e apoiar os jovens neste processo e caminhada. Por isso e para isso, a assessoria tem de ser sábia, isto é, sociológica e psicológica ao mesmo tempo, preocupando-se com o jovem como pessoa e com o jovem como agente de transformação eclesial e social.


   A assessoria sábia deve aliar simplicidade e audácia, fé e competência, espiritualidade e planejamento na sua paixão pelos jovens e pela mudança.
   Assim, acredita-se que é real o sonho que está por trás desta frase que é síntese da missão da PJ e da Assessoria na PJ; "o
jovem que pensa, se organiza e age".





7 - Outros Recursos Pedagógicos:



   Há alguns outros recursos que a PJ procura formentar em todos os níveis. De modo especial: às atividades massivas junto com os jovens, ao planejamento e à avaliação.




   Atividades de Massa:

      Ao lado do processo intensivo de formação nos pequenos grupos, a PJ desenvolve uma Pastoral extensiva e missionária, visando atingir o conjunto da juventude, para lançar sementes, despertar e sensibilizar os jovens para a proposta de Jesus, através do testemunho alegre e atraente à vida dos jovens e coerente com a mensagem de Jesus Cristo.


      A PJ promove, permanentemente, atividades dirigidas a todos os jovens com o objetivo de anunciar a proposta cristã. A Pastoral de Massa na PJ, acontece especialmente através da Semana da Cidadania e do Dia Nacional da Juventude (DNJ), quando se organizam concentrações, caminhadas, semanas da juventude, festivais, encontrões, debates,..., sempre tendo em conta os diversos elementos como o esporte, a música, a festa, o teatro, a celebração. Com estas atividades, a cada ano a PJ mobiliza milhões de jovens, para falarem a respeito da vida, cantar seus sonhos, celebrar sua fé, expressar a vontade de construir uma sociedade onde tenham voz e vez.


      Pretende o DNJ, intensificar a mobilização do potencial de massa jovem para ir além do trabalho de pequenos grupos, num espírito missionário e atingir a multidão do jovens alheios ao projeto do Reino. É o termômetro da força de penetração de uma Pastoral que procura, realmente, atingir a base. Muitos jovens passam a conhecer a PJ e se interessam em fazer parte dos grupos de iniciantes. Com isto, em muitas Dioceses, a PJ toma novo ânimo, grupos se fortificam, muitos se engajam.


      Esta mobilização de massa tem, também, a finalidade de afirmar publicamente a identidade e a importância do setor jovem do Povo de Deus. Assim, à media que os jovens se mobilizam, torna-se difícil tratar a juventude como grupo sem importância dentro da Igreja e as sociedade.





   Planejamento:

      Planejar é organizar cientificamente a nossa ação. É implantar um processo de intervenção na realidade. É pensar antes qual o melhor caminho para chegar ao objetivo. É deixar de improvisar. É pensar antes qual o melhor caminho para chegar ao objetivo.


      É importante e se faz necessário um planejamento participativo e assumido por todos os participantes de um grupo.


      Todo planejamento deve partir da realidade dos jovens e dos ambientes nos quais vivem (ver); deve iluminar esta realidade com as luzes da fé e com a mensagem do Evangelho (julgar); para decidir as atividades que se desenvolverão para mudá-la (agir), avaliar com toda objetividade o que se conseguiu realizar e o que ficou a desejar (revisar) e por fim, saber encontrar formas de, diante da fé, alegrar-se e agradecer o que se realizou (celebrar).

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