sexta-feira, 25 de março de 2011

ARQUIDIOCESE DE MANAUS - PAPEL DO ASSESSOR DA PASTORAL DA JUVENTUDE



ARQUIDIOCESE DE MANAUS
 PAPEL DO ASSESSOR DA PASTORAL DA JUVENTUDE

1.   INTRODUÇÃO
     A identidade do assessor da pastoral da juventude, com toda a riqueza de dimensões que integra, determina também o papel do assessor, isto é, o conjunto de atitudes, funções, posicionamentos e estilos de vida  e  ação  que põe em  prática para  o cumprimento de sua missão,  em íntima e coerente relação  com seu próprio  ser e com sua própria realidade.

      Sua identidade teológico-pastoral  leva-o a assumir o seu papel  na chave ministerial; sua identidade espiritual o faz viver seu papel a partir do amor de Deus a ele e aos jovens, e com amor a Deus e aos jovens; sua identidade psicológica o leva a assumir, com maturidade, um papel de escuta, abertura, acompanhamento e encarnação; sua identidade pedagógica determina o seu papel de educar como pedagogia de proposta e acompanhamento e não de imposição; e sua identidade social traduz-se num papel de ator na transformação da sociedade.
      O assessor deve realizar este papel pluridimensional em diversos âmbitos: em si mesmo, no acompanhamento pessoal aos jovens, no acompanhamento aos grupos, na sua relação com os outros assessores e na relação com a comunidade eclesial e social.
      Conjugando as dimensões e os âmbitos obtemos um quadro que nos aproxima da descrição do complexo papel do assessor da pastoral da juventude.
2.  Dimensão do papel do assessor da Pastoral da Juventude
2.1 Dimensão Pessoal
a)  As exigências do acompanhamento aos jovens fazem o assessor tomar consciência da necessidade de uma capacitação teológica, científica e técnica,  e da importância de contar com ferramentas pedagógicas que lhe permitam ter uma visão mais clara e sempre atualizada da realidade e da cultura juvenil;
b)  O assessor da Pastoral da Juventude deve preocupar-se com sua formação integral,  gradual e permanente, participando em instâncias especializadas para “ formar formadores ”. Desta forma, vai assimilando, também, critérios para uma educação que parta do contato com a realidade ( ação - reflexão ) como parte do seu projeto pessoal;
c)  É importante a contínua avaliação, tanto de sua vida como de sua ação como assessor ( Os processos de educação na fé dos jovens )
d)  Na linha da nova evangelização, o assessor deve ser capaz de acolher e implementar novas formas de evangelização, acompanhando o ritmo das realidades juvenis e projetando um Cristo vivo pela novidade “ em seu ardor, em seus métodos e em sua expressão”;
e)  Todo processo educativo exige a sistematização de seus elementos. Como educador o assessor deve utilizar os instrumentos adequados para contar com todos aqueles elementos que lhe permitem realizar, tanto em nível pessoal como em nível grupal, o  processo de acompanhamento dos jovens. Isto o ajudará a conhecer melhor a sua realidade e a planejar melhor o seu trabalho;
f)   Como pessoa madura, o assessor é capaz de distribuir suas tarefas e seu próprio tempo para a melhor execução de seu ministério. Desta maneira não verá afetada sua vida pessoal e poderá responder  às exigências do mesmo trabalho.
2.2 Acompanhamento pessoal ao jovem
a)  O acompanhamento pessoal aos jovens é um elemento essencial da tarefa do assessor. Através dele o jovem vai concretizando suas opções que irão configurando seu ser e seu agir. O acompanhamento pessoal deve ser integral, respondendo a todas as dimensões da formação:  sua relação consigo mesmo, sua relação com o grupo, sua relação com a sociedade e sua relação com o Deus libertador e sua relação com a Igreja ( processos de educação na fé dos jovens );
b)  Neste campo corresponde ao assessor:
n Incentivar o jovem para que tenha uma participação mais ativa,  consciente e responsável em todos os aspectos da vida eclesial e social;
n Dar acompanhamento pessoal, processual, tendo em conta a vida afetiva, profissional e de militância eclesial e social do jovem, a fim de ajudá-lo a clarear, concretizar e realizar seu próprio projeto de vida;
n Ajudar o jovem a integrar sua fé e sua vida.



