sexta-feira, 25 de março de 2011

Jovens e Liturgia: uma proposta à luz da páscoa hebraica - Pe. Eliomar Ribeiro

 Università Pontificia Salesiana
Facoltà di Teologia
Facoltà di Scienze dell’Educazione
Dipartimento di Pastorale giovanile e catechetica

   Corso Monografico di  Pastorale Biblica AT – TA0330
Prof ° Mario Cimosa



Jovens e Liturgia:


uma proposta à luz da páscoa hebraica



Eliomar Ribeiro de Souza (14491t)



Roma, 2004


Jovens e Liturgia:

uma proposta à luz da páscoa hebraica



ANÁLISE DA SITUAÇÃO


     O jeito de celebrar nem sempre agrada aos jovens.

     O que os jovens buscam? Que podemos oferecer?

     Dificuldade da exegese e da hermenêutica bíblica entre os jovens.

     Como traduzir a Bíblia para uma linguagem juvenil?

     O significado da palavra páscoa e da palavra liturgia.

     Incompreensão dos ritos e símbolos da liturgia.

     Como a páscoa hebraica pode ajudar a compreender a celebração cristã?

     Páscoa como “passagem”: descobrir os momentos de “passagem” na vida dos jovens.

     A celebração litúrgica é mesmo a festa da vida?

     Como os jovens vivem e se relacionam com o tempo?

 


OBJETIVOS IMEDIATOS

 

A nível de comprensão e de re-expressão


     ajudar os jovens a compreenderem o ritual da páscoa hebraica.

     explicar as seguintes palavras/frases: páscoa, libertação, redenção.

     celebrar a páscoa hebraica: memorial simbólico que ajuda a compreender a história da libertação do povo hebreu e os elementos da celebração da páscoa cristã.

     celebrar melhor a liturgia cristã num tempo do “imediatismo” que quase nega a memória.

 

A nível de criticidade


     despertar nos jovens o desejo de uma liturgia mais vivencial.

     envolver os jovens na preparação/eleboração de um modo mais atraente de celebrar.

     aprender das experiências celebrativas de Comunidades como Taizé, Santo Egídio, Mosteiro Beneditino de Goiás.

     atenção aos aspectos da linguagem, da expressão, da comunicação e da simbólica juvenil.

 

A nível de atitude e de comportamento

 

     compreender a importância da mensagem pascal para os dias de hoje: passagem, libertação, celebração, entrada num novo tempo.

     a celebração da fé como um momento de encontro e de renovar a esperança num futuro melhor pela transformação do coração e das atitudes de vida que a memória pascal cristã supõe e exige.


     a exigência da páscoa/passagem nos dias de hoje: da violência, das guerras, do abandono, da insensibilidade, da maldade, das tiranias, do pecado, etc.



CONTEÚDOS

    Textos Bíblicos:

ð  Ex 12-13; 23,14-19; 34,18-26 

ð  Dt 16,1-16; 26,1-11

ð  Salmos 113-118


    Ritualidade hebraica (Dizionario di Liturgia, p. 1690-1695)

 

    A páscoa no Antigo Testamento (Dizionario di Liturgia, p. 1236-1243)

ð  as fontes da páscoa

ð  a origem e desenvolvimento da páscoa

ð  a celebração da páscoa

ð  a páscoa como centro de toda a vida litúrgica de Israel


    A páscoa israelita (Dizionario di Teologia Bíblica, p. 855-862)

ð  Páscoa primaveril, nômade e doméstica

ð  Páscoa e êxodo

ð  Páscoa e ázimos

ð  Páscoa e novos êxodos

ð  Páscoa, festa do templo

ð  Páscoa, tempo das grandes ações divinas

 

    A Festa da Páscoa Judaica como luz para entender a Páscoa Cristã

 

A Páscoa, em hebraico "Pessach", é a principal festa do judaísmo e celebra a libertação dos hebreus da escravidão do Egito, comandados por Moisés. O fato marcante dessa peregrinação foi a passagem do mar vermelho e as tábuas da lei recebida por Moisés no monte Sinai (Ex. 12,1-13; Lv 23,5-8; Nm 9,1-14). Esse fato histórico aconteceu de 1275 a.C. a 1235 a.C., aproximadamente.

Antes desse fato histórico, a festa da Páscoa era dividida em duas festas distintas, sendo uma de origem nômade e pastoril (sacrifício do cordeiro) e a outro de origem agrária (festa dos pães ázimos, isto é sem fermento e ervas amargas), cf. Nm 28,16-25; Lv 23,4-14; Dt 16,1-8. As duas festas se converteram, assim, em uma única festa que deveria ser celebrada todos os anos, a partir da data da libertação do Egito, sempre no dia 14 do mês de Nisan, o primeiro mês do calendário judaico, que corresponde a março e abril do nosso calendário.

A partir da memória da libertação do Egito a páscoa hebraica resume as três festas numa só. Os judeus passam a comemorar juntamente com a Páscoa as festas dos “Matzot” (Pães Ázimos – pães sem fermento) e “Habicurim” (As Primícias). Com a Páscoa o Senhor também estabeleceu a festa dos Matzot, a festa de sete dias (Ex. 12,8.15-20; Lv 23,6-8). Esta festa tipifica a humanidade perfeita, sem pecado, do Messias (Jo. 8.46), lembrando que o fermento na Bíblia muitas vezes é símbolo do pecado (1Cr 5,6-8). Também temos a festa, Habicurim, dada por Deus a Moisés, festa de um dia, após o sábado semanal, quando se deveria levar os primeiros frutos das colheitas, as primícias – da terra, ao Sumo Sacerdote (Lv 23,9-15). 

A festa da Páscoa sofreu uma forte ritualização após o exílio do povo judeu na Babilônia, que aconteceu de 587 a.C. a 538 a.C. Na época de Jesus, segundo relatos, a celebração seguia o seguinte esquema: "O presidente da mesa pronunciava duas fórmulas de bênção sobre o cálice ... Bebia-se, então, o primeiro cálice. Em seguida serviam-se pães ázimos e verduras que o presidente da mesa distribuía, depois de lavar as mãos, pronunciando uma ação de graças e provando das comidas. Servia-se agora o cordeiro pascal assado. Misturava-se o segundo cálice, explicando-se o sentido da refeição e o simbolismo dos ritos com referência à saída do Egito, e se cantava a primeira parte do Hallel (Sl 113 e 114,1-18). Bebia-se então o segundo cálice, e depois de se lavar novamente as mãos e de uma oração de louvor a Deus, comia-se o cordeiro pascal, com ervas amargas e pães ázimos, que se mergulhavam no haroset, uma mistura de várias frutas e mel. Seguia-se, então, o terceiro cálice, chamado o 'cálice da bênção' (veja 1Cor 10,6), porque neste momento se pronunciava uma terceira ação de graças sobre a ceia. No quarto cálice cantava-se a segunda parte do Hallel (Sl 115-118), na qual Israel exprimia a esperança da restauração messiânica".

Para os cristãos esta festa vai celebrar a ressurreição do Senhor, cordeiro imolado, mas vencedor da morte, ressuscitando ao terceiro dia como as primícias que brotam da terra. Cristo é as primícias (Habicurim) dos que morreram (1Cor 15,20-23).

