O Grupo de Jovens é como o ser humano. Ele nasce como uma criança. E é necessário que seja preparado e chamado para a vida. Precisa ser gestado para nascer como grupo. E como todos nós, vai passando por etapas de crescimento, até chegar a idade adulta.
Comparamos o grupo com a pessoa, sabendo é claro, que eles não são iguais, que cada um têm suas próprias leis, baseadas na inter-relação e na tomada de consciência coletiva.
As etapas que apresentamos não se dão de forma mecânica e obrigatória, como também, não há tempo determinado para uma etapa e outra. E algumas vezes, pode ser, que uma se sobreponha a outra e, ainda, que se salte alguma etapa. Mas é importante ter consciência de sua existência e de sua contribuição para entender o que sucede na vida dos grupos.
1. NASCIMENTO
O grupo nasce como a pessoa… Como recém-nascido surpreende-se com o que o rodeia, dá seus primeiros passos e balbucia suas primeiras palavras, tudo com um pinguinho de incerteza.
Ao mesmo tempo, a alegria é o que move a sua vida, pois nota que os outros prestam atenção em sua linguagem, porque descobre que é capaz de mover-se e andar. Gosta de estar junto aos outros, ser e sentir-se grupo… A presença do assessor é importante para acompanhar os primeiros passos do grupo que nasce, assim como, a mãe é essencial para o “filhinho/a” que nasce.
2. INFÂNCIA
O grupo cresce. Embora algumas pessoas comecem a participar só para ver o que se passa, não há maior conhecimento interpessoal. A dependência do assessor ou animador é grande e existe o imediatismo de conseguir logo grandes coisas. Descobre-se, lentamente, que várias pessoas possam chegar a fazer algo em comum. Embora, existam temores e expectativas não expressadas e não haja objetivos definidos, começa-se a vislumbrar até onde se vai.
É gostoso estar juntos, apoiar-se e acompanhar-se mutuamente. Cresce o desejo de conhecer-se mais e de chegar a ter uma identidade própria. A vivência grupal, e esta especialmente, favorece a relação sistemática com outros que, geralmente, pensam diferente, agem diferente, têm experiências diferentes, gostos variados e escalas de valores que nem sempre coincidem com a nossa.
É tempo de imaginação, de planos fabulosos e de imitação de outros grupos. O sensível joga um papel fundamental, fator pelo qual, facilmente, surgem disputas, assumem-se entusiasticamente responsabilidades que logo não se podem cumprir e há pouca capacidade de avaliação. O tempo é de momentos doces e amargos.
3. ADOLESCÊNCIA
É o momento da tomada de consciência do “eu” grupal, da crise de integração e de autoridade, da busca de sentido do grupo e de sua localização na realidade. É o momento de sua afirmação como grupo e de sua busca de identidade e dos caminhos para a sua realização. É tempo de crescimento, incertezas, marchas e contramarchas. Frente à crise, o grupo se auto-afirma ou se desintegra.
É muito importante identificar a fonte da crise. O diálogo é fundamental. O assessor com sua experiência e seus conhecimentos, pode ajudar muito. No aprofundamento da inter-relação pessoal que faz surgir um “nós” no grupo, na busca de tudo o que faça “sentir-se bem no grupo” e na realização de ações que permitam por em prática seus ideais, surgem caminhos de superação da crise e de novas etapas de amadurecimento.
4. JUVENTUDE
Se o grupo supera a crise, alcança maior estabilidade, vai conseguindo uma personalidade grupal mais definida, adquire mais autonomia com relação ao assessor, aprofunda as relações humanas, assume compromissos com mais seriedade, começa a definir uma escala de valores, busca o verdadeiro sentido do amor, abre-se mais à realidade social e começa a tomar opções importantes na vida. O próprio amadurecimento leva-o a buscar mais o sentido comunitário e a efetividade, a definir seus objetivos de modo mais realista e a exigir de seus integrantes compromissos concretos e firmes.
5. ADULTEZ
Um grupo é adulto quando é quase, uma comunidade sincera e sem barreiras, com objetivos claros e definidos, decisão de continuar juntos, níveis de comunicação profunda e correção fraterna, aceitação mútua incondicionada, um compromisso encarnado na realidade e uma organização que lhe permite cumprir os fins previstos.
Quando o grupo consegue isso, descobre a necessidade de ser multiplicador e de fazer nascer dele outros grupos com impulsos novos. Pode acontecer, também, que o grupo sinta que chegou à meta e caia na tentação de estancar-se e descansar.
6. MORTE – VIDA NOVA
O Grupo não pode permanecer para sempre. Não é imortal. Assim como a família que se divide e se formam várias famílias, assim o grupo é chamado a multiplicar-se e a formar novos grupos. Não se trata de morrer e desaparecer, mas de transformar-se e seguir vivendo de maneira nova. É a lei do crescimento: a lei de todo o grupo, rico em potencialidades e que não se fecha em si mesmo.
