quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Hoje eu resolvi acordar...

Outro dia resolvi dormir...

Descansar, relaxar...
Hoje, porém, resolvi acordar...

Não para dizer que tudo passa, que tudo muda...
Mas para dizer que mesmo que o corpo mude, que a consciência mude, nós, nossa real essência nunca muda.

Invente o que quiser na sua vida, mude de religião, mude de estilo, pinte o cabelo, faça uma tatoo...

Nada te afastará do que você realmente é por dentro...
Você tem algo dentro de si, desde criança, que aos poucos vai aprendendo a compreender, aos poucos vai compreendendo a libertar.

A cada dia, cada momento, vai aprendendo a existir. Existir como pessoa, como VOCÊ!!!

E o restante, é tudo crença para apaziguar os corações que não compreendem isso.

Claro, as religiões, crenças, fazem sempre amenizar o lado do corpo "humano", que faz com que sejamos tentados pelos nossos corpos, nossos desejos, nossos Egos...

Mas no final, cada uma é apenas um fragmento de uma Única Verdade, a qual é como espelho, que foi quebrado e cada um que encontra um pedaço dela, acha que ali se encontra TODA a Verdade.

E assim, vamos afligindo os nossos semelhantes, sem nos dar conta de que fazemos mal a nós mesmos quando não nos damos a liberdade de se doar sem medos...

É estranho, mas acontece... as pessoas tendem a fugir para dentro de si mesmas...
Tendem a culpar os outros pelos erros que elas mesmas cometem.
Tendem a fugir da felicidade como se causasse dor...
E ainda por cima, tendem a negar o que sentem, negar a própria liberdade, não de ter o direito de fazer o que quiser, mas de se permitir sentir o que quiser.

É incrível, porém existe. Pessoas que fazem mal às outras simplesmente por não compreender que todos somos diferentes uns dos outros, apesar das semelhanças que possamos ter... Cada um sente da forma que consegue, enxerga da forma que consegue, vive da forma que consegue...

É extremamente difícil se colocar no lugar do outro, e tentar compreender profundamente o que o outro sente. Mesmo que esse te explique, ainda se torna muito dificil, porque somos tentados a NAO sair da nossa carapaça psicológica, com medo de sermos arrebatados por algum sentimento ou emoção que nos faça depender ou simplesmente esperar pela reação de outrem.

O que é difícil para um, pode ser fácil para outro...

Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente
(William Shakespeare)

Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...
(William Shakespeare)

Assim, cada dia me torno mais EU.
É uma tarefa um pouco difícil, pois sempre existe o medo.
Sempre existem as intempéries das pessoas a quem nos abrimos, que são as poucas que podem realmente nos ferir.

O importante é sempre continuar...

Em alguns momentos, tem que se deixar levar pelo Ego, deixar ele levar o barco, para depois retomar quando o seu Eu verdadeiro tiver recomposto em suas forças e convicções.

É um processo por vezes doloroso, porém, muito proveitoso.
Sugiro sempre viver intensamente cada momento, seja de dor, seja de alegria...
Uma vida "morna" não faz parte das minhas aspirações...
Tento ser extremista, viver ao máximo, ao extremo, seja na dor ou na alegria.
Não me arrependo de nenhum momento, mesmo os que me deixam recluso, pois é deles que me faço mais forte, quando consigo carregar o mundo nas mãos, vencer os medos e me tornar aquilo que eu escolho ser.

Nada mais a dizer, só digo Adeus a quem se vai, e Boas vindas a quem se achega.

Aloha!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Quem Vai Dizer Tchau

Quando aconteceu?
Não sei
Quando foi que eu deixei de te amar?
Quando a luz do poste não acendeu?
Quando a sorte não mais pôde ganhar?
Não
De longe me disse um não
Mas quem vai dizer tchau?
Onde aconteceu?
Não sei
Onde foi que eu deixei de te amar?
Dentro do quarto só estava eu
Dormindo antes de você chegar
Mas, não
Não foi ontem que eu disse não
E quem vai dizer tchau?
A gente não percebe o amor
que se perde aos poucos sem virar carinho
guardar lá dentro o amor não impede
que ele empedre mesmo crendo-se infinito
Tornar o amor real é expulsá-lo de você
para que ele possa ser de alguém
Somos, se pudermos ser ainda
Fomos donos do que hoje não há mais
Ouve o que houve
E o que escondem em vão
Os pensamentos que preferem calar
Se não
Irá nos ferir o não,
Mas que não quer dizer tchau.

Nando Reis



Esse trecho copiei de um blog na internet: http://www.eusoqueriaumcafe.com


Passamos a vida toda ouvindo que namorados vêm e vão, mas os amigos ficam. Parece até que os amigos são o prêmio de consolação que a vida nos dá, por sofrermos tanto. Mas um triste belo dia descobrimos que não, os amigos também vão. E se não quisermos acompanhá-los ao destino para o qual eles caminham é preciso deixá-los ir. Terminar uma amizade é como romper um namoro: é preciso esquecer os bons momentos, as boas risadas, os abraços, as provas de lealdade, abafar o amor ainda latente, e pensar somente no fato concreto de que não dá mais certo. Aqueles 15 minutos de alegria diária que a amizade provoca não compensam as outras 23 horas e 45 minutos de problemas e brigas nas quais ela resulta. Quando uma amizade está cheia de interrogações é preciso colocar um ponto final e arrancar o restante da página, para ninguém mais escrever. Quando um amigo não acredita mais em você é preciso que você acredite em você e o deixe ir. Quando um amigo não confia mais em você é preciso que você confie em você e o deixe ir. E não há nada mais egoísta do que insistir no que não dá certo apenas para não perder. Não seja covarde, busque o novo! Perca e se reencontre. Liberte seu amigo, torça pela felicidade dele e para que ele consiga com outro alguém ter uma amizade saudável como a que vocês não conseguiram ter. Apoie-se nos seus outros amigos, disfarce o choro, e deixe aquele amigo ir, pelo bem de todos. E se um dia te perguntarem sobre aquele amigo, responda "sim, nós fomos felizes juntos, um dia". E enquanto uma parte dos amigos ainda se lembrar vocês estarão juntos de alguma forma, mais distante, mas não menos bonita.

"Tive tempo de refletir sobre a natureza das coisas e de como algumas pessoas podem nos ser tão necessárias um dia e sumirem no dia seguinte... não era para durar?"
(Três formas de amar - 1994)

*Dedicado aos amigos que a vida me fez reencontrar, para nos desencontrarmos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Amor...

É muito triste que uma pessoa nunca tenha encontrado alguém que a
amasse.
Se essa pessoa pudesse conhecer pelo menos uma outra que lhe dedicasse amor
incondicional - a pura combinação de aceitação e compaixão - , ou se pudesse
sentir-se objeto de afeição e amor, isso teria grande inmpacto e extremo valor
para ela.
Dentro de todos nós existe uma boa semente pronta para despertar e
amadurecer em decorrência das demonstrações de amor.
Dalai-Lama            

Paciência

O aprimoramento da páciência requer a presença de alguém que
deliberadamente nos faça mal. Esse tipo de pessoa nos dá a chance de praticarmos
a tolerância.
Nossa força interior é posta à prova com mais intensidade do que aquela de
que nosso guia espiritual seria capaz.
Em essência, o exercício da paciência nos protege da perda da
confiança

sábado, 15 de novembro de 2008

Lao Tsé; Tao Te Ching - verso 81

As palavras verdadeiras não são agradáveis.
As palavras agradáveis não são verdadeiras.
O homem que fala muito não diz coisa de valor.
O homem de bem fala pouco e só palavras boas.
Inteligência não é sabedoria.
Sabedoria não é inteligência.
O Sábio não acumula posses.
O que possui, o dá para os demais.
Quanto mais dá aos outros, mais possui para si.
O Tao do céu beneficia sem prejudicar jamais.
O Tao do Sábio atua sem interferir jamais.

Tao Te Ching - Huberto Rohden (Ed. Martin Claret)

Comentários de Huberto Rohden:

Neste último capítulo resume Lao-Tse, mais uma vez, a profunda filosofia de um homem cosmo-consciente. A sabedoria e felicidade não vêm das circunstâncias de fora, mas sim da substância de dentro. Civilização e progresso técnico não representam verdadeira cultura.
A finalidade do homem aqui na terra não consiste em alo-realizações, mas sim em auto-realização. A alo-realização de objetos pode servir de meio para a auto-realização do sujeito - mas não pode jamais substituí-la, nem ser um fim em si mesma , como é a auto-realização. É tão difícil para o sábio adquirir riquezas - como é difícil para o rico adquirir sabedoria.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A mente pode trabalhar contra ela mesma

Muitas vezes queremos muito algo: a volta do ser amado, reconhecimento de um trabalho, um novo trabalho, concluir projetos, fazer algo inédito, separar-se de quem nos faz sofrer, ganhar mais dinheiro...

Mas antes de lutarmos um pouco mais por aquilo que acreditamos, já pensamos em desistir. Podemos nem começar o que desejamos ou não sentimos mais a mesma vontade de quando começamos e, sem analisarmos muito os reais motivos, não queremos mais prosseguir naquilo que um dia acreditamos.

Mas será que estamos apenas desistindo por não querermos mais, ou por não nos sentirmos capazes nem merecedores de conseguir? Outras vezes, estamos tão contaminados pelas experiências passadas que não deram certo e, logo no início, já pensamos que dessa vez também não dará e perdemos a esperança. Não conseguimos acreditar que o resultado poderá ser diferente.

Você já percebeu que estamos sempre esperando o pior, por mais que desejemos o contrário? Começamos um novo relacionamento e se o anterior nos causou alguma dor, decepção, traição, já entramos pensando que o atual terá o mesmo trágico fim.

Desejamos um novo trabalho, mas antes de procurá-lo, pensamos em todos os possíveis obstáculos e nos acomodamos no atual, mesmo que a insatisfação continue. Constantemente ignoramos nossos desejos mais profundos, e ficamos apenas relembrando de todas as vezes que tentamos e não deu certo.

Trabalho negativo da mente

Como podemos atingir um objetivo se nós mesmos não nos consideramos capazes ou merecedores de conseguir? Assim, nossa mente trabalha contra ela mesma, mantendo padrões e pensamentos negativos que com certeza irão refletir em tudo que fizermos.

Infinitas vezes nos tornamos nossos piores inimigos, mas só damos atenção aos que estão contra nós, sequer paramos para pensar ou admitimos que muitas vezes, somos nós mesmos que nos boicotamos e não os outros. Quando algo que vem de fora tenta nos prejudicar ou atingir, temos muitos recursos para nos proteger, podemos ignorar, fechar nossos ouvidos e nossos olhos, e seguir adiante, mas quando nós mesmos estamos contra nós, com certeza é hora de parar e pensar nos motivos pelo qual estamos agindo assim.

Por que está tão difícil começar ou continuar a lutar por aquilo que te fará bem e mais feliz? Por que quando entramos num caminho, durante o trajeto, não queremos mais prosseguir naquilo que um dia acreditamos? Pode ser que seja muito mais simples e confortável se manter num relacionamento destrutivo, do que fazer algo para que ele se torne saudável.

Ou ainda, pode ser muito mais fácil continuar sozinho, do que dar uma chance para si mesmo ao começar outro relacionamento. Tudo em nome do comodismo, do conforto inicial, do medo do novo, mas já pensou em longo prazo, como ficará?

Desistir é renunciar. Como renunciar a algo que possa te fazer feliz? Se estiver perdendo o interesse em fazer algo por você, talvez seja o momento de procurar o que está errado. Está sentindo uma tristeza profunda e constante, sem causa aparente? Desconfie. Ninguém fica triste sem motivo. Toda tristeza tem uma causa, que pode estar sendo provocada por alguma situação insatisfatória que esteja vivendo.

Da mesma maneira, se estiver constantemente irritado, cansado, sem energia para nada, algum motivo deve haver. E quanto mais você adiar para se confrontar com a causa de sua dor, mais estará adiando sua capacidade em superar e ficar bem.

