sexta-feira, 25 de março de 2011

EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE: CONTEXTO, CONSEQÜÊNCIAS E DESAFIOS

Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude – (RECIJU)
Setor Juventude – CNBB - Casa da Juventude Pe. Burnier - CAJU






EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE: CONTEXTO,
CONSEQÜÊNCIAS E DESAFIOS










Organizadores:
Carmem Lucia Teixeira
Hilário Dick, SJ

  Palavra Inicial

Escolhendo a evangelização da juventude como tema central de sua próxima Assembléia, em 2006, os Bispos do Brasil tiveram em mente todos os jovens, também aqueles que não estão inseridos nas pastorais. O tema, para eles e para todos, é desafiador. Como reconhece o secretário da Conferência, numa carta de novembro de 2005, “a opção preferencial pelos jovens, em grande parte, ficou nas boas intenções e não saiu do papel”. Certamente, não por vontade de muitos/as evangelizadores/as, remando cada vez mais contra ondas mais incômodas. O que se quer é ouvir a juventude, agentes que trabalham com jovens, ouvir organizações que trabalham com juventude, peritos e centros de formação e amadurecer decisões pastorais. A opção preferencial pelos jovens, como disse ainda o próprio Secretário da Conferência, ainda não foi, de fato, vivificada. Ela não decolou. Como Igreja, temos dificuldades de chegar à juventude, mas queremos chegar a ela.

Apresentamos o resultado de dois Seminários que se preocuparam com esse assunto: um, em Brasília, na Conferência dos Bispos, nos dias 18 e 19 de outubro de 2005, reunindo os bispos responsáveis de encaminhar a discussão junto à próxima Assembléia Geral dos Bispos, junto com um grupo amplo e variados de agentes pastorais, estudiosos e jovens; o outro, em Goiânia, na Casa da Juventude Padre Burnier, nos dias 04 a 06 de novembro de 2005, na forma de seminário, com um perito convidado, debatendo juventude e evangelização da juventude na América Latina. Dos dois eventos, procuramos oferecer um só resultado, considerando tudo um mutirão em prol do amadurecimento teórico sobre a evangelização da juventude.

Este texto se propõe organizar as reflexões feitas nestes dois eventos, apontando para um processo que foi desencadeado no ano de 2005. A sua pretensão é ser um texto de trabalho sobre o tema da evangelização juvenil na Igreja do Brasil. Com ele queremos abrir um diálogo fecundo com os diversos grupos que se ocupam do trabalho com a juventude na Igreja. É apenas um ponto de partida deste processo que estamos demarcando até 2008.



EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE: CONTEXTO,
CONSEQÜÊNCIAS E DESAFIOS

Índice
Parte I: Análises e Olhares
Capítulo 1: Perspectivas de análise
Capítulo 2: Definições de juventude

Parte II: Contextualizando a juventude
Capítulo 3: Os macro-fenômenos: juventude e mudanças mundiais
            3.1 Mudança do modelo de acumulação capitalista
            3.2 Revolução da comunicação
            3.3 Queda do socialismo real
            3.4 Globalização da economia
Capítulo 4: Características do continente latino-americano e sua relação com a juventude
Capítulo 5: A localização do jovem brasileiro nos órgãos públicos

Parte III: A juventude em meio à modernidade e pós-modernidade
Capítulo 6: Juventude e Pós-Modernidade
            6.1 Entre a Modernidade e a Pós-Modernidade
            6.2 As promessas da Modernidade
            6.3 A Pós-Modernidade
            6.4 O mundo global
Capítulo 7: Juventude e Cultura Pós-Moderna
            7.1 A comunicação atual e seus efeitos sobre a juventude
            7.2 A cultura refletida sobre o corpo da juventude
            7.3 O imediatismo nas socializações dos jovens e seus grupos
Capítulo 8: Perfil do jovem pós-moderno
Capítulo 9: Outros acréscimos sobre o rosto atual da juventude

Parte IV: O mundo religioso e a juventude
Capítulo 10: Religião no mundo globalizado
Capítulo 11: Os jovens e a religião
Capítulo 12: Uma religião velha num mundo novo, desafio à vitalidade pastoral da fé

Parte V: Desafios e perspectivas para a evangelização da juventude
Capítulo 13: Alguns desafios para a Pastoral da Juventude na América Latina
Capítulo 14: Resgatando pronunciamentos episcopais
Capítulo 15: Movimento da juventude na Igreja do Brasil
            15.1 A década dos anos 60
            15.2 A década dos anos 70
            15.3 A década dos anos 80
            15.4 Dos anos 90 a 2006
Capítulo 16: Desafios e Perspectivas
            16.1 Um conjunto de desafios
            16.2 Desafios e juventude
            16.3 Desafios especiais à Igreja
            16.4 Igreja e juventude
            16.5 Assessores e assessoras
            16.6 Organização
            16.7 Perspectivas

Parte I: ANÁLISES E OLHARES

 

Capítulo 1. PERSPECTIVAS DE ANÁLISE


Há, principalmente, quatro formas de ler a realidade social, também o fenômeno juvenil[1]:

 1) A Sociologia Compreensiva, de Max Weber. Busca-se, com esta teoria,  compreender o mundo juvenil e responder a perguntas como “por que os jovens fazem o que fazem? “Por que o fazem assim e não de outra forma?” “Por que o que fazem não corresponde às expectativas dos adultos?”

2) A Sociologia da Ação, de Alain Touraine. Com o conceito de “ação” vai-se ao mundo juvenil com a intenção de saber o que os jovens estão fazendo e a que se dedicam. Como se organizam e em que estão participando? Neste sentido, os dados revelam três preferências: 1º os jovens se organizam em grupos desportivos; 2º se reúnem mais em grupos organizados, principalmente de igreja (modelo paroquial, comunitário); em 3º lugar estão os grupos virtuais. Há que se considerar que a sociedade sempre trabalhou com a idéia de que, para ser grupo, é necessário o caráter da presença. Os grupos jovens virtuais estão cada vez mais distantes.

3) A Sociologia Relacional, de Guy Bajoit. Esta perspectiva nasce do conceito de relação social. O interesse é saber como os jovens se relacionam. O mundo está mudando muito rápido e os jovens são diferentes dos adultos. É com esse olhar que devemos ver, também, os jovens na sociedade na América Latina.

4) A Sociologia da Experiência, de François Dubert. O conceito de experiência nos permite entender os jovens na suas relações afetivas e na suas experiências de grupo. Como os jovens experienciam, por exemplo, a sexualidade, a afetividade, o amor? Como se desenvolvem as experiências no mundo juvenil?

Além dessas perspectivas com que se olha à juventude, podemos ter presentes outras, mais específicas:

  1. a perspectiva demográfica. Acentua-se, por exemplo, a faixa etária.
  2. a perspectiva psicológica. Fica mais na psicologia do jovem.
  3. a perspectiva histórica. Procura localizar a juventude na história.
  4. a perspectiva social. Destaca a preocupação com a pertença aos segmentos da sociedade em geral.
  5. a perspectiva antropológica. Acentua mais os aspectos relacionados com a cultura juvenil.
  6. a perspectiva territorial. Centra-se na questão do espaço geográfico e suas influências na vida do jovem. Os jovens, por exemplo, perdem a identidade territorial ao se inserir no espaço virtual, vivendo num mundo sem espaço e sem tempo. Ou, então, os jovens sonham com um outro país e emigram para outros países.
  7. a perspectiva de gênero. É uma questão mais recente, mas de importância progressiva para a juventude e a compreensão dela. Há grandes mudanças vivenciadas pelos jovens neste campo, bastando recorda a luta das mulheres por igualdade e inclusão.
  8. a perspectiva étnica. Embora não exista em alguns países esse olhar étnico (as minorias indígenas, sobretudo foram eliminadas) é uma perspectiva muito atual.

HIPÓTESES


Não é possível compreender o fenômeno juvenil sem compreender o contexto onde este se desenvolve. Quais são as principais características internacionais e como estas se desenvolvem nos jovens?

Ø  Trata-se de uma mudança de um modelo cultural; da mudança de um modelo da razão social para um modelo de auto-realização autônoma. O modelo cultural da razão social está em decadência. A razão social, surgida com o iluminismo, passando pela Revolução Industrial, foi uma marca que mudou a ótica da Idade Média, centrada numa visão de mundo a partir de Deus (Teocentrismo), para a modernidade centrada no homem (Antropocentrismo).

Ø  O progresso foi entendido como dominação do homem sobre a natureza, para progredir. Era um modelo útil, pois tinha sentido para o coletivo (partidos, sindicatos, igreja, estado, movimentos sociais...). Esse modelo está em mudança por causa dos malefícios que trouxe no seu bojo. Pelo apelo à razão, no apelo às idéias, geraram-se inúmeros conflitos, guerras, genocídios...Em nome do progresso devastou-se o meio ambiente, contaminaram-se as águas, o ar e a terra, sendo crescente o processo de desertificação de alguma regiões.

Ø  Emerge um outro modelo cultural, centrado na auto-realização, baseado na autonomia, onde é útil e faz sentido o que faço em função do meu eu pessoal e não do coletivo. Muda fundamentalmente o papel dos partidos, do Estado e da igreja. Exemplo disso são os jovens universitários quando perguntados porque escolheram seu curso. Trazem como motivo principal a auto-realização e o autodesenvolvimento. Também sobre o futuro respondem que seus interesses estão, em primeiro lugar, voltados para a sua pessoa, sua realização, também em profissões de ajuda e profissões sociais. A mudança para o auto-centrismo é irreversível.

Ø  Está em curso uma mutação. A mutação acontece na medida em que as mudanças vão sendo incorporadas no cotidiano. Os jovens estão mais sensíveis a essas novas bandeiras, diferentemente dos adultos. A mutação de um modelo cultural, conjunto de símbolos, signos, significações, valores, interesses, necessidades e efeitos que dão sentido à vida, definem o que é belo, adequado, pertinente, lógico etc.

Alguns indicadores de mudanças culturais, onde ficam evidentes as características e tendências, são:

ü  O gosto pela intimidade e convivência (relações curtas, pouco duradouras). Os/as jovens se casam mais tarde e mais velhos. É a lógica do desejo e da intensidade, resumida na paixão, na emoção e na adrenalina.
ü  A busca do prazer e da auto-realização pessoal.
ü  A desconfiança da política institucional. Não acreditam, não se filiam e não interessam.
ü  A perda da identidade territorial, havendo menos sentimento de nacionalidade. Se sentem identificados como jovens do mundo e da globalização sem fronteiras.
ü  O desinteresse pela religião, havendo uma tendência ao sincretismo, onde a religião é um produto a mais na prateleira das ofertas.
ü  A tolerância seletiva e eletiva nas relações pessoais e sociais. Assim como há uma diminuição na participação em espaços públicos, cresce o interesse por ações de voluntariado (satisfação pessoal).
ü  A preocupação de ser “para si mesmo”. Por isso a importância do corpo, do tempo do lazer e da arte, as tatuagens e a preocupação com o ter.
ü  A incerteza ética, tornando-se uma ética situacional. Surgem novos panteões dedicados a outros deuses.  “Faço o que quero quando me convém”.

Refletindo: Que outros aspectos da realidade mais global se pode agregar a esta reflexão?  Concordam ou discordam que estamos vivendo uma mutação social? Por quê?

Capítulo 2. DEFINIÇÕES DE JUVENTUDE

O que, contudo, entendemos como juventude? Mesmo na tentativa de compreendê-la em suas diferentes perspectivas, é preciso entender-nos com alguma conceituação sobre o conceito “juventude”. Esse exercício de conceituação ajuda a formular melhor o que queremos propor aos jovens.

Por isso, ao abordar a temática da juventude nada melhor do que entrar no mundo, deles sem cair nos preconceitos ou reforçar idéias do senso comum[2]. Exige um olhar atento para evitar a ingenuidade de vê-los como culpados do contexto de um mundo em mudança e globalizado, para não responsabilizá-los ou dar a eles o papel de únicos responsáveis pelas transformações que esta sociedade vive. Falar de juventude exige ter uma abordagem conceitual para além do estado de espírito, de ânimo, energia e de força.

A juventude tem sido marcada, na sociedade, por diferentes visões conceituais. É considerada, por muitos, como sendo o momento primordial para as relações da vida grupal, da relação entre seus iguais e das experiências que interferem nos resultados de buscas, encontros, desencontros, inseguranças, curiosidades, medos, confusões, indefinições, mudanças, crises e crescimentos. Poucos são os que defendem que a juventude seja uma fase em que se tem permissão para viver com mais intensidade os questionamentos, discernimentos, entendimentos, sonhos; no geral, cobra-se da juventude uma postura de compromisso e responsabilidade. Na verdade, todas as visões conceituais vêm carregadas de valores e características da categoria social que as define. Está em jogo como cada grupo (instituições) deseja garantir que a juventude seja. Por isso, conceituar a juventude é um desafio, pois seu entendimento passa por uma situação polissêmica. As abordagens conceituais se fazem necessárias para entender essa fase intermediária entre a infância e a vida adulta. Este período etário necessita de olhares para além do período marcado por mudanças físicas do corpo humano.

2.1. Conceituação biológica
Biologicamente, a definição de juventude está marcada pela questão das transformações no corpo, que está deixando de ser infantil e se constituindo como um corpo que se tornará adulto. Essas mudanças corporais nem sempre são enfrentadas com tranqüilidade pelos jovens. Elas vêm acompanhadas de reflexões pessoais que interferem na construção de sua identidade. Acontecem, nesta fase, as alterações hormonais que passam a influenciar psicologicamente e de maneira drástica na pessoa do jovem. É comum, hoje, a constatação de que as questões de alimentação, de comportamento social e a qualidade de vida afetiva, também interferem no amadurecimento e no prolongamento da juventude.

A juventude é marcada, centralmente, por processos de desenvolvimento, da sua breve passagem da infância para a maturidade, com a tarefa exclusiva de preparação para a vida adulta. Biologicamente, está precedida pela puberdade e pela adolescência. Na juventude já estão conformadas as transformações anatômicas e fisiológicas que devem ocorrer na adolescência. É na juventude que se consolidam os processos biológicos e psicossociais (BORREGO, 2005, p. 07).

2.2. Conceituação psicológica
Não são todas as correntes da psicologia que falam de juventude. Para a grande maioria o que existe é a adolescência. Porém, a conceituação de juventude na perspectiva da psicologia contribui para se perceber que não são somente os aspectos biológicos que interferem na pessoa que vive esse período.

A psicologia entende que os adolescentes necessitam vencer três lutos: o luto pela perda do corpo infantil, tendo que se adaptar a um novo corpo e com a maneira de lidar com ele e também com a forma como as pessoas os observam; o luto pela perda dos pais da infância, os que antes tinham todo um modo especial de lidar e de cuidar, agora já repreendem e exigem uma adaptação à condição de alguém que não é mais criança; em terceiro lugar, lidar com a morte do mito das figuras paterna e materna, que deixam de ser herói/heroína para revelarem os limites e fragilidades e o luto pela perda da identidade infantil, pois têm que enfrentar as suas próprias crises e dar rumos aos seus atos e história (ABERASTURY, 1981, p. 71).

Passada a etapa descrita, viria a juventude tida, psicologicamente, como um momento de descoberta de valores culturais e espirituais. É o tempo dado para as pessoas viverem e acomodarem as crises de reforma ou de inquietação pessoal, social, familiar e religiosa. Maria Alice Foracchi é uma pioneira no Brasil que buscou conceituar a juventude. Ela concebe a juventude como a fase da vida em que a pessoa é portadora de força renovadora que a motiva a construir novidades e enfrentar desafios. Diz ela:

A juventude é uma fase da vida, uma força social renovadora e um estilo de existência, se a concebermos como uma etapa que antecede a maturidade e que apresenta características singulares, notaremos que ela corresponde a um momento definitivo da descoberta da vida e da história, é a fase dramática do eu (FORACCHI, 1977, p. 302).

2.3. Conceituação sociológica
Os jovens enfrentam o desafio de se adaptarem a um mundo totalmente diferente do que haviam enfrentado até então, na infância. Vêem-se obrigados a uma inserção social complexa, trazendo-lhes novas significações e questões para as quais os jovens ainda não têm respostas integralmente formuladas. Sua identidade social ainda está em conformação. As preocupações estão voltadas mais para a experimentação intensa em diferentes esferas que se apresentam em seu horizonte. Por essas razões que a conceituação sociológica da juventude é necessária para entendê-la dentro de um contexto em que estes e estas estão inseridos. É preciso considerar que nem todos passam pelas mesmas experimentações da realidade. Há diferenciações que interferem no seu modo de situar e comportar. Por isso que é preciso aprofundar, verificar e identificar, a realidade e como esta interfere no momento que estão vivendo.

Segundo o Projeto Juventude[3], a conceituação de juventude passa pela condição e o contexto atual em que vivem os jovens no Brasil. Esta condição é dada pelo fato de os jovens estarem vivendo um período especifico do ciclo da vida, em um dado momento cultural, histórico. Sociologicamente, a juventude pode ser entendida então para a além do período correspondente ao tempo em que se completam as formações físicas, intelectuais, psíquicas, sociais e culturais.

É na etapa da juventude que se processa a passagem da condição de dependência em relação a sua família original para a autonomia. É quando a “pessoa se torna capaz de produzir (trabalhar), reproduzir-se (ter filhos e criá-los), manter-se e promover-se a outros, participar plenamente da vida social com direitos e responsabilidades” (JUVENTUDE, 2004, p. 10). Essa fase da vida vem marcada por ambigüidades e contradições quando os jovens, ao se defrontarem com a realidade, passam a questionar, desejar e experimentar mudanças aos quais os adultos nem sempre estão dispostos a negociar. Por causa disso que “os jovens contemporâneos vivem uma constante tensão entre a busca de emancipação pessoal e a subordinação aos ditames da sociedade de consumo e das imagens da juventude veiculadas pela mídia” (JUVENTUDE, 2004, p. 12).

A conceituação sociológica da juventude se dá, também, nas diferentes realidades, situações sociais e culturais em que eles se encontram, pois é nelas que tecem suas redes simbólicas, criam suas organizações. O período da juventude é marcado por mudanças de lugar e presença social, pois deixam o mundo da infância e da adolescência para ingressarem no mundo dos adultos. Essa mudança de lugar, contudo, nem sempre significa autonomia e emancipação que os faça se sentirem incluídos. Segundo Libânio, essa diferença entre jovens e adultos é mais marcada nas sociedades tradicionais (LIBÂNIO, 2004, p. 13) e fica mais confuso na atual realidade, marcada pela cultura pós-moderna.

Muitos autores se recusam a conceituar a juventude a partir do recorte etário, e preferem falar a partir dos aspectos sociológicos e econômicos. Para Novaes “no entanto, esses limites de idades não são fixos. Para os que não têm direito à infância, a juventude começa mais cedo”[4] (NOVAES, 2002, p. 121).

“É lugar comum começar a falar de juventude lembrando que esse é um conceito construído historicamente. As definições sobre o que é ser jovem, quem e até quando se pode ser considerado jovem têm mudado no tempo e no espaço e refletem disputas no campo político, no campo econômico e, também, entre as gerações” (NOVAES, 2002, p. 121).

Para Novaes essa nova conceituação é resultado do “aumento da expectativa de vida e das mudanças no mercado de trabalho permitindo que parte deles possa alargar o chamado tempo da juventude até os 29 anos. Com efeito, qualquer que seja a “faixa etária” estabelecida, jovens da mesma idade vão sempre viver juventudes diferentes” (NOVAES, 2002, p. 121 - 122).

Segundo dados do censo do IBGE 2000, dos 169,7 milhões de habitantes no país, 34 milhões se enquadram na faixa etária de quinze a vinte e quatro anos, o que corresponde a 20% da população. Esta foi a primeira vez que o IBGE trouxe essa definição de juventude, com esse recorte de idade. Incluídos os brasileiros entre vinte e cinco e vinte e nove anos (13,8 milhões), também classificados como jovens adultos, no Brasil, chega-se a 47,9 milhões de cidadãos (28,2% do total da população) (LEON, 2002, p. 31).

2.4. Conceituação antropológica
Na disputa por conceituar a juventude há uma corrente que tem, também, a visão da antropologia por se ocupar do estudo do homem e seus agrupamentos cultural e social. Nesta corrente há alguns pensadores e educadores que afirmam que a conceituação de juventude é resultado de uma construção social, o que explicaria as várias concepções de acordo com o momento histórico. Para João Batista Libânio “O termo jovem remonta a outra etimologia. “Jovem” faz ecoar o adjetivo aiutans do verbo aiutare, ajudar. Jovem é aquele que atingiu a idade de poder ajudar” (LIBÂNIO, 2004, p. 18). Termo que ainda hoje é vigente, pois, segundo o autor, desde sempre as famílias necessitaram da ajuda econômica de seus filhos.

De forma mais intensa, no final de 1940, o termo juventude foi sendo amplamente retomado, tanto pelas questões sociológicas da consideração dessa nova categoria como pela perspectiva do mercado, que aproveitou para se organizar, oferecer e criar desejos em torno dos mais diferentes produtos. Por isso que alguns autores defendem que “juventude” é uma criação do mercado, com a finalidade de criar uma categoria propensa a consumir marcas e produtos identificados com essa faixa etária.