2.3 Acompanhamento ao grupo
      O assessor deve dar, também, sua contribuição para acompanhar os processos dos grupos. Esta colaboração, unida a participação dos jovens e à presença dinamizadora do espírito do Senhor, faz dos grupos verdadeiros espaços de crescimento e de amadurecimento na fé.
      Neste sentido o assessor deve:
a)  Favorecer uma experiência comunitária de fé, respeitando e valorizando as expressões religiosas dos jovens, levando o grupo a um aprofundamento da palavra de Deus e a ter uma forte e sólida vivência e compreensão da oração e dos sacramentos;
b)  Desenvolver processos de formação integral, crítica e libertadora, partindo da realidade pessoal  e social dos jovens do grupo, seguindo a metodologia do ver-julgar-agir-revisar-celebrar;
c)  Dar acompanhamento aos grupos nas diversas etapas de seu processo de formação: nucleação, iniciação e militância;
d)  Dedicar especial atenção a formação e ao acompanhamento dos coordenadores e animadores de grupos;
e)  Favorecer um clima de confiança e amizade dentro do grupo, educando os jovens no diálogo e na vivência da fraternidade;
f)   Promover as diferentes lideranças, descobrindo e fortalecendo as atitudes pessoais dos jovens, e delegando funções para fomentar o desenvolvimento de suas capacidades;
g)  Educar os jovens para a organização, ajudando-os a clarear as funções que assumem no interior do grupo e avaliando-as permanentemente;
h) Despertar nos jovens  a sensibilidade e o compromisso para com os mais fracos e empobrecidos;
i)   Apoiar o grupo na sua projeção sócio-política, acompanhando-o a partir da ação, e dando-lhe elementos de formação e discernimento para entender sua ação sócio-política como concretização de sua fé cristã;
j)    Fornecer ao grupo uma visão ampla do trabalho com os jovens, relacionando-os com outros grupos eclesiais e sociais e infundindo-lhes uma mentalidade aberta,  pluralista e ecumênica, que lhes permita colaborar com todos os que lutam pela construção do Reino, sem perder sua própria identidade cristã;
k)  Viver a dimensão festiva da vida dos jovens e dos grupos, valorizando especialmente os gestos, os sinais e as expressões simbólicas;
l)   Oferecer aos jovens propostas diversas e atraentes, como teatro, esporte, música, cinemas, etc;
m) Suscitar neles o sentido de identidade e integração latino-americana e de solidariedade entre os povos;
n) Sistematizar as experiências grupais

2.4- Relação com outros Assessores
        A assessoria  da Pastoral da Juventude é um ministério  eminentemente colegial. O  assessor não trabalha  isolado em seu grupo mas se relaciona com outros assessores, especialmente na equipe de assessores.
       A equipe de assessores possibilita a complementação não só em nível de atitudes pessoais e de distribuição de tarefas,  mas  principalmente em nível de contribuição que as distintas experiências de vida  dos assessores ( leigos, religiosos, diáconos, sacerdotes )  oferecem aos jovens como modelos de projetos de vida cristã.
      A Equipe de assessores não é uma instância de planejamento ou coordenação  de atividades para os jovens. É o âmbito natural  onde o assessor encontra o apoio dos outros assessores na oração, na reflexão e avaliação de seu  serviço, no discernimento comunitário dos sinais da vida juvenil e na confrontação de idéias e experiências. Pode-se dizer que a equipe de assessores é o âmbito onde o assessor partilha, corresponsavelmente, todos os aspectos referentes à sua identidade e seu papel.
     É responsabilidade do assessor local, diocesano e nacional promover a formação de equipes de assessores nos níveis correspondentes.