Se não se produz este morrer para tornar a nascer, os grupos se tornam, geralmente, rotineiros. Começam a conformar-se com pouco, vivem pensando sobretudo no passado, se estacam em seu processo de crescimento e terminam finalmente, morrendo sem gerar vida nova.
AS FASES DOS PARTICIPANTES DOS GRUPOS DE JOVENS DA PASTORAL DA JUVENTUDE
O Grupo de Jovens passa por etapas, devendo ser cultivadas as dimensões da formação integral, da personalização, socialização, consciência crítica, mística/teológica, vocacional e da capacitação técnica. No processo de educação na fé dos jovens a PJ orgânica considera importante, ainda, que a pessoa no grupo, passa por fases, respeitando os tempos de crescimento, Assim, como o grupo, a pessoa humana não está “feita”, mas vai se “fazendo” em sua própria história. São três as fases:
1. NUCLEAÇÃO
É a fase em que os jovens são convocados, respondem afirmativamente e decidem começar sua participação nos grupos de jovens. Isto, acontece através da amizade, convite pessoal, convites amplos, convites nos meios específicos, cursos, encontros, preparação para a Crisma, catequese permanente, os convites massivos e outras formas.
Para que o processo de nucleção seja efetivo, utiliza-se uma metodologia que valoriza o acolhimento pessoal, promove a participação, a integração, a organização grupal e ajuda o jovem a descobrir o valor e as exigências da vida em grupo, optando por ela.
A ternura e a acolhida da comunidade eclesial aos jovens nucleados deve ser expressão de alegria por sua chegada e convite a fazer parte dele, desde o início, de uma comunidade mais ampla cuja vida e caminho começam a partilhar.
2. INICIAÇÃO
É uma fase enorme, tomando em conta as etapas que as pessoas e os grupos passam. O ponto de partida da iniciação são as muito variadas motivações e graus de consciência e adesão a Jesus Cristo que os jovens trazem para o grupo. O importante é reconhecer que a fase da iniciação tem um tempo próprio de desenvolvimento que deve ser respeitado e que seus distintos momentos variam segundo as características do grupo, seus objetivos, circunstâncias, etc.
A experiência leva a considerar a vida do jovem no grupo como um processo dinâmico de crescimento em aspectos que vão se desenvolvendo em extensão e profundidade. Em todas as fases, sempre com características diferentes, são vividas algumas relações que sempre voltam. Estas relações são: consigo mesmo, com o grupo, com a sociedade, com Deus e com a Igreja.
Após a fase de nucleação, o jovem inicia um processo de amadurecimento pessoal, que parte da aceitação de si mesmo e de sua própria dignidade como filho de Deus e vai desenvolvendo uma série de aspectos de sua personalidade.
3. MILITÂNCIA
É a fase “madura” do jovem e do grupo. Militante refere-se à ação eficaz do cristão e o seu
compromisso, seu testemunho, sua luta e sua atuação concreta no mundo e na própria Igreja.
A militância exercida pelo jovem cristão define-se como aquela ação cada vez mais refletida, intencionada, consciente, contextualizada e organizada, visando promover uma renovação na Igreja e uma transformação na sociedade. É a fase da opção que o jovem cristão faz para assumir o estilo de vida de Jesus de Nazaré. É um compromisso mais permanente e libertador. Motivado pela fé, o militante é estimulado a viver sua vida uma entrega aos demais.
O jovem descobre a militância como “projeto de vida”, fortalece-se em sua fé e vida interior. Conquista maior vivência espiritual, inquieta-se na busca da formação e autoformação. Alcança um maior crescimento na fé que o identifica com Cristo e o amadurece em sua própria personalidade. Além disso, conquista uma maior consciência do seu compromisso com Cristo dentro da Igreja e da sociedade.
Alguns jovens assumem uma militância interna no ambiente da Igreja, na atuação missionária, catequese, liturgia, preparação para a Crisma, participação na Campanha da Fraternidade, em novenas de natal, nas festas da comunidade, ecumenismo e outros setores. Outros desenvolvem sua opção pastoral na própria Pastoral da Juventude, na preparação e coordenação de reuniões, cursos, assembléias, acompanhamento pessoal, partilha e vivência comunitária, boletins e outros.
Outros ainda, percebem o sofrimento e a injustiça na qual vivem amplos setores da humanidade, querem trabalhar pela mudança da realidade e assumem sua militância no campo social, participando nas organizações intermediárias, partidos políticos, movimentos populares, direções de grêmios estudantis, associações de bairro, grupos de defesa dos direitos humanos, de promoção da mulher, movimentos ecológicos. Muitos dos que escolhem exercer o seu protagonismo nestas organizações, mantém contato com a comunidade cristã, seja através da participação em encontros ou celebrações litúrgicas, seja através de sua própria comunidade de reflexão. Estes jovens que assumem este tipo de militância intermediária precisam manter referência com a comunidade eclesial para alimentar e celebrar a sua fé.
A militância no espaço social tem como objetivo a transformação da sociedade, porém, devem contribuir, também, na transformação da vida da comunidade eclesial.
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