Foi, porém, a partir de 1985 (“Ano Internacional da Juventude”, criado pelo ONU), que a temática juventude ganhou mais expressão nas universidades, organizações sociais e populares. Esta preocupação se baseava no aumento da população juvenil que teria na América Latina no final do século. O fato é que a juventude passou a ter destaque histórico pela emergência das modernas sociedades de massa, que trouxe um fenômeno novo: o da ascensão da juventude como ator social e político diferenciado, capaz de influenciar processos de transformação social.

Refletindo: Que outros aspectos da conceituação da juventude podem ser ampliados? Em que estes conceitos contribuem na compreensão do fenômeno juvenil?

PARTE II: CONTEXTUALIZANDO A JUVENTUDE

Capítulo 3. OS MACRO-FENÔMENOS: JUVENTUDE E
                         MUDANÇAS MUNDIAIS

Para situar e compreender o fenômeno juvenil é necessário darmos uma olhada para o universo que nos envolve. Por isso falamos de macro-fenômenos, destacando – de forma esquemática – quatro realidades: a mudança do modelo de acumulação capitalista, a revolução da comunicação, a queda do socialismo real e a globalização da economia.

3.1 MUDANÇA DO MODELO DE ACUMULAÇÃO CAPITALISTA

Destacamos, nesta mudança, cinco aspectos, insistindo logo na repercussão disso no mundo juvenil:

ü  A introdução da microeletrônica nos processos produtivos. Estamos na sociedade do conhecimento e da informação.
ü  O pós-Fordismo.
ü  A política do ajuste estrutural.
ü  O desmonte do Estado.
ü  A privatização do setor público: saúde, educação, previdência.

Reflexos no mundo juvenil:

ü  Desemprego. Mais máquina e menos pessoas. Os jovens têm necessidade de entrarem no mercado cada vez mais cedo e competirem para lidar com a nova tecnologia.
ü  Precarização do emprego. Não existe mais estabilidade.
ü  Exigência de novas habilidades como, por exemplo, para a iniciativa, a atuação em equipe, a adaptação ao campo de atuação...
ü  Mudança do sentido do trabalho. Menor esforço, sem sacrifícios, máximo resultado. Gera conflitos de geração entre os jovens, frutos da TV a cabo e os adultos das gerações passadas.

3.2 REVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Sinteticamente, há três fenômenos no campo da comunicação, levando a ter aspectos de “revolução”:

  • Transformações revolucionárias nas comunicações na informação e nas tecnologias a serviço da transmissão da imagem.
  • Sociedade do conhecimento e da informação.
  • Civilização da imagem.

Muda a percepção e a compreensão do mundo. O mundo é percebido a partir da imagem, não a partir da leitura.
                                 

Reflexos no mundo juvenil


  • É necessária uma re-alfabetização. A linguagem dos computadores é uma nova língua/linguagem; porém, um percentual elevado dos adultos é analfabeto digital; há somente uma percentagem pequena da juventude que vive em redes, e outros têm pouco acesso, sendo também analfabetos digitais, originando um processo de elitização e de exclusão que se aprofunda.

  • Incorporação à realidade virtual. Realidade e virtualidade se confundem; mudam-se se as formas de os jovens se relacionarem. O tempo e o espaço no mundo jovem são distintos; tempo e espaço desaparecem via Internet, o que é muito difícil os adultos entenderem.

  • Socialização num mundo de “telas”. O processo da socialização é a entrada do ser humano na cultura. A família tem um papel fundamental neste processo. Contudo, o jovem com acesso diário à Internet e à TV, perde seus laços com a família porque se socializa pelos conteúdos internacionais das “telas”. A importância das imagens é cada vez mais forte.

  • Reconfiguração dos imaginários juvenis a partir da constituição de uma sociedade em rede. A forma de se relacionar é diferente. Os símbolos mudam. A linguagem juvenil é cada vez mais críptica (sinais, cifras, abreviaturas...). Os jovens usam menos palavras, ou palavras acompanhadas de um gesto que significa coisas distintas. Os jovens que chegam à Universidade têm progressivamente um vocabulário menor, conhecem menos palavras. Isso dificulta muito a entrada no mundo das Ciências Sociais. Eles lêem pouco e não compreendem o que lêem.

3.3 QUEDA DO SOCIALISMO REAL

O mundo mudou em 1989. Como diz Eric Hobsbawn, o século 20 foi um século curto. 1989 representa uma mudança de época.

  • Terminou a bi-polaridade. Estamos num mundo unipolar. Impõe-se um único modelo, hegemônico, estadunidense, capitalista. O único modelo é “legítimo”. No Chile, afirma Sandoval, as receitas neoliberais são praticamente puras; Chile foi o laboratório do neoliberalismo. Chile e Brasil têm a pior distribuição de renda na América Latina. Na última festa pátria, no Chile, durante o “Te Deum”, na homilia, ante todo o país, o cardeal de Santiago de Chile denunciou o escândalo da má distribuição de renda.

  • Crises de inteligibilidade. As Ciências Sociais não estão tendo capacidade de fazer uma leitura desta nova realidade.

  • Crise de organicidade. Há uma crise de se comprometer com práticas e ações. Marx disputava com os filósofos porque eles especulavam sobre a realidade.Não basta compreender o mundo; tem que se comprometer com sua mudança. Paulo Freire fala de “prática” e não de “praticismo”. Isso está em crise. Há uma crescente separação entre teoria e prática. Temos que ficar firmes e não desistir de ocupar o lugar de “intelectuais orgânicos” conforme define Gramsci.

  • Crises de utopia, de meta-relatos e de relatos produtores de sentido.

Reflexos no mundo juvenil

  • Articulação de projetos de vida pessoais, na ausência de projetos coletivos de mudança social. Nas gerações anteriores, os jovens podiam aderir aos grandes projetos de mudanças sociais.

  • Crise de sentido. A segunda causa de morte entre jovens é o suicido, em países como o Chile; a primeira é o trânsito. Sonhos e esperanças desaparecem, surgindo um mundo desencantado. Aqui teríamos um tesouro no nosso trabalho; a mensagem cristã agrada aos jovens, os cativa porque tem sentido. Temos uma tremenda responsabilidade para com os jovens. Temos que fazer uma “pastoral de fronteira”, para que mais jovens conheçam a mensagem, sabendo comunicá-la. Com os jovens cristãos é mais fácil, pois eles desejam o projeto de vida. O desafio é ir ao encontro de outros.

  • Imposição da incerteza. Quem comanda não são as certezas; quem manda é a dúvida.

  • Ter “êxito” numa sociedade complexa e cheia de riscos.

3.4 globalização da economia

Vivemos uma tendência mundial caminhando para a liberalização dos mercados de comércio e do capital. Trata-se não somente de uma economia que se globaliza. Globaliza-se tudo, também a cultura. Fenômenos ligados a isso são:

  • A expansão da democracia liberal
  • A terceirização da economia
  • O domínio das forças do mercado
  • A integração numa economia global
  • A velocidade das mudanças tecnológicas.

Nos últimos 50 anos adquiriu-se mais conhecimento do que em toda a história da humanidade. Tudo se torna obsoleto muito rápido.

Reflexos no mundo juvenil


  • Enfrentar um crescente processo de transnacionalização da cultura.
  • Viver em um mundo sem fronteiras. Fomos educados dentro do conceito estado- nação.
  • Enfrentar a tensão entre o global e o local.
  • Ter êxito em um contexto competitivo.
  • Emergência de “novos valores” e decadência de valores tradicionais.
  • Assimilar os conteúdos dos processos de mutação cultural.
  •  

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Refletindo sobre esses macro-fenômenos vê-se que:

Ø  Existe, ainda, uma realidade socialista de lutas; a juventude lida muito bem com essas novidades. No sistema de comunicação nunca ouve tanta vivência grupal;
Ø  Estamos vivendo de acordo com as questões de gênero. A juventude experimenta essas questões. O gênero é uma das áreas onde se produz a maior transformação cultural. Hoje não se precisa mais ter uma identidade fixa; as identidades são moveis. É um fenômeno transgenérico. Muitos jovens não se definem nem como homens nem mulheres. Não se dizem homossexuais nem heterossexuais. Isso é cada vez mais forte. O tema da sexualidade é um tema da máxima importância, porque este é um ponto de ruptura com a igreja, porque os jovens não aceitam as imposições da igreja quanto à moralidade sexual. O tema da moral sexual é de grande tensão. “A igreja diga o que queira, eu faço o que quero;”
Ø  Há uma mudança nas crises de valores;
Ø  O modelo cultural não esta só no econômico, está também no religioso e no político;
Ø  É preciso agregar à mudança no campo religioso (Islamismo, Fundamentalismo, Religiões orientais) as mudanças geradas pela biotecnologia (Genoma, clonagem..) A biotecnologia é um modelo perverso e centralizador. Deixa as pessoas dependentes do controle do saber; o corpo e as pessoas são impostas;
Ø  Esse contexto de mutação não envolve somente os jovens mas toda a sociedade, só que os jovens internalizam e interagem de forma mais rápida;
Ø  Há uma dificuldade de o homem de se adequar ao novo. O mesmo aconteceu quando se descobriu o radio, a TV, a net;
Ø  A igreja está tomando posse dessa tendência. Também quer respostas rápidas para ganhar fieis;
Ø  O termo “mutação” ajuda a entender como isso é incorporado ao dia-a-dia;
Ø  O voluntariado tem formas diferentes de acordo com o país; isso se nota nos encontros dos continentes. Em cada lugar tem um sentido. O neoliberalismo tem relação com o voluntariado e a solidariedade. Seria acomodação? assistencialismo? tirar o peso da consciência?

Capítulo 4. CARACTERÍSTICAS DO CONTEXTO
    LATINO-AMERICANO E SUA RELAÇÃO COM A
    JUVENTUDE

A compreensão da América Latina, dentro desse contexto (visando um olhar para a juventude), apresenta características importantes que é preciso ter presente. Ressaltamos reflexos no mundo da economia, da política e da cultura, abrindo as portas para uma reflexão mais demorada sobre a pós-modernidade.
 
4.1            Economia

É preciso ter presente o tríplice papel do mercado:

a)      O mercado como espaço de transação de bens e serviços (comprar e vender).
b)      O mercado como espaço de integração social. A educação e o trabalho permitem que as pessoas se integrem na sociedade, mas nem a educação nem o trabalho estão cumprindo seu papel como integradores sociais. O mercado está integrando os jovens, mas é uma integração individual, não coletiva, que transforma o conceito cidadão/cidadã. Ser cidadão ou cidadã é transformar as pessoas em clientes, consumidores. O tipo de cidadão que a sociedade neoliberal necessita é a sociedade dos supermercados. Na venda, o grande produto que gera lucros é o crédito, não mais o produto. O dinheiro de plástico se torna acessível a todos e com ele o acesso ao crédito. Isso cria a fantasia de poder comprar sem dinheiro, isto é, ter acesso ao consumo.
c)      O mercado como espaço da socialização. As novas gerações se socializam com os códigos do mercado. O mercado entrou no coração das sociedades.

Conseqüências para o mundo juvenil:

Ø  A lógica do funcionamento do mercado traz problemas. A racionalidade do mundo econômico é uma racionalidade instrumental (minimizar custos e maximizar utilidades; investir pouco e ganhar muito). Isso ultrapassa o âmbito do mercado e se instala na cultura, nas relações humanas. Há pessoas que não fazem nada se não tem clara a relação custo-benefício que esta ação traz para elas. Para os jovens entra-se no mercado do amor, na economia do namoro.
Ø  A legitimação da competição como forma de relação entre os jovens. Os mecanismos do mercado são assumidos como a lógica das relações humanas. Isso acaba com a solidariedade, a gratuidade, com a aceitação de limites.

4.2            Política

Ø  O que se verifica é o esvaziamento dos modelos tradicionais. Há um modelo que entende a política e os políticos em função do bem comum. O político é entendido como servidor público. Quem quiser dedicar-se ao serviço ao bem comum, se torna político. O outro modelo entende a política e os partidos políticos como ferramentas de transformação social. Quem queria transformar o mundo, entrava num partido.

Hoje, empresa e política, economia e política, marketing e política se aproximam sempre mais. As campanhas publicitárias dos políticos/ dos partidos são voltadas para vender o produto, o candidato. Não se vota em partidos, ideologias, mas em produtos. A política se desideologiza. Uma política sem ideologia é como cerveja sem álcool; perde a essência.

Ø  Alastramento da corrupção. Nenhum partido político fica fora dos grandes escândalos de corrupção. A corrupção sempre existia. Nas ditaduras era proibido saber dela. Hoje a corrupção continua com o conluio do político-privado, da classe política com o trafico de drogas e de armas etc. Com isso a política perde legitimidade e credibilidade entre os jovens.

Ø  Migração do poder para a economia. O poder migrou para a economia. A política está a serviço do poder econômico, mesmo em países com governos de centro-esquerda. Estes governos estão longe do socialismo, mesmo regidos por partidos socialistas. Mantém-se o modelo econômico neoliberal. O poder está mais nos blocos econômicos e nas empresas transnacionais. O FMI coloca as condições que quer e nossos ministros de fazenda são bonecos nas mãos deles, porque tem o poder de arruinar as econômicas nacionais. As principais riquezas nacionais não são mais nacionais, mas pertencem a empresas transnacionais.

Ø  Tipos de protagonistas. Em toda obra de teatro há três tipos de teatro: protagonistas, atores secundários e os extra. Normalmente o extra não tem fala. Em nossos paises, os protagonistas, são os empresários, a classe política e os militares. Mesmo sem ditadura, os militares ficam presentes e representam uma continua ameaça à democracia. O que se poderia gastar em políticas publicas é gasto em armamento. Os atores secundários têm pouco poder sobre o Estado: igreja, sindicatos, movimentos, a sociedade civil organizada. A maioria das pessoas não está organizada e não participa. Os jovens, as mulheres não conseguem se organizar em uma só voz para fazer valer seus direitos. Precisamos investir na formação de organizações alternativas, como os movimentos que se denominam movimentos de “alter-globalização”, como acontece no FMS. Muitas das organizações que se organizam no FSM são organizações de jovens. Precisamos aumentar a crença que outro mundo é possível e conseguir cada vez mais adeptos. Caso contrário, a propaganda neoliberal nos pega de roldão, sem alternativas, reduzindo-nos ao papel de consumidores. Como cristãos, temos uma grande tarefa a fazer. Não é a toa que temos a impressão que como cristãos andamos contra a corrente. Precisamos fazer o outro mundo possível. Foucault, em “Microfisica do poder”, diz que o poder está concentrado não só num aparato, mas no conjunto da sociedade. Trata-se, por isso de transformar as micro-relações de poder para transformar as macro-relações de poder.

4.3 Cultura

Acentuamos cinco aspectos:

  • Cultura da competição. Passamos a ser governados por critérios militares, isto é, passamos a ser governados por princípios de empresas. Quem não corre, morre. Tem que competir para ganhar. Os lentos perdem.

  • Cultura da performance. Cultura do rendimento; tem que render; os trabalhadores têm que ter rendimento, performance.

  • Cultura da simulação.  Se não conseguir competir, ter bons resultados, vence. Preciso simular vencimento, simular empenho, performance. A maioria das pessoas, num país onde a maioria pertence aos pobres, se declara de “classe media”. Não se pode assumir a pobreza.

  • Imediatismo. É preciso viver a vida como o final da festa, por isso a busca do prazer, sobretudo do prazer sexual. Isso se relaciona com o fenômeno do papel dos meios de comunicação nos nossos países, onde assistimos à tirania da informação. Habermas diz que a linguagem cria realidade. A TV cria realidade. A maioria das pessoas de nossos paises (90%) não lê livros. Elas armam sua visão de mundo a partir daquilo que vêem na TV. Se lerem, lêem as manchetes. É nosso desafio fazer visível o que fazemos. Muitos jovens têm a impressão de viver na invisibilidade. São visíveis como delinqüentes, mas não como engajados na pastoral, no voluntariado.

  • A exclusão, antigamente, referia-se somente aos pobres. Quem não tem acesso à Internet não precisa ser pobre, mas é excluído. Não se integra, não existe. É uma exclusão, partindo de uma elite. No Chile, somente 20 % dos trabalhadores têm acesso à Internet. Os outros estão fora. A situação fica pior na área rural.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES:

Ø  Existe uma estrutura onde os jovens e as mulheres são figurantes.
Ø  Na orientação da sexualidade não há criação de vínculos afetivos.
Ø  A educação brasileira reforça essa visão da competição, interferindo no individualismo.
Ø  Vivemos numa sociedade da simulação, do “faz-de-conta”, do governo tentando diminuir o analfabetismo. Sei a letra mais não sei ler. A Universidade é boa se têm muitos estudantes. É a sociedade do ter e da simulação de ser o que não se é. A faculdade é cursada pelo nome, não pelo projeto de vida. Há um padrão de vida imposto pelo mercado.
Ø  Os jovens vêem-se obrigados a mentirem sobre o seu endereço para serem incluídos.
Ø  A mídia tem se apossado dos grupos de resistência, tornando-os massa.
Ø  Na situação de vida e de violência, a dança e o regionalismo são formas de resistir. Os grupos de maior apelo são estes, além dos grupos de jovens que dão mais espaços para questões sociais, diferentes da escola. A participação da Pastoral da Juventude na discussão de políticas públicas forçou a caminhada e deu visibilidade, ocupando uma cadeira no Conselho Nacional da Juventude.
Ø  Os mais importantes na sociedade, hoje, são os empresários. Vivemos numa ditadura do mercado. Os empresários, com poder econômico, não desejam mais o poder político. As questões políticas não interferem na questão econômica. A crise política esta aí e a economia não caiu. Quem está sustentando a economia são as transnacionais.
Ø  Nomeiam-se bispos que não abraçam as causas da juventude.
Ø  Os jovens sofrem com o medo de sobrar (não ser incluído no trabalho) e ficar fora.
Ø  Poucos querem trabalhar com os jovens. Parece que a igreja não se preocupa e não quer os jovens. Ao trabalhar com jovens temos que mudar de óculos. Se olharmos com óculos antigos de organizar e formar, vamos concluir que os jovens estão desorganizados. Surgem, cada vez mais, novos grupos que se organizam de forma diferente.
Ø  Os MCS querem nos convencer de que a pós-modernidade, o neoliberalismo é o triunfo. Hugo Chavez , com toda a crítica que se possa fazer, tem demonstrado que uma resistência é possível.
Ø  A participação da juventude atual é mais cultural e simbólica.