Enquanto ficar estagnado, parado, mantendo os mesmos padrões de pensamentos e comportamentos, nada acontecerá e não sairá do lugar, mantendo apenas o papel de vítima, acreditando que tudo de ruim acontece com você, que não é capaz de conseguir nada e que nenhum esforço seu irá adiantar. Tudo isso é mentira! E que por algum motivo um dia você acreditou.

Será que em sua infância não acontecia exatamente a mesma coisa? Toda vez que iniciava algo, diziam que não conseguiria ou duvidavam, e você desistia? Quando contava o quanto estava feliz por algo que estava fazendo ou havia conseguido, alguém conseguia estourar sua bolha de felicidade, desprezando aquilo que acreditava? Será que quando contava algo que queria muito fazer, não vinha alguém e o fazia acreditar que não daria certo? Se isso acontecia, é bem provável que não tenha desenvolvido a confiança naquilo que é capaz de fazer e conseguir, passou a confiar nos outros, na opinião deles, mas nunca em você!

Quando sentir que está perdendo a vontade de ir adiante, seja no que for, e pensar em desistir, pare um pouco e pense o que pode estar consumindo sua energia, sua capacidade em acreditar que seja capaz. Pense nas prováveis causas que faz com que não acredite em si mesmo.

Sim, talvez o caminho não seja tão fácil quanto permanecer naquele que já conhece, mas se não está feliz, satisfeito, seja com sua companheira, seja em seu trabalho, ou alguma situação, por que não escolher um outro caminho que te possibilite fazer diferente?

Ao querer desistir de algo que esteja começando, lembre-se do seu objetivo inicial, pois muitas vezes no meio do caminho esquecemos o motivo que nos fez optar por esse mesmo caminho. Solte o passado triste e toda a dor que ele te traz, permita-se não repetir os mesmos padrões anteriores. Isso apenas consome sua energia e não permite que modifique seu momento presente ou crie um futuro de conquistas.

Com certeza, se persistir, contornando os obstáculos à medida em que forem surgindo, se libertará do que te faz sofrer, irá perceber que você será capaz de conseguir tudo aquilo em que você acredita!

Comece com pequenas coisas do dia-a-dia, ouça mais sua própria voz, ouça mais seu coração, ignore as cobranças externas, e acredite que se você quer, você consegue, seja o que for.

Vamos, respire fundo, levante a cabeça, olhe para trás apenas para aprender o que não deve ser feito mais, aprenda com cada erro cometido, acredite que é possível fazer diferente e assim, o resultado também será diferente. Só não pare, não se acomode, não se contente com algumas situações, apenas por serem conhecidas e trazerem algumas vantagens secundárias. Saia de sua zona de conforto.

Acredite que você merece o melhor, que o novo pode lhe trazer novas experiências, e que recomeçar não é vergonha, mas sim coragem. Coragem em escolher o caminho que lhe fará feliz, que não lhe trará doenças, mas equilíbrio e confiança para seguir adiante, ainda que possa sentir medo, vá em frente, não permita que o medo o paralise, ou que alguém o impeça de seguir o caminho que seu coração, e somente o seu, escolher!

sábado, 8 de novembro de 2008

Renovação...

O amigo é a resposta aos teus desejos.
Mas não o procures para matar o tempo!
Procura-o sempre para as horas vivas.
Porque ele deve preencher a tua necessidade, mas não o teu vazio.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Inferno e o Céu

Texto e figuras copiados diretamente do blog:
http://kabiakashodo.blogspot.com/2008/08/o-inferno-e-o-cu.html



Um valente samurai certo dia procurou um pequeno monge zen-budista e perguntou:

- Oh, monge, ensina-me sobre o Céu e o Inferno!
- Ensinar-te sobre o Céu e o Inferno? Como ensinar-te alguma coisa? De nada aproveitaria. Tu estás imundo. Exalas um fedor insuportável. A lâmina da tua espada está gasta e enferrujada. Você, como samurai, é uma decepção total. Uma vergonha. Sua presença é detestável. Suma imediatamente da minha vista!...

O samurai ficou vermelho de raiva, a ponto de nem replicar ao monge por palavras. Ele, que sempre se considerou um grande guerreiro, não poderia admitir tanta ousadia. Então, resolveu erguer a espada vigorosamente e preparou-se para decepar a cabeça do monge.

- Isso é o Inferno. Disse o monge com absoluta mansidão.

O samurai, parou, pensou duas vezes na sua decisão e na intervenção do monge. Foi baixando lentamente a espada com o coração apaziguado pela explicação serena do monge que lhe ofereceu a própria vida para esclarecê-lo sobre a natureza do Inferno.

- Isso é o Céu. Rematou serenamente o monge.

Conclusão: a raiva faz da nossa vida um Inferno e a serenidade faz-nos viver no Céu. Quando nos sentimos provocados a ponto de sentir raiva, o melhor é inspirar e expirar lenta e profundamente, enquanto contamos até dez; quando a provocação nos levar a sentir muita raiva, o melhor é continuar contando até cem. De qualquer modo, se algumas vezes fracassarmos, é bom pensar que o erro é um passo para o aprimoramento, desde que o reconheçamos e insistirmos em prosseguir no treinamento para acertar. A cada êxito repetido, o hábito positivo se estabelece gradativamente até que se torne definitivo...

domingo, 26 de outubro de 2008

Monólogo a Três

Texto copiado do site:
http://marconileal.opensadorselvagem.org/monologo-a-tres/

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EGO: Olha ali, é ela, na parada do ônibus!
ID: Rapaaaz! Cês tão vendo? Fi-fiu! Que tesão! Eu arrancaria as calças dela usando apenas os caninos. Depois arranharia as costas todas com a unha encravada do dedão do pé esquerdo. Apertaria cada um daqueles peitões com os sovacos antes que ela pudesse dizer “papanicolau” e…
SUPERGO: Caluda, selvagem! Se você der um passo eu te arrebento a cara e te amarro num poste, nu e lambuzado de graxa.
ID: Uhhhmm, olha como o rapaz tá “nervosa”! Quer me amarrar no poste, é, lindão? Lambuzado de graxa? Não seria melhor usarmos mel? Ui! Vem, vem meu tesudo, me bate, me chama de Idinho, me sodomiza…
SUPEREGO: Eu vou matar esse cara!
ID: Ai, que voz grossa! Fiquei todo arrepiado!
SUPEREGO: Vem cá, canalha, que eu te esgano!
EGO: Fiquem quietos, vocês dois! Será possível? A moça é aquela ali. Pela descrição, é aquela ali. E agora? Que é que eu faço?
ID: Como “o que é que faz”? Vai lá e, pra não assustar muito, começa massageando o clitóris dela com o cotovelo, por cima da calça.
SUPEREGO: Cala a boca, indecente! Parece que não tem mãe!
ID: Tenho, sim, e das gostosas! Só não comi até hoje por conta dos teus recalques…
SUPEREGO: Agora eu te castro, demônio!
ID: Ih, lá vem ele de novo com essa fixação!
EGO: Pára! Pára! Pô, eu numa aflição dos diabos aqui e vocês dois discutindo! Que cacete!
ID: Cacete? Onde? Onde?
SUPEREGO: A culpa é desse anormal! Sacripanta!
EGO: Chega! Será que dá pra ter um pouco de consideração? É o primeiro encontro. Eu tô nervoso.
ID: Tá nervoso porque não fez o que eu mandei.
EGO: E o que foi que você mandou?
ID: Disse pra tu fazer o cinco a um.
EGO: Ahn?
ID: Sacolejar o careca.
EGO: Quê?
ID: Podar a mandioca.
EGO: Como?
ID: Enforcar o pelado.
EGO: Do que é que cê tá falando, afinal?
SUPEREGO: Masturbar-se. O caso patológico aí queria que você se masturbasse pra passar a tensão. Não escute o que ele diz. Trouxe as rosas, não trouxe?
EGO: Trouxe.
SUPEREGO: E a caixa de bombons?
EGO: Sim.
SUPEREGO: Pois muito bem. Agora você vai até ela, deseja boa-tarde, apresenta-se e pede permissão pra se sentar ao seu lado.
ID: É, aí depois vocês dispensam a dama de companhia, dão um passeio de coche e vão até uma loja de chapéus. Tenha santa paciência! Isso daqui é o século XXI, mermão! Tu acha o quê? Que a tesuda aí acabou de sair de dentro de um livro de José de Alencar? Seguinte, vai lá e diz: “E aí, benzinho? Cheguei. Tá a fim de dar uma?”
EGO: Sem nem me apresentar?!
ID: Tudo bem. Tem que se apresentar, claro. Então tu chega e diz: “Oi, chamego. Tudo bom? Pega na minha e balança”.
SUPEREGO: Cala a boca, sujeito! Você não sabe de nada!
ID: Olha que eu sei de coisas que tu nem imagina!…
SUPEREGO: Sabe nada!
ID: Sei, sim, Jandira.
SUPEREGO: Sabe na… Jandira? Por que é que você tá me chamando de Jandira, seu pulha?
ID: Ah, não lembra, né? Sabe aquele teu priminho de Taubaté, que vinha passar férias contigo? Como ele te chamava, nas brincadeirinhas de vocês dois no banheiro? Hein, hein?
SUPEREGO: Mentira! Isso nunca aconteceu! Calhorda!
ID: Aconteceu, Jandira. E olha que não vou falar nada daquela ereção que tu teve quando sentou no colo do titio Afonso…
EGO: Parem com isso, pelo amor de Deus!
SUPEREGO: É esse imoral, aí! Será que você não pode agir feito uma pessoa racional pelo menos uma vez na vida?
ID: Claro que não. Tu nunca leu Freud, ô engomadinho?
SUPEREGO: Não usa o nome de Freud em vão, hein? Seu reichiano de meia-tigela!
ID: Ai, que “meda”!
SUPEREGO: Eu vou te matar!
EGO: Parem com isso! Vão assustar a moça!
ID: Mata, mas me mata gostoso! Ui! Me pega de jeito, neném!
SUPEREGO: Vem cá, safado!
EGO: Olha aí! Olha lá, seus idiotas! A moça foi embora, tão vendo?! Foi embora!
SUPEREGO: Quem mandou dar ouvidos a esse crápula? Um sujeito que faria sexo com ele mesmo se conseguisse!
ID: Vai dizer que tu nunca tentou?
SUPEREGO: Salafrário! Ignorantão!
EGO: Depois de tanto preparo, lá se foi o meu encontro! E é tudo culpa de vocês! Tudo culpa de vocês dois! E agora, me digam? E agora? Como é que eu fico? Posso saber?
ID: Quem sabe a gente não pega aquele negão ali, que também tá esperando o ônibus?
SUPEREGO: Será possível que você só pensa em sexo, seu cavalo?
ID: Claro que não. Também penso em torturar e maltratar as pessoas.
EGO: Inacreditável! Tudo bem, certo, fiquei sem o encontro. Mas já sei o que vou fazer com vocês. Ah, sei! Vocês me pagam. Vou agora mesmo na minha analista. Agorinha. Vocês vão ver! Venham! Vamos! Andem pro divã!
ID: Ana-nalista?
SUPEREGO: Aquela… junguiana?
ID E SUPEREGO: Não! Isso, não! Por favor! Não!

O Ego

Retirado do Blog da Monja Isshin na internet
http://monjaisshin.wordpress.com/2007/06/20/o-ego/




Me fizeram uma pergunta bastante interessante outro dia:

“Agora aqui vai uma pergunta que estou querendo fazer há muito tempo. O Buda falou (ou dizem que ele falou) que o apego gera sofrimento e que para acabar com o sofrimento temos que acabar com o apego. Certo?? Pois bem, com o Zazen tenho tomado consciência do meu enorme apego ao meu EGO!! É verdade. Parece que eu me dou muita importância. Pois bem, o que é que é que eu faço agora? Qual é o exercício para diminuir o apego ao EGO. Continuo sentando e meditando??”

