sexta-feira, 29 de agosto de 2008

De Corpo e Alma (Abertura)

Ai ai, sem comentários

O Principezinho e a Raposa




E foi então que apareceu a raposa:
- Boa dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.



Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.





O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!






Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Renato Russo em discurso de incentivo


Se acreditam em alguma coisa e acreditam de coração, se vc sabe que é importante para você e nao vai machucar ninguem, vai em frente e faça.

I Will Follow You Into The Dark


Boa para refletir

Areia e espuma - Khalil Gibran

O amigo é a resposta aos teus desejos. Mas não o procures para matar o tempo! Procura-o sempre para as horas vivas. Porque ele deve preencher a tua necessidade, mas não o teu vazio.
Khalil Gibran

Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria.
Khalil Gibran

domingo, 24 de agosto de 2008

Relutância e pressa...

Relutância, relutar = tender a não mudar, conter-se, evitar, não se alterar quando é necessário, ponderar demais, medo de agir.

Pressa = fazer qualquer atividade em ritmo acelerado, mais do que o normal, sentir necessidade de que algo termine mais rápido

Duas palavras das quais sempre tive que trabalhar... Em âmbito profissional, pressa, sempre a pressa de se terminar um projeto. Cada dia mais pressa, tem que terminar logo, para pegar outro, para terminar mais rápido, para pegar outro e mais outro.. para se terminar mais rápido ainda...

Cada dia vejo que somos transtornados com a pressa de se fazer algo, pressa de viver, de se fazer presente, ou ausente, ou pressa de se ter ou de ser...

E nossa relutância... ó insana relutância... de se apegar a uma idéia e nunca mais tornar a querer vê-la de outro ponto de vista... De outro ângulo... De outros olhos...

Relutamos ao tentar nos abrir para outra pessoa, por medo de algo acontecer, e.. quando porventura fazemos, temos pressa, para fechar a porta o mais rápido possível. Pressa para não correr o risco de mais alguém entrar... ou mais alguém arranhar os cristais ou rabiscar as paredes...

Relutamos em aceitar as outras pessoas como são...
Temos pressa de que nos aceitem como somos...
Relutamos em acatar os pontos de vista dos outros...
Temos pressa de que nosso ponto de vista seja aceito...
Relutamos em fazer o bem para a outra pessoa...
Temos pressa de que nos seja feito o bem...
Relutamos em abdicar de algo que nos seja importante...
Temos pressa de que a outra pessoa abandone a si mesma por nós...
Relutamos em nos dar tempo de conhecer as outras pessoas...
Temos pressa de que nos compreendam tão profundamente que nem nós consigamos ver tão perfeitamente...
Relutamos em abrir mão de nossos desejos e anseios...
Temos pressa de que nossos anseios e desejos sejam atendidos sempre...
Relutamos em doar nosso tempo para alguém...
Temos pressa de ter tempo para nós...
Relutamos em nos dar conta de viver cada momento da melhor maneira...
Temos pressa de viver, e acabamos não vivendo nem 50% do que deveríamos a cada hora...

Relutamos em dizer que amamos alguém que amamos... por medo de não sermos aceitos...
Temos pressa de que nos digam que nos amam...

Relutamos em amar as pessoas como são e não pelo que fazem...
Temos pressa de que nos amem incondicionalmente...

Relutamos em minar nossa felicidade
Temos pressa em ser felizes com coisas que não trazem felicidade

Relutamos em relutar...
Temos pressa de ter pressa...

Ciclo vicioso...
Ciclo sem fim...

Até que... em determinado momento, a gente acaba vendo que nada é eterno, nada é duradouro...
Nem o tempo
Nem o amor
Nem a vida...

A única coisa que temos ao final da jornada, são as marcas que a jornada deixou na gente, e as marcas que a gente deixou pelo caminho.

Espero poder deixar marcas positivas nos caminhos que trilhar, para que possam ser de ajuda para os próximos caminheiros.
Espero com paciência o dia em que caminhar não seja uma arte de se fazer sozinho, mas sim com mais pessoas, a partilhar as alegrias, as dores, as aventuras e desventuras do caminho.

Abençoado seja o dia, este dia (não importa qual seja), seja bom, e
que eu consiga vê-lo como sendo bom.

Viver um dia de cada vez, sem pressa, sem lamentos, sem culpas...
Sem Relutar em ser feliz com o que se tem a cada instante.
Amar cada respiro que se dê, se doar em amor a cada um que se veja.