Capítulo 5. A LOCALIZAÇÃO DO JOVEM BRASILEIRO
                   NOS ÓRGÃOS PÚBLICOS


Olhando a juventude brasileira na perspectiva histórica da evangelização, temos que ver o que existe e o que foi feito. É raro, contudo, os agentes de pastoral estarem mais próximos daquilo que os órgãos públicos fazem com relação à juventude. Talvez porque houve muita omissão, talvez porque se pensa que isso não é da competência de um evangelizador de jovens. Numa visão de Igreja e de educação na fé que procura superar certos dualismos, isso é importante. Verificamos, assim, por exemplo, na caminhada da Pastoral da Juventude, que ela foi uma das instituições que mais lutou pelo amadurecimento e implantação de Políticas Públicas centradas na juventude. Dentro dessa mesma geografia, criou-se, há pouco tempo, o Conselho Nacional de Juventude, como uma oportunidade e como uma instância passível de várias apostas[5].
5.1 O Conselho Nacional da Juventude
Como nos relata Regina Novaes, no dia 2 de agosto de 2005, foi instalado o primeiro Conselho Nacional da Juventude do Brasil. A notícia provocou algumas indagações, evocou boas expectativas, mas também, despertou certo ceticismo. Por que este Conselho justamente agora? Quem faz parte dele? E para que serve mais um Conselho?
 É bom lembrar que a expressão "políticas públicas de juventude" ganhou força ao mesmo tempo em que se diagnosticavam as fragilidades da condição juvenil nos dias de hoje. Afinal, pelo mundo afora, são os jovens os mais atingidos tanto pelas transformações que tornam o mercado de trabalho restritivo e mutante, quanto pelas distintas formas de violência física e simbólica que caracterizam o século XXI. No Brasil, o debate veio a público na década de 90 quando pesquisadores, organismos internacionais, movimentos juvenis e gestores municipais e estaduais passaram a enfatizar a singularidade da experiência social desta geração apontando para suas demandas, vulnerabilidades e potencialidades.
Neste processo de conhecimento e reconhecimento da juventude brasileira, o ano de 2003 pode ser considerado um marco. Entre várias iniciativas da sociedade civil, além da UNESCO, das ONGs e das Universidades que já vinham produzindo sobre o tema, em 2003 destacou-se o Projeto Juventude realizado pelo Instituto Cidadania que produziu uma ampla pesquisa, promoveu interlocuções com movimentos juvenis, especialistas e organizações não governamentais e realizou seminários nacionais e internacional. Ao mesmo, no poder Legislativo, a Comissão Especial de Políticas Públicas de Juventude se constituiu, fez audiências públicas por todo o Brasil, promoveu visitas a experiências internacionais e elaborou uma proposta para um Plano Nacional de Juventude e um Estatuto da Juventude. Junto ao poder executivo, também no final do ano de 2003, por solicitação do Presidente Lula, o Ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência, criou o Grupo Interministerial, coordenado por Beto Cury (atual Secretario Nacional da Juventude). O GT reuniu 19 Ministérios e, com significativa participação do IPEA, produziu diagnósticos e recomendações entre as quais se destacava a necessidade de maior articulação e sinergia entre seus próprios Programas e ações governamentais dirigidas à Juventude. Entre junho e setembro de 2004, os resultados destas e de outras iniciativas chegaram à Presidência da República. Todas elas convergiam em um ponto: a necessidade de criação de um espaço institucional específico para a Juventude. Afinal, o Brasil era um dos únicos países da América Latina que não havia ainda dado este passo em direção a seus jovens.
Dialogando com os subsídios locais e também com a experiência internacional, desenhou-se a Política Nacional de Juventude do Governo Lula. Assim, no dia 1 de fevereiro de 2005, vinculada à Secretaria Geral da Presidência, foi criada a Secretaria Nacional de Juventude. Neste âmbito, também foi criado o Programa Inclusão de Jovens (o Pró Jovem) e o Conselho Nacional da Juventude. Desde aquela data começaram as consultas para a composição do Conselho Nacional de Juventude concebido como espaço supra partidário e inter-geracional, instância privilegiada para interlocução e cooperação entre Estado e Sociedade Civil.
Vinte lugares do Conselho Nacional de Juventude foram reservados ao poder público. Além dos 17 ministérios que possuem Programas e Ações voltadas para Juventude, foram convidados também a participar representantes de entidades municipalistas, do Fórum de Gestores Estaduais e da Frente Parlamentar de Políticas Públicas de Juventude. Outras 40 vagas foram destinadas à sociedade civil. Neste âmbito, foram levados em conta os diferentes segmentos juvenis marcados por desigualdades sociais e múltiplas diferenças identitárias e culturais; as distintas formas de organização de jovens e de atuação entre jovens e, também, a imensa extensão territorial de nosso país. Na intercessão possível entre tais critérios, o Conselho reúne hoje várias redes, movimentos e entidades juvenis, grupos voltados para direitos específicos e para ações afirmativas de segmentos de jovens que são alvo de discriminação social; entidades da sociedade civil que trabalham com e para a inclusão social de jovens e, ainda, inclui pessoas com notório reconhecimento no tema das políticas públicas de juventude.
Em sua composição, o Conselho Nacional de Juventude se assemelha a um mosaico com partes de cores, texturas e de tamanhos diversificados. O desenho final poderia não ter sido exatamente este. Sabemos que existem, pelo Brasil afora, muitos outros grupos e entidades com experiências significativas que poderiam estar também presentes. E que só não estão porque, para a sua operacionalização, o número de cadeiras tinha que ser limitado. Contudo, mosaico atual está assentado sobre um novo amálgama de sentidos: transformar a diferenciada juventude em "sujeito de direitos". Com esta perspectiva, o Conselho Nacional de Juventude é experimental e se aperfeiçoará através da ação daqueles que hoje o compõem.
De fato, ao aceitarem o convite para integrá-lo, os Conselheiros aceitaram também partilhar desafios. Não só o desafio inerente às relações entre governo e sociedade; não só o desafio da convivência e do respeito às diferenças existentes em seu interior, mas também, e sobretudo, o desafio de garantir sua ampliação através da inclusão de outros interlocutores nas Câmaras Temáticas, Grupos de Trabalho e Comissões e por meio de outros expedientes que gerem aumento da almejada participação social de diferentes segmentos de jovens brasileiros.
Certamente toda esta retórica pode não ultrapassar o patamar das boas intenções[6]. E isto acontecerá se forem transpostos, para o Conselho Nacional de Juventude, as disputas políticas, as concorrências institucionais e os ruídos de comunicação pré-existentes. Mas, a nossa aposta vai justamente em outra direção. Dada a urgência da questão da juventude e do quanto ela mobiliza objetiva e subjetivamente a todos, o Conselho Nacional de Juventude é uma oportunidade historicamente inédita para renovação de conceitos e inovação nas práticas de convivência democrática. Sem minimizar as responsabilidades de Estado, sem pretender substituir os vários movimentos juvenis, reconhecendo o papel dos distintos atores que devem contribuir para a formulação, a validação, implementação e avaliação de políticas públicas de juventude, o Conselho Nacional de Juventude pode fazer diferença. Aliás, sua primeira reunião, realizada em 3 de agosto de 2005, apontou justamente nesta direção.
5.2 Retomando alguns marcos da realidade juvenil brasileira

A idéia de Política Pública de Juventude é um ator de necessidades específicas da juventude. As Políticas Públicas de Juventude foram assunto de países da América Latina, considerando as mudanças nas formas produtivas, sepultando profissões e fazendo dramática a questão do desemprego. O problema também é europeu. Nesta situação, a religião também entra porque o desenraizamento (migrações...) atinge a juventude em profundidade. Além disso, a transição para a vida adulta sempre esteve em pauta, assim como a desigualdade social. A juventude sempre esteve no lugar da produção. Ela participava, mas não como “jovem”. Sempre falavam de um lugar da produção. O que estava em jogo era o “lugar”: camponeses, estudantes, operários de fábricas... A modernidade trouxe a idéia da moratória social, colocando a juventude num tempo de suspensão. Contudo, nas grandes mudanças, os jovens sempre estavam, só que não apareciam. Vai-se descobrindo que a juventude é um segmento que foi silenciado por muitos séculos, talvez até hoje. Mesmo sonhando com uma ascensão social, os jovens vão conhecer uma inversão social, com dificuldades de se colocar no mundo, seja pela falta de estudo ou pelo desemprego.

Os jovens de hoje partilham de um sentimento de medo de sobrar, porque não podem planejar seu futuro. Nas pesquisas sobre juventude é comum o medo. O medo de sobrar. O casamento de escola e trabalho nunca foi harmonioso e está fadado ao fim. É preciso pensar outros aspectos.

Além do desemprego, a violência, com seu lado físico e simbólico. Os jovens conhecem a perversa conexão do narcotráfico, não localizada, e que funciona como rede no mundo todo. Não é possível falar em drogas sem falar de lavagem de dinheiro. É muito difícil dizer onde se localiza. Não é só Colômbia... Essa rede tem a ver com os jovens, com lugares sempre novos de distribuição e o surgimento de novos mapas, chegando até no campo. Os jovens estão afetados pelo narcotráfico, mas é pequena a quantidade de jovens que estão envolvidos, tanto no consumo como no trafico. O álcool é bem mais grave.O certo é que há discriminação pelo local de moradia considerando a conexão do local de residência com pobreza, armamento e narcotráfico.

O terceiro marco geracional são as novas tecnologias. Assim como elas existem, temos muitos jovens analfabetos. É preciso trazer para a escola os meios para se alfabetizar com estas técnicas. Caso contrário, haverá grandes níveis de exclusão social e digital. Não se pode falar de organização de juventude sem falar deste conjunto.

A formação do Conselho Nacional da Juventude, por isso, é muito desafiador. É real, neste momento, um grande esforço de realizar o encontro de toda a realidade. Por isso 1/3 é do poder publico e 2/3 é do poder civil: UNE, UBES, CUT, Pastorais Juvenis, Movimento Evangélico; Jovens-Afro,Minorias, HIP HOP, jovens deficientes etc. procurando que seja um Conselho intergeracional, com diálogo, construindo um paradigma histórico. Não dá para falar em juventude sem considerar a diversidade e pensar a juventude em suas vulnerabilidades e potencialidades.


PARTE 3: A JUVENTUDE EM MEIO Á MODERNIDADE E
                PÓS-MODERNIDADE


Capítulo 6. JUVENTUDE E PÓS-MODERNIDADE

Outro elemento que pode enriquecer nossa compreensão da juventude é o da Pós-Modernidade, relacionada com aquilo que significou Modernidade. Refletindo sobre ela, não podemos deixar de lado a globalização.

6.1- Entre a Modernidade e a Pós-Modernidade

A Modernidade nasce do rompimento com a tradição, com os modelos de conduta e as autoridades que eram sustentadas pela tradição e pela religião perdendo seu caráter de cosmovisão global e única[7]. Essas mudanças não aconteceram repentinamente. Foram fruto de uma série de fatores como a divisão social do trabalho, a divisão entre poder religioso e poder profano, provocando a dissolução da unidade religiosa e fazendo aparecer a formação de novos princípios de organização de caráter nacional. Deve ser considerado, também, o crescimento da pluralidade cosmovisional, que levou a religião a ficar reduzida a uma particularidade (ZAMORA, 2004, p. 02), fazendo emergir a universalidade da razão, encarnada no Estado apresentando-se como entidade política dos cidadãos ativos com capacidade de se auto-organizarem a partir de um conjunto de direitos civis, políticos e sociais. A Modernidade passa a ser identificada como cidadania, dignidade e liberdade individual, surgindo o sujeito capaz de criar suas leis e soberania.

Outro fator que vai dar sustentabilidade à Modernidade é a idéia de mercado como regulador das relações sociais através da divisão social do trabalho, fundamentado no principio da propriedade privada e na inclinação do homem para a satisfação de suas necessidade e a competição entre os interesses individuais e coletivos (ZAMORA, 2004, p. 03). 

Outro fator foi a racionalização cientifica contribuindo para o surgimento da Modernidade. A imagem do mundo passou a ser fundamentada em observações controladas, repetidas e quantificadas de maneira objetiva. Para Alain Touraine a modernidade é a antitradição, a derrubada das convenções, dos costumes e das crenças, a saída dos particularismos e a entrada no universalismo, ou ainda a saída do estado natural e a entrada na idade da razão (TOURAINE, 1995, p. 118). Por outro lado, Zygmunt Bauman defende que a Modernidade penetrou na consciência coletiva, modelou o pensamento e que a Modernidade estaria dentro da cultura da beleza, da limpeza e da ordem. (BAUMAM, 1997, p. 07).

Sérgio Sauer traz uma síntese que ajuda a situar a compreensão da Modernidade. Diz ele que a Modernidade é antes de qualquer coisa, um ethos, uma atitude que diferencia a sociedade ocidental contemporânea dos seus períodos anteriores. Ela implicou como uma experiência que induz um rompimento com a tradição e impõe um sentido de novidade – uma atitude irônica de tornar heróico o presente: a pessoa moderna é aquela que constantemente inventa a si própria (SAUER, apud Foucault, 2003, p. 58).

6.2 - As promessas da Modernidade

A Modernidade surge da promessa de realização humana, da felicidade e da possibilidade de acesso igual a tudo que a sociedade poderia oferece. A idéia da Modernidade foi vendida, assim, como uma escolha da sociedade, para uma nova forma de produção, de consumo, comunicação. Passou a se identificar com o espírito da livre iniciativa. A promessa da Modernidade propunha uma melhor qualidade das formas de vida para a pessoa, a ecologia, a paz, a solidariedade internacional, a igualdade sexual, a democratização política, a democratização radical da vida pessoal e coletiva, o alargamento do campo da emancipação via democracia representativa e a democracia participativa.

Para Boaventura, o projeto de Modernidade é ambicioso, revolucionário, com possibilidades muito amplas e por serem amplas são excessivas e difíceis de serem cumpridas (SANTOS, 2003, p. 78). Como conseqüência da não-realização dessas promessas o paradigma da Modernidade para muitos tem apresentado sinais evidentes de crise, pois afirmava anteriormente o brilho possível da ciência moderna com soluções privilegiadas, com base na racionalização da vida social e individual. Bauman defende que o sonho moderno foi abandonado e desesperançado, e que a expectativa de suprir as desigualdades sociais geradas, de garantir ao indivíduo humano possibilidades iguais de acesso a tudo de bom e desejável que a sociedade pode oferecer, não foi realizada (BAUMAN, 1997, p. 195).           

Para Helmut Thielen, a crise da Modernidade tem sua gravidade na economia capitalista porque se firmou nas características centrais da exploração da mão-de-obra, na desvinculação da economia capitalista e da sociedade civil. Essa concepção de economia-sócio-política gerou uma crise de desigualdade social, que causou o aumento da miséria social, com impacto sobre as questões econômicas, ambientais e que por fim resultou na dependência do chamado “Terceiro Mundo”. (THIELEN, 1998, P. 19). Cristián Parker afirma que “há um desencanto crescente das massas populares em relação às promessas de salvação secular que provinham da classe política, tanto tradicional como revolucionária” (PARKER, 1996, p. 333).

O não cumprimento das promessas da Modernidade tem gerado uma sensação de perda e fragmentação e que levou a um esvaziamento dos grandes relatos produtores de sentido. Hoje já se percebe uma tentativa de volta às questões da religião, do papel do estado, da dimensão da emancipação da pessoa e da relação da natureza com o homem.

6.3 - A Pós-Modernidade

No final do século XX aconteceu uma série de transformações que provocaram um horizonte além da Modernidade. Giddens diz que essa fase de transição, para muitos, se caracterizaria pela “sociedade de informação” ou pela “sociedade de consumo”. Esse contexto apontou para eventos inovadores que ainda hoje fogem ao entendimento completo e a qualquer controle. Nestas transformações teria surgido o paradigma da Pós-modernidade que, segundo Moreira, se baseia no fim das grandes narrativas, também denominado de pós-modernismo ou, ainda, de cultura atual.

O certo é que no interior da literatura, das artes plásticas e da arquitetura, se espalhou o sentimento que passou a definir o movimento da estética e estilo de vida. Na segunda metade do século XX surgiu o termo Pós-Modernidade, que estaria marcado pela dissolução de todas as referências construídas anteriormente pela Modernidade. Porém esse termo não é consenso entre muitos teóricos. Plínio Freire Gomes diz que “a vertigem que chamamos de Pós-Modernidade está associada a um duplo fenômeno: o advento da velocidade e a internacionalização das relações econômicas” (GOMES, 2002, p. 01). A Pós-Modernidade seria um processo paradoxal situado entre a degradação das idéias da Modernidade e as inovações que estaria em pleno andamento com as novas relações (pessoais, mercadológica, cultural, religiosa). Essas transformações teriam contagiado inúmeras tradições artistas, culturais e intelectuais.

Giddens chega a defender que “não basta inventar novos termos, como Pós-Modernidade e o resto” (GIDDENS, 1991, p. 11). Para ele a sociedade ainda não entrou na Pós-Modernidade. A Modernidade é que se estaria radicalizando. Afirma que a sociedade está vivendo uma fase de radicalização, provocada pelo declínio da hegemonia européia, facilitando a criação de civilizações regionalizadas em outras partes do mundo.

Pode-se dizer que a Modernidade é resultado do desenvolvimento administrativo, industrial, da complexidade política e econômica. E o termo “Pós-Modernidade” seria o resultado da dificuldade das “ciências sociais em mapear o universo cultural da desintegração do mundo tradicional” (MOREIRA, 2004, p. 01). Os diversos autores, mesmo não concordando com o termo Pós-Modernidade, apontam que as mudanças provocadas pelos desenvolvimentos acontecidos nos últimos anos apresentam conseqüências.

A Pós-Modernidade traz duas problemáticas comungadas pelos autores: 1) a ênfase na natureza fragmentária, instável, indeterminada, descontinua, migratória e hiper-real da existência; 2) na questão política, relacionada com instâncias de discursos invisíveis caracterizados pelo predomínio da mercantilização sobre a ética. É por causa dessas questões que se afirma que existe, hoje, uma crise de paradigma representada como o drama central da Pós-Modernidade. Na falta de consenso sobre o que está acontecendo com a Modernidade, a Pós-Modernidade ou Modernidade tardia, alguns preferem denominar esse momento de “A nova cultura” ou “Cultura Atual”.

6.4 - O mundo global

A compreensão da globalização visa possibilitar uma ampliação da questão da crise de paradigma na qual vive a atual sociedade. Para poder resgatar as questões que prepararam o terreno das mudanças que o mundo vem enfrentado, dando uma alternativa de compreensão das suas influências, causas e conseqüências.

Não há como negar que o desenvolvimento tecnológico é um dos grandes contribuidores para que o mundo fosse compreendido para além do continente europeu. Começando pelas navegações mercantilistas, passando pela Revolução Industrial, até as infinitas possibilidades da comunicação hoje. Todas essas questões tiveram um papel definitivo na forma de ver e se relacionar entre os diferentes países.

Destas questões surge o termo “globalização”, que passou a ser um paradigma recorrente para o entendimento da Modernidade passando a ser referência para as questões econômicas, culturais, sociais e religiosas. Enzo Pace conceitua a globalização como “processo objetivo de progressiva independência nas diferentes sociedades humanas espalhadas pelo planeta” (PACE, 1999, p. 25). Como resultado dessa visão de um mundo global ampliou-se o contato com outras culturas e a difusão de bens culturais, ideológicos, criando-se marcas e estilos mundiais de vida.

Pode-se dividir o que é globalização em dois aspectos: o primeiro relacionado com as questões econômicas e sociais; o segundo entendendo-a a partir das questões culturais e simbólicas. No tocante às questões econômicas e sociais, a globalização pode ser vista também como produção, distribuição de bens e serviços, na perspectiva da expansão da economia de mercado, do consumo. É a possibilidade de o capital se expandir e se acumular. Uma das características desta globalização mercadológica seria o surgimento de “uma massa popular consumidora sensível a mensagens globais” (MOREIRA, 1996. P. 2). A globalização possibilitou uma consciência global, planetária, nos indivíduos, nas sociedades do mundo moderno, dando a idéia de que todos fazem parte de um mesmo globo e que devem partilhar de suas vicissitudes ecológicas, históricas, políticas, econômicas e éticas, emergindo assim uma sociedade civil planetária. (PACE, 1999, p. 26).


Na segunda perspectiva, a globalização estaria relacionada, também, com as questões culturais, simbólicas que interferem na identidade e no modo de ser dos diferentes povos.  Esse processo é reforçado com a concentração e fusão de empresas e capitais que oferecem informação, entretenimento, atividades culturais, música, cinema, shows, revista, esporte, lazer. A globalização com esses instrumentos faz uma aproximação das fronteiras, dos sistemas simbólicos e leva à homogeneização dos gostos e comportamentos (MOREIRA, 1996, p. 5).

É por isso que Pace diz que o conceito de globalização possibilita entender como se dão os processos de dominação de uma sociedade sobre as outras. Seria uma nova forma de colonização moderna das consciências, imposta pelos modelos das sociedades dominantes. Como conseqüência, tem-se um processo de desculturalização, que leva à perda de identidade cultural e da capacidade de identificação simbólica com coisas e lugares. É essa identificação que faz com que a pessoa se sinta diferente do outro, onde ela pode vir a negar a si ou se tornar o outro (PACE, 1999, p. 27).

A globalização é um processo de decomposição e recomposição da identidade individual e coletiva que fragiliza os limites simbólicos dos sistemas de crença e pertencimento. A conseqüência é o aparecimento de uma dupla tendência: ou a abertura à mestiçagem cultural ou o refúgio em universos simbólicos que permitem continuar imaginando unida, coerente e compacta, uma realidade social profundamente diferenciada e fragmentada (PACE. 1999, p. 32).


Outros autores apontam para a globalização produzindo conseqüências por pautar-se em uma unidade planetária a partir das questões econômicas, com vistas ao mercado de consumo. A indústria cultural revive, assim, as fantasias simbólicas e rituais, da magia e do mistério, e estes passam a funcionar para a lógica da troca. O mercado capitalista funciona sobre as bases de seu próprio ritual sacrifical, com suas vítimas, imoladas aos deuses do mercado, ritual operado pelos novos sacerdotes do templo-mercado e legitimados pelos novos “sábios” e “profetas” do mercado e da sociedade de consumo (PARKER, 1996, p. 341)

Todos esses fatores juntos devem ser levados em conta para compreender suas influências no modo das pessoas se organizarem na sociedade em busca da realização das promessas da modernidade. Também para situar-se frente à Pós-Modernidade ou Modernidade tardia.

Refletindo: Em que estes elementos da cultura atual ou da chamada Pós-Modernidade amplia nosso olhar para o mundo juvenil? Que elementos podem ser acrescentados? Que discordâncias podem ser apontadas?


Capítulo 7. JUVENTUDE E CULTURA PÓS-MODERNA

O mundo globalizado e neoliberal influi no modo de ser, pensar e se comportar dos jovens na sociedade. Cada sociedade constitui o jovem à sua própria imagem. Aprofundar o contexto da atual cultura Pós-Moderna em que os jovens se encontram é uma tarefa que permite verificar, identificar e entender como essa realidade interfere no momento em que os jovens estão vivendo, além de permitir visualizar as crises e opções que os inquietam e provocam.

A globalização é um fator que não pode ficar fora dessa consideração, pois a juventude, em seu tempo de construção de referenciais, está mais aberta às propostas de visualização e acesso a um mundo mais amplo, sem fronteiras. Os símbolos apresentados pela expansão global se tornam facilmente assimiláveis pela juventude. O desafio é entender como a cultura deste momento de evolução tecnológica atua nas expressões juvenis? Quais são os seus conteúdos? Como esta categoria é visualizada pela sociedade, na comunicação etc.
Uma questão que se apresenta é a de diferenciar o que é próprio deste período etário juvenil e o que é fruto da atual sociedade. Especula-se que a juventude é uma presa fácil do mundo Pós-Moderno, e que estaria mais vulnerável às conseqüências destas transformações. O desafio é entender a cultura dentro deste momento de evolução tecnológica em que tudo tem um conteúdo visual e sonoro e que trafega por veículos e meios rápidos e que se tornam globais, impondo um mesmo padrão cultural e uma mesma matriz a todos.