Hmmm. Vejo duas respostas para esta pergunta.

Primeiro, que bom que você tem apego ao seu ego! Um ego saudável é absolutamente necessário para a gente funcionar direito neste mundo! Então, por favor, cuide bem de seu ego! Aí surgem as questões de como fazer para ter um ego saudável. Quem teve a bênção de crescer numa família saudável, provavelmente já tem um ego saudável. Mas, dependendo da história pessoal de cada um, às vezes, pode ser conveniente e apropriado fazer terapia com um bom psicoterapeuta (psicólogo ou psiquiatra) com quem sentimos afinidade. Os traumas pessoais podem prejudicar o funcionamento adequado do ego. Têm coisas que somente uma boa terapia podem resolver. A Espiritualidade não pode substituir a terapia nestes momentos. Também, a terapia não pode substituir a espiritualidade e aí vamos para a segunda resposta.

Em lugar de ficar numa dualidade de apegar-se ou desapegar-se do ego, que tal pensar em termos de “transcender” o ego, encontrar aquele espaço de não-dualidade onde você possa manifestar a sua Natureza Buda naturalmente? Com isto, poderá deixar o ego cumprir o seu papel sem que ele tente ser mais do que é.

A nossa prática não é bem para “matar o ego”, mas, de certa forma, domesticá-lo, deixá-lo fazer aquilo pelo qual existe, sem mais nem menos. Para isto, primeiro, temos que acolhê-lo com o mesmo carinho com que acolhemos uma criança e aceitá-lo como ele é - parar de brigar com ele. A partir desta aceitação, ganhamos espaço e tranqüilidade para observá-lo e aprender como ele funciona - para depois “administrá-lo” e escolher de que forma seria mais próprio deixar o ego se manifestar no mundo.

Temos, sim, que nos desapegar do orgulho, das raivas e ressentimentos, dos medos, e toda uma série de gostos e desgostos, opinões, conceitos e preconceitos e aprender a vivenciar cada momento em sua plenitude. Não vamos deixar de ter sentimentos e emoções, mas vamos aprender a não ser controlados, nem movidos, pelas nossas emoções. Não vamos deixar de ter pensamentos, mas vamos aprender a não ser controlados, nem movidos, pelos nossos pensamentos.

Mais ainda, não vamos mal-interpretar a própria palavra “desapego” - não vamos deixar de nos relacionar com os outros, de amar e ser amados, mas vamos, sim, aprender a respeitar os outros e não ficar tentando controlá-los, nem nos deixar ser controlados.

Então, como vamos fazer? A nossa prática é formidável e tem três aspectos, nenhum dos quais deve ser esquecido: o Zazen, corretamente sentado; o estudo do Darma, através dos textos e com o relacionamento com um professor de Darma; e a prática dos Preceitos, junto com uma Sanga saudável.

Quando um destes elementos falta, a nossa prática vai ficar limitada, mas não é por isto que não vamos fazer o melhor que podemos.

Mesmo que não tenhamos professor ou mesmo que não tenhamos Sanga, podemos sentar zazen, estudar os textos e nos esforçar ao máximo para evitar quanto mais possível as armadilhas do caminho. Podemos considerar todas as pessoas em nossa volta como os nossos professores, cada um ensinando, de seu jeito, um pedacinho do Darma. Podemos considerar todos os acontecimentos de nossa vida como o Darma se manifestando, nos ensinando constantemente. Podemos considerar todas as pessoas com quem nos relacionamos como a nossa Sanga, grupo com quem praticamos os Preceitos. Mas, o caminho solitário é muito, muito difícil.

Melhor seria praticar com um grupo, pois, se o grupo zelar mesmo, sempre procurando manter os preceitos, todos vão poder se ajudar mutuamente na prática. É o espaço perfeito para exercitar a gratidão e a compaixão, observar as nossas ações, junto com pessoas que compartilham a mesma prática. Mais uma vez, se não tiver professor de darma, alguém que já passou por treinamento, vai ser bem mais difícil. Mesmo assim, não é por isto que não devemos procurar praticar da melhor forma possível, especialmente se temos uma pessoa com “rakusu” (que já recebeu os preceitos) para co-ordenar o grupo. É só tomar bastante cuidado, o tempo todo, para não cair nas armadilhas de auto-ilusão ou de ilusão-grupal. Para isto, a constante re-lembrança dos preceitos e prática de arrependimento, constante reflexão sobre o seu próprio comportamento e ações são necessárias.

Sentar zazen e mais zazen é imprescindível - mas somente sentar zazen daria num beco sem saída, pois, sem o estudo do Darma e a Prática dos Preceitos, depois de um tempo, o zazen acaba estagnando-se, sem progredir além de um certo ponto. Tem que ser Zazen corretamente sentado, e isto não é fácil. Como saber se o seu zazen está correto? Isto também não é fácil, mas, em princípio, mesmo que a gente senta “sem objetivo, sem meta”, mesmo assim, quando o Zazen é correto, a gente deve perceber aprofundamento da prática, abertura cada vez maior do Olho de Sabedoria e Coração de Compaixão, constante auto-transformação.

E nesta auto-transformação, que possamos nos tornar a Paz, transcendendo o ego pequeno, manifestando mais e mais a nossa Natureza Buda.

Que os méritos de nossa prática possam se estender a todos e que possamos todos nos tornar o Caminho Iluminado.

Gassho,

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Diga SIM


Uma firme convicção de que uma coisa é real faz com que seja?
Ele respondeu:
-Todos os poetas acreditam que sim.
E em tempos de imaginação, essa firme convicção removeu montanhas;
Mas muitos não são capazes de uma firme convicção sobre qualquer coisa.

William Blake


Um dos meios mais eficazes para transcender o comum e entrar no reino do extraordinário é dizendo SIM com mais frequência e eliminando o Não quase que completamente.
Eu chamo isso de dizer SIM para a vida.
Diga SIM para si mesmo, para sua família, seus filhos, seus colegas e sua empresa.
A pessoa comum diz:
Não, não acho que consiga fazer isso.
Não, isso não vai funcionar.
Não, Já experimentei e nunca funcionou antes.
Não, essa intenção é impossível para mim.
Com a ideia do Não, você atrai mais do Não e sua influência sobre os outros, que poderia ajudar e em quem poderia se fiar para ajuda-lo, é também do Não.
Mais uma vez, insisto para que adopte a atitude do poeta Hafiz:
Eu raramente deixo a palavra Não escapar de minha boca.
Pois esta tão evidente para minha alma que Deus gritou SIM! SIM! SIM!
Para cada movimento luminoso na existência.
Grite SIM para todos com tanta frequência que puder.>Sim
Fazer do SIM o seu mantra interior permite que você extenda o Sim para além de si mesmo e atraia mais Sim em seu próprio intento pessoal.
Sim é o alento da criação.> Sim
Imagine uma gota de chuva juntando-se ao rio no momento em que se torna o rio.
Imagine o rio juntando-se ao oceano no momento em que se torna o oceano.
Você pode quase ouvir o som do SIM sendo murmurado naqueles momentos.
Quando você se junta à força universal da criação,
estendendo o SIM aonde quer que seja viável, transforma-se naquela mesma força da criação.
Esse será seu efeito sobre os outros.
Basta de Não comuns em sua vida.
Avance para o extraordinário. >Sim
Dê-se conta de sua identificação com o convencional ou o comum e comece a ressoar nas frequências energéticas cada vez mais altas (o sim), que constituam um movimento ascendente para as dimensões extraordinárias da intenção pura.
Wayne Dyer

A gratidão é um factor muito importante para a qualidade de vida de uma pessoa.
Quanto a mim, sei que quando estou em estado de gratidão meu canal fica amplamente aberto a qualquer experiência boa que esteja abrindo caminho em minha direcção.
Um coração fechado representa uma linha de comunicação fechada com a fonte de toda a a felicidade, alegria e bem-aventurança.
> Um coração fechado acostuma-se a dizer Não em suas afirmações. ASSIM bloqueio o fluxo.
Acabei adoptando como prática o comportamento de agir como se, isto é, eu actuo como se já estivesse me sentindo grata, mesmo quando estou achando difícil unir o sentimento que só vem naturalmente quando uma pessoa esta agradecida e grata.
E pouco tempo depois de tomar essa atitude eu me sinto grata.
> Quando você tem um pensamento, você planta uma semente: a gratidão, e quando você age como se, ela se desenvolve, então você a colhe. Assim colhemos o que plantamos.
Descobri que cantar uma música para cada coisa que sou grata, enquanto estou dirigindo o meu carro, é um ritual interessante.
Começo minha canção com um simples agradecimento por tudo que há e por qualquer coisa que pareça estar deixando livre um infinito estoque de coisas pelas quais sou grata.
Este hábito que adquiri é especialmente animador quando não estou num estado de espírito particularmente agradecido.
> Veja como é uma pessoa determinada. Quando ela se desalinha, se realinha de novo. Porque ela quer se sentir bem, ela gosta de ser assim, de vibrar assim.
A melodia ou cantiga se torna bastante criativa, e logo descubro que estou sorrindo para mim mesma, o que, aliás, é uma grande forma de alimentar e divertir seu melhor amigo, isto é: VOCE MESMO.
Uma outra coisa que adoro fazer é dizer obrigada!
E eu acrescentaria a este modo de agir a palavra SIM!
Como diz Louise Hay, em sua maravilhosa afirmação:
“ Digo SIM à vida e a vida diz SIM para mim!"
Com este tipo de química flutuando ao redor, em sua cabeça, seu corpo, emanando de você e tocando todos e tudo, esta afirmação tem a tendência de voltar para você, de forma multiplicada!!
Às vezes, esquecemos que somos criaturas de Deus e que o objectivo do CRIADOR era que desfrutássemos desta coisa chamada Vida!
As lições que recebemos na vida podem ser preenchidas com alegria ao invés de tanta dor, e quando nosso comportamento se origina de uma parte amorosa, grata e apreciativa do coração, os Mestres, os Anjos, e os Guias nos ajudam ainda mais.
>> Sim, temos todas as partes, as boas, as ruins, o sim e o não, mas precisamos cultiva-las.
E não estamos sozinhos, frequências amorosas se aproximam quando sentem uma emissão de gratidão......
Acho que quanto mais disposta estou a ser agradecida às pequenas coisas que recebo em minha vida, as coisas grandes parecem surgir de fontes inesperadas e fico, constantemente, aguardando, cada dia, todas as surpresas que estão vindo em minha direcção.
Carolyn Bratton

O primeiro passo que você precisa dar, para conseguir o amor que você quer,
é valorizar o amor que você sente.
O universo sempre lhe dá mais daquilo em que você está se concentrando.
Jesus ensinou :
"Para aquele que tem, mais lhe será dado; para aquele que não tem, mais lhe será tirado."
Com essa afirmação, Jesus estava explicando um princípio metafísico supramente importante, que é a própria chave para a manifestação da abundância.
Jesus estava ensinando a importância de se concentrar no que temos ou queremos, em vez de no que nos falta ou não temos.
Alan Cohen

Eu te agradeço, DEUS, por este mais surpreendente dos dias: pelos saltitantes e verdejantes espíritos das árvores e um verdadeiro sonho azul de céu; e por tudo que é natural, que é infinito, que é SIM.
E.E.Cummings

Agradeço a Wayne Dyer, Carolyn, Alan, e Cummings por compartilhar seus estados de gratidão e por mostrar que temos opções.....
O SIM é um dos mantras mais poderosos do universo.
Ele abre portas onde havia muros.
Ele abre sorrisos onde havia tristeza.
Ele chama a abundância onde havia carência.
Damos o que escolhemos, e recebemos de volta aquilo que damos.
OS semelhantes se atraem, portanto, escolhemos o que recebemos da vida.
O universo sempre lhe dá mais daquilo em que você está se concentrando.
Há dois modos de viver: focar no que não temos, e entrar no clima do Não ou focar no que temos e entrar no clima do SIM
Faça boas escolhas.
Você terá uma forte convicção, para sustentar o Sim quando o mundo , a situação , UM MOMENTO DESAGRADÁVEL disser não?
É na pratica que testamos e validamos (ou não) nossas crenças.
Seja grato por esse dia maravilhoso, por esse magnifico céu azul, pelo bem-te-vi cantando no alto da árvore.
Há muita Vida acontecendo aqui-agora.
Entre no espírito do SIM, O CORAÇÃO SE ABRE e o rio da vida começa a entrar e você começa a desfrutar.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

OM MANI PADME HUM

Tradução: Recebemos a Jóia da consciência no coração do Lótus. (O Lótus é o chakra).