O sentido da Páscoa Judaica difere sensivelmente do sentido da Páscoa Cristã. Apesar da semelhança de alguns símbolos, a mensagem de fundo é diferente nas duas festas. O centro da Páscoa Judaica está na experiência histórica de libertação do Egito e ela é celebrada como um memorial perpétuo, num clima de alegria ansiosa: a Ceia Pascal Judaica, com alimentos e ritos simbólicos, reflete o espírito da noite na qual o anjo da morte passou pelas casas dos israelitas e poupou os primogênitos hebreus. Por isso, tudo é feito às pressas e na ânsia da libertação, pois logo eles foram expulsos das terras do Nilo e caminharam para a terra prometida. É uma festa que mistura alegria e tristeza (Ex 12,13ss).

A Páscoa Judaica nasce num contexto de celebração familiar, sendo depois centralizada no Templo de Jerusalém, como festa nacional. Na época de Jesus, o sentido familiar da celebração tinha sido recuperado (ceia), mas o cordeiro devia ser imolado no Templo no dia pré-fixado (véspera do dia 14 do mês de Nisan).

A Páscoa Judaica é uma celebração anual e carrega quatro sentidos teológicos centrais:

 

1. Memorial do Êxodo

2. Anúncio da salvação histórica (Ex 12,25-27)

3. Louvor ao Senhor por sua bondade (2Cor 35,15; Sb 18,9; Sl 114)

4. Celebração familiar do povo eleito, que renova sua Aliança com Deus.

 

A mensagem da Páscoa judaica é uma mensagem de libertação que transcende a esfera do mundo judeu. Como disse certa vez o rabino Henry Sobel, enquanto houver alguma pessoa padecendo do jugo dos Faraós contemporâneos, pessoas sendo injustiçadas, privadas de suas liberdades de pensamento, expressão ou de movimento, a mensagem da páscoa ainda não estará completa. Pessach é também a libertação dos preconceitos de todas as formas. O espírito libertário da Páscoa deve construir pontes de amizades e não muros de discórdias.

 

    Elementos constitutivos da Liturgia Cristã que remontam à tradição hebraica

 

A Liturgia Cristã se desenvolve a partir de elementos fundamentais que a caracterizam e garantem seu sentido e unidade. Toda Celebração Cristã é atualização da experiência do passado (MEMORIAL), é explicitação do que se vive no presente (VIDA), e é também antecipação do futuro que se espera (TRANSCENDÊNCIA). Podemos ainda mais reforçar esta tríplice experiência do tempo na celebração com as palavras de S. Agostinho: “o presente das coisas passadas é a memória, o presente das coisas presentes é a percepção direta, o presente das cosas futuras é a esperança” (cf. Livro XI das Confissões).


1. ASSEMBLÉIA

“A participação no corpo e sangue de Cristo não faz outra coisa senão transformar-nos naquilo que tomamos... Ele está sempre presente na assembléia de seus fiéis reunidos em seu nome” (Eucharistiae Mysterium, 7 e 9; cf. 55). Toda Celebração é um ato comunitário,  quem celebra, celebra sempre com os outros. Falar então de Assembléia Litúrgica é remeter a uma realidade de encontro entre crianças, jovens, adultos, idosos para celebrar a vida. “Não há liturgia sem Assembléia”.

            No Antigo Testamento encontramos o povo hebreu convocado por Deus para se reunir em Assembléia, pela primeira vez no Sinai (Ex 19,1-25) e depois em Siquém (Js 24,1-28). É o espaço privilegiado para ouvir o que Deus tem a dizer, selar com Ele um compromisso (Aliança) e renovar sempre este compromisso. É uma Assembléia nacionalista, em que só é permitido a participação do povo hebreu, povo eleito.

            No Novo Testamento, com Jesus, a Assembléia ganha sentido novo. Os grandes convocados são todos os que estão à margem da sociedade: cegos, aleijados, surdos, doentes, crianças, prostitutas, estrangeiros, viúvas,  órfãos, pecadores públicos, etc. O modo como Jesus vive garante a dimensão universal das Assembléias dos seus seguidores  Todos são convocados para escutar a Palavra e se converterem. Nos Evangelhos encontramos a narrativa da Multiplicação dos pães (Mt 14,13-21), grande assembléia patrocinada por Jesus; e nos Atos dos Apóstolos temos a Assembléia de Pentecostes (At 2,1-13), em que os dons recebidos são colocados a serviço de toda a comunidade cristã nascente.

            Em nossos dias, a Assembléia é o lugar de "comunhão e participação ativa, consciente e frutuosa" (Puebla 939), ou mais ainda, lugar de "participação mais viva, ativa e comprometida na realidade de nossos povos"  (Sto. Domingo 295) para celebrar e renovar a Aliança sempre nova com Deus, na utopia do Reino, que é justiça, solidariedade, ternura, carinho, esperança que espera apesar de tantas des-esperanças.

            “O projeto de Deus começa sempre por uma reunião”. Tendo sempre a convocação, a reunião e a assembléia como ponto de partida é que a história da Aliança revela-nos este esquema fundamental. Daí o valor primordial dado à Assembléia em nossas celebrações enquanto sinal revelador, na troca de palavras e ações simbólicas, de resposta ao Senhor que nos reúne para renovar, celebrar e atualizar a Aliança feita com nossos antepassados e selada para sempre em Jesus Cristo.

 

2. PALAVRA

            Não há Liturgia sem Palavra. Jesus é a Palavra de Deus que se tornou gente. Ele mesmo é o portador e a Boa Nova do Pai. Na Celebração Litúrgica escutamos a Palavra e a confrontamos com nossa vida. A Bíblia vai sendo verdadeiro “espelho” onde refletimos nossa vida e o meio essencial para escutar o que Deus tem a nos dizer, através dos Profetas, de seu Filho Jesus e dos Apóstolos. Há um duplo movimento exigido de nós: ouvir-praticar e praticar-ouvir. Assim nos adverte a Escritura Sagrada: “tornai-vos praticantes da Palavra e não simples ouvintes” (Tg 1,22).

            “A Palavra de Deus na liturgia é sinal celebrativo. É sinal enquanto contém e expressa a realidade da salvação. Ela proporciona o encontro da comunidade com o próprio Deus que se comunica e se faz presente em Jesus Cristo” (Orientações para a celebração da Palavra de Deus, CNBB, Doc. 52, nº 20).

            A Igreja ensina-nos a comungar o Cristo tanto na sua Palavra como no seu Corpo. Como tão bem expressou Santo Agostinho: “Bebe-se o Cristo no cálice das Escrituras como no cálice Eucarístico”. A Palavra nos conduz à Eucaristia. Se é verdade que a Palavra encontra sua plenitude na Eucaristia, é também verdade que a Eucaristia se fundamenta na Palavra.

 

3. RITUALIDADE

            Toda Liturgia é feita de ritos. O rito é uma sincronia, um jeito diferente e dinâmico de acontecer a Celebração. Costumamos usar a palavra metodologia para expressar o modo para fazer acontecer o método. Ritualidade é portanto o jeito como acontece o rito numa Celebração. Sem ritualidade qualquer atividade humana vira anarquia.

            No cotidiano da vida somos mais rituais do que imaginamos ser; praticamos ritos ao levantar, comer, trabalhar, andar, deitar. Não é necessário muito esforço para repetir estes ritos já tão habituais, eles  são, por assim dizer, apropriação natural dentro do nosso universo histórico-cultural.