7.1- A comunicação atual e seus efeitos sobre a juventude
O mundo atual é o tempo da comunicação e da informação. A realidade se apresenta como a era da informática, da civilização eletrônica, da imagem, do mundo da comunicação por vias virtuais. Essa nova era leva a juventude a construir seu imaginário dentro da cultura da imagem. Essas imagens são firmadas através de ícones e símbolos que se tornam mais expressivos a cada descoberta feita e desejada. Como diz LIBÂNIO:
Nessa fase contemporânea, a juventude transforma-se em “marca” criada pela mídia, impondo-lhe um estilo de vida, de consumo, como padrão para outras idades. Crianças são atraídas para serem jovens, enquanto adultos permanecem tentados a assumir de maneira desajeitada, ridícula e tardia comportamentos juvenis (LIBÂNIO, 2004, p. 38).
Esse padrão de consumo apresentado pela comunicação tem influência direta sobre a vida de todos, sobretudo da juventude. Os novos símbolos interferem na realidade em que os jovens se organizam e agem. As realidades, além de mais complexas, estão justapostas entre os fatos, as notícias, as particularidades e a fragmentação da sociedade. O mundo global coloca, através da Internet e suas redes de comunicação, uma infinidade de misturas de culturas, linguagens, códigos de comunicações e relações.
O mundo Pós-Moderno atua na cultura inculcando nos indivíduos que o importante para a comunicação é a pessoa se preocupar com sua imagem, aparecer e estar permanentemente preocupada com a sua autoconstrução. Esse modo de pensar e agir estão organizados e pensados para o individuo e, em especial, para o mundo juvenil. A mesma cultura de massa e de tecnologia não consegue garantir a todos o acesso ao saber, à cultura, ao lazer e ao desporto, pois a influência neoliberal prega um Estado mínimo, controlado pelo mercado. Sem contar que nesta mesma perspectiva a influência neoliberal prega um Estado mínimo que faz com que este se ausente de seu papel de garantir os direitos básicos da população no que se refere aos serviços de segurança, saúde, transporte, lazer, educação, apresentando-se cada vez mais precários, insuficientes e mal distribuídos.

Os jovens de hoje nascem na cultura da imagem e do desaparecimento da palavra. O mundo da Pós-Modernidade se baseia na especialização progressiva, do conhecimento da subjetividade. Criam-se novos padrões de transformação social, aparecem novas agências de publicidade, produzindo uma nova religião, pronta para impor um sentir e um desejar. Essa nova contextualização impõe aos jovens novos padrões de consumo, de maneiras de se perceber e desejar.
Seriam, então, os jovens o objeto direto do desejo do mercado em busca de consumidores? É preciso lembrar que os seres humanos têm necessidades e desejos naturais referentes a objetos que lhes são exteriores: alimento, bebida, habitação e, acima de tudo, a conservação do corpo. O desejo do homem é ser reconhecido, como um ser com certo valor e dignidade. A sociedade representa o que alguns pensadores já disseram: “Penso, logo existo” (Descarte), “Desejo, logo existo” (Freud), “Consumo, logo existo” (neoliberalismo).

Essa lógica reinante abre caminho para os meios de comunicação serem os agentes socializadores da juventude. Os meios de comunicação atuam de forma pedagógica. Utilizam-se, principalmente, da publicidade. A mídia moderna exerce uma função pedagógica de socializar indivíduos e transmitir-lhes códigos. A juventude se encanta e deseja essa comunicação veloz, desafiadora. A juventude se identifica com esse modelo de comunicação, pois foi educada por ela. Hoje, as crianças já nascem atraídas pela propaganda. Essa propaganda é subliminar e não visa convencer, mas seduzir. Apela para o inconsciente. Quer criar felicidade e hábitos de fidelidade forjando empatia, criando e comandando o desejo, o gosto. Atua com modelos de imitação. Utiliza-se do bom humor para ficar na memória. Fustiga o desejo e o olhar e causa uma insaciabilidade.

Os jovens têm, no seu horizonte, o desafio da busca do que lhe é desconhecido e ausente e a possibilidade do consumo se torna, para ele, uma janela de oportunidade. O consumo nunca descansa. Sempre surgem novos objetos desejáveis. A juventude se constituiu em um dos grupos que mais se sentem aguçados com a espera dos lançamentos do cinema, da TV, da informática. Os jovens acreditam e esperam, porque se identificam, reconhecem-se nela e no desejo que a propaganda cria.

A geração Veja, Reader`s Digest, não tolera ler livros volumosos. Falta-lhe paciência e tranqüilidade para sentar-se diante de um livro e ir degustando página por pagina. Às vezes, nem ver um programa de televisão mais longo suporta. Daí a doença do zapping, saltitando de canal em canal, de programa em programa (LIBÂNIO, 2004, p. 110).

Esse modelo de comunicação confunde os jovens, não lhes possibilitando diferenciar o que vem a ser desejo e o que são necessidades humanas. A mídia, aliada do mercado de consumo, desperta uma insatisfação que leva à exploração da vontade interna de ter o que o outro tem. Estimula a imitação de tudo que o outro possui. Causa o desejo mimético de ser o outro. Há quem diga que a comunicação educa para a mentalidade afirmativa – poder – superioridade; “eu narciso” num constante desejo de autoconstrução. Toda a sociedade e, em especial, os jovens, recebem a mensagem de que cada um dos seus membros tem a responsabilidade de se preocupar consigo mesmo (autocentramento).

A juventude inculca em seu sistema de compreensão e interação com o mundo um conjunto de satisfações pessoais. Quando não o consegue, experimenta uma insegurança generalizada. Para prevenir e impedir essa insegurança, a sociedade provoca um deslocamento da confiança nas relações de proximidade e intimidade para a relação técnica. Como resultado, há juventudes menos conceituais, analíticas e organizadas.

A cultura Pós-Moderna forja uma propaganda para que o indivíduo consuma o máximo possível. Nem todos os jovens, no entanto, conseguem ter acesso e condição de consumo como o mercado deseja. Cria-se, assim, nos jovens, uma ilusão de que tudo está à disposição de todos. Porém, pouquíssimos são aqueles que podem consumir tudo que ela propõe.  A cultura midiática vende o que a sociedade está disposta a aceitar. É por essas razões que a juventude não pode ser deixada de lado na análise da comunicação, pois, por sua própria natureza, ela busca a curiosidade como elemento para se construir e se identificar socialmente.

7.2- A cultura refletida sobre o corpo da juventude

Na temática da cultura Pós-Moderna o corpo ganha lugar de destaque, pois é por natureza um instrumento de comunicação. A etapa da juventude é um momento em que o corpo está cheio de vigor com capacidade de se expressar socioculturalmente. Sobre o corpo recai uma mensagem de interlocução constante, tornando-se um instrumento de comunicação visual. O tempo da juventude é entendido como potencialidades. Este tempo reflete diretamente no corpo dos jovens. Com isso as pessoas adultas querem ter a vitalidade da juventude, desejam energia. Essa concepção de corpo juvenil está ligada à visão mecanicista de utilidade e capacidade. Ninguém quer ser velho ou incapaz. Hoje, tudo passa pela experiência, pela vivência dos sentidos e dos órgãos do corpo.

Nessa nova cultura, o corpo desempenha um papel fundamental. É o órgão através do qual se emite e se recebe mensagem. É o lugar da possibilidade do encontro com o outro. Se tudo passa pelos sentidos, isto equivale dizer que deve passar pelo corpo. Ele ganhou espaço, tornou-se mais visível. As roupas encurtam e ele está à mostra, as academias e outras formas de cultivo do corpo ganharam força, as tatuagens na pele chamam a atenção de todos,  as roupas transparentes mostram os contornos numa brincadeira de vela e desvela (ZEFERINO, 2002, p.4).

Há diversos cenários para envolver a juventude no que se refere ao corpo. A sociedade moderna atua com a expectativa do estético. Investe no gosto da juventude, cria uma roupagem de modernidade e atua com propostas para esse corpo esteja em evidência. No campo afetivo, a paquera, o “ficar” e as relações acabam sendo temporárias e sem compromissos. São indicações de que as relações são articuladas na base do sentimento (ZEFERINO, 2002, p.5). Os modos e os meios de produção geram sujeitos carentes e sem compreensão de sexualidade e afetividade. São aspectos reforçados pela cultura e pelas relações sociais. A psicologia evolutiva produz cultura, ritmos, espaços e símbolos da indústria cultural adultocêntrica. O corpo é máquina – horizonte do desejo da construção da identidade. O corpo juvenil é o que marca o tempo para satisfação dos desejos e das possibilidades do imaginário.

O tempo da leitura foi substituído pelas horas de academia, com a malhação e outros cultivos corporais. As preocupações deslocam-se para técnicas sexuais, meditações transcendentais, cuidados do corpo, remédios contra a crise da vida adulta, psicoterapias ao alcance da mão, exercícios corporais, massagens, saunas, dietética macrobiótica, vitaminofilias, bioenergia (LIBÂNIO, 2004, p. 106).

Os padrões de beleza masculinos e femininos têm influência sobre os jovens submetendo-se às filosofias estéticas que não condizem, em sua maioria, com a cultura a que pertencem. Poucas têm sido as oportunidades para que os jovens e as jovens tenham seus corpos como instrumento político para manifestarem sua insatisfação com as estruturas. O corpo não pode ser reduzido ao horizonte do objeto do prazer e do disciplinamento de atitudes. Quando o prazer se torna um horizonte a ser conquistado pelos jovens e a sociedade moderna e pós-moderna impõe a forma de alcançá-los, provoca uma confusão na visão da juventude, fazendo crer que o gozo eterno não se encontra no cotidiano das relações, das descobertas, dos namoros ou dos afetos.

7.3- O imediatismo nas socializações dos jovens e seus grupos
Quando se fala em juventude como um período cheio de mudanças e decisões, é preciso entendê-la como um fenômeno social de uma determinada geração, que representa um tipo particular de identidade que está se construindo dentro do processo social ao qual ela pertence historicamente. Entender essa questão possibilita verificar se a juventude é realmente imediatista. Pois pode ser que essa inconstância ou pouca temporalidade seja resultado do contexto pós-moderno em que vive a sociedade e, assim, não seria uma só uma questão dos jovens mas de todas as pessoas.

O pensamento de Fukuyama, afirma que esse mecanismo da provisoriedade e imediatismo, teria levado a humanidade ao “fim da história”. Com esse tipo de pensamento nasce na sociedade a idéia de que tudo é permitido. O que importa é viver aqui e agora. A sociedade, segundo ele,passaria sob duas lógicas: a lógica da ciência moderna que apresenta possibilidades e amplo horizonte de desejo, que atrai, cativa. Oferta-se a possibilidade de que todos podem buscar tudo que for sonhado. A outra lógica é a da luta por reconhecimento, que, segundo Fukuyama, é o motor atual que move a história. Na visão do autor é a lógica de reconhecimento que provoca no homem sentimentos de emoção, ira, desejo, orgulho, vergonha e auto-estima. Essas questões fazem com que as pessoas busquem agregar valor a tudo, razão e motivo de lutar para conquistar seus desejos, custe o que custar.

 Esse desejo de reconhecimento é um elemento do neoliberalismo. Tornou-se o motor da história e interfere na cultura, na religião, no trabalho, no nacionalismo e nas guerras. Esse tipo de lógica produz um lixo cultural, ofertado durante 24 horas por dia, para a juventude consumir e assimilar. Essa realidade de descarte e de fragmentação leva os jovens ao desencantamento com o mundo e gera uma devastação do espírito e de valores permanentes no momento em que sua identidade está se firmando.

Vive-se um horizonte em que a aprendizagem passa pela revista ilustrada, pela propaganda, pelo slogan, pela insistência da iconografia da moda e pela cultura televisiva (ZEFERINO, 2002, p. 2). Tudo passa pela experiência e pela vivência dos sentidos e dos órgãos do corpo. Os jovens, tempos atrás, diante de uma proposta, diziam “deixa-me pensar e depois decido”. Agora, diante das propostas dizem “deixa-me experimentar pra ver se vale a pena”. Experimentar indica ação, experiência, algo vivencial (ZEFERINO, 2002, p.4).

Há que ser lembrado que é próprio da juventude o tempo da experimentação; só mais tarde vem a fase projetiva. Os teóricos da psicologia dizem que a etapa da juventude seria o tempo da moratória. Acontece que a cultura pós-moderna, neoliberal e globalizada provoca uma fragmentação, a provisoriedade ou o tempo da “experimentação”. Existe uma dificuldade das pessoas em se comprometerem com experiências, nas decisões, opção de vida e na entrega total. Os jovens processam essas velocidades da Pós-Modernidade e sua fragmentação. Sabem que nem todos têm acesso a essas mudanças. Eles são forçados a diferenciar constantemente o que é real, mágico, fantasioso.

Refletindo: Que aspectos podem ser acrescentados a esta reflexão? Que desafios se apresentam para a prática pedagógica junto aos jovens?

Capítulo 8. PERFIL DO JOVEM PÓS-MODERNO

Além dos dados característicos, apresentados num contexto de Pós-Modernidade, diversos estudos do mundo urbano globalizado coincidem ao reconhecer traços comuns da cultura juvenil contemporânea. Esquematicamente, alguns aspectos dessa cultura, numa ótica mais psicológica, podem ser elencados da seguinte forma:

·         Centralidade das emoções e relativização dos valores e das tradições. Funcionam escolhas de experiências sem critérios absolutos. Valoriza-se mais o flexível, o momentâneo; anseia-se gozar o momento presente, com poucas perspectivas para o futuro. Tem-se dificuldades com o silêncio interior.

·         Uma geração de pouca leitura, de debilidade intelectual, uma geração de imagem, acostumada a estímulos constantes para manter sua atenção. Uma geração “zapping” com controle remoto na mão, mudando de canal em canal para encontrar novos estímulos.

·         A não-crença em compromisso definitivo, nem na vida religiosa, nem na vida matrimonial. Tudo isso afasta e amedronta.

·         Opção por relações interpessoais e horizontais. Preferência por relações democráticas, de tolerância horizontal e aberta. Os grupos de amigos são mais valorizados do que as relações familiares. Há uma rebeldia diante de instituições consideradas retrógradas e uma impaciência com autoridades despóticas. Percebe-se, também, o sentimento de pertença nas motivações e experiências horizontais e democráticas, menos segregação racial e situações preconceituosas e maior tolerância e sensibilidade a múltiplas formas de vida.

·          Fragmentação da identidade, isto é, maior confusão quanto à imagem de si mesmo. Os jovens buscam o anonimato e se distanciam de relações estáveis.

·         Maior entrosamento entre os gêneros masculino e feminino. Encontram-se homens que vivenciam harmoniosamente traços da feminilidade e mulheres que entram no mercado da força de trabalho em crescente igualdade de condições. Por isso, maior aceitação do homossexualismo e do modelo unissex de vestuário.

·         Enfoque da subjetividade. O jovem da Pós-Modernidade está centrado, quase unicamente, nos seus problemas e necessidades pessoais.

·         Desinteresse pela macro-política e pelas grandes estruturas. Há uma maior inclinação diante das pequenas transformações de ideais culturais do que de grandes obras ou revoluções. Individualista (e não solidária), conservadora (e não progressista), alienada (e não engajada), apática (e não participativa).

·         Preferência pelo sincretismo religioso e pelas formas religiosas ecumênicas. Significa maior liberdade de expressão e dificuldade em viver vinculado a valores institucionais, a uma estrutura de paróquia e à figura de autoridade. Há uma volta ao sagrado, mas um sagrado mais privado, mais light, menos exigente.

·         Tendência ao hedonismo e vulnerabilidade psicológica. Significa dificuldade de elaboração de momentos de frustração, do tempo de espera, das angústias, e opção preferencial pelo prazer e pela felicidade, entretenimento e consumo imediato. Não se questiona a sociedade de consumo. Frente aos desafios e obstáculos que a vida coloca no caminho, a tendência é desistir. Busca-se imperativamente a felicidade. “Um sujeito solto, sem rumo, arrastado pelos neurolépticos, pelo consumo metonímico, pela imagem narcisista, pelo massacre da mídia, pela velocidade do tempo urbano e pela religião espetáculo...” (Pereira, 2004).

·         Papel dos adultos. Para Maria Rita Kehl, a vaga do adulto, em nossa cultura, está desocupada. (“Juventude e Sociedade do Projeto Juventude” - Instituto Cidadania. Organizado por Regina Novaes e Paulo Vannuchi)[8]. Outros teóricos dizem que a cadeira está ocupada por um adulto diferente, ainda não decifrado.

·         Ausência dos pais. Os jovens externam a percepção de que os pais estão ausentes e alguns já sinalizam que as coisas poderiam melhorar na estrutura familiar, porque os papéis não estão sendo devidamente assumidos ou a liberdade anda excessiva, ou o tempo de convivência está ficando cada vez mais restrito.

Este perfil da juventude contemporânea pode aparecer muito negativo. Porém, não estamos falando de toda a juventude. Há jovens que são diferentes do retrato descrito. Estamos falando das grandes tendências. Não podemos cair na tentação de nostalgia, de que as gerações anteriores eram melhores. Cada geração tem suas luzes e sombras. Esta geração não é pior ou melhor do que outras gerações. É diferente. E o processo de evangelização, a metodologia, os enfoques, o ponto de partida e o sistema de acompanhamento têm que levar isso em conta para não ficar encalhado na estrada de uma história que não espera. Assessores que trabalham com a juventude contemporânea dão testemunho que a juventude de hoje é tão idealista e generosa como antes. Basta saber trabalhar com ela. A questão é a metodologia de trabalho e a paciência para acompanhar os processos de educação na fé. O processo leva mais tempo e exige um investimento maior.


Capítulo 9. OUTROS ACRÉSCIMOS SOBRE O ROSTO
                    ATUAL DA JUVENTUDE

Uma outra consideração sobre a juventude refere-se à questão da unidade geracional, possibilitando que ela seja vista como uma categoria sociologicamente semelhante entre si. Criando uma unidade geracional, com efeitos socializantes que levam a terem contatos entre seus semelhantes a partir de grupos concretos, a juventude atual pode ser comparada com as tribos juvenis. São as experiências concretas de vivência desta mesma geração que os prepara a desenvolverem atitudes integradoras. A juventude é o espelho retrovisor da sociedade. Nenhum problema é dela; se ela não inventa nada, reproduz os valores da sociedade.

Os jovens se organizam a partir da necessidade de resistência e cooperação. No contexto brasileiro podem ser percebidas várias modalidades de socialização da juventude. Um exemplo é o movimento Hip Hop, que criou toda uma forma de se comportar, vestir, falar e construir suas cooperações, músicas, shows. Há, por outro lado, os grupos que se encontram a partir das torcidas organizadas que possuem suas regras e códigos de atuação grupal; há, igualmente, os considerados pelos jovens, e também adultos, como rebeldes: skaitistas, punks, roqueiros e muitos mais.

A juventude busca uma forma de se incluir no mundo Pós-Moderno. Há uma ideologização de que o estudo é um dos instrumentos exigido pelo sistema a quem quer ter uma ascensão social. O que não tem sido tão real assim, pois estudar e ter diploma não significa garantia de trabalho. A sociedade burguesa, porém, segue movida por seu modelo individualista de autopromoção. Seu horizonte é o das boas notas, do trabalho, do status social.

Os impactos culturais das ultimas décadas têm provocado interferências diretas sobre os jovens, alterando o modo de viver e ver as coisas. A realidade tem sido marcada pelo empobrecimento global, provocando um colapso no sistema de produtivo e certo declínio das instituições e reforçando a busca por uma homogeneização de valores e normas. Essas questões interferem diretamente sobre o comportamento de uma grande parcela juvenil, pois eles têm que lidar com o desemprego, a falta de recursos físicos, materiais que lhes possibilitem  sentirem-se incluídos.

Outra conseqüência desse contexto no mundo juvenil é que mais jovens têm-se envolvido com o consumo de drogas e violência. Além disso, os jovens são os primeiros a serem atingidos pelas mudanças ocorridas nas instituições diretamente ligadas a eles (família, educação...) alterando suas experiências cotidianas de sociabilidade e construção das habilidades. Frente à dificuldade de realizarem suas expectativas de vida (alimentada em grande parte por um estilo de vida imposto pelo mercado e motivada pela comunicação) aparece o resultado do desencanto com a realidade. Muitos expressam esse descontentamento através de um comportamento transgressor às regras, tido por muitos como irresponsável. Como decorrência, uma parte da juventude se encontra em um “ceticismo, distanciamento e desconfiança em relação à política” (BAQUEIRO, 2004, p. 121), perda de vontade para a participação e para filiações políticas - o que não quer dizer que estejam descomprometidos com a democracia. Acrescenta-se a isso o fato de os jovens de hoje verem seus pares morrer, perdendo vez a longitude da morte.

Outro desafio que se apresenta é que a sociedade do conhecimento “está exigindo, cada vez mais, recursos humanos com alta especialização e capacidade de adaptação às novas tecnologias” (BAQUEIRO, 2004, p. 124). A juventude que estiver preparada para responder a essa exigência será instrumento da modernização e, a que não conseguir, será tida como perigosa e marginal. Este autor diz que: Os diagnósticos a respeito da juventude convergem para a idéia de que eles não encontram espaço numa sociedade cujo desenvolvimento é limitado, e que conseqüentemente, produz o crescimento da desigualdade e da exclusão. Assim, os jovens estão permanentemente na busca de um espaço capaz de representá-los e responder a suas demandas (BAQUEIRO, 2004, p. 125).