2.5- Relação com a Comunidade
A relação do assessor com a comunidade se dá em duas dimensões: a eclesial e a social.
a) A dimensão eclesial busca concretizar uma maior presença dos jovens na vida da Igreja. Isto exige do assessor:
Þ    Abrir aos jovens maiores e melhores “espaços de participação na mesma Igreja” procurando estar atento a que sua ação seja cada vez mais intencionada e prospectiva;
Þ    Atender também aos jovens que participam na igreja de forma esporádica e que não se inserem no processo orgânico da pastoral da juventude.
Þ    Animar a celebração de uma liturgia “viva, participativa e com projeção na vida” capaz de despertar o ânimo e a vivência eclesial dos jovens, assumindo a pedagogia dos sinais e promovendo as novas formas celebrativas da fé, próprias da cultura juvenil.
Þ    Promover a participação dos jovens na vida da Igreja, sendo elemento de ligação entre as gerações adulta e jovem que convivem nela. Seu trabalho é fomentar a comunhão eclesial, promovendo o “diálogo mútuo entre jovens, pastores e comunidades” e animando uma vivência sacramental que “comprometa os jovens na pastoral da Igreja”. A vinculação das ações da Igreja local com a Igreja  latino-americana e universal manifestam a profunda pertença eclesial da assessoria.
b) A dimensão social busca concretizar uma maior presença dos jovens na transformação da realidade social. Isto exige do assessor:
n Fomentar a análise e o estudo sistemático dos fatos sociais para desenvolver o potencial transformador dos jovens. O assessor cumpre seu papel colaborando na busca de respostas às necessidades de outros jovens e da sociedade em geral;
n Promover a consciência social dos jovens. A inserção na realidade gera uma capacitação para “ conhecer e responder criticamente aos impactos culturais e sociais que os jovens recebem”.
Esta dimensão da ação do assessor encontra seu fundamento no relato evangélico dos operários da vinha: “ Por que estão aqui todo dia parados? Vão vocês também à minha vinha” ( Mt 20, 6-7 ). O assessor convida à ação concreta, mediante a conscientização e a formação de uma mentalidade capaz de assumir os jovens como “ sujeitos ativos da missão de salvação” e de promover, neles, a busca de “ soluções plenamente humanas ” num “ mundo que apresenta situações econômicas, sociais, políticas e culturais mais graves do que aquelas que o Vaticano II descrevia”.
            Assegurar um “ compromisso com as necessárias transformações da sociedade”, o que implica uma tarefa contra certas “ mentalidades clericais que privam os jovens de dar respostas eficazes aos desafios atuais da sociedade ”.
            Neste sentido o assessor deve buscar que os jovens sintam “ todo o apoio dos seus pastores ” e deve saber criar e dar espaços de formação “ visando uma atitude política dirigida ao saneamento, ao aperfeiçoamento da democracia e ao serviço efetivo da comunidade ”.
            Esta dimensão social permite ao assessor educar os jovens nos valores democráticos. A projeção comunitária os leva a um exercício dos deveres e dos direitos, especialmente do “ direito e do dever de participar na política” assim as comunidades juvenis educam para a justiça entendida como virtude e força moral.
            Finalmente, é papel do assessor servir de “ vínculo” entre a cultura e a sociedade adulta e a nova cultura e expressão social da juventude, “ seja para interpretá-los, seja para deixar-se interpretá-la por eles”



3.  Níveis de Assessoria
3.1 Há diferentes níveis de assessorias. A identidade e o papel se enriquecem com funções e responsabilidades que dão novos conteúdos e exigem posturas mais determinadas frente às realidades que se vão apresentando. O primeiro nível é a assessoria ao grupo na base. O mais correto é que um assessor comece aí seu serviço, para evitar que se dêem realidades de assessoria sem que existam comunidades concretas;
3.2 Quando há mais grupos, começam as articulações, que são uma grande fonte de educação para os jovens. É o momento em que o ministério real do assessor se atualiza, convertendo-se, também, num articulador. O assessor poderá estimular, assim, o protagonismo dos jovens na Igreja e na sociedade fazendo-os participar no processo de transformação. Esta articulação se dá em nível paroquial, diocesano, nacional e latino-americano, tanto nos grupos paroquiais quanto nos grupos de meios específicos;
3.3 O papel do assessor que participa nestas articulações se define, em grande parte, pelo próprio nível que assessora. O assessor não perde sua identidade, mas esta se enriquece pelas funções que o protagonismo juvenil lhe vai pedindo;
3.4 A inserção nos meios específicos

Desafios:
Þ    Construir rede de assessores;
Þ    Multiplicar encontros com assessores.

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