            Também quanto à fé, jamais conseguiremos entendê-la e expressá-la só com palavras. Daí a necessidade do gesto, do símbolo, da expressão corporal, da palavra, que formam o rito, para melhor entender o mistério do Deus que se revela a nós. Deus continua mistério mas se revela em “sinais sensíveis” que a Igreja chama “Sacramento”. Quanto mais o ser humano aceita e experimenta a revelação de Deus em Jesus Cristo mais é transformado em humanamente divino.

 

4. ORAÇÃO

            Toda oração na Liturgia é feita na “unidade do Espírito Santo”; é Ele mesmo que “vem em socorro da nossa fraqueza, pois não sabemos rezar como convém” (Rm 8,26). O Espírito é nosso intercessor junto de Deus.

            A oração litúrgica brota principalmente do confronto entre a Palavra de Deus e a nossa história pessoal e comunitária. É como um grito que ecoa no coração de Deus e volta a nós em forma de Graça. Rezar é portanto colocar-se diante de Deus e falar com Ele. Jesus mesmo nos ensinou a rezar. É na expressão de louvor, de arrependimento, de intercessão e de ação de graças que a Assembléia reunida procura achegar-se ao coração de Deus.

       Na Celebração dos vários Sacramentos há sempre orações próprias propostas pela Igreja. Há também outras orações e ações do povo de Deus, consideradas Sacramentais, como reza do terço, ladainha, ofício da Imaculada Conceição, orações próprias dos santos e santas, romarias, peregrinações, procissões, etc. A oração do Senhor, o Pai Nosso, nos faz experimentar a unidade tão sonhada por Jesus. Todas as Igrejas Cristãs a proclamam publicamente.


 

DIDÁTICA

    Estudo pessoal e em grupo

    Celebração comunitária da páscoa

    Anexos complementares: 1 e 2

    Proposta interdisciplinar (história, música)

 

Pesquisa:

 

    Na Bíblia

    Em qualquer Dicionário Biblico, de Liturgia, de Teologia Bíblica, de Hebraismo, se pode consultar o tema: Páscoa, Páscoa hebraica, Rito da Páscoa, Ritualidade Hebraica.

 


PROPOSTA INTERDISCIPLINAR


    História: cosmovisão do povo hebraico e alguns conflitos que permanecem até nossos dias.

    Música: valorizando o ritmo e alguns textos hebraicos como o Shemá Ysrael, Havenu Shalom, Hallel (Salmos 113 a 118).


 

ORAÇÃO

 

Para a oração

    Ex. 12-1-51

    Dt,16,1-16

    Preparação e celebração da Páscoa, cf. Anexo 3

 

 

AVALIAÇÃO


    utilizar as indicações da Análise da Situação e dos Objetivos Imediatos.

    Após a celebração da Páscoa reunir-se em pequenos grupos para uma avaliação do que foi experimentado.

    Como ajudar a outros jovens a aproximar da liturgia cristã, o que se pode propor?



Leitura Complementar


Alves Fernandes, S. R.,  Educação, Religião e Juventude. Novas perspectivas a partir de uma pesquisa, in Cadernos do CEAS 2001, maio/junho, n. 193.

Anscar Chupungco, Liturgias do futuro. Processos e métodos de inculturação (Coleção Liturgia e Teologia), Paulinas, São Paulo 1992.

Carlo Buzzetti-M.Cimosa (edd.), I giovani e la lettura della Bibbia, LAS, Roma 1992.

Carmine Di Sante, Israel em oração. As orignes da Liturgia Cristã,  Paulinas, São Paulo 1989.

CNBB, Animação da Vida Lutúrgica no Brasil, Documento 43, Paulinas, São Paulo 1989.

Dicionário de Liturgia, Paulinas/Paulistas, São Paulo 1992.


Eliomar Ribeiro, Liturgia, Festa da Vida: compreendendo melhor o que celebramos, CCJ, São Paulo 1998.

Hilário Dick, O Imaginário Religioso do Estudante da Universidade do Vale Do Rio dos Sinos - UNISINOS, pesquisa realizada de 2001 a 2003.

Ione Buyst, Preparando a Páscoa, (Col. Equipe Liturgia/3), Vozes, Petrópolis 1991.

Manlio Sodi, La dimensione liturgica della pastorale nella vita della comunità cristiana, in Instituto di Teologia Pastoral, UPS, “Pastorale Giovanile, sfide, prospettive ed esperienze”, Elledici, Torino 2003, p. 123-142.

Marcelo de Barros Souza, Celebrar o Deus da vida. Tradição litúrgica e inculturação, Loyola, São Paulo 1992.

Mario Midali, L’esperienza religiosa dei giovani, in Pastorale Giovanile: sfide, prospettive ed esperienze, Elledici, Torino 2003.

R.Tonelli-Jesús Manuel García, Giovani e tempo tra crisi, nostalgie e speranza, LAS, Roma 2000.


Vale a pena sobretudo para aprofundar este assunto a leitura do capítulo “L’esperienza del sacro nella vita dei giovani italiani” in Mario Pollo, Il volto giovane della ricerca di Dio, Piemme, 2003, p. 251-299, 372-383.



Anexo 1

A PÁSCOA PARA OS JUDEUS

Começa na noite de 14 de Nissan e dura oito dias. É a festa da libertação de Israel da escravidão egípcia. Pessach significa passar por cima, saltar, e assim se denominou esta festa, porque o Anjo que matou os primogênitos dos egípcios "saltou", isto é, "passou por cima" das casas judias, poupando os seus filhos mais velhos. É costume os primogênitos judeus jejuarem no dia 14 de Nissan, véspera de PESSACH, como recordação do perigo que estiveram expostos os primogênitos judeus no Egito.
Nestes oito dias é categoricamente proibido comer pão e outras comidas levedadas, para lembrar-se quando, um povo inteiro, conduzido pela vontade de Deus encarnada em Moisés, saiu tão apressadamente do Egito que a massa preparada para o fabrico do pão não teve tempo de fermentar. Nas primeiras noites celebram-se o Seder, durante o qual contam-se a história da festa (Hagadah), bebendo vinho, comem-se a Matzah (pão sem fermento), harosset (ervas amargas) que traz a recordação simbólica da escravidão no Egito e, depois a libertação.