Como conseqüência, há na juventude uma visão negativa do campo político, minando sua legitimidade e credibilidade. Terá como resultado uma baixa qualidade democrática, o aumento da postura individualista e a defesa particular de seus interesses e pontos de vista.

Os Meios de Comunicação, para Baqueiro, são contribuidores para que a juventude seja assim, pois se preocupa mais em enfatizar o sensacionalismo, explorar o medo, os conflitos, impondo temor e insuflando as pessoas. Opera com o senso comum e superdimensiona a sensação de inseguranças. Há uma certa desconfiança na capacidade de rebeldia manifestada na juventude, pois suas músicas, danças, linguagens, códigos estão muito carregados da mensagem consumista do mercado. Não há, na grande maioria dos jovens, uma atitude de resistência e de enfrentamento da atual imposição cultural mercadológica globalizada.

Desde o início, a juventude parece pouco homogênea, pois às distintas formas culturais correspondem uma variada gama de condições juvenis que evoluíram com ritmos próprios. Por isso, se pode falar de ‘um universo cultural’ dos jovens, configurado por muitas formas de viver a vida e de encontrar sentidos na existência. Nele se dá um processo de identidades múltiplas e contraditórias, que é fruto do tecido de relações que os jovens vão tendo com as diversas instâncias socializadoras (BARBOSA, 1996, p. 56).

Essa autora afirma, também, que os jovens da cultura pós-moderna sofrem algumas crises que ela identifica nos seguintes aspectos: 1) frente ao panorama sócio-cultural do capitalismo que fomenta a busca do prazer egocêntrico, verifica-se, nos jovens, um individualismo que os dificulta a assumirem relações mais maduras, desejando a busca de prazeres momentâneos; 2) a crise da religião. O mundo secularizado provocou nos jovens um questionamento de sua necessidade e eficácia. Muitos acabam privatizando a religião, principalmente considerando certas exigências por parte das igrejas.


PARTE 4: O MUNDO RELIGIOSO E A JUVENTUDE

Capítulo 10. RELIGIÃO NO MUNDO GLOBALIZADO

Nesta busca de situar a religião na sociedade pós-moderna, Enzo Pace é um dos autores que escreve com o objetivo de trazer elementos que ajudem a entender como a religião se situa na Pós-Modernidade e em meio à globalização. Afirma que a globalização provoca a consciência de que todos fazem parte de um mesmo globo e de uma sociedade civil planetária, que se caracteriza pela ultramodernidade, fazendo surgir um conjunto de não-lugares (o metrô, os aeroportos, grandes centros comerciais, multiplicação das zonas francas, nas quais diferentes culturas se encontram).

Como conseqüência, resulta um desenraizamento, fruto da mobilização das massas de pessoas que se deslocam em zonas interiores, passando a surgir o não-lugar não só geográfico mas também cultural (PACE,1999, p. 27). Percebe-se um processo de desculturalização, isto é, de perda de identidade cultural e da capacidade de identificação simbólica com coisas e lugares. Essa situação faz com que os Estados nacionais percam o controle do seu próprio território, favorecendo a perda das imagens estáveis do mundo e do “silo coletivo”.

A religião, neste contexto, entra em crise como fonte de imagem estável criada ao longo do tempo e com a autoridade reconhecida de geração em geração. Os indivíduos modernos estão à procura de sentido e emoção para além dos limites tradicionais que a religião é capaz de oferecer. A religião vive um momento de perda do controle institucional, devolvendo para o sujeito a gestão da livre iniciativa, de ter novas fontes de imaginação simbólica e ganhando, com isso, novas sensibilidades, roupagem sem pudores e ocultações. A Pós-Modernidade possibilita que a pessoa se sinta livre para beber em diferentes expressões religiosas. Surge, assim, a idéia da Word-religion podendo alimentar-se de todos os movimentos que reinventam uma tradição e interpretam os símbolos de um patrimônio para construir a sua identidade.

A religião, neste novo cenário, se vê forçada a fazer uma revisão do seu papel na sociedade uma vez que a globalização coloca no horizonte da religião características de predominância neoliberal, de cunho econômico e cultural. Para Mardones, um outro desafio para a religião será enfrentar a tendência do crescimento da religiosidade tradicional, juntando-se com o fundamentalismo, dando ênfase à tradição e aos modos tradicionais de sentir e de viver a religião. (MARDONES, 1998, p. 123).

Essa tendência seria causada pela necessidade do homem moderno em sentir-se mais adaptado e entrar em um mundo de segurança, sem abrir mão da modernidade técnico-econômica, com os valores da quietude interior, da orientação moral e da espiritualidade da religiosidade tradicional que pede à religião a bênção para todo seu agir (MARDONES, 1998. p. 125). A partir desta perspectiva a religião estaria buscando maneiras de se adequar à Modernidade (tardia) com seus aspectos neoliberais, aliando-se ao desenvolvimento tecnológico, cedendo ao fascínio e à promessa de melhora material e de consumo, criando novos sentidos e orientações para o sagrado.

As tendências de adequação são tidas, por alguns, como a possibilidade de autoproteção da religião frente à Modernidade para sentir-se segura, protegida e dinâmica frente aos desafios e sobressaltos. O mundo globalizado estaria forçando a religião a ficar mais difusa, eclética, bebendo de várias fontes, buscando adaptar-se e responder às pessoas preocupadas com saúde, desequilíbrio psíquico, ameaça à biosfera. Esta religiosidade seria uma saída às necessidades religiosas do indivíduo do neoliberalismo e da globalização.


Capítulo 11. OS JOVENS E A RELIGIÃO

Nesse contexto, onde fica a juventude? A Pós-Modernidade, com sua cultura, provoca uma busca para preencher um vazio que passou a tomar conta da pessoa. Todos querem ser aceitos, reconhecidos, incluídos; é tempo do ser e do aparecer. Em grande parte, essa busca leva as pessoas até a religião. A que melhor atender essa necessidade e oferecer o que as pessoas buscam, terá maior sucesso. É necessário considerar que a juventude de hoje nasceu na década de 70 e encontrou um mundo em mudanças pós-Guerra Fria e pós-descoberta da ecologia. Eles sofrem a influência do desemprego, dos avanços tecnológicos e, para eles, multiplicam-se igrejas e grupos de várias tradições religiosas com possibilidade de se fazer diferentes combinações (NOVAES, 2005, p. 266).
A oferta religiosa é encontrada em qualquer espaço e já não exige sacerdotes como profissionais detentores do conhecimento e do sagrado. A mensagem bíblica é encontrada pelos jovens nos meios de comunicação e no comércio. É que os jovens, mais do que os adultos, estão diretamente orientados para uma religiosidade que busca adequar-se à realidade pós-moderna e globalizada.

A pesquisa do Projeto Juventude revelou que, dentre os 15 % dos jovens que participam de algum grupo, 04 % dizem que fazem parte de grupos de jovens da igreja. Somente 1% dos jovens se afirmou ateu e o temor a Deus é um dos valores mais apontados. 65% se declararam católicos, 22% evangélicos, 15% pentecostais e 5% pertencem a outras igrejas (Testemunha de Jeová, Mórmons, Legião da Boa Vontade, religiões afro-brasileiras e espíritas). 11% se consideram sem religião e 10 % dizem acreditar em Deus mas não seguir uma religião (NOVAES, 2005, p. 266).

Os jovens católicos, comparados com outras religiões, são os que estão mais presentes nas cidades de pequeno porte. Estão nas diferentes regiões do país e, na questão de renda, imitam a pirâmide social brasileira. O perfil dos jovens católicos passa por todas as rendas, mas a maioria está entre os mais pobres, precedidos, apenas, pelos jovens evangélicos pentecostais (NOVAES, 2005, p. 266).

Mesmo com estes dados, a Igreja católica é a segunda instituição na qual os jovens confiam totalmente (51%), 39 % até certo ponto e somente 08 % não confiam nela. Seria importante verificar como a Igreja, enquanto instituição, explora essa confiança e que proposta e retorno oferecem aos jovens, sendo que há 18 % que dizem que a atividade que mais gosta de fazer no tempo livre é ir à missa/igreja/culto. 51% afirmam que vai à missa, culto religioso, sessões espíritas a cada 30 dias, contra 13 % dos que afirmam que nunca foram ou fizeram na vida.

Os jovens que participam das atividades religiosas apontam que há uma falta de dinamização dos cultos e missas, chamando-as desinteressantes, demoradas e desatualizadas. Reclamam, ainda, da hipocrisia, das proibições dogmáticas, das cobranças, do autoritarismo e das taxas, por parte de bispos, pastores e padres (SCHMIDT, 1996, p.106). Por essas razões percebe-se, nas igrejas, uma movimentação no sentido de se adequarem para oferecer espaços mais dinâmicos para os jovens, utilizando-se de instrumentos musicais (baterias, guitarras...). Os Evangélicos e o Movimento Carismático Católico são os que mais tem demonstrado “abertura” para a diversidade juvenil. Ouvem-se shows com danças e músicas de rok pop, gospel, hip hop, funk, Country e, até mesmo, músicas sertanejas em contraste com os mantras dos mosteiros e os cantos reivindicatórios das CEBs.

Em sua maioria, as igrejas passaram a oferecer propostas de espiritualidade que respondessem a essa situação. Oferece-se uma espiritualidade para a juventude tida como desligada e descomprometida com a realidade. Vivem e propõem uma espiritualidade horizontal do indivíduo e com “seu deus”. É crescente a oferta de uma espiritualidade “light”, mais parecida com terapias psicológicas e harmoniosas.
Assim como, por parte dos jovens, há resistências à postura da Igreja frente ao aborto, ao homossexualismo, aos anticoncepcionais, à concepções de pecado, existem, também, os que preferem uma igreja com postura conservadora (SCHMIDT, 1996, p.109). Os jovens possuem três atitudes em relação à religião: 1) a religião é importante e algo interior que cabe a cada um acreditar do seu modo; 2) acredita-se e se participa muito pouco, limitando-se a participações eventuais; 3) as atitudes dos que acreditam e participam ativamente dos grupos da igreja. Sentem que a religião dá sentido e influencia em suas vidas, mas que isso não os impede de fazerem suas críticas (SCHMIDT, 1996, p.111). Os jovens, quando se dedicam a uma prática religiosa, carregam consigo todo o imaginário da perspectiva de salvação. Criam uma maneira de pensar e de se colocar no mundo e a acreditam que possuem uma missão a ser cumprida e um chamado a responder.

Assim como os adultos, os jovens buscam o espaço religioso motivados pela necessidade de viverem uma experiência sagrada que os alimente e lhes dê sentido de vida. É essa motivação, entre outras, que os leva a se organizarem em grupos porque se sentem inspirados por várias propostas e lideranças. Em especial, por pessoas e grupos com características carismáticas para o envolvimento e a mobilização. Eles têm, nas lideranças religiosas, uma referência de modelo a ser seguido.

É essa vivência grupal que os possibilita a se alimentarem através dos ritos, mitos e de toda a simbologia que lhes permite situar-se na realidade, modificando seu ethos e visão de mundo. A crença dos jovens nas utopias religiosas é o que lhes dá sentido de pertença a um lugar num grupo. É o que lhes permite seguir uma ritualidade no tempo e no espaço. Estar no espaço sagrado lhes possibilita a interação da cultura com o profano.

A religiosidade como expressão cultural tem ocupado um papel importante na vida dos adolescentes e jovens e está presente no cotidiano da sociedade. Ela é um elemento catalisador dos medos, perspectivas e aceitações e permanece como valor de busca vivencial entre os jovens. Existe, também, o crescimento da religiosidade voltada mais para a “Nova Era”, que se apresenta como uma religiosidade difusa, eclética e que bebe nas águas das diferentes religiões, não precisando comprometer-se com nenhuma. Ela tem respondido aos jovens preocupados com saúde, desequilíbrio psíquico, ameaça à biosfera. Mardones diz que esta religiosidade pode ser entendida como uma religiosidade adequada ao uniformismo funcionalista da tecnologia e do domínio do consumismo mercantilista. Esta religiosidade é uma saída às necessidades religiosas do indivíduo do neoliberalismo e da globalização (MARDONES, 1998, p. 128).


Capítulo 12. UMA RELIGIÃO VELHA NUM MUNDO NOVO,
  DESAFIO À VITALIDADE PASTORAL DA FÉ
           
A aparição do cristianismo supôs, na vida religiosa de seu tempo, a irrupção de um rebento pequeno, mas extraordinariamente carregado de novidade.  A consciência de novidade que os cristãos compartilham, leva-os a viverem uma “vida nova”. Esta impressão de novidade que eles irradiavam influiu decisivamente na prodigiosa expansão dos cristãos constituídos por uma minoria oprimida e perseguida, sem recursos de poder nem meios de prestígio humano. Por isso sua mensagem era “boa nova” frente a uma sociedade e a algumas religiões incapazes de responder às perguntas radicais dos seres humanos. 

Incapacidade de renovação
A raiz desta situação “ultrapassada”, tão contraria à natureza do cristianismo, está o fato de que a Igreja não se renova.  Não se renova porque está faltando nela o relevo geracional que origina as crises da transmissão da fé, e lhe falta a renovação que procura o contacto com outros e com os diferentes que lhes proporcionariam uma bem entendida evangelização. Esta incapacidade está levando o cristianismo à outra incapacidade: somos incapazes de transmitir o cristianismo aos próprios batizados que se afastam da fé e da prática da vida cristã.

O dinamismo da renovação pastoral se reflete, necessariamente, no campo da sua prática 
Vejamos algumas aplicações que parecem  se impor no atual momento de reflexão pastoral: 

1) A adequação aos tempos situa a pastoral num estado de problema generalizado e aberto. Não nos deve surpreender que a prática pastoral se veja, em todos os níveis, contestada e questionada. Não se trata de romper arbitrariamente com o passado, mas de delinear de modo lúcido as exigências da renovação com vista ao futuro, com a urgência e dinamicidade que os tempos exigem. Tomar em conta esta necessidade é o primeiro passo para um discurso real, como fizeram os bispos em Medellín.

2) A pastoral deve assumir as vantagens do método sociológico. Como os outros setores, também a pastoral deve partir do conhecimento - a ser possível científico - da situação sociocultural de toda a região e do momento histórico.

3) A pastoral deve assumir as exigências do pluralismo e da descentralização. O pluralismo pastoral é a resposta à variedade infinita de situações diversas - de cultura, geografia, condições socioeconômicas, etc.- dos lugares nos quais a pastoral deve ser desenvolvida.

4) A pastoral deve proceder com a prudência da audácia. É imperativa a renovação ou a experimentação de novas fórmulas através da reforma de estruturas e da busca de soluções para os novos problemas. Certamente, toda experimentação comporta certa margem de risco, e por isso, se exige que se assegurem as melhores garantias de êxito e adequados métodos de valoração, mas sem medo de refazer o caminho equivocado, quando necessário.

Pontos que podem orientar o trabalho com a evangelização da juventude

Num contexto de crescente desinstitucionalização religiosa e de sacralidade fora da religião, onde há a privatização da religião, por um lado, e o aumento do fundamentalismo no outro, a presença de diferentes crenças mesclando-se com seitas satânicas, a primazia do estético sobre o conteúdo, o desenvolvimento de uma espiritualidade e de uma religiosidade em rede, é importante:

Ø  Criar, manter e fortalecer a experiência de vida comunitária. É isso que caracteriza a fé cristã e onde se mantém viva a chama.
Ø  Vivenciar uma pastoral de fronteiras, sendo capaz de partilhar com o outro a mensagem do Evangelho, não só com os que estão no caminho.
Ø  Fortalecer a fé a partir da prática cristã. Tem gente que faz uma coisa e diz outra. Significa: ter coerência entre teoria e pratica e ter capacidade de dar testemunho com a vida cristã.
Ø  Aproximar-se das experiências e práticas juvenis.
Ø  Formação teológica e metodológica, visando uma fé madura e uma capacidade para trabalhar com os jovens, ativa e participativamente.
Ø  Reforçar a linguagem, o apoio à formação humana, a questão vocacional numa visão mais ampla, o projeto de vida, a questão do testemunho.
Ø  Ajudar no fomento das vocações. Que os leigos/as ajudem a fomentar novas vocações.
Ø  Visibilizar o trabalho pastoral, não ficando só “intra-muros”. Aproveitar os meios, mostrando a mensagem que temos. Fazer visível o trabalho, não deixando de discutir a organização.
Ø  Contribuir e articular projetos de vida com projetos sociais, dando sentido à vida dos jovens.


DESAFIOS QUE SE EXPLICITAM:

·         Trazer o novo. Abraçar o novo que o jovem traz, incorporando-o na igreja.
·         Garantir a organização das pastorais específicas. Que elas tenham momentos em que se encontrem.
·         Fortalecer a formação teológica e metodológica, visando uma fé mais madura.
·         Trabalhar com as tribos urbanas num contexto como são apresentadas nos meios de comunicação.
·         Afirmar a proposta eclesiológica da Pastoral Juvenil juntamente com o seu compromisso social.
·         Ajudar/provocar que se supere certa cegueira eclesiástica e teológica de entender a necessidade que se há de falar da juventude enquanto sinal do reino de Deus. Há uma carência de teólogos que se debruçam sobre a questão da juventude.
·         Empoderar e abrir espaços para a juventude protagonizar espaços eclesiais – leitura bíblica, espaço litúrgico.
·         Acompanhar o processo de educação na fé sabendo de suas exigências; há muito material, mas não se consegue fazer acontecer o processo. Deve-se ter presente, também, certa resistência forte contra os subsídios, encaradas como normas.
·         Reconhecer que há uma perca de identidade de grupos de jovens. Qual caminho seguir?. Só buscar o lúdico, a alegria, a festa?
·         Favorecer o conhecimento da proposta da Pastoral da Juventude, de modo especial junto aos bispos. O desconhecimento é uma evidência.  A proposta de articular o Setor Juventude esconde muitas questões que precisam ser retomadas. Parece mera  estratégia para desarticular experiências existentes.
·         Assumir a opção pela Pastoral da Juventude, fazendo que ela seja parte do projeto de vida.
·         Compreender o processo de adolescentização dos grupos de jovens das paróquias. Os jovens entram cedo na Universidade e os grupos não respondem mais às necessidades deles.
·         Reconhecer a fragilização das estruturas da Pastoral Juvenil e buscar outras alternativas. Verifica-se, além disso, a  falta de acompanhamento dos adultos.
·         Trabalhar a dimensão vocacional entendida como projeto de vida, valorizando todas as vocações e a fé comunitária.
·         Aproximar a hierarquia com as outras experiências dos jovens. Há um distanciamento dentro da própria estrutura eclesial.
·         Refletir sobre a instalação do Setor Juventude nas dioceses. Há varias realidades nas dioceses, o que dificulta uma solução. Não basta mudar o nome. A articulação é importante, mantendo a identidade e o espaço de interlocução interna.
·         Fazer uma pastoral de fronteira conosco mesmos, significando formação de grupos de jovens. A pastoral juvenil deve ser capaz de atrair outros jovens e a somar forças por esta causa, logrando uma complementação entre a cultura juvenil com a cultura pastoral.
·         Dar visibilidade ao trabalho da juventude. Esta visibilidade depende muito do adulto.
·         Investir financeiramente na formação dos jovens. A Igreja não pode ver a juventude como gasto ou custo permanente.
·         Cobrar do Estado ações de políticas públicas a favor da juventude e de suas organizações.

PARTE 5: DESAFIOS E PERSPECTIVAS
                PARA A EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE

Capítulo 13. ALGUNS DESAFIOS PARA A PASTORAL DA
      JUVENTUDE NA AMÉRICA LATINA HOJE

Como sociólogo que olha com carinho o trabalho evangelizador da Igreja com os jovens, desejo chamar a atenção para três desafios.

13.1. Uma nova linguagem, desafio na transmissão da fé

O primeiro desafio é a linguagem, no sentido mais amplo da comunicação. Geralmente, a preparação de sacerdotes e religiosos, homens e mulheres, é dominada por categorias filosóficas e teológicas, resultando numa peculiar forma de pensamento e numa linguagem especifica, que configura uma comunicação inadequada ou limitada. Muitas vezes, os jovens não entendem esta linguagem. Eles têm outra linguagem, outros conceitos. Se não nos comunicarmos com os jovens na linguagem deles, não é possível de transmitir a fé.

Temos que ser capazes de compreender e falar a linguagem dos jovens para poder transmitir a fé, estar em contato, acolher os jovens onde estão. Habermas diz que a linguagem cria realidade. Através da realidade, criamos o mundo. Isso não acontece se não estivermos próximos deles.

13.2. A dimensão do “EU”, desafio da comunidade eclesial

Uma caracterização da modernidade é a nova consciência do papel ativo que a pessoa tem no mundo, tanto a nível social como individual. Esta conscientização afetou profundamente o sistema de valores individuais e sociais, indicando um processo de mudança. À privatização da vida, opomos nossa crença no valor da comunidade. Isso nos dá, por vezes, a sensação de andarmos contra a corrente. O mesmo vale com relação ao imediatismo É uma crise da religiosidade. Por isso, algumas considerações:

a)      A crise religiosa se inscreve no marco de uma crise mais ampla
Podemos dizer que não é um caso particular de um fenômeno, mas algo mais amplo que se difundiu entre as pessoas a partir da segunda metade do século XX. Neste contexto coloca-se a crise da comunicação e do diálogo entre as gerações. Necessitamos, urgentemente, uma renovação geracional no clero. Há um superenvelhecimento do clero e das Congregações Religiosas. Muitos sacerdotes e religiosos, mesmo jovens, não querem trabalhar com a juventude.