Significa - Recebemos a jóia da consciência divina, no centro do nosso chakra da coroa.

Avalokitesvara alcançou tão elevado grau de espiritualidade, como se tivesse subido a mais alta montanha. Destas alturas, estava para partir à planos ainda mais elevados, e distantes da terra, quando ouviu um gemido que vinha do inconsciente coletivo da humanidade.

O lamento por sua partida. Seu coração encheu-se de compaixão e Avalokitesvara prometeu ficar neste planeta trabalhando e servindo para evolução da humanidade.

Este juramento bodhisatva, é feito por todos os Mestres que servem a Luz da Grande Fraternidade Branca. Eles deixam de seguir as sua evolução em planos superiores, para servir a Luz de seus irmãos ainda encarnados.

Ao recitarmos o Mani Mantra, estamos penetrando a mesma roda metafísica que os Mestres Ascensos e não Ascensos da Grande Fraternidade Branca que estão constantemente empurrando - a Roda da Evolução Espiritual da humanidade.

Este mantra tem sua origem na Índia e de lá foi para o Tibet. Os tibetanos não conseguiram entoá-lo da mesma forma, mudando sua pronuncia para: OM MANI PEME HUNG este é o mantra mais utilizado pelos budistas tibetanos.

Qualquer pessoa pode entoá-lo. Estando feliz ou triste, ao entoar o "Mani Mantra", uma espontânea devoção surgirá em nossa mente e o grande caminho será fortemente realizado.

O mantra OM MANI PADME HUM, é fácil de pronunciar e poderoso pois contém a essência de todo o ensinamento.

Muito tem sido escrito sobre este mantra e é impressionante que apenas seis silabas possam atrair tanto comentário importante.

De acordo com Dalai Lama, o propósito de recitar este mantra é transformar o corpo impuro de suas palavras e mente, no puro e louvado corpo, palavra e mente de um Buda.

O som de cada silaba é visto como tendo uma forma paralela espiritual.

Fazer o som de cada silaba portanto, é alinhar a si mesmo com aquela qualidade espiritual particular e para se identificar com isto.

Existe também um grande numero de outros beneficio que resultam da repetição deste mantra, incluindo a produção do mérito e destruição do carma negativo.

OM - A primeira silaba, recitá-la o abençoa para atingir a perfeição na pratica da generosidade.
MA - Ajuda a aperfeiçoar a pratica da ética pura.
NI - Ajuda a atingir a perfeição na pratica da tolerância e paciência.
PAD - Ajuda a conquistar a perfeição na pratica da perseverança.
ME - Ajuda a conquistar a perfeição na pratica da concentração.
HUM - Ajuda na conquista da perfeição na pratica da sabedoria.

A senda das seis perfeições é a senda de todos os budas. Cada uma das seis silabas elimina um dos venenos da consciência humana.

OM - Dissolve o orgulho
MA - Liberta do ciúme e da luxuria.
NI - Consome a paixão e os desejos
PAD - Elimina a estupidez e danos.
ME - Liberta da pobreza e possessividade.
HUM - Consome a agressão e o ódio.

Os mantras são freqüentemente, os nomes dos budas, bodhisattvas ou mestres e que o compuseram. Os mantras são investidos com um infalível poder de ação, de forma que a repetição do nome da deidade, transmite as qualidades de sua mente. O nome é idêntico a deidade ou essência da deidade que o compôs e com ele presenteia a humanidade dando a seus irmãos a essência de tudo aquilo que ele atingiu em muitas vidas de esforço e sagrado oficio. Dando o glorioso resultado de seu momentum de sabedoria.

Ao recitar este mantra, o meditante também pode conseguir as qualidades do Chenrezig, o bodhisatva da compaixão, conhecido na tradição Mahayana como Avalokitesvara.

O mantra OM MANI PADME HUM, chamado de mani mantra, levanta algumas traduções misteriosas. Diz a tradição que este mantra significa o nome Chenrezig. Contudo, Chenrezig não tem nome, mas ele é designado por nomes. Estes nomes são a taça para a compaixão a benção e a força que ele derrama. Portanto este é apenas um dos nomes de Chenrezig, MANI PADME, colocado entre as duas silabas sagradas OM e HUM.

Parece-nos que Chenrezig, Avalokitesvara e Kuan Yin são os nomes do mesmo buda da compaixão.

OM - Representa o corpo de todos os budas, também o começo de todos os mantras.
MANI - Jóia em sânscrito
PADME - Lótus ou chakra
HUM - A mente de todos os budas e freqüentemente finalizam os mantras.
MANI - Refere-se a Jóia que Chenrezig segura no centro de suas duas mãos.
PADME - Refere-se ao lótus que ele segura na sua segunda mão esquerda.

Dizendo MANI PADME estamos nominando Chenrezig através de seus atributos: "Aquele que segura a Jóia e o Lótus". Chenrezig ou Jóia do Lótus são dois nomes para a mesma deidade.

Quando recitamos este mantra, estamos na verdade repetindo o nome de Chenrezig. Este mantra é investido com a benção e o poder da mente de Chenrezig, sendo que ele mesmo reúne a benção e a compaixão de todos os budas e bodhisattvas. Desta forma o mantra é imbuído com a capacidade de purificar nossa mente de sua obscuridade. O mantra abre a mente para o amor e compaixão e a conduz ao despertar.

Sendo a deidade e o mantra um em essência, significa que é possível recitar o mantra sem necessariamente trabalhar a visualização. A recitação permanece efetiva.

Cada uma das seis silabas sagradas retêm um efeito purificador genuíno.

OM - Purifica o corpo
MA - Purifica a palavra
NI - Purifica a mente
PAD - Purifica as emoções
ME - Purifica as condições latentes
HUM - Purifica o véu que encobre o conhecimento

Cada silaba é ela mesma uma oração

OM - É oração dirigida ao corpo dos budas
MA - É oração dirigida à palavra dos budas
NI - É oração dirigida à mente dos budas
PAD - É oração dirigida às qualidades dos budas
ME - É oração dirigida à atividades dos budas
HUM - Reúne a graça (benção) do corpo, palavra, mente, qualidade e atividade dos budas.

Estas seis silabas correspondem à transcendental perfeição dos budas secretos.

OM - Ratnasambhava, Buda que nos inunda com sua sabedoria de igualdade e nos liberta do orgulho espiritual, intelectual e humano
MA - Amogasidhi, Buda que nos inunda com sua sabedoria que a tudo realiza, a sabedoria da ação perfeita e liberta-nos do veneno da inveja e do ciúme.
NI - Vajrasattva, Buda nos inunda com a sabedoria da vontade diamantina de Deus. Consome em nós o veneno do medo, da duvida e da descrença em Deus, o único Guru.
PAD - Vairochana, Buda que nos inunda com a sabedoria penetrante do dharmakaya, a poderosa Presença Eu Sou. Consumindo em nós o veneno da ignorância.
ME - Amithaba, Buda que nos inunda com a sabedoria da discriminação e consome em nós os venenos das paixões : Todos os desejos intensos, cobiça, avareza e luxuria.
HUM - Akshobhya, Buda que nos inunda com a sabedoria que se reflete como num espelho e consome em nós os venenos de raiva, ódio e criações de ódio.

As seis silabas sagradas OM MANI PADME HUM são a essência das cinco famílias de budas secretos. São a fonte para todas as qualidades e profunda alegria. É a senda que conduz a uma elevada existência para a liberdade da alma.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A Noite Escura da Alma

Encontrei uma expressão Chan (Zen chinês) que diz:

“Grande dúvida, grande iluminação.
Pequena dúvida, pequena iluminação.
Nenhuma dúvida, nenhuma iluminação.”


A tradição nos ensina que existem três pre-requisitos para a prática verdadeira: Grande Dúvida, Grande Fé e Grande Determinação.

1. Grande Dúvida

A maioria das pessoas chegam à prática espiritual motivada por um sofrimento que deu origem a um questionamento. Quase sempre, a pessoa está fazendo uma pergunta do tipo “Por que está acontecento ‘x’?” ou “Por que eu?”

Muitas destas pessoas nem dão continuidade num centro de prática séria, e vão embora depois de uma, duas - algumas - visitas. Outras pessoas, depois de algumas sessões de meditação, sentindo algum alívio do problema imediato que as trouxeram até o zazen, já relaxam os seus questionamentos. Talvez até se tornem associadas, até venham a se considerar “praticantes”. Mas a verdade é: não chegaram a fazer a pergunta essencial, não se abriram para a “Grande Dúvida” e, assim, ainda não entraram realmente no caminho espiritual.

Algumas poucas pessoas, ao passar por uma situação de dificuldade, acabam aprofundando as perguntas iniciais (”Por que eu?”, “Por que está acontecendo ‘x’?”) para começar a questionar: “Quem sou eu?”, “Qual é o significado da minha vida?”, “Qual o sentido da vida e da morte?”.

Estas são perguntas da “Grande Dúvida” - o início da caminhada espiritual. A tradição Rinzai Zen usa os ‘koans’ para provocar a Grande Dúvida. Quanto mais intensamente se vivencie a “Grande Dúvida”, tanto maior será a “iluminação” obtida. Acredito que, na nossa realidade de seres humanos, as nossas “iluminações” são, na verdade, “pequenas iluminações”, pois a diferença entre “ter uma ou algumas experiências de iluminação” e “se tornar uma pessoa iluminada”, ou “se tornar uma pessoa que manifeste plenamente a sua iluminação”, é igual a diferença entre água e vinho.

Os mestres também nos ensinam que aquela pessoa que se acha “iluminada”, não é. Ainda nos ensinam que a prática deve ser constante e pelo resto da vida - e próximas vidas, também.

Portanto, sempre que acreditamos que encontramos uma resposta à “Grande Dúvida”, é importante que recoloquemos a pergunta e sigamos além, além da resposta atual, além da nossa compreensão deste momento, sempre além, sempre nos aprofundando mais e mais.

O grande perigo aqui está em achar que encontramos “A Resposta” e que a “Grande Dúvida” já acabou. Vamos cair numa complacência, arrogância - talvez até nos posicionando como prontos para liderar outras pessoas, mas, na realidade, estamos nos iludindo e iludindo os outros. De certa forma, a nossa caminhada espiritual foi abandonada. O nosso Zazen se tornou um ‘zazen de conforto’, um ‘zazen de consumo’. Sempre podemos encontrar mais um pedaço da resposta à “Grande Dúvida”.

Mas, vamos dizer que você está com o seu questionamento “à flor da pele”. Entrou no caminho espiritual e iniciou uma prática. Aí surge a questão da fé.

2. Grande Fé

O segundo elemento essencial a uma boa prática é uma “Grande Fé”. Fé na prática, fé nos ensinamentos, fé no professor - um ser humano, com falhas humanas, que tem mais experiência no Caminho e algum tanto de “iluminação” manifestada. E, mais ainda, fé na sua possibilidade de poder manifestar a sua própria “iluminação”, de encontrar a “resposta” de sua Grande Dúvida.