Vejamos alguns pontos da páscoa judaica:

·         Seder com a leitura da Hagadah foi sempre celebrado com grande alegria em Israel. Pelo amor que os judeus devotam-se aos seus filhos, eles mantém a tradição desta sugestiva festa de família, onde celebram o Seder em regra durante as dus primeiras noites de Pessach. 
·         Há milênios, essa gente evoca e festeja os eventos do êxodo das tribos de Israel do cativeiro dos faraós, evento ocorrido há mais de 35 séculos. 
·         Pessach, a páscoa judaica, é por excelência, a festa da liberdade. No Seder, a mesa posta, a ceia e o relato obedecem a uma ordem tradicionalmente sagrada. 
·         O Seder marca o início de uma nação judaica livre. 
·         A palavra Pessach significa passagem, salto, pulo. A décima praga do Egito, foi a morte dos primogênitos. Sob orientação Divina, os judeus sacrificaram um carneiro e com seu sangue pintaram os umbrais de suas portas. O anjo da morte passou e saltava as casas dos filhos de Israel e foram poupados os primogênitos. Esta é a história da Mezuzah. 
·         Pessach mostra a eternidade do povo judeu. Povos, impérios, civilizações poderosas e de grande cultura, desapareceram. Ficaram na lembrança, que hoje é meramente arqueológica. 
·         A festa começa no dia 15 de Nissan e se prolonga por 7 dias em Israel e por 8 dias na diáspora. O primeiro dia representa a saída do Egito e o sétimo a passagem pelo mar vermelho, aonde os judeus atravessaram em terra firme e seca, e cantou-se a SHIRAH. Os dias intermediários são chamados de CHOL HAMOED. Na diáspora, acrescentou-se um segundo dia festivo e o oitavo (instituídos pelos judeus sefaradistas da Espanha).
·         Pessach sempre ocorre na primavera de Israel. Época da renovação da natureza. Quando o pessach cai num sábado chama-se Shabat Hagadol, porque os judeus saíram do Egito também num sábado. Hagadah quer dizer relato, consiste de trechos da Bíblia, do Talmud e de poesias. 
·         Recomenda-se que a casa esteja limpa para que não fique nenhum "hametz", alimento fermentado, proibido no Pessach. O conceito de Hametz é simbólico. Representa os defeitos das pessoas, que devem fazer um exame de consciência de seus atos, de seu comportamento, para se libertar de suas más qualidades.

Elementos básicos para o Seder e seus significados:

·         Mesa: é preparada utilizando-se louças nobres.
·         Velas: São colocadas em castiçais para acendimento no horário pelas mulheres. A vela fala da luz divina, afastando as trevas.
·         Hagadot: Livros para acompanhamento das leituras.
·         Matzot: Pães sem fermento, separados em 3 fileiras principais, tipificando a geração de Abraão, Isaac e Jacó e as famílias Cohen, Levi e Israel. Simboliza a abertura do mar vermelho.
·         Vinho ou suco de uva: as quatro taças representam as quatro etapas da redenção: - saída da escravidão; - Saída do Egito; - Afundou o exército do Faraó no mar; - entrega da terra prometida a Israel.
·         A taça de Eliahu (cup Kidush): grande e bonita é reservada para a chegada do Messias.
·         Água e sal: numa vasilha, onde se mergulha o Karpás (salsão ou aipo) e o ovo. Representam as lágrimas do povo judeu, pelo sacrifício diária de crianças feito pelo Faraó, na ilusão de curar as lepras.
·         Keará: bandeja ou travessa onde são colocados os seguintes elementos:
ð  zeroa - pedaço de osso assado, representando o cordeiro pascal.
ð  betzá - ovo cozido representa o luto de não poder celebrar o sacrifício da páscoa, pois não existe templo. O ovo não tem ponta, o que lembra a humildade da morte, pois dela ninguém escapa. Também simboliza o povo judeu, que quanto mais perseguido, mais forte se torna.
ð  Maror - almeirão, escarola ou alface romana. Se traduz pelo amargo. É o símbolo do sofrimento da escravidão, a tristeza do trabalho forçado, as crianças que eram sacrificadas quando o trabalho do Faraó não era alcançado.
ð  Charosset: massa de nozes e maças picadas, com gengibre e vinho. Representam os tijolos que os escravos judeus faziam.
ð  Karpás - Salsão ou aipo. representa o trabalho árido, insólito do povo escravo.
ð  Chazeret : alface romana. Tem o mesmo significado do Maror.

Durante a cerimônia o pai toma o pão do maio (Matzá) e o esconde, pois ele deve ser procurado pelas crianças. A criança que o encontrar pode pedir ao pai o que quiser. Este pão escondido chama-se Afikoman.

(Este parágrafo sobre a Páscoa para os Judeus foi extraído do
Manual do Templo União de Israel, Rio de Janeiro, Brasil)


Anexo 2


Libertação e redenção na tradição pascal

Ernesto Arosio
Revista Mundo e Missão

A maioria das culturas da humanidade, desde os tempos mais antigos, vem se questionando sobre a morte: desaparecemos ou continuaremos a viver? Como? E se voltarmos a viver, como seremos? Reencarnados, conforme várias interpretações, ou desapareceremos na grande energia cósmica? Entretanto, a não ser as religiões cristãs, nenhuma cultura ou crença viu a possibilidade da ressurreição da pessoa como tal.
As perguntas sobre o que há após a morte perturbam até muitos pensadores modernos, porque o homem tem, no mais profundo de seu ser, esse desejo de ser eterno e busca, em sua cultura, símbolos que expressem sua esperança numa outra vida. Exemplo dessa união entre fé e cultura é a própria festa da páscoa, celebrada de maneiras tão diferentes nas varias culturas, mas não menos significativas e que evocam tradições anteriores aos ritos judaicos. Esses, provavelmente, tomaram uma consistência quando os judeus celebraram a passagem do anjo pelo Egito, onde viviam escravos, ocasião em que os filhos de Israel foram salvos porque identificados pela marca do sangue de um cordeiro.
A páscoa de Cristo tem um significado mais profundo, apesar da correspondência com alguns símbolos da páscoa judaica: como ele ressurgiu três dias após sua morte, todos ressurgirão para a vida eterna. E a páscoa para os cristãos é a festa da esperança na vida eterna. Os símbolos usados pelos cristãos significam, portanto, um novo desabrochar da vida, uma passagem da morte para a vida, através da ressurreição. Isso explica o costume dos ovos coloridos (às vezes, até dourados, como na Rússia, verdadeiras jóias, trocados como presente), porque o ovo, ao se abrir, representa o sepulcro que liberta a nova vida. Outras tradições comuns aos cristãos são a benção do fogo novo, as velas ou círio, símbolo de Cristo ressuscitado, o pão artisticamente enfeitado porque é alimento que sustenta a vida. Páscoa para os judeus é vida e liberdade; para os cristãos é vida e ressurreição.

Símbolos e vida
Na páscoa cristã e judaica, existem símbolos comuns: o cordeiro sem ossos quebrados e seu sangue, marcando o povo para uma nova realidade de mudança e libertação. Cristo é o cordeiro imolado que salva a humanidade com seu sangue e o evangelista insiste em dizer que, na cruz, nenhum osso lhe foi quebrado.
Esses mesmos símbolos são utilizados em tribos de beduínos, nômades, pastores de ovelhas que vivem no deserto ao norte do Iraque: um rito da vida, correspondendo à páscoa de cristãos e judeus que é celebrado no primeiro plenilúnio da primavera. Na realidade, esses beduínos árabes têm a mesma origem dos judeus em Abrãao e essas semelhanças comprovam a autenticidade e a antiguidade de ambas as tradições.