Amplas zonas da vida humana que, antes, se percebiam fixos, agora aparecem como motivos de escolha. Isso afeta a religião. Além disso, a ordem social já não está tão evidente nem tão intocável. A fundamentalidade da religião para o funcionamento da sociedade não é mais tão evidente. É uma crise hierárquica das instituições. Já não existem funções estabelecidas. Tanto o individuo quanto a sociedade, devem enfrentar alternativas, obrigados a realizar escolhas. O mercado oferece aos jovens muitas possibilidades. Nós oferecemos outras; o neopentecostalismo outras; a política outras. Os jovens têm que decidir. A religião católica deixou de ser a religião hegemônica nas nossas sociedades. Muitos jovens se confessam cristãos, mas “à minha maneira”. “Deixem-me tranqüilo; sou cristão como quero, quando quero. Tenho filhos, educo os filhos como eu quero”

b) Dissociação entre socialização cultural e socialização religiosa
A socialização realizou-se eliminando a conexão estreita de interdependência entre sociedade-cultura e religião-igreja, de modo que o processo de socialização sucede à margem da religião e da influência da Igreja. As gerações jovens realizam o processo de se incorporar à sociedade e de se apropriar da cultura sem contacto algum com a religião. Ela não faz parte do conteúdo em que se socializam nem intervém no processo de socialização.

c) Crise da autoridade tradicional
A memória coletiva caiu em desuso e, com ela, seu caráter normativo para o presente. Essa memória era a base para a transmissão e celebração da fé. Com isso o imaginário coletivo comum das pessoas, em nossos países, tem sempre menos conteúdo religioso. Frente à autoridade da instituição, ergueu-se a autoridade da ilustração convidando o individuo a pensar por si mesmo. A ruptura da cultura tradicional, fortemente impregnada de religiosidade, levou ao desaparecimento da evidência de continuidade e à desplausibilidade da autoridade da tradição e da memória. Contudo, a perda da autoridade da memória deverá ser substituída por outra autoridade.


d) Configuração sem regras da própria crença
O quarto fator direcional foi a modernidade psicológica ou o movimento acerca do predomínio da autonomia do individuo, da importância da própria realização e do desenvolvimento pessoal, frente às pretensões das autoridades, princípios e instituições. “Se o mercado tem outras ofertas interessantes, aceito-as”. O mercado está veiculando um sem-numero de crenças e místicas orientais, oferecendo-os como produto de mercado. Os jovens entram, provam, tentam, como quem consome um prato de comida, uma roupa, uma distração. Este princípio desregula as crenças e práticas e configura o indivíduo como principal gestor de suas crenças, de modo que sua vida religiosa passa a caracterizar-se como algo nascido da livre escolha do sujeito que toma de diferentes tradições, mas não pertence a nenhuma delas.

13.3. A secularização, desafio da iniciação cristÃ

Muito foi dito sobre a secularização e sua implicância sobre uma nova ética secularizada, que reforça a idéia de progresso, a partir de onde haverá de partir o caminho que conduzirá à realização de uma humanidade melhor.

a)      A antropologia secularizada
Esta é uma das maiores mudanças para a pastoral. Não se trata de que o homem viva e  trabalhe em contextos ou ambientes amplamente secularizados, mas que pense e aceite sua existência em termos intramundanos, puramente históricos ou ateus. Não necessitamos mais da experiência e da existência de Deus para existir. Desde que começou a época moderna iniciou-se uma antropologia que nada tem a ver com a antropologia medieval precedente, que se caracterizava:

a)      por uma visão verticalizada do ser humano, sempre orientada para o mais alto;
b)      pela idéia de uma graça que projetava a existência terrena para a vida eterna;
c)      pela verdade da fé, regra suprema da vida.

b) A religião neste mundo secularizado
Mudou a situação da religião. Parece que, definitivamente, terminou a época da religião do Estado. A religião pertence, juridicamente, ao terreno do privado. Esta privacidade se refere particularmente a três aspectos:

·         Queda do poder político das igrejas.
·         O privado como espaço de liberdade religiosa. Pela primeira vez na história da humanidade, o privado se subtraiu à invasão do poder político. E mais: o Estado o considera como um grande valor a defender.
·         A propriedade privada articula todo o direito. Não se deve estanhar, por isso, que muitos cristãos hajam transferido esta apreciação e valorização do privado, também em sua relação com a Igreja institucional e seus ensinamentos no campo dogmático, moral ou social. Hoje, o vinculo social se encontra no “consenso”.

  c) Permanência da religião na cultura secularizada
Este é o terceiro aspecto da mudança relacional entre Estado e Igreja: a religião já não constitui o vínculo social. A religião e os símbolos religiosos já não são o cimento da sociedade, nem a inspiração principal. Durante algum tempo via-se a secularização associada à tese da progressiva desaparição da religião da sociedade e da vida das pessoas. É a tese do positivismo, do marxismo, e da teologia da morte de Deus.

 d) A questão do sagrado

1) Ocaso do sagrado x permanência do sagrado. Atualmente parece inegável que um amplo espaço do sacro e da sacralidade haja desaparecido definitivamente. Mas isto não quer dizer que a cultura moderna tenda a ser uma sociedade sem religião, tampouco que esta estaria prestes a desaparecer totalmente.

2) O sagrado como contracultura. As atuais formas do sagrado que emergem no âmbito do privado assumem, geralmente, a forma de uma contracultura, expressão de um profundo desgosto frente à exagerada racionalização da cultura moderna. Precisamente por este motivo, o sagrado se apresenta no contexto do irracional. Hervieu-Léger distingue quatro direções nas quais se expressam os novos movimentos religiosos:

Ø  Evangelismo, fundamentalismo e neopentecostalismo no cristianismo;
Ø  Crescente atração das religiões orientais;
Ø  Uma miríade de grupos e movimento que perseguem a expansão do potencial humano (mistura de psicologia e elementos de misticismo oriental, mas interpretados de modo arbitrário);
Ø  As seitas autoritárias em torno de lideres carismáticos com um poder quase ilimitado sobre seus seguidores.

3) Diferenciação entre sagrado, religião e fé cristã. O problema não é teórico nem engloba somente o significado destes termos, mas tem direta relação com a pastoral e a catequese. Tem que se distinguir duas rupturas que podem acontecer: uma, entre religião e pertença a uma igreja ou agrupamento religioso; outra, entre religião e fé crista.


e) Relação dos cristãos com o cristianismo
Sempre existiu certo pluralismo no cristianismo. Hoje, contudo, existe um pluralismo dentro do mundo cristão que é totalmente diferente do pluralismo tradicional de acentuações entre fé e vida cristã ou de espiritualidade.

1)      Um cristianismo seletivo
 Muitos cristãos selecionam partes da doutrina ou da moral, aceitando somente alguns aspectos e distanciando-se de outros. É uma espécie de supermercado cristão, onde cada um escolhe o menu.

2)      A distância frente à moral oficial
Em geral se aceita, e até se deseja, que a Igreja intervenha no mundo da moral social e internacional. O problema se coloca quando toca a moral individual e, mais concretamente, a moral sexual.

3) Abandono da Missa e dos sacramentos. Há poucos anos atrás se considerava a freqüente participação na missa e a prática da confissão e da comunhão, bem como a substancial observação da moral, um critério primário da pertença à igreja. Hoje não é mais assim. As pessoas, mesmo que “não pratiquem”, continuam considerando-se e se professando cristãos. Não se pode dizer que não sejam cristãos.  O problema é até quando eles poderão conservar a fé. Lamentavelmente, para muitos deles é já o primeiro passo decisivo no caminho da descristianização.


Capítulo 14. RESGATANDO PRONUNCIAMENTOS EPISCOPAIS

            É saudável e inspirador alimentar-nos da tradição eclesial latino-americana com relação à evangelização da juventude. Damo-nos conta, no entanto, que o episcopado brasileiro nunca se posicionou, oficialmente, como um todo, sobre a evangelização da juventude. Claro que seria impossível ver tudo que se fez e se falou sobre juventude em nosso Continente. Estamos falando de orientações pastorais, em nível de Conferência Episcopal, direcionadas especificamente para a juventude. Optamos, por isso, por recordar os “discursos” orgânicos dos pastores latino-americanos. Voltamos, assim, aos primeiros anos após o Vaticano II (1968) e concluímos na Conferência de Santo Domingo, em 1992.

14.1 Visão de Medellin

Há 38 anos atrás, na Conferência Episcopal de Medellin, Paulo VI (retomado pelos bispos) referia-se à juventude como um “tema atual e digno de grande interesse”, sendo ela considerada como “uma grande força nova de pressão” e como “um novo organismo social com valores próprios”. A juventude vive uma época de crises, onde uns aceitam “as formas burguesas da sociedade” e outros as rejeitam. Ela quer transformações profundas, que garantam uma sociedade justa, até através da violência. Os jovens são mais sensíveis aos valores novos do que os adultos. Identificam a Igreja com os padres e bispos, não se identificando com ela porque não se sentem convidados a participar. Não esperam princípios doutrinais, mas apoio moral, em sua tendência de reunir-se em grupos. Aspectos negativos da juventude são a tendência à personalização, o idealismo excessivo, o inconformismo radical negando o passado e certo tipo de espontaneísmo, negando a autoridade e tudo que é formal. Qualidades citadas são a autenticidade, a sinceridade e a aceitação do diferente.

A Igreja vê na juventude a constante renovação da vida da humanidade, descobrindo nela um sinal de Si mesma porque “a Igreja é a verdadeira juventude do mundo”, sendo a juventude convidada a trazer uma revitalização, mantendo uma fé na vida e conservando sua faculdade de alegrar-se com o que começa. A juventude é o símbolo da Igreja, chamada a uma constante renovação de si mesma. Ela deseja auscultar atentamente as atitudes dos jovens. Suas manifestações são sinais dos tempos, convidando a Igreja a um constante aprofundamento de sua autenticidade e autocrítica. A Igreja deseja ter uma atitude de diálogo com a juventude, reconhecendo seu papel cada vez mais insubstituível na missão profética que ela tem. Por isso ela quer desenvolver, dentro da pastoral de conjunto, uma autêntica pastoral de juventude, educando os jovens a partir de sua vida, permitindo-lhes plena participação na comunidade eclesial.

Isso implica:
a)      a elaboração de uma pedagogia orgânica de juventude, estimulando uma formação humana e cristã e uma autêntica formação da personalidade juvenil, levando-a à liberdade;
b)      o conhecimento da realidade socio-religiosa da juventude;
c)      a promoção de Centros de Estudo e Investigação, inserindo os jovens nas questões do desenvolvimento;
d)     o diálogo sincero e permanente com a juventude, quer organizada quer não-organizada.

Recomendam as conclusões de Medellin: a) que se apresente com mais nitidez a face de uma Igreja autenticamente pobre, missionária, pascal, audazmente comprometida na libertação do homem todo e de todos os homens; b) que a pregação e os documentos pastorais sejam simples e atualizados; c) que o sentido de autoridade se expresse em caráter de serviço; d) que haja uma autêntica orientação vocacional, levando em conta os diferentes estados de vida.

Quanto aos movimentos de jovens, os bispos dizem: a) que se valorizem as organizações e movimentos, especialmente os de índole nacional e internacional; b) que se dê mais confiança aos dirigentes leigos; c) que se consultem os jovens na elaboração da pastoral juvenil; d) que se estimule a ação dos jovens na transformação das estruturas; e) que se formem líderes para a comunidade; f) que o atendimento aos jovens seja mais planejado; g) que se dê importância à formação de assistentes da juventude; h) que os movimentos e organizações de jovens façam intercâmbio com outras experiências; i) que se favoreça o ecumenismo; j) que haja leigos e jovens nos diversos departamentos do CELAM.


14.2 Visão de Puebla

Na Quarta Parte das Conclusões da Conferência Episcopal de Puebla, tratando da Igreja missionária a serviço da Evangelização na América Latina, há 27 anos atrás, o episcopado faz duas opções preferenciais que marcaram a Conferência: a opção preferencial pelos pobres (32 números) e pelos jovens (40 números).

O documento começa falando da situação da juventude, dizendo que a juventude é, também, uma atitude frente à vida, numa etapa transitória. Os traços característicos dos jovens são o espírito de aventura, a capacidade criadora, o desejo de liberdade e o fato de serem sinal de alegria e felicidade, exigindo autenticidade e simplicidade. O papel da juventude, no corpo social, é de dinamizar este corpo. Sentindo-se não levados a sério, lançam-se por vários caminhos: ou partem para certo radicalismo ou se acomodam. O que mais desorienta o jovem é a ameaça à sua exigência de autenticidade. Ela é manipulada, especialmente na política e no tempo de lazer. A falta de formação e a ausência de assessoria equilibrada a levam a radicalizações. A família é o corpo social primário no qual se origina e se educa a juventude. A juventude feminina passa por uma crise de identidade pela confusão da missão da mulher, pelo machismo e pela falta de uma sadia promoção feminina.

Na A. Latina há diferentes tipos de jovens (indígenas, camponeses, mineiros, pescadores e operários). Ao lado de jovens que vivem folgadamente, há estudantes que já vivem na insegurança do futuro.

A Igreja vê na juventude um símbolo da própria Igreja, não por tática, mas por vocação. Entre os jovens há os que amam a Igreja; outros a questionam desejando-a mais autêntica; outros a deixam. Há, também, a massa indiferente. Há os inquietos e reprimidos, os que buscam a Igreja como instrumento de contestação e uns terceiros a rejeitam. Podem sentir-se frustrados por uma má planificação pastoral. Sentem falta de assessores preparados, embora também haja bons assessores.

Baseados nos critérios da verdade sobre Jesus Cristo, a missão da Igreja e sobre o homem o documento diz: 1) a juventude vai ao encontro de um Messias que caminha em direção a eles, devendo ser apresentado como libertador e ser experimentado como amigo pessoal; 2) os jovens devem sentir que são Igreja como lugar de comunhão e participação e precisam saber que ela os quer responsáveis na sua construção, enviando-os como missionários e testemunhas.

Falando das opções pastorais, a Conferência inicia dizendo que a Igreja confia nos jovens, sendo eles a sua esperança. Por ser dinamizadora do corpo social e especialmente do corpo eclesial, a Igreja faz uma opção preferencial pelos jovens com vistas à sua missão evangelizadora no Continente.

Por isso queremos que se desenvolva, de acordo com a pastoral diferencial e orgânica, uma Pastoral da Juventude:

·         que leve em conta a realidade social dos jovens,
·         atenda ao aprofundamento e crescimento da fé para a comunhão com Deus e os homens,
·         oriente a opção vocacional dos jovens,
·         ofereça-lhes elementos para se converterem em fatores de transformação,
·         e lhes proporcione canais eficazes de participação ativa na Igreja e na sociedade.

A integração, na Igreja, será canalizada através de movimentos juvenis inseridos na pastoral de conjunto (diocesana, nacional e latino-americana) através da pastoral familiar, da Igreja diocesana e paroquial e pelo inter-relacionamento dos diversos movimentos de juventude, considerando a situação concreta: estudantes secundários, universitários, operários, camponeses, numa inter-relação fecunda.

A inserção na Igreja é muito exigente e, por isso, a Pastoral da  Juventude:
a) deve ser um verdadeiro processo de educação na fé, cujo fundamento deve ser Jesus
   Cristo;
b) deve empenhar-se para que o jovem cresça numa espiritualidade autêntica e
   apostólica;
c) deve formar os jovens para a ação socio-política e para as mudanças de estruturas
    formando neles um sentido crítico através de uma pedagogia que tenha presente as
   diferenças psicológicas;
d) deve estimular a capacidade criadora dos jovens, facilitando-lhes os meios em que
    ponham em prática o seu compromisso;
e) deve dar-lhes uma boa orientação espiritual a fim de amadurecerem a sua opção
   vocacional, através de retiros, encontros, cursilhos, convivências. Tempo forte é a
   celebração consciente e ativa do sacramento da confirmação;
f) deve formar com prioridade animadores juvenis qualificados, guias e amigos da
    juventude, encarando a PJ como uma pastoral da alegria e da esperança.

14.3 Visão de Santo Domingo

Há 14 anos, em 1992, em Santo Domingo, os bispos da América Latina, falando da unidade do Espírito, com diversidade de ministérios e carismas, ao lado dos ministérios ordenados, das vocações ao ministério presbiteral e os seminários, da vida consagrada, dos fiéis leigos na Igreja e no mundo, das mulheres, fala - em sexto lugar - dos adolescentes e jovens (nº 111 a 120).

Inicia com uma rápida descrição da situação: muitos jovens são vítimas do empobrecimento, da marginalização social, do desemprego e subemprego, de uma má educação, do narcotráfico, da guerrilha, das gangues, da prostituição, do alcoolismo e dos abusos sexuais. Há jovens adormecidos pela propaganda, alienados por imposições culturais e pelo pragmatismo imediatista. Há os que reagem ao consumismo, se sensibilizam com a dor dos mais pobres e se inserem na sociedade, repudiando a corrupção; há os que se reúnem em grupos, sendo missionários e apostólicos. São povoados de interrogações vitais, desafiados em montar um projeto de vida pessoal e comunitário e em serem acompanhados em seus caminhos de crescimento na fé e trabalho eclesial. “Os jovens católicos, organizados em grupos, pedem aos pastores acompanhamento espiritual e apoio em suas atividades, mas necessitam sobretudo de linhas pastorais claras que contribuam para uma pastoral juvenil orgânica”.

Entre os compromissos pastorais reafirma a opção preferencial pelos jovens de Puebla, não só de modo afetivo mas efetivamente (opção por uma PJ orgânica, com acompanhamento, com apoio real, com diálogo, com maiores recursos pessoais e materiais e com dimensão vocacional). A ação pastoral deve:

a) responder às necessidades de amadurecimento afetivo e à necessidade de acompanhamento;
b) capacitar para que os evangelizados conheçam e respondam criticamente aos impactos culturais e sociais;
c) dinamizar uma espiritualidade do seguimento de Jesus, propiciando um encontro de fé e vida, a promoção da justiça e a geração de uma nova cultura de vida;
d) assumir as novas formas celebrativas da fé, próprias da cultura dos jovens;
e) anunciar que o Deus da vida ama os jovens;
f) abrir espaços de participação na Igreja aos jovens e adolescentes através de uma pedagogia experiencial, promovendo o protagonismo através do método ver-julgar-agir-revisar-celebrar;
g) dar relevância à Pastoral Juvenil de meios específicos.

O documento conclui dizendo que a Pastoral da Juventude deverá apresentar, de
modo atraente e acessível, os ideais evangélicos através da criação e animação de grupos vigorosos e evangélicos.

Capítulo 15. MOVIMENTO DA JUVENTUDE NA IGREJA DO
                     BRASIL
- visão esquemática –

Para termos uma visão ampla da caminhada dos jovens sendo Igreja, no Brasil, apresentamos uma pequena visão esquemática que, evidentemente, deve ser desenvolvida com as respectivas leituras.

15.1. A DÉCADA DOS ANOS 60
AÇÃO CATÓLICA ESPECIALIZADA

Mudança da sociedade

Sonho de Construir um Mundo Melhor

 

ENFOQUES

Religião como Antiintelectual e Ópio do Povo

  • Nova metodologia: VER – JULGAR – AGIR
  • Pequenos grupos + Rede de Grupos
  • Novo tipo de assessor
  • Ascensão da esquerda católica
  • O problema do vanguardismo.

Das sementes da Ação Católica nasce uma nova igreja
O então Padre Cardjin percebe que, com a revolução industrial, a sociedade havia mudado radicalmente. A nova cultura não considerava mais a religião como o centro de tudo. Vários grupos passam a hostilizar a religião como "ópio do povo" e como antiintelectual. Há, inclusive, setores onde a Igreja não tem mais acesso, de modo especial, o operariado. A Igreja continua oferecendo respostas para um mundo que já não precisa dela. É necessário mudar de estratégia. O padre não pode mais ficar esperando o povo vir na Igreja. Precisa sair da sacristia e ir ao encontro desse povo nos lugares onde ele se encontra.   A solução: o envolvimento do laicato. Trata-se de um grande exército que poderia ser mobilizado... A tarefa de evangelizar os jovens operários seria feita por outros jovens operários, dentro do seu ambiente de trabalho.

Para cumprir esta tarefa se faz urgente uma nova metodologia. A metodologia dedutiva tradicional - que parte da doutrina - não serve mais. É inútil partir de princípios abstratos, de dogmas e de leis. A partir do trabalho com jovens, surge a grande síntese metodológica que se torna conhecida como o "Método Ver-Julgar-Agir". O método se desenvolve em três momentos: partir da realidade, da vida dos jovens (ver), confrontar os desafios levantados pela realidade com a fé (julgar), partir para uma ação de transformação do meio (agir). A nova proposta iria revolucionar a pedagogia dentro da Igreja tradicional, de modo especial na América Latina. Essa nova metodologia fez surgir uma nova espiritualidade que unia fé e vida.

Uma metodologia que propõe como ponto de partida a vida do jovem e que exige que o jovem tenha uma atuação concreta no seu meio, pressupõe que ele não seja mais tratado de modo paternalista ou autoritário. É imprescindível que o jovem seja protagonista do seu processo de formação dentro do movimento. Um movimento onde os adultos mandam e os jovens executam não iria mais funcionar dentro desta nova visão. É necessário um novo tipo de assessoria de adultos que não abafasse o protagonismo dos jovens.