Inicialmente, pode ser que parte desta fé você encontre depositando fé nos outros. Você gostou e confia no seu Professor de Darma. Ou admira um praticante budista e confia nele. Mas os seres humanos são literalmente isto - seres humanos, sujeitos a falhas. Podem nos desiludir. Mais ainda, uma das funções dos Professores de Darma é de “puxar o tapete” debaixo de nossos pés. Podem até nos provocar, fazendo com que manifestemos a nossa “sombra”, na esperança de que possamos “iluminar” este aspecto nosso que foi trazido à luz. Nestas horas, podemos até nos sentir “traídos” pelo Professor, enquanto não estamos compreendendo o que ele está tentando nos ensinar. Portanto, temos que ir além desta fé inicial, depositada em seres humanos externos à nos mesmos. De um lado, temos que amadurecer e aprofundar a nossa fé no Professor e outros seres humanos, temperando-a com fé nos ensinamentos e no próprio Darma - passo-por-passo.

E os ensinamentos, que foram transmitidos já durante 2.600 anos - podemos depositar fé neles? Podemos, mas isto também tem suas limitações, pois a transmissão dos ensinamentos depende da comunicação e das palavras, sempre sujeitas às mais variadas interpretações. Transcrições de diálogos entre grandes mestres e os seus alunos não nos transmitem o contexto, o cenário, todos os detalhes que fizeram com que aquelas palavras fossem as mais apropriadas para aquele aluno naquele momento.

No Zen, encontramos inúmeros exemplos de professores que, num momento dizem uma coisa e, em outro momento, dizem exatamente o contrário. Será que estão mentindo? Será que são loucos? Ou será que estão simplesmente falando exatamente aquilo que é mais apropriado para aquele momento, aquele contexto, aquele aluno - para convidá-lo a tomar o próximo passo de aprendizagem? Como alunos do Zen, existem momentos que podemos nos desesperar com um professor que parece estar se contradizendo. Como é forte, nestes momentos, o sentimento de “mas você não falou ‘x’ antes? Por que está falando ‘y’ agora? Qual é a verdade, ‘x’ ou ‘y’?”

Conheço uma mestra moderna que faz isto o tempo todo. Será que ela é louca? Não acho, não. Acho que ela está simplesmente me desafiando a mergulhar para dentro e encontrar a MINHA verdade - e desafiando outras pessoas com quem ela faz a mesma coisa a fazer o mesmo mergulho para dentro. Não é um processo fácil. Mas certamente me oferece a oportunidade de me aprofundar na fé verdadeira que preciso cultivar - a Grande Fé. Fé na minha própria Natureza Buda, fé no Universo, fé no Darma, fé na minha prática, fé em mim mesma. Fé para atravesar a noite escura da alma - ou as noites escuras da alma. É aí que entra o terceiro pre-requisito da prática.

3. Grande Determinação.

Sem a Grande Determinação, não vamos conseguir atravessar a noite escura. Se falhar a nossa determinação, vamos acabar “voltando para trás” em lugar de completar esta etapa da jornada. Não vamos chegar até o raiar do novo dia, aquele pedaço de Iluminação que seria resultado de nosso questionamento, fé e determinação.

Se a nossa determinação for fraca, vamos falhar. Se a nossa determinação depende de outras pessoas para nos apoiar, vamos falhar. Pois a noite escura da alma é exatamente isto. É um momento em que nos sentimos totalmente sós - a nossa dúvida nos consumindo, a auto-confiança cambaleada, a nossa fé no limite - só vemos escuridão e é somente a nossa determinação que nos segura no caminho. Afinal, o momento mais escuro da noite é o momento logo antes do nascer do sol. E é a mesma coisa na jornada espiritual.

Se iniciamos a jornada com uma pequena dúvida, a noite escura vai ser “pequena” e o raiar do sol também. Mas se o nosso primeiro passo foi baseado numa GRANDE Dúvida, a noite escura vai ser igualmente GRANDE. A crise - mistura de perigo com oportunidade - vai ser GRANDE. Para atravessar esta noite escura, vamos ter que descobrir, dentro de nós, fé da mesma grandeza e, por fim, GRANDE Determinação - talvez aquela determinação que diz: “mesmo que perca tudo, não arredo o pé daqui”, “mesmo que eu tenha que morrer tentando, não desisto”, “mesmo que estejam todos me chamando de louco, não saio deste caminho”, “mesmo que todos os meus amigos me abandonem, não abro mão”. Talvez a vida vá nos exigir uma entrega total, a “morte simbólica”, morte do ego, morte para tudo que pensávamos que importava. Mas na realidade, a vida está nos convidando a passar pela morte dos condicionamentos - nos convidando à Libertação.

No meio da noite escura da alma, passamos por uma fase de ficar só enxergando as perdas, as “mortes”. Talvez percamos contato com a nossa fé. Talvez nos entreguemos ao medo. Talvez não resistamos às pressões e voltemos correndo, tentando voltar à nossa ‘zona de conforto’ anterior, voltar à ‘harmonia conhecida’, voltar às amizades e relacionamentos antigos que não queremos arriscar perder, buscando apoio externo na falta de nosso próprio apoio interno. Quantas e quantas pessoas fraquejam neste ponto, justo quando estão quase lá, quase vencendo esta fase da jornada. Que tristeza! É como se vendessem a alma, caissem em “tentação”.

É por isto que todas as tradições espirituais falam da dificuldade da jornada. Todas as tradições espirituais têm a sua forma de descrever o processo de passar pela “noite escura da alma”. Algumas tradições xamânicas ou indígenas usam “jornadas interiores” indo ao encontro da morte e renascimento simbólicos, desmembramento e “re-membramento” simbólicos, para facilitar esta passagem. A tradição budista nos fala da determinação de Buda quando ele sentou em baixo da figueira, decidido a não se levantar dali até que encontrasse a resposta, a Iluminação. Fala, em linguagem simbólica, dos ninhos que pássaros construiram em seu cabelo, das teias que as aranhas teceram, das plantinhas que cresceram entre os dedos dos seus pé - tudo para nos ajudar a imaginar uma determinação tão firme, inquebrantável que permitisse que ficasse lá - sentado em meditação - o tempo suficiente e com a “imobilidade” - firmeza de propósito - suficiente para atingir a Iluminação.

Lembro-me de momentos de dúvida (dúvidas que pareciam bastante grandes para mim, na época), onde toda a minha fé foi posta à prova e onde parecia que a minha determinação não ia agüentar - e lembro-me dos raiares do sol que vieram no final daquelas noites escuras da alma. Não posso dizer que eu tenha atingindo qualquer GRANDE Iluminação, mas com certeza, sinto que posso dizer que cheguei em algumas pequenas iluminações, de acordo com a minha capacidade de ter uma dúvida, de cultivar a fé e de achar dentro de mim mesma a determinação de prosseguir até a hora do sol nascer.

Como será que isto vai acontecer? Como será o momento da virada, de uma pequena iluminação? Vai ser o seu momento, único, totalmente diferente dos meus momentos - e nem para mim um momento será igual ao outro. Só posso compartilhar que, para mim, a virada vinha muitas vezes quando eu finalmente parava de lutar contra os acontecimentos e me entregava totalmente. Sabia que a gente tem todo o direito de espernear e reclamar tudo que quiser neste universo? Só que o Darma simplesmente vai continuar procurando nos ensinar. Então não precisa se sentir culpado por passar por uma fase de “briga com o universo” antes de chegar numa entrega! Outras vezes, a virada veio quando finalmente percebi a “comédia dos absurdos” numa situação e caí nas gargalhadas, de corpo e alma. De qualquer forma, a virada vinha quando algo dentro de mim mudou. A mudança nunca vinha de fora, só de dentro. Este que é o detalhe importante: a mudança tem que vir de dentro.

A noite passa. O novo dia nasce. A Luz retorna. Portanto, se você estiver atravessando uma noite escura da alma, não abra mão de sua fé, não vacile na sua determinação. Não tente voltar ao “conforto” ou “harmonia” ou “segurança” anterior. Se, no seu coração você sabe que está ouvindo a voz de sua Natureza Buda, prossiga firme. Mergulhe, deixe que a Grande Dúvida lhe “consuma” até os ossos, até a medula, até restar somente o grande Vazio. Estique a sua fé, mantenha a sua determinação - e atinja mais um pedaço da Iluminação. O importante é de sempre manter-se firme na busca de Sabedoria e Compaixão.

Se você está com mais Sabedoria e Compaixão, mais Paz e Tranqüilidade no “dia seguinte”, saberá que atravessou a noite. Mas, se está com alguma raiva, algum mal-estar, alguma inquietação, saberá que ainda não terminou a travessia ou, pior, saberá que desistiu no meio do caminho e voltou para trás. Mesmo assim, não perca esperanças, não se critique, não se julgue. Você fez o seu melhor. Aprenda com o processo. Veja onde “falhou”, onde “errou” e comece de novo. A vida sempre nos oferece novas oportunidades. Temos todo o tempo do universo para nos iluminar - kalpas e kalpas estão à nossa disposição!

Então, não tenha medo. A noite passa.

Que os méritos de nossa prática se estendam a todos os seres e que possamos todos nos tornar o Caminho Iluminado.

sábado, 11 de outubro de 2008

Simplesmente você....

Bela produção...
Será que tenho alguém para poder dedicar isso hoje?
As dúvidas me consomem...
Porém... Algo existe que me refaz...
E não sei porque... por mais que eu tente...
Não consigo me afastar...
Posso estar longe fisicamente...
Mas meu coração... este... permanece sempre ali... do lado dessa pessoa...

Um Amor Puro





O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo
Tem pra me conceder
São tuas até morrer

E a tua história, eu não sei
Mas me diga só o que for bom
Um amor tão puro que ainda nem sabe
A força que tem
é teu e de mais ninguém

Te adoro em tudo, tudo, tudo
Quero mais que tudo, tudo, tudo
Te amar sem limites
Viver uma grande história

Aqui ou noutro lugar
Que pode ser feio ou bonito
Se nós estivermos juntos
Haverá um céu azul

Um amor puro
Não sabe a força que tem
Meu amor eu juro
Ser teu e de mais ninguém
Um amor puro
Composição: Djavan

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Por que nos decepcionamos com o Amado

Por que nos encantamos sentimentalmente com uma pessoa? Ainda não podemos responder integralmente a esta pergunta fundamental. Fomos capazes de avançar muito a esse respeito nos últimos anos, de modo que algumas conclusões parciais podem ser muito úteis para que cometamos menos erros.

Nós nos envolvemos com outra pessoa porque nos sentimos incompletos em nós mesmos. Se nos sentíssemos inteiros e não “metades”, certamente não amaríamos. Sim, porque o amor corresponde ao sentimento que desenvolvemos em relação àquele que nos provoca a sensação do aconchego e completude que não conseguimos sentir quando estamos sozinhos. A escolha do parceiro, daquele que irá nos fazer sentir menos desamparado, é repleta de variáveis intrigantes que vão desde o desejo de também nos sentirmos protegidos até aquelas em que precisamos nos sentir úteis e até mesmo explorados.

Neste momento, estou querendo me ater um pouco ao processo do enamoramento, no encantamento inicial que faz com que uma pessoa “neutra” se transforme em indispensável, sem a qual não podemos imaginar seguir vivendo. O processo, que não raramente se dá em poucos instantes, depende de elementos nem sempre detectáveis. É claro que a aparência física das pessoas envolvidas desempenha um papel muito importante no fenômeno do enamoramento. Esse aspecto inicial do encontro amoroso não deve ser confundido com o amor propriamente dito. O amor é paz e aconchego ao lado de uma pessoa, ao passo que o enamoramento corresponde ao processo pelo qual esta pessoa é escolhida - e que, como regra, corresponde a um período nada sereno; o amor é uma emoção ansiada, mas nos chega acompanhado de muitos medos.