A festa dos beduínos
            O relato da celebração da vida entre os beduínos é feita por um viajante que passou algum tempo vivendo com esse povo.
"Ao pôr-do-sol, centenas de pastores vindos de todos os lados do deserto preparavam-se para celebrar a festa da vida, a fim de que os deuses tornassem verdes as pastagens para seus rebanhos, fonte e sustento de suas vidas. Um cordeiro foi dependurado pelas pernas posteriores, degolado e seu sangue recolhido numa grande tigela, sem que nenhum osso lhe fosse quebrado para que a divindade não recusasse essa oferenda, mas que a devolvesse multiplicada na fecundidade das ovelhas e na fartura das pastagens. Enquanto os homens sacrificavam o cordeirinho de um ano, algumas mulheres cozinhavam sobre pedras quentes pães ázimos, tipo de pão usado ainda hoje por muitos povos orientais. Outras preparavam um molho de ervas aromáticas que brotam no deserto.
O chefe do grupo ungiu com o sangue do animal degolado as testas dos homens e das mulheres, as cordas e as estacas das tendas para invocar os deuses bons e afugentar os espíritos do mal, especialmente Mashkhit, o destruidor. O rito terminou com um banquete em que os homens ficaram de pé com um bordão nas mãos, como se estivessem preparados para uma viagem. Após esse ritos, a vida continuaria normalmente e os beduínos voltariam para o deserto, confiantes na proteção divina".
Dois símbolos dessa festa são comuns à páscoa judaica: o cordeiro de um ano, sem mancha, sem ossos quebrados, comido em pé, como se estivessem prontos para partir, e as ervas amargas.
Os samaritanos, embora atualmente reduzidos a um pequeno grupo que vive perto de Nablus, a Neápolis do relato evangélico, ainda celebram assim sua páscoa no monte Garizim.

PESSACH: a páscoa judaica
A páscoa judaica é chamada pessach, o que significa libertação e lembra o episódio encontrado no Êxodo, contando que quando os judeus eram escravos no Egito, receberam a ordem de Moisés para degolar um cordeiro de um ano, comê-lo de pé, prontos para viajar e marcar com seu sangue as portas de suas casas. O anjo exterminador matou os primogênitos dos egípcios e dos seus animais, mas poupou os dos israelitas.
Para os judeus, a páscoa é celebrada no primeiro dia de lua cheia do primeiro mês do início da primavera e dura sete dias. É a festa mais importante porque comemora a liberdade e a identidade judaica, permitindo a sobrevivência desse povo por longos séculos, através desses seus ritos.
A pessach é uma festa tipicamente familiar. No dia anterior à celebração, faz-se uma profunda limpeza da casa, procurando não deixar nada de fermentado nela; em alguns lugares, costuma-se até queimar esse lixo para ensinar às crianças que, naqueles dias, é permitido comer somente pães ázimos, conforme a prescrição de livro do Êxodo. A Cabala ensina que o fermento representa as imperfeições morais e as tendências negativas do homem. Assim como a massa fermentada enche-se de ar e cresce, assim o homem se enche de vaidades vazias. O pão ázimo lembra também aos judeus a pressa com que seus antepassados tiveram que sair do Egito.

SEDER: a ceia pascal
Ao pôr-do-sol, tem início a festa que consiste numa ceia - seder - palavra que significa ordem, porque ela se desenrola, conforme um ritual secular. Durante a ceia, lembram a libertação da escravidão do Egito, transmitindo a importância dessa memória numa catequese sobre a história do povo judaico.
A primeira cerimônia do seder é a benção de vinho ou kidush que se bebe enquanto uma criança faz as perguntas rituais sobre o sentido do pessach. As respostas são dadas pelo chefe da família, enquanto se põem os alimentos na mesa: o pão ázimo, as ervas amargas, o cordeiro assado e um ovo que representa a destruição do templo de Jerusalém. Durante o seder, são tomadas quatro taças de vinho.
Após a refeição, as crianças vão em busca da sobremesa afikomam, escondida pelo pai no início da cerimônia. O doce é distribuído entre os presentes que, depois de degustá-lo, não poderão tomar nada de sólido até o final da noite. Faz-se a benção de ação de graças e é tomada mais uma taça de vinho (a quinta), dedicada ao profeta Elias.
O encerramento formal do seder inclui uma série de canções e melodias que podem continuar pela noite adentro, sendo que a última, intitulada "No ano que vem em Jerusalém" é um voto de esperança que manifesta o que está no coração de todo judeu: que se restabeleça o reino de Deus e que Jerusalém seja o símbolo, embora incompleto, do viver dos tempos messiânicos.



ANEXO 3

CEIA PASCAL
Texto de Jorge Boran,
Caderno 3 do livro Juventude, o grande desafio.
Paulinas, São Paulo 1988.

1. ACENDENDO AS LUZES DA FESTA

 

Comentário:     
Segundo um velho costume hebraico, é dever da mãe acender as luzes festivas em qualquer culto familiar e, assim, dar vida e alegria ao ambiente em que se realizavam as solenidades.
            A Igreja católica, conservando essa bela tradição, inicia a cerimônia da vigília pascal com a benção da luz, símbolo da vinda do Cristo, o Messias, "a luz do mundo". Também o uso das velas nos altares tem sua origem nesse antigo costume israelita.

(Todos de pé. A mãe acende as velas e diz:)

Mãe: Abençoado sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificastes pelos mandamentos e nos ordenastes benignamente esta festa das luzes.
Abençoado sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que nos conservastes a vida até o dia de hoje. Que a nossa casa seja abençoada, ó Deus, e que a luz da vossa bondade brilhe sobre todos nós, trazendo-nos a paz.

Todos: Amém.


2. "KIDDUSH" – A BENÇÃO DA FESTA

(Todos sentados. Na mesa, em frente de cada conviva, um pequeno recipiente com água salgada e um prato com "matzos" (pão sem fermento) e ervas amargas, ("haroses"). Diante do dirigente, uma grande taça ou vasilha de vinho, com uma concha)

Comentário:

            Sempre antes de comer, a família hebraica dá graças e louvor a Deus, agradecendo todos os seus. Hoje, do mesmo modo, o pão e o vinho, que serão consagrados, são abençoados pelo celebrante durante o ofertório da missa.

Pai: Abençoado sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que nos acolhestes entre os povos, nos exaltastes acima de todas as línguas e nos santificastes com os vossos mandamentos. Com amor Vós nos destes, ó Senhor nosso Deus, dias santificados para que celebrássemos esta festa do pão ázimo: reunimo-nos comemorando a nossa libertação, lembrando o êxodo do Egito.
Abençoado sejais porque nos escolhestes acima dos outros povos e nos destes por herança este tempo sagrado. Abençoado sejais, ó Deus, que santificastes Israel e suas festas.

(O primeiro cálice de vinho: o "cálice de ação de graças" é servido da mesma grande taça que deve estar diante do dirigente e é distribuído a todos os presentes)

Comentário:     
O vinho era servido quatro vezes durante a refeição pascal. O ato de tirar o vinho para todos de um só recipiente simboliza união. Na última ceia, Cristo serviu assim o primeiro o primeiro cálice de vinho ainda não consagrado, dizendo: "tomai isto e reparti entre vós; pois eu vos digo que não beberei doravante do fruto da videira, até que venha o reino de Deus" (Lc 22,17-18). A consagração viria mais tarde, depois da refeição, ao ser oferecido o terceiro cálice de vinho, o "cálice da benção".

Todos: Abençoado sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que criastes o fruto da videira.

(Todos bebem do primeiro cálice de vinho. O que serve a mesa apresenta ao dirigente uma bacia e uma toalha, para que lave as mãos)

Comentário:
            O pai lava as mãos. Esse gesto simboliza a pureza interior de que se precisa para participar de um mistério tão importante. Do mesmo modo, durante o ofertório da missa, o sacerdote repete esse ato significativo. Muito provavelmente, foi nesse ponto do ritual que Jesus se levantou e lavou os pés dos apóstolos, para mostrar a importância do espírito de serviço naqueles que têm autoridade no novo reino.