Ao final dos anos 60, chegava ao fim um dos mais importantes movimentos da Igreja, que trouxe novas idéias, novas intuições e novos horizontes para a instituição. Em Medellín, em 1968, os bispos da América Latina, reconhecem a importância de um fenômeno novo. Descrevem a juventude como "novo corpo social", "grande força de pressão", com seus "próprios ideais, valores e dinamismo interno".
           
15.2. A DÉCADA DOS ANOS 70

MOVIMENTO DE ENCONTROS

Mudança da sociedade


Ditadura Militar

ENFOQUES

Doutrina de Segurança Nacional
·         Testemunho pessoal
·         Forte impacto emocional
·         Os problemas pessoais
·         Problema social: o egoísmo
·         Grupos de jovens

15.3. A DÉCADA DOS ANOS 80:
PASTORAL DA JUVENTUDE ORGÂNICA

Mudança da sociedade

Cultura Moderna

ENFOQUES

A centralidade das utopias

·         O grito de liberdade
·         Isolamento dos grupos
·         Falta de objetivos claros
·         Planejamento participativo
·         Os jovens são destaque na Igreja
·         Definição de um novo projeto de Pastoral Juvenil
·         Período de elaboração teórica
·         Uma geração de líderes
·         O problema do vanguardismo

15.4. DOS ANOS DE 1990 a 2005
Pastoral da Juventude e Movimentos Internacionais

Mudança da sociedade

Cultura Pós-Moderna

 

ENFOQUES

·         A centralidade das emoções

·         Mudança política e econômica
·         A  volta ao privado
·         Novo contexto pastoral
·         Crescimento dos Movimentos de Igreja
·         Igreja mais conservadora
·         Crise da Pastoral de Conjunto
·         Crise da Pastoral da Juventude (assessores, grupos, organização)


Capítulo16. DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Consideramos, aqui, diferentes intervenções, tanto no seminário de Brasília como no seminário de Goiânia. Há intervenções mais elaboradas e outras menos. O que importa é perceber os diferentes acentos que aparecem.

16.1 Um conjunto de desafios
Entre os desafios que se apresentam à evangelização juvenil, podem destacar-se cinco, bem amplos:
  • O conhecimento da realidade juvenil. Cada dia se faz mais urgente o estudo científico dessa realidade, também por parte dos evangelizadores e evangelizadoras da juventude.
  • A sistematização de uma proposta pedagógica para a Igreja Jovem do Brasil, respeitando os “carismas”, mas cuja proposta seja fator formação integral e de articulação, isto é, de construção de “organicidade”.
  • Ir além das propostas estruturais da vivência sacramental. Referimo-nos à tentação de ficarmos na preocupação com os adolescentes da Crisma, levando-nos a esquecer - como fazem em outros campos, inclusive da Ciência - aqueles que estão na faixa dos 15 aos 29 anos.
  • Reaprender a investir, como Igreja, em três campos:
·         na presença junto à juventude, principalmente de grupos;
·         no apoio concreto às necessidades que a evangelização apresenta;
·         na formação de agentes que exerçam o ministério da assessoria
            junto aos jovens.
  • Sermos capazes de definir  e assumir, como Igreja, como um todo, algumas opções pedagógicas fundamentais para podermos elaborar, de diferentes formas, uma evangelização da juventude assumida como Igreja. Evidente que o seguimento de Jesus, a formação bíblica e litúrgica, a apresentação de uma Igreja que vá ao encontro do sonho da juventude etc. são indispensáveis. O grande desafio da Igreja, no entanto, é apresentar ao jovem as coisas de Deus realizando-se na prática do dia-a-dia, como um projeto de felicidade. Nesse sentido o grande desafio é pedagógico. Neste sentido não podemos deixar de lançar o jovem a viver cinco aspectos de na vivência cristã da fé. Estes aspectos são amplos, mas muito concretos:

a) a vivência comunitária. No caso dos jovens falamos do “grupo”. A felicidade do jovem está numa vivência sadia e desafiante de comunidade juvenil com tudo o que isso significa.
b) a formação integral. Todo jovem sonha ser uma pessoa íntegra. No trabalho com o jovem não podemos deixar de trabalhar a personalização, a socialização, a dimensão teológica e teologal, a dimensão técnica, a dimensão política e a dimensão vocacional.
c) a diversidade. O trabalho com a juventude precisa levar em conta a realidade das juventudes. Já Puebla falava isso; toda pedagogia não deixa de falar isso. Aprendemos isso de Jesus Cristo que se encarnou numa realidade concreta, não ficando um Homem-Deus genérico, não importando o contexto em que Ele viveu. Precisamos desafiar o jovem a ser ele mesmo, na realidade em que vive e na realidade que vai abraçar na vida.
d) a organização. Uma das melhores escolas de formação de personalidades é fazê-las que assumam a organização. É ali, assumindo responsabilidades, que ele vai-se construir como sujeito de sua história, empoderando-se ou, então, sendo protagonista. Não faz parte da felicidade de ninguém a dependência; muito menos de um jovem que precisa aprender a ser ele mesmo. Quanto ao projeto de vida, quando bem motivado e com proposta, engloba e força os jovens através das dimensões a darem uma resposta.  Temos que estar convencidos que essa é uma resposta.
e)      o acompanhamento. Na evangelização juvenil,  o
acompanhamento é fundamental. Não investir na assessoria e no acompanhamento é não querer a felicidade do jovem. Uma Igreja que não investe em agentes na preparação de bons acompanhantes não ama a juventude e não sonha com a evangelização dela.


16.2 Desafios e juventude

·         Há diferentes preocupações. Primeiramente, com os jovens integrados ao mínimo de vida cristã, os jovens afastados mas que já estiveram, os jovens que nunca foram "encantados" pela igreja e os diferentes grupos dentro da própria Igreja.
  • Os jovens reclamam que a comunidade é rígida demais; que não existe espaço para os jovens (é para velhos e crianças); que a Igreja diz pouco para os que estão fora (os documentos falam pra si mesmos); que a moral sexual é muito anacrônica; que, com relação ao poder, a instituição católica é muito castradora das decisões.
  • Temos diferentes concepções de evangelização e cada época e grupo disputa a sua compreensão. Está em jogo a perspectiva da evangelização. Importante termos o cuidado de que os jovens, e não a Igreja, estejam no centro.A vivência religiosa dos jovens só pode ser compreendida quando compreendermos as transformações na igreja e na sociedade. Os jovens vivem processos que estão além das nossas capacidades. Não é só linguagem. A receita é ouvir os jovens e ver, com eles, o jeito de fazer e considerar que são sujeitos.
  • Olhar o jovem como ser em potencial para o desafio da evangelização para tirar essa idéia de ser problema. Ter, frente à ação pastoral, qual é a missão e o papel dos jovens na Igreja, não os transformando em tarefeiros.
  • Investimento e espaço para os jovens na comunidade, com investimento financeiro e apoio. Ter um programa de formação pela igreja local.
  • O plano trienal da Pastoral da Juventude nacional traz mais duas questões: a comunicação de uma forma libertadora e a "Campanha a Juventude quer Viver" como possibilidade de reflexão dos problemas da juventude através dos diferentes espaços de participação.
  • A juventude ainda é olhada como problema e a pastoral tem-se esforçado para mostrar que tem vulnerabilidade social mas que também é sujeita de direitos. Não quer ser vista como problema nem na sociedade e menos ainda na igreja.
  • O olhar sobre a juventude vai marcar o jeito de evangelizar. Se nosso olhar for de medo da força e da impulsividade juvenil, a evangelização vai ser de um jeito. Se o nosso olhar for de potencialidade, a evangelização será outra. O desafio é olhar a juventude como um todo e não só com um modelo desejável. Temos que ampliar a lente e olhar por vários ângulos.
  • Uma grande questão é como trazer essa juventude para perto do coração dos padres. Cada vez mais menos padres e religiosos estão próximos aos jovens. O que esta acontecendo? Excesso de trabalho? Ficamos para trás? São jovens assessorando jovens. É preciso ouvir as pessoas para saber por que elas não estão mais motivadas para acompanhar a juventude, não fazendo um documento para os jovens para que estão na igreja. Ter um outro discurso para os jovens. Existe um segmento que não quer sentar e discutir. Ter um espaço para discernir a questão da juventude. Ninguém consegue ter um foro único. Precisamos de um espaço de visibilidade do corpo da igreja.
16.3 Desafios especiais à Igreja
  • Há um conjunto de quatro desafios que formam um todo: 1) Nossas comunidades são comunidades desafiadas pelas cidades. Somos uma igreja do paroquialismo, movidos pelo sentimento de feudo e território; 2) Retorno ao clericalismo, centralidade do poder, importância, autoritarismo. Enfraquecimento da participação e gestação de projetos; 3) Pouco espírito missionário, com comunidades isoladas, acuadas, sem articulação; 4) Há uma crise da hegemonia  cultural católica e uma crise dos ritos tradicionais de iniciação.
  • Observou-se que a crise da diminuição dos católicos tem levado a igreja a uma postura para se reproduzir. Várias Congregações também têm buscado essa renovação. A pergunta, por isso, refere-se ao interesse que há em discutir e falar em juventude. É preciso ver as intenções para não termos ilusões.
  • Os jovens querem que a Igreja discuta novamente a questão da juventude, inclusive na Campanha da Fraternidade. Tanto que tem discussões na internet e levantamento de assinaturas. São os jovens das dioceses que estão fazendo essas movimentações.
  • A Igreja já é um pentecostes com diversidade de dons e carismas, com uma diversidade e maneiras variadas de evangelizar. É necessário ver os pontos em comum, considerando o modelo sociológico e o modelo psicológico. Os jovens necessitam serem formados nesses dois modelos.
16.4 Igreja e juventude
  • A Igreja precisa ajudar a mostrar a cara de juventude e dar espaço para ela, utilizando a criatividade para uma evangelização da juventude que se adapte e acolha o jovem em sua etapa de vida.
  • O olhar sobre a juventude vai marcar o jeito de evangelizar. Se nosso olhar for de medo da força e da impulsividade juvenil, a evangelização vai ser de um jeito. Se o nosso olhar for de potencialidade, a evangelização será outra. O desafio é olhar a juventude como um todo e não só com um modelo desejável. Temos que ampliar a lente e olhar por vários ângulos.
  • A igreja tem 2 milhões de jovens abandonados nos grupos, com tem potencial para evangelizar a grande massa. Na fala dos jovens, podemos ter as respostas. É preciso que o jovem esteja no coração da Igreja e da sociedade. A Igreja precisa estudar juventude, também a Pastoral Vocacional deve discutir juventude. O episcopado e a Igreja devem converter-se e ter um coração jovem.
  • A Igreja do Brasil precisa falar dos  princípios orientadores que levem à felicidade ao mundo juvenil. Estes princípios referem-se: à solidificação dos grupos de jovens, ao investimento na formação, à Igreja na qual se acredita, ao espírito missionário. Um discurso para todos. Um discurso de felicidade. Um documento que olhe a realidade juvenil e tenha uma proposta a partir da redescoberta da juventude.
  • O importante é saber a realidade que passa pela cabeça dos padres e bispos. Vamos encontrar preconceitos, experiências negativas  e traumáticas que podem emperrar o processo. Um texto com muitos detalhes, fica complicado. Precisamos resgatar no coração dos padres e bispos a paixão pelos jovens. A Assembléia dos Bispos deve ser provocativa. Comunicar o que existe: cursos, institutos, material... painel das varias pastorais e movimentos para saber o que existe. O resgate afetivo. Muitos não conhecem a pastoral. Tem uma visão restrita.
16.5 Assessores/as
  • Insistir na formação de assessores. Alguns assessores estão na capa de assessores, assessorando uma época que já passou. Temos que investir na formação de assessores. Não se encontram assessores adultos. São jovens evangelizando jovens porque não temos adultos que querem se dedicar a esse carisma. Se a igreja quer ir para o futuro terá que investir na formação de assessores. É importante despertá-los para estarem presentes e preocupados com todo processo de formação integral. Além disso é importante que os/as assessores/as sejam reconhecidos pela igreja como ministério, investindo nele não só na formação, mas também na liberação.
  • Muitos bispos apresentam projetos para atuar e ter missões com a juventude mas sem gente para o acompanhamento. Muitos regionais estão perdidos e sem projetos de evangelização e a dimensão eclesial, do conjunto e do comunitário, está-se perdendo.
16.6 Organização
  • Deixar os jovens falarem, isto é, serem protagonistas, isto é, que a igreja promova o protagonismo juvenil para que a proposta seja real dos jovens evangelizando jovens, com o exercício de abrir espaço e de empoderar-se.
  • Apoio da igreja à organização, garantindo as estruturas necessárias, inclusive os espaços de referência nas paróquias, dioceses e na CNBB regional. Ser um apoio afetivo e efetivo.
  • Algumas questões não são problemas das juventudes, mas dos adultos que são chamados a acompanhar e que não entendem de juventude, criando conflitos e dificultando o trabalho. Na maioria dos regionais, quem está à a frente são os jovens que, sozinhos, tem que se preocupar com a estrutura, a assessoria e assuntos para os quais não estão preparados.
  • Quanto ao possível Setor Juventude, é preciso ter encaminhamentos claros, cuidando para não centrar-nos em questões doutrinarias. Seja consultada a juventude e não imposta, não desarticulando as ações e a caminhada existentes. Se for doutrinário, vamos perder mais ainda.

16.7 Perspectivas

  • Aprofundamento da vocação da Igreja com relação aos jovens (novidade, alegria, esperança, profetismo e radicalidade evangélica), considerando a teologia do jovem.

  • A superação da Igreja como um todo, especialmente das pessoas “adultas” da Igreja, de sete tentações que sempre batem à porta de nosso apostolado:

    • O moralismo. Nada pior para o jovem do que uma Igreja “moralista”.
    • Não chegar aos jovens, atendo-nos ao mundo dos adolescentes ou desaprendendo a “perder tempo” com os jovens, principalmente os que tiveram a ventura de desejar uma vivência grupal.
    • Não acreditar no novo que nasce da juventude. Não significa que, como acompanhantes, não tenhamos nada a oferecer. O melhor que se pode oferecer é o nosso testemunho de alguém que sabe que Deus sempre tem novidades a oferecer.
    • Sermos superficiais, pensando juventude. Não se trata de sacralizar o  jovem; contudo, vendo nele o divino que desabrocha deixaremos de ser levianos em nossos julgamentos.
    • Defender uma evangelização que não leve à inserção no social. Carregamos conosco um dualismo de fé e vida, de social e espiritual, etc. que precisa ser exorcizado. Não o fazendo não estamos carregando uma mensagem de felicidade para ninguém, muito menos para os jovens.
    • Visar cristãos não despertados para uma consciência crítica e política, sem compromisso social. Isso exige transparência e compromisso com os pobres. O que acomoda é a distância que temos com o sofrimento do povo em geral que não sofre somente de dores “espirituais”.
    • Temer o poder pedagógico e teológico da organização dos jovens, numa organização em que eles sejam protagonistas. É esse temor que faz a Igreja estar mais longe da juventude. Temos medo que eles sejam eles mesmos.
  • A compreensão e o compromisso que tem, de fato, uma evangelização juvenil que desperte para a libertação, em Cristo. Entram, nesse rol, todos os agentes de pastoral: os pastores, os presbíteros, os religiosos e religiosas, os agentes adultos que não são do clero e os jovens.
  • Como pistas para a superação destacamos, ainda: 1) o respeito aos diferentes níveis de envolvimentos e adesão aos jovens; 2) a perspectiva de educação integral em todas as instâncias de educação da fé; 3) não se pode pensar na evangelização sem pensar no futuro; 4) a importância do papel educativo do acompanhamento (assessor/a); 5) respeito ao protagonismo juvenil; 6) agir com um itinerário de educação na fé; 7) reinventar a iniciação cristã.
  • Impõem-se duas atividades fundamentais: 1) A pesquisa para produzir conhecimento da realidade juvenil. Todas as lideranças têm que fazer isso para não deixá-lo somente aos intelectuais. Não devemos renunciar a sermos intelectuais orgânicos; 2)Devemos agir para transformar o mundo, não nos restringindo aos espaços eclesiásticos, indo para os sindicatos, e outras organizações da sociedade.

PROCESSO A SER VIVIDO
A nossa tarefa é adequar o nosso conhecimento da realidade juventude aos materiais didáticos, diálogos, uma proposta de evangelização que responda às necessidades indicadas pelos jovens.
Aqueles/as que fazem à proposta de evangelização tem uma intenção que precisa estar clara para o conjunto da Igreja e para os destinatários da proposta. A tendência é nos prender-nos a eventos e, muito menos, em processos. Deixamos levar-nos pela onda presente na sociedade do descartável.
            Para que aconteça de modo diferente é preciso uma postura de planejamento a curto e médio prazo. Uma atenção que faça desencadear e dinamizar um processo que ajuda os jovens a fazerem o caminho da dependência para a autonomia, com o objetivo de torna-los/as protagonistas na missão.
            Também será importante que cada pessoa vá construindo uma mística cristã de compromisso com o outro, a comunidade e com o planeta.
            Escolher um caminho e fazer as escolhas. Há, na Igreja do Brasil, muitas iniciativas, grupos, propostas para a evangelização da juventude. Há possibilidade de encontrar um lugar comum? Será muito difícil, porém a soma de esforços de todos os grupos poderá ocorrer, caso o grupo tiver um mapa.
Alguns passos do caminho:
Ano de 2005
1ª Etapa:
  • Fazer um levantamento a partir de uma pesquisa que tem como objetivo conhecer o grupo como um dos meios da evangelização da juventude. Para isso encaminhou-se:
    • Um questionário sobre a vida dos grupos
    • Uma  coleta de materiais usados pelos jovens.
    • A organização, em cada regional, de pessoas que possam participar da coleta dos dados.

  • Realizar um Seminário, na CNBB, para ajudar na a direção do Tema Central da Assembléia dos Bispos, em maio de 2006.
  • Realizar, na Casa da Juventude (Goiânia) um Seminário sobre a Juventude e a evangelização na América Latina a partir das Conferências Episcopais.
    • A preparação de  um texto que organize estas reflexões para serem socializadas pelos que trabalham na evangelização da juventude.

  • Preparar o Seminário Nacional de Produção de Material para grupos de Jovens. Para isso, foi necessário:
    • Projeto Financeiro
    • Lista de convidados/as
  • Desencadear uma campanha de assinaturas a favor da Campanha da Fraternidade de 2008, solicitando que o  tema seja: Juventude e Fraternidade.
  • Preparar o Documento a ser enviado aos bispos para Estudo e Debate durante a Assembléia Geral, em maio de 2006.

2ª Etapa em 2006

·         Enviar o Documento para os bispos e outros agentes para complementação, correção...
·         Digitar os dados do questionário da pesquisa “Vida em Grupo” e dos materiais coletados nos regionais para  leitura e análise;
·         Preparar o pré-projeto a ser trabalhado no Seminário de Produção;
·         Organizar e divulgar o Seminário de Produção Nacional;
·         Realizar o Seminário de Produção de Material;
·         Publicar o material produzido;
·         Debate sobre os Direitos da Juventude e o processo de participação;
·         Atividades com o público em Geral através da Semana da Cidadania, do Estudante e DNJ sobre o tema direitos e participação.

3ª Etapa 2007

  • Capacitação de educadores em todos os Centros da Rede para o uso do material nos grupos;
  • Distribuição do material produzido;
  • Seminário Nacional preparando a CF dos Jovens.

4ª Etapa 2008
  • Realização da Campanha da CF com atividades nas comunidades;
  • Sugere-se  um Congresso Nacional.da Juventude.

Anexo: 1

Projeto: SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO DE MATERIAL
Tema: A evangelização da Juventude a partir dos grupos de jovens

Data: de 02 a 09 de julho de 2006

Local: O encontro será no Centro Pastoral D. Fernando, com capacidade para mais de 200 pessoas. A idéia do Seminário é abrir espaço para todos e todas interessados/as no projeto de evangelização da juventude. Escolheu-se Goiânia – GO por ser um local no centro do país, fazendo diminuir as despesas, tanto de passagem como de hospedagem. 