No que diz respeito à aparência física, é claro que o elemento erótico se destaca, especialmente nos homens que têm um desejo visual marcante. Acontece que, por caminhos diversos, muitos são aqueles que guardaram em suas memórias registros de figuras que muito os impressionaram e que se transformaram em modelos ideais com os quais cada nova pessoa conhecida é confrontada. Por vezes é algo geral, incluindo a forma do corpo; outras vezes é a cor dos olhos, dos cabelos, o tipo de seio, os quadris. Algo que pode lembrar, desde suas mães até alguma estrela de cinema que muito lhes tenha impressionado. A verdade é que, por outras vias, as moças também guardam dentro de si indicadores do que elas acham que seja o homem ideal para elas: podem ser esbeltos ou musculosos, intelectualizados ou executivos, voltados para as artes ou poderosos, e assim por diante. Todos esses ingredientes incluem elementos eróticos, mas todos eles se transformam, em nossa imaginação, em símbolos dos nossos parceiros ideais. De repente, julgamos ter encontrado um número importante de tais símbolos naquela pessoa que nos passou pela vida. E nos enamoramos.

Assim sendo, o fenômeno do enamoramento se fundamenta em aspectos relacionados com a aparência do outro. É claro que costuma ter relação com o que a pessoa é por dentro. Mas a correlação não é absoluta e nem assim completa. Conversamos com a pessoa que nos atraiu e, em virtude da atração inicial que sentimos e do nosso desejo enorme de amar, tendemos a ver no seu interior as afinidades e peculiaridades que sempre quisemos que existissem naquele que nos arrebataria o coração.
Por exemplo: um rapaz mais franzino, mais intelectualizado e voltado para as artes é visto, mais ou menos rapidamente, como emotivo, romântico, delicado e sensível, pouco agressivo, que respeita os direitos da mulher e não é exageradamente ciumento. Uma moça se encanta com ele e espera que ele seja portador de todas essas peculiaridades. Essa expectativa se transforma, mais ou menos rapidamente, em certeza de que elas existem. A moça projeta seus sonhos de perfeição naquele rapaz que tanto a encantou e passa a ter certeza de que as propriedades desejadas estão lá. O fenômeno é o da idealização, pelo qual acreditamos que o outro contenha todas as peculiaridades que dele esperamos.

Sonhamos com o príncipe encantado – ou com uma princesa ideal – e, ao nos enamorarmos, projetamos todos os nossos desejos sobre aquela pessoa. Passamos a conviver com ela e a esperar dela as reações próprias do ser que idealizamos. O que acontece? É a pessoa real a que irá agir, reagir e se comportar de acordo com suas efetivas peculiaridades. Não poderemos deixar de nos decepcionar, não obrigatoriamente por causa das peculiaridades efetivas do amado, mas porque despejamos sobre ele todos os nossos sonhos e exigências de perfeição. O erro nem sempre está na pessoa e sim no fato de termos sonhado com ela mais do que prestado atenção nela, no que ela efetivamente é. Eis aí um bom exemplo dos perigos derivados da sofisticação da nossa mente, capaz de imaginar de uma forma livre e tão grandiosa que a realidade jamais irá alcançar.


Flávio Gikovate é médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.
Conheça o Instituto de Psicoterapia de São Paulo.
Confira o programa "No Divã do Gikovate" que vai ao ar todos os domingos das 21h às 22h na Rádio CBN (Brasil), respondendo questões formuladas pelo telefone e por e-mail gikovate@cbn.com.br
Email: instituto@flaviogikovate.com.br

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Hoje resolvi dormir.
Desde o início da semana já não conseguia descansar,fisicamente, ou mentalmente.

A mente estava repleta de caminhos, divagações, dúvidas, inseguranças...
O corpo, de tarefas a fazer em tempo menor do que eu possuía (e possuo)

Hoje, consegui a paz que procurei nos últimos dias, consegui retornar à minha própria essência...

Todos temos medos, receios... Todos temos arranhões do passado... cicatrizes...

Ao conversar com minha amiga, ela me questionou "você ainda não desapegou desse momento de sua vida, ainda não superou..."

E fiquei perdido em divagações sobre o que era realmente isso em mim.
Ao chegar à conclusão, reconheci-me novamente.

A maior alegria que tenho, é de conseguir ver meus defeitos, entenda, é difícil se reconhecer sem se relacionar.

A amizade é a maior dádiva, pois a outra pessoa, se sente livre pra lhe dizer o que pensa, sem receios de te magoar, ou sem cortar partes do ponto de vista.

Agradeço todos os dias, pela grande amizade com que fui abençoado.
É difícil sentir-se livre para ser quem você é, falar o que pensar, e ainda assim, a outra pessoa não ir embora.

Estou aprendendo a cada dia, reaprendendo...

Não tento explicar o que é, apenas sinto, e já me sinto feliz.
Não importa o nome que venha a dar ou ter...
O que importa é que é real...

Que não é algo inventado para fugir do passado, ou do presente...
Mas algo que é regado para ser firme e forte no futuro.

Assim como um carvalho que cresce à medida que é regado, e se torna grande e forte, sendo abrigo para pássaros, esquilos, formigas, etc.

Estou simplesmente feliz, por ser quem sou, por cada um ser quem é, e por cada pessoa especial na minha vida, ser especial na minha vida.

Reencontrei minha felicidade, meu sorriso, meu brilho nos olhos.
Uma amizade, uma amizade me curou, de males de tempos imemoriáveis...
Me ensinando a viver no presente, a nao pensar tanto no futuro...
A desapegar do passado... Deixá-lo no passado...

Obrigado ao Autor da existência, por ter me criado do jeito que sou, e por ter criado meus amigos como o são.

Procurar substituto para superar separação é uma armadilha

O término da relação com alguém especialmente amado gera um arrasador sentimento de perda. A impressão é de que a vida perdeu o sentido, a pessoa se sente como se estivesse morta ou morrendo. Certamente alguma coisa lá dentro morreu. Aquele outro se torna uma ausência, uma falta dolorosamente sentida. Em períodos como esse, tenta-se – da maneira que for possível – sobreviver e manter a esperança de um futuro melhor.

"Não deve haver pressa em procurar substitutos, vale esclarecer que a pressa de se livrar da solidão pode levar a uma nova má escolha. Se você não for seletivo, é provável que a nova pessoa instintivamente sinta sua afobação e rejeite a situação. Além disso, a nova relação vai ficar vinculada à antiga e isso será negativo".

A morte é triste e irreversível; porém o fim não desejado de uma história de amor carrega em si um drama maior. Existe uma sensação de fracasso, de derrota e, quase sempre, um vago sentimento de culpa que acompanha a inevitável pergunta: “onde foi que eu errei?” Quando o sentimento de culpa não impera, fica uma noção de impotência e uma idéia dolorosa de estar sendo vítima de uma injustiça: “fiz tudo direito, amei e me comportei bem, fui fiel, não merecia isso”, como se ser amado fosse merecimento.

Muitas vezes perdura a frustrante ilusão de um retorno que não acontece. Lidar com os destroços de um amor encerrado pelo parceiro – em geral, sem que se saiba direito o que aconteceu e como – é uma tarefa penosa, tal qual tentar sobreviver a um naufrágio. A sensação de que as emoções estão mortas dentro de nós nos acompanha o tempo todo.

Mas a vida ressurge. Sempre. Ela é mais forte do que a tristeza: supera o peso da dor e ergue-se impávida. Não cessa e ressurge sempre, mesmo quando parece não haver mais nada. Pode demorar. Quem já passou por isso sabe que um dia todo o sofrimento passa, a tempestade se desfaz, o bom tempo volta e o sol torna a brilhar, a aquecer a alma e a iluminar os caminhos.

Quem ainda não chegou a esse momento pode acreditar: isso passa; pode demorar, mas passa. É preciso manter viva a chama da esperança e acreditar na capacidade de ressurreição do coração arrasado. Sempre haverá no futuro a possibilidade de um novo amor e é necessário estar preparado para receber essa dádiva preciosa. E um dia, por vezes nem tão distante assim, a nova paixão ilumina com seu brilho a alma, como o sol que ressurge e nos aquece após um longo período de mau tempo. Ou como a primavera que rebrota depois de um longo e escuro inverno. A vida se impõe. Sempre.

Debruçando-me sobre esta dolorosa situação, elaborei algumas reflexões para quem está sofrendo a dor da perda.

A primeira delas é: isso passa.

Substitutos

Pode demorar, mas passa. Não se afobe procurando substitutos para a pessoa amada. Leva tempo para estar em condições de encontrar alguém. Se você procurar outra pessoa, esta vai sentir que está sendo uma substituta e não vai aceitar a situação. Além disso, mesmo que ela não perceba, a nova relação vai ficar vinculada à antiga e isso será negativo.

É claro que diferentes situações demoram tempos diferentes e quanto maior o seu envolvimento, maior o tempo necessário para o sofrimento ir embora. E a dor cessa aos poucos, embora muitas vezes seu fim seja percebido subitamente. O mais importante é saber que um dia o padecimento termina porque isso ajuda a suportá-lo.

Quanto à idéia de que não deve haver pressa em procurar substitutos, vale esclarecer que a pressa de se livrar da solidão pode levar a uma nova má escolha. Se você não for seletivo, é provável que a nova pessoa instintivamente sinta sua afobação e rejeite a situação. Além disso, a nova relação vai ficar vinculada à antiga e isso será negativo. É bom quando existe uma clara separação entre dois relacionamentos. Mas muitas vezes acontece o contrário – algumas pessoas ficam presas ao passado e não abrem espaço para um novo amor. Ajuda imaginar que Deus pode estar nos dando o relacionamento fracassado primeiro para melhor valorizarmos aquele vem depois.

"Novo parceiro é vivido como se fosse uma espécie de remédio para o sofrimento e isso também prejudica o novo encontro. A pessoa que está entrando na vida do outro sente a presença de alguma coisa entre os dois que não faz parte da relação deles".

Quando uma relação amorosa termina, existe uma carga de sofrimento muito intensa. As pessoas envolvidas carregam consigo os sentimentos de perda, fracasso e de frustração. Quando um foi abandonado pelo outro, leva também – geralmente – uma mágoa com relação ao parceiro. Uma das formas de se superar essas situações penosas consiste em encontrar um novo amor para substituir o antigo e, ao mesmo tempo, reforçar a auto-estima abalada pela separação dolorosa.

Esse recurso, embora possa ser eficaz, carrega consigo uma perigosa armadilha. Na medida em que a busca de um novo parceiro amoroso está sendo motivada pela presença da imagem do antigo amor, este se torna uma referência. As novas possibilidades de relacionamento ficam sujeitas a uma constante comparação com a relação anterior e a presença do fantasma desta antiga relação cria uma sombra negativa sobre o futuro. O novo parceiro é vivido como se fosse uma espécie de remédio para o sofrimento e isto também prejudica o novo encontro.

A pessoa que está entrando na vida do outro sente a presença de alguma coisa entre os dois que não faz parte da relação deles. Instintiva e intuitivamente ela se protege e dificilmente abre seu coração inteiramente. Quando não o faz, é porque está também trazendo para este novo relacionamento alguma dificuldade sua. A probabilidade desta situação não ir avante se torna muito grande. A solução é abrir mão de encontrar o substituto de quem foi embora e ficar alerta para evitar lidar com os novos relacionamentos como se fossem tentativas de resolver a situação anterior e tratá-los como devem ser tratados, ou seja, alguma situação inteiramente nova na vida. Somente assim, libertado de todo este passado negativo, o novo amor terá possibilidade de crescer de forma sadia e satisfatória.

Outra reflexão importante é: você não merece isso.

Ninguém merece, mas muitos, quase todos, passamos pela situação de levar um grande fora. Não torne as coisas piores para você e procure se afastar. Evite mendigar migalhas.

Por: Luiz Alberto Py - http://www.albertopy.com.br

AS RAZÕES DO AMOR

Os místicos e os apaixonados concordam em que o amor não tem razões. Angelus Silésius, místico medieval, disse que ele é como a rosa:
"A rosa não tem "porquês". Ela floresce porque floresce".

Drummond repetiu a mesma coisa no seu poema As Sem-Razões do Amor. É possível que ele tenha se inspirado nestes versos mesmo sem nunca os ter lido, pois as coisas do amor circulam com o vento.