(Ao lavar as mãos, o dirigente diz:)

Pai: Abençoado sejais, nosso Deus e Senhor, Rei do Universo, que nos santificastes com vossos mandamentos e nos ensinastes o ritual de lavar as mãos.

(Todos tomam de seus pratos as ervas amargas, molham na água salgada, símbolo das lágrimas e sofrimentos, e dizem juntos:)

Todos: Abençoado sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que criastes o fruto da terra.

(Todos comem a erva amarga. O que serve a mesa traz então um prato com três grandes matzos (pedaços de pão sem fermento), cada um envolvido com um guardanapo. O dirigente tira o pedaço de cima e o levanta no prato)

Comentário:
            "O pão sem fermento": durante os oito dias da Páscoa só se podia comer pão sem fermento em lembrança da primeira Páscoa. Na pressa da fuga não houve tempo para fazer pão com fermento. Então, o pão usado por Cristo foi sem fermento. No rito latino da missa, continua-se a observar o mesmo costume.

Pai: Contemplai este pão do tormento que nossos pais comeram na terra do Egito. Todos vós que desejardes, vinde e comei. Todos vós que desejardes, vinde e celebrai a Páscoa conosco. Permita Deus nos redimir de todo o mal e de toda a escravidão.


3. "HAGADAH" – A HISTÓRIA DA SAÍDA DO EGITO

(Um segundo cálice de vinho é preparado e servido. Chama-se o "cálice de Hagadah" o vinho não deve ser tomado ainda)

Comentário:
"Hagadah": agora conta-se a história da primeira Páscoa, como Deus mandou fazer no livro do Êxodo. Esta parte da celebração visa à instrução dos presentes, como na "missa dos catecúmenos".
            Gustavo Gutierrez explica:

                        "Quando Israel expressa a sua fé em Deus, refere-se a um fato histórico. É isso que expressam os chamados credos históricos. Se a fé bíblica é histórica, então a memória é importante. Trata-se de evocar os fatos históricos passados para trazer à memória a ação libertadora de Javé no presente...
                        Mas, além de memória, a fé bíblica é também liberdade, abertura para o futuro. A evocação da gesta libertadora de Javé não representa nostalgia de tempos idos. Todo grande amor recorda o momento inicial: como fonte de alegria, nos momentos bons, como reafirmação de uma esperança, nos momentos difíceis. Em ambos os casos o olhar volta-se para adiante. E o futuro aparece como tarefa...
                        A fé de Israel move-se nessa dialética de memória e liberdade. É isso que se celebra no culto é o contexto dos 'credos históricos'. Essa vocação torna o passado presente, em função do futuro. Israel não celebra para aplacar a ira divina, mas para dar graças pela libertação e a aliança, e para reconhecer novas intervenções de Deus em sua história. Sua fidelidade, fazer justiça ao pobre, é a condição de um culto autêntico, segundo os profetas.”

(A pessoa mais jovem faz quatro perguntas tradicionais. Na última ceia, quem as formulou foi o apóstolo João)

O mais jovem: Por que esta noite é diferente das outras?
Nas outras noites tanto comemos o pão ázimo como o pão comum. Por que nesta noite comemos somente pão ázimo?
Em todas as outras noites comemos qualquer espécie de erva. Por que nesta noite comemos ervas amargas?

Em todas as noites do ano, comemos as ervas sem condimento algum. Por que nesta noite as comemos com condimento?

Por que nesta noite as colocamos em água salgada e haroset? Todas as noites comemos sem comemorações especiais.

Por que nesta noite celebramos a Páscoa?

Pai: Eis porque:

Os sírios haviam perseguido de tal modo os nossos pais que eles resolveram abandonar a terra de Israel e fixar-se no Egito. Neste país, em pouco tempo, eles se constituíram como nação grande e forte que se desenvolveu extraordinariamente. Mas também no Egito nosso povo voltou a ser oprimido, perseguido e obrigado aos mais penosos trabalhos. Clamamos, então, ao Senhor Deus de nossos pais e Ele nos ouviu e nos socorreu em nossas aflições, trabalhos e desgraças. E Ele nos conduziu, a nós, cheios de terror, para fora do Egito, por meio de muitos sinais e prodígios.
Cumpre, pois, meditarmos longamente sobre esta passagem de nossa história.

(O Leitor fará, agora, a leitura da narrativa da saída do povo judeu do Egito)

Leitor: Quando os israelitas estavam ainda na terra do Egito, o Senhor disse a Moisés e a Aarão:

"Este mês será para vós o princípio dos meses; será o primeiro mês do ano. Falai a toda a comunidade de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, cada um tomará para si um cordeiro por família, um cordeiro para cada casa.
Mas se a família for pequena para um cordeiro, então, se juntará com o vizinho mais próximo da sua casa, conforme o número de pessoas. O cordeiro será escolhido na proporção do que cada um puder comer. O cordeiro será macho, sem defeito e de um ano. Vós o escolhereis entre os cordeiros ou entre os cabritos, e o guardareis até o décimo quarto dia deste mês; e toda a assembléia da comunidade de Israel o imolará ao crepúsculo. Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre os dois marcos e a travessa da porta, nas casas em que o comerem. Naquela noite, comerão a carne assada no fogo: com pães ázimos e ervas amargas a comerão. Não comereis dele nada cru, nem cozido n' água, mas assado ao fogo: a cabeça, as pernas e a fressura. Nada ficará dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela manhã, queimá-lo-eis no fogo. É assim que deveis comê-lo: com os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão: comê-lo-ei às pressas: é uma páscoa para Iahweh. E naquela noite eu passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até os animais; e eu, Iahweh, farei justiça sobre todos os deuses do Egito. O sangue, porém, será para vós um sinal nas casas em que estiverdes: quando eu vir o sangue, passarei adiante e não haverá entre vós o flagelo destruidor, quando eu ferir a terra do Egito. Este dia será para vós um memorial e o celebrareis como uma festa para Iahweh; nas vossas gerações a festejareis; é um decreto perpétuo. Durante sete dias comereis pães ázimos. Desde o primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas, pois todo o que comer algo fermentado, desde o primeiro dia até o sétimo dia, essa pessoa será eliminada de Israel" (Ex 12,2-15).
Então, à meia-noite, o raio do Senhor caiu sobre todos os primeiros filhos do povo do Egito e também dos animais. Mesmo o primeiro filho do rei do Egito foi morto pela mão do Senhor. Assim, o rei do Egito e todo o povo egípcio levantou-se na calada da noite. Em cada casa havia um lamento, uma dor, o cadáver de um ente querido. Em cada casa egípcia havia um morto. E era ainda noite quando o faraó, rei dos egípcios, mandou chamar Moisés e Aarão e lhes disse: "Levantai-vos e saí do meio de meu povo, vós e os filhos de Israel; ide, servi a Iahweh, como tendes dito. Levai também vossos rebanhos e vosso gado, como pedistes, parti e abençoai a mim também" (Ex 12,31-32).
Todo povo egípcio ajudou o povo de Israel a se arrumar e a sair quanto antes do Egito. "Do contrário, o Deus do povo de Israel acabará destruindo a nós todos", diziam os egípcios.
E assim os israelitas levaram a massa antes que houvesse tempo de colocar fermento para fazer o pão. Amarraram a massa do pão em tecidos e levaram-na nas costas... E partiram... cerca de 600.000 homens, não contando crianças... Tinham rebanhos e manadas de animais de toda a espécie, em grande quantidade... Não tinham meios de fazer provisões para a viagem, pois os egípcios estavam forçando todo o povo a sair do país ainda naquela noite mesmo.
Durante 430 anos os israelitas estiveram no Egito. Ao fim desse tempo, num único dia, todo o povo de Deus, o povo de Israel, saiu do Egito, deixando para sempre aquele país.