Memória e justificativa

            1. A idéia de ter um seminário de produção de material para grupos de jovens surgiu das reflexões feitas pela equipe de publicação da Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude em sua reunião em fevereiro de 2005, por ocasião do Fórum Nacional de Assessores. Nesta reunião ficou constatado que estamos vivendo um tempo em que os/as adolescentes e jovens da Igreja do Brasil passam por um profundo descrédito. Há, além disso, um grande desemprego que provoca desesperança, desconfiança e eliminação desta faixa etária por uma ausência de políticas públicas, ou ainda, pelas diversas situações de exclusão. Este sentimento influi de modo direto em nossa prática pastoral eclesial.
Há que se considerar, ainda, que os jovens sofrem, por parte das lideranças adultas, um grande descrédito e, com isso, poucos são os espaço para se organizarem a partir de suas necessidades concretas, respeitando o protagonismo juvenil tão necessário nesta faixa etária.
2. Existe um crescente clamor dos jovens que estão nos grupos por falta de material que contribua para seus encontros semanais e outras atividades. A proposta mais processual foi elaborada na década de 1990, exigindo uma retomada que envolva tudo que foi elaborado de modo sistemático para propor um novo caminho.
3. A evangelização da juventude precisa oferecer instrumentos e meios concretos para que os jovens possam caminhar no seu dia-a-dia possibilitando-os uma formação mais sistemática que os desperte para a sua inserção comprometida na comunidade eclesial e social a partir de uma mística.
4. Despertar na juventude o sentimento de pertença a um corpo eclesial como cristãos batizados abertos à missão universal, despertando-os para realização de missão jovem em suas realidades com a finalidade de viverem a dimensão missionária na evangelização da juventude. Trabalhar as dimensões da pessoa e despertar para a vida em grupo será um grande desafio para estes tempos atuais.
5. Elaborar materiais que provoquem uma formação sistemática da fé a partir da integralidade da pessoa, despertando-a para assumir seu protagonismo no mundo. Há no Brasil muitos grupos que trabalham com a evangelização da juventude, porém de forma dispersa. Esse seminário quer reunir estas forças e propor uma tarefa mais próxima, respeitando as diversidades que temos neste caminho e na juventude.
            6. Acreditamos que um seminário nacional de produção será um espaço concreto para construir e ampliar esses desejos. Esta experiência possibilitará o encontro de diversos agentes que, no seu dia a dia, acompanham grupos e organizações juvenis ou estão envolvidos/as na pesquisa e no estudo da temática dos adolescentes e jovens. Será uma oportunidade de realizar um mutirão para coletar dados da realidade, de material produzido e de possibilitar uma ação conjunta dos agentes envolvidos nos Centros e Institutos de Juventude, no Setor Juventude da CNBB e nas Congregações que atuam diretamente junto aos Centros e Institutos e com as lideranças e coordenações das Pastorais da Juventude, bem como os movimentos eclesiais.
            7. Todo este esforço comum em retomar a evangelização da juventude situa-se em um momento histórico que exige da Igreja, e, das pessoas que acreditam na vida um posicionamento claro frente a este desafio que nos colocam a juventude.  A CNBB dedicará o tema central da sua 44ª Assembléia Geral no estudo deste tema; há uma campanha em todas as instâncias da Igreja do Brasil solicitando que a CF-2008 tenha como tema a Juventude para garantir que seja tratado de forma pedagógica junto às comunidades locais. E o Seminário quer coletar todos estes esforços para ser uma resposta contundente a vida da juventude.

            8. É a primeira vez que se propõe uma atividade que reúne vários grupos que estão assumindo a evangelização da juventude na Igreja do Brasil: jovens coordenadores/as, assessores/as, Centros e Institutos do Brasil, Congregações e outras iniciativas estão sendo convidadas das participar desta tarefa de primeiro refletir sobre a juventude e seus desafios na evangelização e preparar um material apropriado para os grupos de jovens.

Objetivo Geral

Refletir a realidade da evangelização da juventude no Brasil a partir dos grupos de jovens para elaborar um diagnóstico que atualize os meios e instrumentos que contribuam em uma maior vivência do processo de educação da fé com os adolescentes e jovens a partir dos grupos de jovens.

Objetivos Específicos

1-      Aprofundar a realidade da juventude e seus grupos, identificando os temas de seus interesses;
2-      Elaborar roteiros para grupos de grupos considerando as dimensões e os processos.
3-       Envolver os grupos a partir da crisma e, ainda, sua localização ou ambiente comunidades urbanas, rurais, cidades de médio e pequeno porte, escolas, universidades, meio popular;
 
Ponto de partida

  • A necessidade de materiais apropriados para o trabalho com os jovens dos grupos organizados;
  • A motivação da Rede Brasileira de Centros e Institutos em realizar uma ação conjunta na perspectiva do acompanhamento aos grupos com a retomada da produção de materiais apropriados para esta faixa etária;
  • O fato de o ano de 2005 ter retomado, em vários momentos, o Processo de Educação na Fé, abrindo novos desafios para o trabalho a partir das Pastorais de Juventude e outros grupos que trabalham a evangelização dos mesmos;
  • O fato de a 44ª Assembléia Geral da CNBB, em maio de 2006, terá como tema central: Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais;
  • A campanha de coleta de assinaturas na perspectiva de que a CF 2008 tenha como tema a juventude;
  • Os planos trienais das PJs, suas orientações e os trabalhos feitos pelas congregações;
  • O fato de o Conselho Mundial das Igrejas assumir o tema da Juventude e da Mulher como um dos temas em um Fórum Mundial das Igrejas Cristãs, em janeiro de 2006.

Ponto de chegada

  • Diagnóstico da realidade dos meios de evangelização da juventude de evangelização  dos adolescentes e jovens;
  • Maior clareza da realidade da Juventude e aplicação desde conhecimento em instrumentais que ajudem a vida em grupo;
  • Um banco de dados sobre as produções sobre/para/da Juventude organizado para ser fonte de pesquisa;
  • Roteiros para os grupos de jovens;
  • Maior atenção na construção dos projetos de vida da juventude;
  • A opção pela juventude pela Igreja do Brasil mais trabalhada e de forma eficaz e concreta.

Metodologia

            A opção metodológica buscará garantir a participação de todos/as envolvidos na construção do material, desde a preparação. Optou-se pela metodologia da educação popular, tendo como referência elementos para a elaboração do Projeto de Vida, ou seja, a questão vocacional.
            As pessoas serão convidadas a contribuírem nesta tarefa de elaboração.

Etapas a serem realizadas no caminho:

1ª Etapa: setembro a fevereiro de 2005.
Ø  Levantamento da realidade da evangelização das Pastorais da Juventude no Brasil a partir dos grupos de jovens: com o levantamento de uma amostra qualitativa em 400 paróquias do Brasil e, com a coleta de materiais produzidos sobre/de/para/com a juventude, nos diversos ambientes e espaços para organização de um banco de dados para ser fonte de pesquisa.
Ø  Elaboração e envio do projeto financeiro para buscar fontes de sustentação para o caminho proposto.

2ª Etapa: março a maio de 2006.
Ø   Organização e leitura dos dados, dos materiais e construção de banco de dados.
Ø  Construção do diagnóstico e de um programa geral (Plano pedagógico de 3 anos) que sirva de base para o seminário de julho de 2006.
Ø  Indicação e Seleção dos convidados/as, envio dos convites.
Ø  Proposta da metodologia e distribuição de tarefas entre os realizadores.
Ø  Envio do texto que resultou dos seminários da CNBB e da CAJU para estudo pessoal e em grupo.
Ø  Configuração da metodologia do seminário, tendo como eixo orientador a construção de projeto de vida com os jovens e a metodologia da educação popular.  Considerar as sugestões de Conferências gerais de temas de estudo e análise e, oficinas de elaboração.
Ø  Definição das equipes de serviço: coordenação do processo, liturgia, comunicação/ divulgação/ registro, acompanhamento da pesquisa (dados das paróquias e materiais produzidos sobre e para a juventude em todos os níveis e instituições),
Ø  Montagem da infra-estrutura para o trabalho de produção do material
Ø  Realização do seminário.
Ø  Preparação do Projeto Gráfico dos materiais.
Ø  Estudar a proposta do Centro de Capacitação da Juventude para a publicação do material.

3ª Etapa: agosto de 2006 a fevereiro de 2007.
Ø  Sistematizações finais.
Ø  Trabalho das equipes de revisão.
Ø  Publicações e divulgação.
Ø  Capacitação para uso do material.
Ø  Prestação de contas.

Quem são os promotores/as:

·         O Setor Juventude da CNBB que acompanha o projeto de evangelização da juventude na Igreja do Brasil através das coordenações das Pastorais de Juventude, das congregações e movimentos eclesiais e da relação na CNBB com as outras iniciativas da Igreja para os Jovens no Brasil, na América Latina e na Igreja do mundo.
·         A Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude que articula, desde 1989, os Centros e Institutos de Juventude que oferecem atividades nas áreas de formação, assessoria e pesquisa em juventude. Atualmente dez centros e institutos fazem parte desta rede no Brasil. São eles: AIAKÁ – Centro de Juventude de Manaus, Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia; CCJ - Centro de Capacitação da Juventude; Centro de Pastoral de Juventude Anchietanum; Centro Marista de Pastoral; Centro Pastoral Santa Fé; Instituto de Formação Juvenil do Maranhão; Instituto de Pastoral de Juventude Leste 2 - IPJ/Leste 2; Instituto de Pastoral de Juventude de Porto Alegre - IPJ/PoA; Instituto Paulista da Juventude (IPJ)
Esta rede oferece o Curso de Especialização em Juventude, até então na Unisinos, com três turmas e, agora, em Goiânia, na Casa da Juventude. Está estudando a proposta de oferecer uma Revista sobre a temática juvenil. Essa Rede está articulada com a RED PASTORAL Latino Americana de Pastoral Juvenil, com institutos também funcionando nos EUA, organizados para os jovens hispanos.

O Seminário tem caráter nacional. Estão sendo oferecidas 200 vagas distribuídas entres assessores, educadores, coordenações e Congregações que atuam com adolescentes e jovens. A coordenação geral do processo fica sob a responsabilidade da Casa da Juventude Pe. Burnier - CAJU nas pessoas de Carmem Lucia Teixeira e Lourival Rodrigues da Silva; do Instituto de Pastoral da Juventude – IPJ Leste II – na pessoa do Pe.Gisley Azevedo; do Centro Marista de Pastoral, na pessoa do Ir. José Wagner; e do Setor Juventude da CNBB, na pessoa da Ir.Ângela Falchetto.

Destinatários

- Integrantes dos Centros e Institutos da Rede Brasileira de Juventude;
- Congregações religiosas que estão integradas nesta Rede;
- Coordenações e Assessorias das pastorais de juventude;
- Setores e pastorais que trabalham com jovens.

Convidados

  • Bispos referenciais da evangelização da juventude;
  • Peritos
  • Rede Latina Americana de Centros e Institutos de Pastoral Juvenil, Ação Educativa, Rede Nordeste de Jovens, Conselho Nacional de Juventude
  • CELAM – Seção Juventude  

Critérios de participação


  • Capacidade de reflexão e elaboração;
  • Acompanhamento e envolvimento no processo de preparação;
  •  Envolvimento no trabalho com a juventude com grupos ou organizações juvenis;
  • Disponibilidade de tempo integral para participar do Seminário;
  • Disponibilidade a dedicar-se a este projeto de elaboração de materiais em sintonia com o clamor dos jovens;
  • Idade acima de 22 anos.

Comunicação do evento

              Motivação e envolvimento pessoal

            Devido à característica peculiar do evento  o processo de inscrição deverá ser organizado por “convidados/as”. Todos os Centros, Institutos, Setor Juventude, Coordenações de serviços de Evangelização da Juventude indicam uma lista de pessoas e estas serão convidadas a participarem do evento.
            Em cada Regional formou-se uma equipe de pessoas para realizar a pesquisa sobre a “Vida do Grupo de Jovens” e para a coleta do material produzido. Estas pessoas estão acompanhando o projeto e divulgando pessoalmente entre as lideranças locais e foram convocadas a enviar nomes.
           
Setor Juventude – CNBB

            O Setor Juventude, na pessoa da Ir. Ângela Falchetto, ficou de entrar em contato com os organismos e as Pastorais em nível nacional para motivar a sua participação e envolvimento. Foi enviado uma carta aos bispos diocesanos convidando para enviar os materiais produzidos nas dioceses e informando o processo a ser desencadeado. No Seminário Nacional, realizado na CNBB em outubro de 2005, o Seminário de Produção foi comunicado e assumido como parte do processo a ser desencadeado pela Comissão que desenvolve o tema Central da Assembléia Geral da CNBB
           
As Pastorais de Juventude
Na reunião da Coordenação Nacional das PJs Carmem Teixeira esteve presente, falando pessoalmente com os secretários/as nacionais e pedindo ajuda para enviar os questionários, materiais produzidos e nomes das pessoas que interessam em participar do Seminário de Produção. O Sitio da PJ Nacional está divulgando o processo.

A Rede Brasileira
            Cada Centro e Instituto da Rede ficaram de divulgar nas suas atividades, com as Congregações envolvidas nas atividades e na direção, nos seus meios de comunicação próprios. A Casa da Juventude, Goiânia, disponibilizou todas as informações sobre o Seminário e as pesquisas que antecedem.
            Será feito uma carta/folder com os dados mais importantes para garantir a linguagem comum e as informações para todos os grupos interessados.

A Rede Latino-Americana e a PJ Latino Americana
            Foi enviado, em dezembro de 2005, um convite especial para todos os centros da América Latina, Secretaria de Juventude do CELAM e, outros assessores que já fizeram parte da Secretaria do CELAM em outros mandatos.

Material de preparação

São pressupostos, como preparação do Seminário, a leitura e a reflexão em grupos menores, das seguintes publicações:
Leitura para todos e todas:
1.      Evangelização da juventude: contexto, conseqüências e desafios. Texto resultante dos seminários da CNBB e da CAJU, em 2005
2.      CELAM - Projeto de Vida: Caminho vocacional da Pastoral da Juventude Latino-americana
3.       Pesquisa: Retratos da Juventude Brasileira – dados que estão na página www.

Outras leituras importantes:
  • Estudos da CNBB - 76 - Marco Referencial da PJB
  • Doc. da AG- 44- CNBB - Evangelização da Juventude - maio de 2006.
  • CAJU - Passos na Travessia da Fé.
  • CNBB - Diretório Geral da Catequese.
  • DGAE - Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora 2003-2007
  • CELAM - Civilização do Amor – Tarefa e Esperança (especialmente a Parte III, do Marco Operacional).
  • Retratos da Juventude Brasileira – Pesquisa Perseu Abramo.
Participaram dos Seminários:
Prof. Dra.Regina Novaes, secretária do Conselho Nacional de Juventude, antropóloga, com diversas publicações sobre o tema juventude; Prof. Dr.Willian Castillo, Psicólogo, analista institucional,doutor pela UFRJ, professor PUC Minas, ISTA, ISI, autor de livros e artigos; Lourival Rodrigues da Silva, especialista em Juventude pela UNISINOS, mestre em Ciência da Religião pela UCG e coordenador da Casa da Juventude, de Goiânia; Solange Rodrigues, mestra em sociologia, membro da equipe do Iser-Assessoria, RJ; Dr. Pe. Jorge Boran, doutor em psicologia grupal, foi assessor nacional da CNBB, diversas publicações sobre o tema, diretor do CCJ-SP; Prof. Dr. Pe. Hilário Dick, do Observatório da Juventude da Unisinos, foi assessor da CNBB, diversas obras sobre o tema, foi membro da equipe do IPJ de Porto Alegre; Pe. João Carlos Ribeiro, pade Salesiano, compositor, cantor; Inácio Pereira Lima Júnior, profissional de computação, presidente da RCC jovem; Silvano Silvério da Silva, secretário Nacional das Pastorais da Juventude do Brasil; Carmem Lucia Teixeira, especialista em Psicopedagogia, mestranda em Ciências da Religião, da equipe de coordenação da Casa da Juventude de Goiânia; D. Sinésio Bohn, bispo de Santa Cruz do Sul, presidente da comissão do tema central: Juventude; D. Mauricio Grotto Camargo,  bispo da Diocese de Assis, D. José Mauro Pereira Bastos, bispo da Diocese de Janaúba-MG, da Comissão para o Laicato, responsável na CNBB pelo Setor de Juventude; D. Eduardo Pinheiro da Silva, bispo auxiliar de Campo Grande –MS, membro da comissão do tema central; Pe. Pedro Bassini, secretário pastoral adjunto da CNBB, assessor do tema central; Ir. Ângela Maria Falchetto, assessora nacional do Setor Juventude –CNBB, assessora do tema central; Alessandra Miranda, equipe de metodologia da CAJU e da PJ do Centro Oeste; Bruno Anderson Cândido, Equipe de Artes e do CEBI; Dânison Santos Pereira, da PJ de Eunápolis -BA; Denise Alves Morra, PJ de Teresina –PI; Éder  D'artagnan Ferreira Montes Claros- MG do Centro Marista de Pastoral; Elen Linth Marques Dantas Manaus –AM secretária Nacional da PJ, Membro do Conselho Nacional da Juventude, Estudante de Sociologia; Eliana Porto Da Rocha, estudante universitária; Elsie Auzier Vinhote, asssessora nacional da PJ; Emerson Sbardelotti Tavares, da PJ de  Vila Velha –ES; Franciele Marques Mendonça, equipe metodologia da CAJU; Gisley Azevedo Gomes, padre Estigmatino, diretor do IPJ- Leste II – Belo Horizonte - MG; Hugo Leonardo Cassimiro estudante de história, equipe de metodologia da CAJU e do Centro Acadêmico de História; Jaciara Pires Barbosa, Goiânia –GO equipe de Bíblia e Espiritualidade da CAJU; Jaciara Reis Veiga, jovem da coordenação da PJ, Diocese de Goiás; Janaína Firmino dos Santos, jovem da assessoria da PJ de Goiás, do Grupo amor e Vida; Jorge Daniel Vasque Arreaga Júlio César Fernandes Pj de Sorocaba-SP; Luiz Eduardo Rosa Silva da PJ de Jundiaí –sp; Liciana Aparecida Cabral Caneschi, membro de Equipe do Centro de Juventude Anchietanum -SP; Luiz Arnaldo Sefrin, padre Jesuíta, membro da equipe do Centro de Juventude Anchietanum- SP; Maria Joselia Rodrigues Maciel;  Paulo César Cardoso; Paulo Sergio de Aquino, trabalha nas política públicas de juventude em Nova Iguaçu –RJ, sociólogo; Pedro Caixeta Cabral; Randes Ribeiro da Silva, historiador, membro da equipe da CAJU; Renato Dias de Souza, Anápolis –GO, estudante de história e membro da equipe da CAJU; Renê Ramon Ferreira; Rita Petra Kallabis, Goiânia- GO, esconomista, mestranda da UNICAMP, membro da equipe da CAJU; Rodrigo Dolandeli dos Santos; Rosângela Fernandes de Oliveira, Goiânia –GO, psicóloga, membro da equipe da CAJU; Thiago Fernandes Gonçalves jovem da coordenação da Pastoral Universitária; Valciano Lisboa Cartaxo, Goiânia –GO, formado em letras, da equipe da CAJU; Divino de Jesus Rodrigues, psicólogo, Goiânia – GO,  da equipe de coordenação da CAJU; Gilzana Martins Matos, estudante de fonodialogia, Goiânia –GO, equipe da CAJU; Ceila da Silva Rodrigues, da equipe da CAJU; Waldeir Eterno da Silva, professor de língua inglesa, da equipe da CAJU; Kelly Cristina, formada em História, da equipe de artes da CAJU; Fábio Fazzion, filósofo, da equipe de coordenação da CAJU; Rodrigo Dolandeli dos Santos, sociólogo, da PJ de Nova Iguaçu-RJ, Elmira Vicente Inácio, designer de modas, da equipe de metodologia da CAJU; Rezende Bruno de Avelar, mestre em Ciências da Religião, da equipe de coordenação da CAJU; Edina Lima Cardoso, formada em letras, da equipe de coordenação da CAJU; Josiane Emilia da Silva, estudante de Assistência Social, da equipe de Assitência da CAJU; Vanildes Gonçalves dos Santos, especialista em Juventude, da equipe de coordenação da CAJU.Prof. Dr. Prof.Mário Sandoval. Mário Sandoval, assessor da Comissão Epis            copal de Juventude do Chile, Professor de Sociologia na Universidade Alberto Hurtado, dos Jesuítas, em Santiago do Chile, Diretor do CEJU da Universidade Católica Cardenal Raúl Silva Enriquez (Santiago), membro da Rede Latino-Americana de Pesquisadores em Juventude. Entre as publicações de Mário, Jóvenes Del siglo XXI. Sujetos y actores en una sociedad en cambio. Santiago: ediciones UCSH, 2002 (Chile) e Más Allá del oficio de sociólogo: nuevas identidades, prácticas y competencias en el campo profesional, junto com Justino Gomez de Benito. Santiago: Ediciones UCSH, 2004 (Chile)

O texto foi costurado a partir de vários textos utilizados nos Seminários: Regina Novaes, Jorge Boran, Hilário Dick, Lourival Rodrigues da Silva, Willian Catilho,Carmem Lucia Teixeira, Solange Rodrigues, Mário Sandoval e, ainda, várias contribuições dos participantes.
Contribuíram na secretaria dos Seminários: Rita Kalabris, Karlos Kabral, Carmem Lucia Teixeira, Elen Linth, Lourival Rodrigues da Silva.

Obs.: Qualquer contribuição/reflexão a partir do texto favor enviar para pesquisa@casadajuventude.org.br.





[1] Valemo-nos das reflexões do Prof.Mário Sandoval.
[2] Ajuda-nos, nessa reflexão, Lourival Rodrigues da Silva
.
[3] O Projeto Juventude é um documento elaborado em 2004 pelo Instituto Cidadania e apresentado para o Governo Federal do Brasil como fonte documental para a proposta de criação da Secretaria Nacional de Juventude.
[4] O Brasil tem mais de 21 milhões de adolescentes na faixa etária dos doze aos dezoito anos incompletos.
[5] Contribuição de Regina Novaes, Presidente do Conselho Nacional de Juventude e Subsecretária Nacional de Juventude

[6] Em novembro de 2005 foi publicado o Plano Nacional da Juventude.
[7] Essas reflexões contam, novamente, com a colaboração de Lourival Rodrigues da Silva. 
[8] Cf: Dossiê MTV Brasil, p.22

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