"Eu te amo porque te amo..." - sem razões... "Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo. Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fosse assim ele flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra".

"Amor é estado de graça e com amor não se paga".
Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que "amor com amor se paga". O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais. Nada te devo. Nada me deves. Como a rosa que floresce porque floresce, eu te amo porque te amo. "Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários... Amor não se troca... Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo"...

Drummond tinha de estar apaixonado ao escrever estes versos. Só os apaixonados acreditam que o amor seja assim, tão sem razões. Mas eu, talvez por não estar apaixonado (o que é uma pena...), suspeito que o coração tenha regulamentos e dicionários, e Pascal me apoiaria, pois foi ele quem disse que "o coração tem razões que a própria razão desconhece". Não é que faltem razões ao coração, mas que suas razões estão escritas numa língua que desconhecemos.

Destas razões escritas em língua estranha o próprio Drummond tinha conhecimento, e se perguntava: "Como decifrar pictogramas de há 10 mil anos se nem sei decifrar minha escrita interior? A verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um soco." O amor será isto: um soco que o desconhecido me dá?

Ao apaixonado a decifração desta língua está proibida, pois se ele a entender, o amor se irá. Como na história de Barba Azul: se a porta proibida for aberta, a felicidade estará perdida. Foi assim que o paraíso se perdeu: quando o amor - frágil bolha de sabão - não contente com sua felicidade inconsciente, se deixou morder pelo desejo de saber. O amor não sabia que sua felicidade só pode existir na ignorância das suas razões. Kierkegaard comentava o absurdo de se pedir aos amantes explicações para o seu amor. A esta pergunta eles só possuem uma resposta: o silêncio. Mas que se lhes peça simplesmente falar sobre o seu amor - sem explicar. E eles falarão por dias, sem parar...

Mas - eu já disse - não estou apaixonado. Olho para o amor com olhos de suspeita, curiosos. Quero decifrar sua língua desconhecida. Procuro, ao contrário do Drummond, as cem razões do amor...

Vou a Santo Agostinho, em busca de sua sabedoria. Releio as Confissões, texto de um velho que meditava sobre o amor sem estar apaixonado. Possivelmente aí se encontre a análise mais penetrante das razões do amor jamais escrita. E me defronto com a pergunta que nenhum apaixonado poderia jamais fazer: "Que é que eu amo quando amo o meu Deus?" Imaginem que um apaixonado fizesse essa pergunta à sua amada: "Que é que eu amo quando te amo?" Seria, talvez, o fim de uma estória de amor. Pois esta pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar a amada o amante está amando uma outra coisa que não é ela. Nas palavras de Hermann Hesse, "o que amamos é sempre um símbolo". Daí, conclui ele, a impossibilidade de fixar o seu amor em qualquer coisa sobre a terra.

Variações sobre a impossível pergunta:
"Te amo, sim, mas não é bem a ti que eu amo. Amo uma outra coisa misteriosa, que não conheço, mas que me parece ver aflorar no seu rosto. Eu te amo porque no teu corpo um outro objeto se revela. Teu corpo é lagoa encantada onde reflexos nadam como peixes fugidios... Como Narciso, fico diante dele... No fundo de tua luz marinha nadam meus olhos, à procura... Por isto te amo, pelos peixes encantados..."(Cecília Meireles)

Mas eles são escorregadios, os peixes. Fogem. Escapam.
Escondem-se. Zombam de mim. Deslizam entre meus dedos.

Eu te abraço para abraçar o que me foge. Ao te possuir alegro-me na ilusão de os possuir. Tu és o lugar onde me encontro com esta outra coisa que, por pura graça, sem razões, desceu sobre ti, como o Vento desceu sobre a Virgem Bendita. Mas, por ser graça, sem razões, da mesma forma como desceu poderá de novo partir. Se isto acontecer deixarei de te amar. E minha busca recomeçará de novo..."

Esta é a dor que nenhum apaixonado suporta. A paixão se recusa a saber que o rosto da pessoa amada (presente) apenas sugere o obscuro objeto do desejo (ausente). A pessoa amada é metáfora de uma outra coisa. "O amor começa por uma metáfora", diz Milan Kundera. "Ou melhor: o amor começa no momento em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética."

Temos agora a chave para compreender as razões do amor: o amor nasce, vive e morre pelo poder - delicado - da imagem poética que o amante pensou ver no rosto da amada...

Rubem Alves, teólogo, filósofo e psicanalista brasileiro.

Como saber se é amor?!?

Muitas vezes, quando começamos a nos relacionar, ou mesmo quando já estamos com uma pessoa há bastante tempo, nos pegamos com uma dúvida que parece colocar em “cheque-mate” toda a nossa disponibilidade interna de continuar esta relação. A grande dúvida é: será que é amor? Como saber?

Em primeiro lugar, creio que “saber” não seja o mais importante. Saber só nos serve para nomear os sentimentos, para tentar explicá-los... e nem sempre isso realmente acrescenta algo significativo para nós mesmos ou para o outro. Portanto, mais importante do que saber é sentir e agir. Ou seja, talvez você não saiba exatamente o que sente, mas sente e age de tal forma que fica satisfeito e satisfaz a pessoa que está com você. Pronto, isso basta!
Mas supondo que você não esteja satisfeito ou que seja importante para você ou para o seu companheiro compreender melhor o que você sente, então voltamos às questões: será que é amor? Como saber?

Não há uma fórmula pronta, onde você encaixa seus dados e chega a uma resposta conclusiva, do tipo “sim” ou “não”. Até porque, como sempre defendi, acredito no amor como um caminho para a evolução. Cada um de nós está num grau diferente de consciência e de percepção de si mesmo.

Se considerarmos que uma pessoa bastante evoluída ama sem possessividade, sem egoísmo, sem defesas, com compaixão, serenidade e maturidade, então, podemos tentar nos analisar antes de buscar a resposta “definitiva” sobre ser ou não ser amor o que estamos sentindo.

Um bom começo para esta análise é um autoquestionamento que passe pelas seguintes ordens: se você colocasse “ao lado” o amor que acha que sente, quanto você encontraria em si mesmo de carência, de solidão, de medo de não conseguir se relacionar com outra pessoa, de apego? Quanto existe em você de “preguiça” de começar de novo, de comodidade? Enfim, quanto existe de motivação para alimentar o que você sente?
Ou então, tente perceber o quanto tem investido nesta relação com o melhor que existe em você... Muitas pessoas ficam reservando o seu melhor para um momento mais apropriado ou para alguém que pareça merecer mais... Entretanto, dar o seu melhor deveria ser condição primária para viver qualquer relação, porque só assim os encontros podem valer a pena e podem fazer com que você se torne cada vez mais evoluído, mais disposto e disponível para o comprometimento que o amor pede.

Sugiro que você se ocupe mais em sentir e agir do que em saber se o que você sente é amor ou não. E se, por acaso, perceber que não sente e que, portanto, não tem agido, não tem dado o seu melhor, posicione-se. Fique ou vá embora, mas seja lá qual for a sua escolha, que você a faça com consciência.

Não importa o quão definitiva seja a sua decisão, porque “nada é para sempre”. Decida-se por hoje e você terá decidido pelo único momento que realmente existe e importa. E assim sucessivamente, lembre-se que a vida é uma constante escolha, a todo instante. Se você vai embora ou se você fica, que seja sempre por amor, tanto por si mesmo quanto pelo outro.



Rosana Braga é Escritora, Jornalista e Consultora em Relacionamentos Palestrante
e Autora dos livros "Alma Gêmea - Segredos de um Encontro"
e "Amor - sem regras para viver", entre outros.
www.rosanabraga.com.br e Comunidade no Orkut

Email: rosanabraga@rosanabraga.com.br

Entrega

Ser amado e amar significa “entrega em intimidade”, isto é, sintonia das emoções. Quando entregamos uma parte do nosso espaço e tempo à pessoa amada, não significa que perdemos nossa individualidade.

Entregar-se significa deixar de viver analisando, apegando-se a velhos preconceitos. É dar um salto no abismo, é acolher o novo de mente aberta.

Muitas pessoas não ousam sequer deixar o lar dos pais para estudar fora, com medo do novo, do imprevisível. Quando vão a uma festa, querem saber de antemão tudo o que vai acontecer. Quando estão com alguém, querem que as coisas aconteçam à sua maneira. Com isso, restringem-se a uma vida repetitiva.

Numa noite escura, um homem andava no meio de uma floresta. De repente, ele caiu. A única coisa que conseguiu fazer foi segurar-se em um galho. Quando olhou para baixo, só viu escuridão. Começaram então os pensamentos catastróficos: “Eu vou cair neste abismo e vou morrer... Este galho não vai agüentar, eu vou me machucar todo”. À medida que o tempo passava, o galho ia se desprendendo, e cada vez mais o homem se desesperava, com medo de cair e morrer. A claridade foi chegando com a manhã, e então ele percebeu que estava com os pés a apenas quarenta centímetros do chão e que todo o seu medo e sofrimento tinham sido infundados.

Assim fazem as pessoas que não se soltam das raízes do passado para voar em direção aos sonhos do presente. Ficam com medo de se arrebentar, quando, na realidade, o salto a ser dado tem pouco mais de quarenta centímetros: a distância que separa o cérebro do coração.

Este é o grande salto a ser dado: parar de viver o tempo todo se analisando e deixar de ouvir o “juiz” que existe na sua cabeça. Passar a viver os acontecimentos, em vez de ficar julgando a si mesmo, o outro e tudo o que está ocorrendo.

Muitas pessoas confundem entrega com submissão, o que é um erro, pois cada uma delas se origina em um ponto distinto da personalidade. Enquanto a entrega tem origem na autovalorização e é movida pelo amor, a submissão decorre de um sentimento de inferioridade e é mobilizada pelo medo.

Ser amado e amar significa “entrega em intimidade”, isto é, sintonia das emoções. Quando entregamos uma parte do nosso espaço e tempo à pessoa amada, não significa que perdemos nossa individualidade.

Na entrega, tornamo-nos transparentes para o outro, despidos de qualquer máscara, o que possibilita ao ser amado nos ver e nos sentir exatamente como somos.

Na entrega, é como se um pudesse ver o que o outro está pensando, porque estão sintonizados na mesma freqüência de sentimentos.

A confiança é o suporte básico para a entrega e necessita ser mútua, isto é, não pode ser unilateral num grande amor. Todos temos guardados, dentro de nós, nossos segredos, nossos sentimentos, nossas dúvidas, inquietações e medos; nossa genialidade, nossa criatividade, nossa beleza, sensualidade e sexualidade; todas as nossas verdades, vivências e experiências boas e ruins, que representam o nosso tesouro íntimo e que só nós conhecemos e fazemos questão de manter no fundo do nosso ser.

Entregar-se ao outro é presenteá-lo com a chave desse cofre, é transformá-lo num explorador e co-guardião dessas riquezas. E, na entrega mútua, os tesouros se fundem e se transformam num grande amor — cada um é depositário e depositante da riqueza dos dois. Nessa fusão, o par de amantes transcende e se integra no Universo.

Para muitos, isso pode parecer uma grande ameaça, porque a entrega implica comprometimento com o amor. Não se entregando profundamente a alguém, fica a pessoa se entregando aos pedacinhos a várias, o que representa desgaste, tensão e uma dicotomia muito grande. É feita uma oferta de chaves falsas, que jamais abrirão cofre nenhum.

Conseqüentemente, também são recebidas chaves falsas.
Muitas vezes nem nós mesmos conhecemos o nosso tesouro; esquecemos o seu segredo. Pode ser que só possamos ter acesso a ele através do amor e da entrega, porque a pessoa amada vai nos ajudar a ter coragem de mergulhar nas profundezas, sem medo do que possamos encontrar, e até mesmo nos tornar curiosos por descobrir mais.