(Agora inicia-se o ponto alto da ceia. Os que servem entram solenemente, trazendo o cordeiro pascal, e o colocaram diante do dirigente, na mesa principal)

Comentário:
O pai toma cada prato e explica o significado dele, deixando bem claro que a libertação do Egito acontece de novo sob os símbolos da ceia pascal.
            Para esclarecer a relação existente entre a saída do Egito e a ceia pascal, o pai levanta os alimentos cerimoniais, um de cada vez, e explica o que significa cada um deles. Era este o ponto alto da refeição dos antigos judeus e continua e continua ainda a ser também para nós, os novos israelitas. Porque o cordeiro era sujeito às exigências do ritual, cheias de significado profético. Devia ser macho, sem defeito; ser assado em espeto, em forma de cruz, com um ramo penetrando em toda a extensão; o outro ramo devia separar os pés dianteiros e nenhum osso deveria ser quebrado.

(Enquanto o pai levanta o cordeiro pascal, todos perguntam:)

Todos: O que significa PESSACH?

Pai: Pessach significa o cordeiro pascal que nossos antepassados sacrificaram ao Senhor em memória daquela noite, quando o Todo-poderoso passou pelas casas de nossos pais no Egito, como está escrito: "Quando vossos filhos vos perguntarem: 'Que rito é este?', respondereis: 'É o sacrifício da páscoa para o Senhor que passou adiante das casas dos filhos de Israel, no Egito, quando feriu os egípcios, mas livrou as nossas casas' " (Ex 12,26).

(O pai descobre a parte superior do pão ázimo e o levanta)

Todos: Qual o significado do PÃO ÁZIMO?

Pai: Este é o pão do tormento que nossos pais levaram consigo para fora do Egito, como está escrito: "Comeram pães ázimos com a farinha que haviam levado do Egito, pois a massa não estava levedada: expulsos do Egito, não puderam deter-se e nem preparar provisões para o caminho" (Ex 13,39).

(O pai ergue as ervas amargas. Todos perguntam)

Todos: Qual o significado de MOROR?

Pai: Moror significa erva amarga. Comemos moror para relembrar que os egípcios amarguram a vida de nossos pais, como está escrito: "Os egípcios obrigavam os filhos de Israel ao trabalho, e tornavam-lhes amarga a vida com duros trabalhos: a preparação da argila, a fabricação de tijolos, vários trabalhos nos campos; e toda espécie de trabalho aos quais os obrigavam" (Ex 1,13-14).


4. AÇÃO DE GRAÇAS PELA SAÍDA DO EGITO

Comentário:
            Esta oração de ação de graças que o pai vai fazer lembra-nos o prefácio da missa. O salmo de "Hallel", de louvor, lembra-nos o "Santo". Hallel, ou aleluia, quer dizer "louvado seja Deus". Estes salmos eram muitas vezes rezados por Cristo. Podemos notar que o que estamos comemorando não é um ato do passado, mais um ato que ainda está acontecendo e que envolve cada um de nós: o ato de nossa libertação. Celebramos nossa libertação do egoísmo pessoal, do individualismo, da sede de poder, da corrupção, da inveja, da vingança, da falsidade, da mentira, de uma vida vazia, onde o "ter" é mais importante do que o "ser". É o que chamamos de pecado pessoal.
            Celebramos também nossa libertação de estruturas injustas, que mantêm milhões de irmãos nossos num novo tipo de escravidão: são os 25 milhões de menores abandonados ou em estado irregular no Brasil, os milhões de favelados, de "bóias-frias", de doentes, de analfabetos, de pessoas que vivem do salário-mínimo, sem as mínimas condições de moradia e de saneamento básico dignas de um ser humano criado à imagem de Deus. É o que chamamos de pecado social.
            Temos esperança, porque o Deus de ontem é o Deus de hoje, que continua no nosso meio como Deus libertador.

(Como prefácio ao salmo de Hallel, o pai levanta o cálice de vinho e diz:)

Pai: Em toda geração, cada um deve considerar-se como se tivesse vindo pessoalmente do Egito, como está escrito:

"Naquele dia, assim falarás a teu filho: 'Eis o que o Senhor fez por mim, quando saí do Egito'" (Ex 13,8). Portanto, é nosso dever agradecer, honrar, glorificar, celebrar, enaltecer, consagrar, exaltar e adorar quem realizou todos esses milagres para nossos pais e para nós mesmos. Ele nos conduziu da escravidão à liberdade, do sofrimento à alegria, da desolação aos dias festivos, da escuridão a uma grande claridade e do cativeiro à redenção. Recitemos, diante dele, todos juntos, uma nova canção.

Todos: Aleluia, louvemos ao Senhor.

Pai: Quando Israel saiu do Egito, da casa de um novo bárbaro.

Todos: Judá tornou-se o santuário de Senhor e Israel seu reino

Pai: O mar viu e fugiu, voltou atrás o Jordão.

Todos: Os montes pularam como cordeiros; as colinas, como ovelhas.

Pai: Que tens, ó mar, para fugir? Por que voltas atrás, ó Jordão?

Todos: Por que saltais, ó montes, como cordeiros? E vós, colinas, como ovelhas?

Pai: Treme, ó terra, ante a face do Senhor, ante a face do Deus de Jacó.

Todos: Que muda a rocha em água e a pedra em fonte. Aleluia, louvemos ao Senhor.


5. BÊNÇÃO SOLENE DO ALIMENTO

(Todos sentados)

Comentário:
            Neste momento benzem-se o vinho, o pão ázimo e as ervas amargas, símbolos da escravidão do Egito, da qual Deus libertou os judeus.

Pai: Glorificado sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que nos redimistes, nos concedestes viver esta noite para participar do pão ázimo e das ervas amargas. Possa assim o Senhor, nosso Deus e Deus de nossos pais, permitir-nos viver até outras datas festivas santificadas. Possa vossa vontade ser cumprida por Jacó, vosso servo escolhido, de modo que vosso nome seja santificado por todos na terra e todos os povos sejam levados a louvar-vos em uníssono. E vos cantaremos novos hinos de louvor pela nossa redenção, pela libertação de nossas almas. Glorificado sejais, ó Senhor, que redimistes Israel.

Todos: Glorificado sejais, Senhor nosso Deus, rei do Universo, que criastes o fruto da vinha.

(Todos tomam o segundo cálice de vinho. O dirigente toma o primeiro matzo, pronunciando a benção com a seguinte oração:)

Pai: Glorificado sejais, Senhor nosso Deus, rei do Universo, que da terra tirais o pão.

