sexta-feira, 1 de abril de 2011

Nosso Setor Pastoral Está Desarticulado – Pe. Jorge Boran

 

O Que Fazer?

Em quase todas as dioceses há setores pastorais (áreas ou foranias) que estão desarticulados. Às vezes as estruturas de coordenação da própria diocese não funcionam. Quando convocamos uma reunião para formar uma coordenação não vem ninguém, ou se vêm algumas pessoas, poucas voltam para a segunda reunião. Parece mais difícil motivar os jovens hoje para dedicar o tempo e a energia necessárias para fazer funcionar uma equipe de coordenação. Depois de algumas tentativas fracassadas muitos líderes jovens e assessores adultos desistem.

Por outro lado, há necessidade de organizar estruturas de coordenação que facilitem uma rede de comunicação entre os grupos e um processo de formação contínua - pois o isolamento empobrece as possibilidades de crescimento dos grupos.


Neste e nos próximos artigos quero contar uma experiência de articulação de um setor pastoral onde estou residindo atualmente em São Paulo - uma experiência que deu certo.

Precisávamos de uma estratégia de montagem de estruturas de coordenação pastoral. Tentativas anteriores de convocar gente para formar uma coordenação haviam fracassado. Os poucos jovens comprometidos haviam desanimado diante da falta de resultados concretos e de reuniões que se limitavam a repetir uma ladainha de lamentações. Como primeiro passo, havia necessidade de localizar e despertar novas lideranças. Mas convidar os jovens para uma reunião a fim de formar uma coordenação do setor não iria funcionar; o convite precisava tratar de algo mais concreto com garantia de resultados imediatos. Decidimos convocar uma reunião para discutir a possibilidade de organizar um curso para líderes - o CDL (Curso de Dinâmica para Líderes). Era uma proposta atraente, pois, quem não quer ser líder? Contudo, o problema era como chegar nas comunidades e descobrir as pessoas mais indicadas?

Outro desafio, porém, era encontrar um assessor adulto para acompanhar o processo. Eu podia ajudar com a assessoria, mas não dispunha de tempo para assumir a responsabilidade. Encontramos um religioso disposto a aceitar o desafio.

Alistamos o padre coordenador do setor como aliado. Na reunião dos padres apresentamos a proposta e entregamos para cada um uma carta e uma ficha que deveriam ser entregues a dois representantes de sua paróquia. A carta explicava a proposta da reunião e do curso. A exigência de devolver a ficha com antecedência foi uma maneira de comprometer tanto o padre quanto a pessoa convidada, pois ficar somente na comunicação verbal não funcionaria.

Na primeira reunião, a metade das comunidades enviaram representantes. Ninguém falava de organizar a coordenação do setor, mas no fundo era isso o que estava acontecendo. Fez-se a apresentação de cada um, discutiu-se as dificuldades e desafios que estavam sendo enfrentados pelos grupos, e aprovou-se a proposta do curso para líderes (CDL) e marcou-se as reuniões mensais, até o final do ano, para acompanhar o processo.

Logo no início havia a preocupação de pegar o nome, endereço, telefone etc. dos participantes para facilitar a comunicação posterior. Uma ficha preparada anteriormente e preenchida na reunião facilitou esta tarefa.

Marcou-se uma segunda reunião para discutir os detalhes da organização do curso e distribuir as fichas. Agora, há uma preocupação de não limitar os assuntos da reunião somente ao curso. Outros temas relacionados com a articulação dos grupos paroquiais e do setor são introduzidos. Uma lista dos nomes e endereços é distribuída para facilitar a comunicação e fortalecer o “sentimento setorial”. Fala-se da necessidade de pelos menos dois delegados fixos por comunidade nas reuniões mensais.

Esta primeira fase de organização da equipe de coordenação é muita delicada. A coordenação é como uma planta recentemente colocada na terra; pode morrer com facilidade pois ainda não criou raízes fortes. Os participantes ainda não decidiram se vão ficar ou não. Estão olhando e avaliando. Quando as reuniões não tem preparação, metas, boa metodologia e continuidade - quando são reuniões de “fazer de conta” - os jovens mais dinâmicos chegam, em pouco tempo, a seguinte conclusão: “eu tenho coisa mais importante para fazer com minha vida”.

Há várias armadilhas a serem evitadas. Os participantes não se conhecem bem, têm medo de se expor, de "falar bobagem". Como contornar os momentos de silêncio em que somente um ou dois falam o tempo todo? As reuniões têm que ser bem preparadas e criativas. O coordenador não deve falar demais e ao mesmo tempo tem que saber envolver os outros. Quem coordena a reunião é a pessoa chave. Uma reunião chata e sem conclusões concretas não vai segurar os participantes durante muito tempo.

Perguntas Para Um Trabalho de Grupo

1. O que achou mais interessante neste texto?

2 Descreve a situação de setores ou áreas pastorais na sua diocese onde a PJ está desarticulada ou em crise?

3. O que podemos fazer?

Jorge Boran c.s.sp.

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