Analisando o que temos feito na vida, vemos que, muitas vezes, nos preparamos para o banho, chegamos perto do mar, mas acreditando que a água está fria desistimos de nadar e voltamos para casa frustrados. Tendo consciência disso, podemos aprender a mergulhar nas águas do amor, ainda que elas signifiquem um banho frio.

O importante é a percepção de que frustrações desnecessárias geram um sentimento de incapacidade e que a entrega significa lançar-se neste mar — com a força dos braços e das pernas, saberemos fazer nosso corpo esquentar-se e fortalecer-se no amor.

Roberto Shinyashiki
http://www.vaidarcerto.com.br/

Amar de verdade

O que é o amor?

Muitos já tentaram explicá-lo, mas ele não se resume em palavras.

O amor pode ser confundido com outros sentimentos, mas só quem amou de verdade pode compreendê-lo em sua plenitude.

Amar de verdade é sentir que você pode alcançar o céu mesmo não tendo asas.

É cometer as maiores loucuras sem se importar com o mundo.

Amar de verdade é mudar a letra da canção, só para que ela realmente reflita o que estão vivendo.

É dançar mesmo não sabendo o ritmo da música, afinal é o amor que conduz os passos.

Amar de verdade é aprender a respeitar o limite do outro.

É compreender que alguns defeitos jamais serão corrigidos, mas que as qualidades são bem mais expressivas.

Amar é chorar nos momentos de dor, mas acreditar sempre que o amor de verdade combina com a alegria.

Amar de verdade é não desistir de amar mesmo diante das maiores dificuldades, porque o amor a tudo renova.

Amar é lutar juntos por inúmeras conquistas.

E também é sofrer juntos pelas derrotas que vierem, mas sem jamais deixar de continuar a caminhada.

Amar de verdade é seguir novos rumos, sem a certeza da eternidade, mas sim, vivendo intensamente cada instante.

É sonhar acordado e também ter alguém que lhe ajude a enfrentar a realidade.

Amar é escrever uma nova história a cada dia.

Amar é encontrar o sol mesmo nos dias nublados.

É suportar os desafios que virão.

E também comemorar as alegrias que chegarão.

É enxergar o arco-íris após o vendaval.

É saber perdoar os erros.

E também reconhecer que errou.

Amar de verdade é como o fogo que aquece, mas não queima.

É como a água que refresca, mas não esfria o sentimento.

Amar de verdade é atravessar o inferno quantas vezes forem necessárias, mesmo que seja, para desfrutar apenas de alguns instantes do paraíso.

Enfim, amar de verdade é estar ao lado de muitos.

E eleger apenas uma pessoa como especial....

Sônia Carvalho
soniaccarvalho@hotmail.com

Estar com Alguém é uma Escolha Diária

Não adianta querer mudar o parceiro(a). Quando o relacionamento não está dando certo a gente tem a tendência de querer mudar o outro.

É hora de parar e se perguntar: o que eu posso mudar em mim para produzir resultados diferentes? E ao ter a coragem de empreender essa viagem ao encontro da sua verdade, você vai descobrir que o mundo é um espelho e que assumindo a responsabilidade por si mesmo(a) vai atrair para a sua vida um relacionamento de cumplicidade, sem as lantejoulas e os brilhos da fantasia mas com a força e o poder do verdadeiro amor.

Aprendendo a ser cúmplice: passo a passo

- Diga claramente o que é importante para você.

- Não espere nada em troca do que você dá. Dar pensando em receber é manipulação, o contrário da cumplicidade.

- Olhe para dentro de si naquelas situações que a incomodam e saiba porque se sente desta maneira. Então, coloque o que sente para o parceiro e veja que atitude ele vai tomar.

- Espere que a situação melhore. Se ainda assim, nada mudar, pense que a cada momento fazemos uma escolha. E você pode escolher não conviver com uma situação que vai contra os seus valores.

- Procure se colocar no lugar do outro e se pergunte o que gostaria que ele fizesse caso a situação de desagrado fosse inversa.

- Seja uma princesa encantada – essa é a melhor maneira de encontrar um príncipe encantado.

- Reconheça seus erros e peça desculpas ao perceber que está aborrecida com ele apenas porque ele não está cumprindo o roteiro que você traçou para a relação de vocês.

- Faça um auto-exame. Dedique alguns momentos do seu dia para descobrir o que está faltando, o que voc está precisando e dê a si mesma aquilo que precisa.

- Entenda que uma relação de dependência não pode ser ao mesmo tempo uma de cumplicidade.

- Seja responsável por você mesmo(a).

- Reconheça que o que incomoda muito no outro é aquilo que não queremos ver em nós mesmos.

- Procure ajuda se não estiver conseguindo perceber o que se passa dentro de você. O auto-conhecimento é a chave da felicidade.

- Lide com a realidade de cada momento consciente de que a vida não se repete.

- Pare de buscar o super homem. Um homem de carne e osso tem dificuldades, medos, fragilidades. Compartilhe os bons e os maus momentos e estará criando uma base sólida para o relacionamento.

- Seja parceira de si mesma antes de ser parceira do outro.

- Entenda que toda frustração é planejada. Não temos que esperar nada de ninguém. Podemos ter esperanças mas nunca expectativas.

Por: Jael Coaracy - http://www.vaidarcerto.com.br

Medo de se apaixonar

Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas.

Sobre o Amor e a Paixão

Tem essas coisas estranhas sobre o amor, sobre o gostar, sobre o estar apaixonado. Que certezas pode-se ter? Bobagem procurar os indícios que esclareçam exatamente que tipo de coisa é esta que derrama azul sobre o céu nos dias de chuva.
Eu tento explicar que não importa o nome que damos. Mas quando um olho bate no outro, dá uma vontade de dizer mais que isto que estamos dizendo. E penso que não é hora. Porque desde criança aprendemos que tudo tem uma hora certa, que não se coloca a carruagem na frente dos animais. Então a gente não diz. Mas sente. E continua a sentir todas as vezes em que os olhos se batem.
E sente muito mais quando os olhos não se batem, mas se procuram, e se angustiam com a ausência ou com a saudade... e esse silêncio danado que fica resmungando coisas no ouvido... e esse medo de perder o que ainda nem se tem certeza que se ganhou.
Pois é. Então que nome vamos dar a isto? Alguns falam paixão, como se fosse um filhote rebelde do amor. Para falar amor é preciso mais tempo, mais dados, mais provações.

A paixão é coisa rápida, pode-se pegar uma a cada esquina da vida, tem um jeitão colorido, nos sacode inteiros, depois nos larga... para quem quer dar um nome honesto ao que sente, melhor ficar com este. É mais seguro. Menos comprometedor. Amor exige compromisso. A paixão admite equívocos, duplicidade, lágrimas nas madrugadas e sorrisos pela manhã, admite a troca dos personagens sem muito prejuízo para o enredo. Estar apaixonado é bonitinho e serve como justificativa para a maioria das bobagens que se comete. O amor não. Ele é sério. Com ele não se brinca. Alguns dizem que só ama-se uma vez na vida, que é eterno, que é sólido, que perdoa, que esquece, que tudo suporta, que é o mais nobre dos sentimentos. Não, não... eu não afirmaria nada disso, diria que o amor é apenas um sentimento, não é tão exclusivo nem tão eterno. Ama-se de muitas maneiras e a muitas pessoas... muitas vezes simultaneamente.

Para dizer eu te amo, não é preciso ir ao cartório registrar a intenção. Para dizer eu te amo, basta sentir vontade de dizer.
E se amanhecer cinza sobre o amor que foi declarado durante a madrugada, não quer dizer que não era amor. Quer dizer apenas que os dias de chuva chegam e desabam sobre todos, sobre os que amam e sobre os que não têm coragem para confessar.

Dou meu voto ao amor, seja lá de que espécie for. Não o exijo tão eterno ou tão sólido, mas exijo-o dito, declarado rasgadamente, afirmado, pichado em muros, escrito em blogs, desenhado em cadernos, manuscrito em envelopes azuis, confirmado em bocas e em línguas diversas para que os olhos sejam sempre presentes em brilhos, em fogos, em correntes salgadas sobre a pele. Amor precisa ser dito quando sentido. E é mais sentido quando se diz.

Ana Walker

Recebido de Claudette Grazziotin

Quando a amizade vira amor...

Quando a amizade vira amor...
:: Rosana Braga ::


Melhor do que ter apenas um grande amigo é ter um namorado que seja também um grande amigo. Certamente isso seria o ideal para qualquer pessoa que deseja se relacionar e encontrar companheirismo, admiração e confiança.
Afinal de contas, casais competitivos, que mais brigam e se encaram como inimigos do que parceiros – por mais estranho que possa parecer – é o que vemos o tempo todo, ainda que isso aconteça sem que, muitas vezes, o próprio casal perceba.

Mas, de fato, o que poderia ser um verdadeiro presente pode se tornar, de repente, um grande constrangimento. Apaixonar-se por um amigo (ou por uma amiga) é sempre motivo para uma angustiante reflexão: e se além de não ter meu sentimento correspondido eu ainda terminar perdendo o amigo?!?

Reflexão importante. Questão real. A possibilidade existe. Entretanto, existe na mesma proporção para o lado positivo. Ou seja, da mesma forma que você pode descobrir que “não”, também pode descobrir que “sim”. O amigo pode ser realmente um excelente candidato à vaga de amante.
Portanto, melhor do que se consumir com pensamentos fantasiosos e medos infundados, é tentar averiguar e apurar este novo sentimento em pauta: tateando a relação, chegando com calma e, enfim, jogando limpo.

Se uma amizade está, naturalmente, baseada na sinceridade, na transparência e no respeito mútuo, espera-se que haja acolhimento de qualquer sentimento, ainda que não seja correspondido.
Para isso, em primeiro lugar você precisa considerar o “sim” e o “não”. Se “sim”, ótimo! Se “não”, recolha-se e preserve o que já existia de bom.

Fácil? Não! Mas inteligente e possível. O outro pode perfeitamente não se interessar por você, ainda que lhe adore como amigo. Por isso, conservar a amizade é fazer-se um bem enorme, ainda que precise de um tempo para assimilar a impossibilidade de transformar esta relação numa outra, que apazigúe seus desejos mais íntimos.

O que acontece, no entanto, muitas vezes, é o retraimento de um dos dois ou dos dois. Por medo de não ser correspondido, o apaixonado se afasta sem explicar seus motivos. O outro, por sua vez, não sabe como agir e vai deixando a amizade esfriar.
Ou ainda uma outra possibilidade: quando o amigo percebe que o outro está se apaixonando, não sabe como agir, não consegue ser sincero e expressar o seu “não” e, assim, prefere se afastar, deixando o outro sem chão, sem saber o que fazer... sentindo-se péssimo e com a sensação de, além de ter estragado a amizade, ter levado um “fora” silencioso... o que não é, definitivamente, uma atitude amigável.

Quando os sentimentos são correspondidos, é bem provável que tudo vá se desenrolando tranqüilamente. O desconforto acontece quando um ou outro não expõe o que verdadeiramente sente e termina tumultuando a relação.

Minha sugestão, seja qual for a circunstância, seja lá o que for que já tenha ou não acontecido entre dois amigos, é uma clara, objetiva e sincera conversa. Expor os sentimentos e as percepções e falar dos desejos de cada um é a melhor maneira de resolver uma pendência, acabar com os fantasmas que assombram a amizade desnecessariamente e ainda construir uma intimidade maior do que a que havia antes.

Enfim, uma amizade pode virar um grande amor e uma experiência fantástica na vida de duas pessoas. Mas se o amor nascer apenas em um coração, ainda assim se pode descobrir uma oportunidade preciosa de compartilhar a alma com um amigo pra qualquer ocasião.

Rosana Braga é Escritora, Jornalista e Consultora em Relacionamentos Palestrante
e Autora dos livros "Alma Gêmea - Segredos de um Encontro"
e "Amor - sem regras para viver", entre outros.
www.rosanabraga.com.br e Comunidade no Orkut

Email: rosanabraga@rosanabraga.com.br