Comentário:
            O gesto de repartir o pão, começando com um só pedaço, também simboliza a união. "Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão" (1cor 10,17). Foi um gesto normal do pai de família oferecer ao hóspede um pedaço de pão molhado com haroses. Este foi o gesto de Cristo, quando ofereceu um pedaço de pão a Judas num último apelo de amizade. Mas o Evangelho fala: "Tomando, então, o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente" (Jo 13,30).
            Celebramos a sociedade de igualdade, a sociedade nova, com homens novos, que há de vir, porque Jesus prometeu. O gesto de repartir o pão simboliza nosso compromisso e participação na construção desse "Reino".

(O pai parte o primeiro dos dois ázimos e distribui para os presentes, segurando em suas mãos um pedaço. Todos dizem:)

Todos: Glorificado sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que com vossos mandamentos nos santificastes e nos ordenastes comer do pão ázimo.

(Todos comem o pedaço de pão)

Pai: Vamos juntar o pão ázimo às ervas amargas e comê-los juntos, tal como está escrito: "Comereis ervas amargas com pão ázimo".

(Cada pessoa coloca uma porção de ervas amargas e haroset entre dois pedaços de pão, que foram colocados anteriormente nos pratos. Todos dizem:)

Todos: Glorificado sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que por vossa vontade nos santificastes e nos ordenastes comer ervas amargas.


6. REALIZA-SE A CEIA PASCAL

(Neste ponto interrompe-se o ritual. E serve-se o Cordeiro Pascal. Em seguida pode ser servido o jantar)

Comentário:
            O jantar é servido. É um momento de confraternização, expressão de unidade e amor. O dirigente, como um pai de família, pode explicar aqui o significado de uma refeição em família, onde todos batem papo e trocam impressões.
            Como continuação do ritual, no fim da refeição, pode ser introduzida a leitura do Evangelho sobre instituição da Eucaristia (Lucas 22).
            A ceia pascal é o memorial do evento mais importante de todo o Antigo testamento, assim como é o mais importante de toda a história do mundo. Na Eucaristia celebramos não só a passagem da morte física de Jesus para a vida, mas também a passagem de todas as situações de morte em nossa sociedade para uma situação de vida. O germe de uma nova sociedade começou a brotar com a sua vinda. "O reino de Deus está no meio de vós" (Lc 17,21). A instituição da Eucaristia dentro da ceia pascal foi para dar continuidade ao mesmo tema de "liberdade".


7. TERCEIRO CÁLICE DE VINHO: O CÁLICE DA BÊNÇÃO

(Terminada a ceia, o pai toma o prato com o segundo matzo e o distribui em pedaços pequenos a todas as pessoas presentes)

Comentário:
            É agora que o segundo pão ázimo vai ser repartido e distribuído para terminar a refeição da Páscoa, conforme o costume do povo judeu. Foi, provavelmente, neste momento da ceia que Cristo tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e distribuiu-o aos discípulos dizendo: "Isto é meu corpo que é dão por vós" (Lc 22,19).

(Todos seguram o pedaço de pão em suas mãos, enquanto o pai diz:)

Pai: Glorifiquemos ao Senhor!

Todos: Que o nome do Senhor seja glorificado para sempre.

Pai: Glorificado seja o Senhor, nosso Deus, Rei do Universo, que alimenta o mundo inteiro com bondade e graça, amor e misericórdia. Ele dá pão a todos os homens do mundo, pois eterno é seu amor e santo é seu nome. Ele é aquele que tudo sustenta, que faz bem a todos e provê alimento para todas as suas criaturas.

Todos: glorificado sejais, ó Senhor, que alimentais as vossas criaturas.

(Todos comem o pedaço de matzo. Em seguida é servido, numa única taça, o terceiro cálice de vinho)

Comentário:
            São Paulo refere-se ao cálice da bênção quando pergunta: "O cálice de bênção que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo?" (1Cor 10,16). São Lucas nos conta que, depois de cear, Cristo tomou o cálice, deu graças e o ofereceu, dizendo: "Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado em favor de vós" (Lc 22,20).
            (A parte do Salmo 115 que segue é recitada pelo sacerdote, antes de tomar o sangue de Cristo, durante a missa. O cálice da salvação é sangue de Cristo; Deus quebrou nossos laços pelo seu sacrifício. Ele é o Todo-Poderoso, e sua morte é preciosa aos olhos de Deus. Com Ele oferecemos o perfeito sacrifício de louvor e compromisso libertador na missa. Todos de pé.)

Pai: Que poderei retribuir ao Senhor por tudo o que Ele me tem dado?

Todos: Erguerei o cálice da salvação, invocando o nome do Senhor.

Pai: Cumprirei os meus votos para com o Senhor na presença de todo seu povo.

Todos: Preciosa é, aos olhos do Senhor, a morte de seus santos.

Pai: Sou, Senhor, vosso servo, filho de vossa serva.

Todos: Quebrastes os meus grilhões. Oferecer-vos-ei um sacrifício de louvor, invocando o nome de nosso Deus.

Pai: Cumprirei os meus votos para com o Senhor na presença de todo seu povo; nos átrios da casa do Senhor, no teu recinto, ó Jerusalém.

Todos: Glorificado sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que criastes o fruto da vinha.

(Todos tomam do cálice abençoado)


8. A BÊNÇÃO FINAL – QUARTO CÁLICE

(Enchem-se de novo os cálices. É o quarto copo, o "copo de Melquisedec". Todos levantam os cálices, dizendo:)

Todos: Glorificado sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que criastes o fruto da vinha.

(Todos tomam o quarto cálice de vinho. O dirigente termina com a bênção antiga, tirada do livro dos Números 6,24-26)

Pai: O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor te mostre a sua face, te conceda a graça. O Senhor volte o seu rosto para ti.

Todos: Assim seja, assim seja, assim seja.

Pai: Irmãos, purificai-vos do velho fermento, para que sejais uma nova massa, agora que já sois ázimos, pois o Cristo, o nosso Cordeiro Pascal, foi imolado.

Todos: Aleluia! Aleluia! Aleluia!

Leitor 1: Páscoa! Passagem! Ressurreição!

Todos: Aleluia! Aleluia! Aleluia!

Pai: "Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá fome e o que crê em mim nunca mais terá sede" (Jo 6,35).

Leitor 2: "Este é o meu preceito: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se praticais o que vos ordeno" (Jo 15,12-14).

Pai: "Não mais vos chamo servos, porque o servo não sabe o que seu amo faz; mas eu vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi do Pai eu vos dei a conhecer.  Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto e para que o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo o que pedirdes  ao Pai em meu nome ele vos dê. Isto vos ordeno: amai-vos uns aos outros" (Jo 15,15-17).

Todos: Aleluia! Aleluia! Aleluia!

Canto


Abraço da Paz

 

* Observação: O Evangelho de São João 17,1-26 pode ser refletido em casa.


MATERIAL PARA A RELIZAÇÃO DA CEIA PASCAL


a) Material utilizado na arrumação da mesa

-          pratos
-          copos
-          tigelinha com água e sal ( para cada pessoa)
-          uma jarra para colocar o vinho
-          castiçais para as velas
-          velas
-          uma cruz feita com galho de roseira
-          uma bacia para lavar as mãos   (colocadas ao
-          uma toalha                                  lado da mesa)

b) Material para a ceia pascal

-          carne (cozida e desfiada, sem tempero)
-          vinho
-          ervas amargas (almeirão, chicória, etc.)
-          pão ázimo
-          sal e água
-          haroset (mel, maçã picada, doce)

Nenhum comentário:

Postar um comentário